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Roxanne Cabral – M8 – 2020.

1 – Doenças Infecto-Parasitárias

INFECÇÕES OPORTUNISTAS EM HIV POSITIVOS  Leucoplasia pilosa


o Agente etiológico: EBV;
As Infecções oportuniasta (IO’s) eram a principal causa de o Lesões esbranquiçadas na face lateral da
morbimortalidade entre os pacientes com HIV/AIDS antes da língua;
era HAART (terapia antirretroviral potente). o Normalmente não exige tratamento específico.

Atualmente, as IO’s ocorrem basicamente em 3 situações:


 Muitas pessoas não sabem que estão infectadas pelo
HIV e, ao diagnóstico, já se apresentam com doenças
oportunistas;
 Muitos sabem do diagnóstico, mas devido a fatores
psicossociais não tomam os ARV;
 Alguns pacientes possuem assistência médica e estão
em uso de ARV, mas não alcançam supressão virológica
e resposta imunológica adequadas devido Leucoplasia pilosa

principalmente à má adesão ao tratamento.


 Candidose Oral
Acompanhamento

 Prurido estrófulo
o Tratamento: uso de repelentes e corticóides
tópicos

 Herpes Zoster

Devem ser feitos regularmente de acordo com cada caso (4


a 6 meses de intervalo).

Não devem ser realizados em vigência de infecções, febre,


vacinação – aguardar ± 1 mês.
 Dermatite Seborreica
Manifestações Clínicas - AIDS
Abaixo estão descritas condições que NÃO são definidoras
de aids: possuem importância porque sugerem progressão
de imunodeficiência.

 Emagrecimento

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Doenças Definidoras de AIDS  Sorologia positiva para T. gondii;


A grande maioria dos pacientes com NT é possui anticorpo
IgG anti-toxoplasma. A ausência de anticorpos para o
toxoplasma torna o diagnóstico menos provável, mas não
exclui completamente a possibilidade de NT. Os
anticorpos IgM anti-toxoplasma geralmente estão
ausentes e títulos quantitativos de anticorpos IgG não são
úteis.

 Exame de imagem cerebral


TC ou RMN, sendo essa última mais sensível
Em TC, pacientes com NTX apresentam uma ou mais lesões
cerebrais, hipodensas, com realce anelar ou nodular após a
injeção do contraste, associadas a edema perilesional.
Podem se localizar, preferencialmente, nos gânglios da
base, mas qualquer topografia é possível.

Entendendo a PROFILAXIA no HIV

Profilaxia primária (prevenção da doença): É uma estratégia


que visa evitar o desenvolvimento de infecção oportunista
(IO) em pessoas com exposição prévia a essas doenças. O
principal parâmetro para orientar a introdução e a
suspensão da profilaxia é a contagem de LT-CD4+, uma vez
que o risco de IO está diretamente associado ao nível dessas
células de defesa.  PCR liquórico
O achado de DNA de T.gondii mediante técnicas de PCR no LCR
Profilaxia secundária (prevenção da recorrência): essa apresenta sensibilidade moderada (aproximadamente 50%),
especificidade elevada (superior a 95%) e valor preditivo
estratégia tem como objetivo evitar a recidiva de IO anterior
negativo moderado. Portanto, um teste positivo confirma a
que já tenha recebido tratamento completo. presença de toxoplasmose, mas um teste negativo não exclui o
diagnóstico. Se a PCR estiver disponível e não existirem
As profilaxias primárias e/ou secundárias devem ser contraindicações para realizar punção liquórica, o teste pode ser
mantidas por tempo indeterminado até melhora da solicitado.
contagem de CD4+.
Na prática clínica diária, o diagnóstico presuntivo se estabelece
com a presença de manifestações clínicas e radiológicas
AFECÇÕES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL compatíveis, associadas à adequada resposta clínico-
radiológica, após 10 a 14 dias de tratamento antiparasitário.
De maneira geral, a melhora clínica precede a resposta
NEUROTOXOPLASMOSE (NT) radiológica. Ressalta-se que o exame de imagem deve ser
Agente etiológico: Toxoplasma gondii antecipado se houver deterioração clínica.

Manifestações Clínicas
A apresentação clínica é variada, de acordo com a topografia das
lesões cerebrais, e, habitualmente, tem curso subagudo.

As manifestações clínicas mais comuns são cefaleia, sinais focais  A melhora do quadro clínico ocorre em torno de 10 a 14
(hemiparesia, disfasia e outras alterações motoras). dias de tratamento.

Febre, convulsões e alteração do estado mental podem estar Diagnóstico definitivo:


presentes.  Associação da clínica, exames de imagem e biópsia
cerebral, contudo, a biópisa não é muito feito na prática
Epidemiologia
devido aos seus riscos.
A toxoplasmose é a causa mais comum de lesões expansivas
cerebrais em populações vivendo com HIV (PVHIV).
A avaliação neurocirúrgica, visando biopsia cerebral, deve ser
solicitada nas seguintes situações:
Confirmação diagnóstica
Os pacientes com toxoplasmose cerebral apresentam,
geralmente, contagem de LT-CD4+ abaixo de 100 céls/mm³.

 Em geral, inicia-se o tratamento antes do diagnóstico


definitivo.
Resultados possíveis na biópsia (estereotáxica): tuberculoma,
Diagnóstico presuntivo: criptococoma, toxoplasmose (que não respondeu ao diagnóstico),
 Paciente HIV com CD4 > 100; linfoma primário do SNC, leucoencefalopatia multifocalprogressiva, etc.

 Síndrome clínica compatível;

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Conduta terapêutica Manifestações Clínicas


Sulfadiazina + Pirimetamina + Ácido folínico Os pacientes podem apresentar-se com meningite ou
VO por 6 semanas meningoencefalite, habitualmente, de curso subagudo.

ou As manifestações clínicas mais comuns são cefaleia, febre, mal-


estar geral, náuseas e/ou vômitos, e rebaixamento do nível de
Sulfametoxazol + Trimetropim consciência.
VO ou EV por 6 semanas
Além disso, o impacto sistêmico é frequente, podendo haver
Em casos de alergia ou intolerância à sulfa, recomenda-se o uso envolvimento pulmonar (por exemplo, consolidação lobar,
de clindamicina VO ou EV + pirimetamina (VO) + ácido folínico. infiltrados nodulares ou intersticiais) e cutâneo (por exemplo,
Após 2 semanas repetir exame de imagem para avaliação de pápulas umbilicadas semelhantes às lesões de molusco
resposta terapêutica contagioso).

Após 6 semanas de tratamento, deve-se prescrever terapia de


manutenção (profilaxia secundária).

Indica-se o uso de corticosteroides nos casos de edema cerebral


difuso e/ou intenso efeito de massa (desvio de linha média,
compressão de estruturas adjacentes). Não se indica o uso
profilático de anticonvulsivantes.

A TARV pode ser iniciada nas 2 primeiras semanas de Manifestação cutânea – Criptococose
tratamento antiparasitário.
Sinais meníngeos nem sempre estão presentes; entretanto, na
Profilaxia primária manifestação de hipertensão intracraniana (HIC), pode haver
Indicação: vômitos, diplopia, confusão mental (confundidos com quadros
 CD4 <100cels/mm3 & IgG anti T. gondii reagente psiquiátricos), coma e papiledema.

Droga Fatores relacionados ao pior prognóstico:


 SMZ-TMP por VO  Contagem de leucócitos <20 céls/mm3 no LCR
 Rebaixamento do nível de consciência
Critérios de Suspensão:  Hipertensão intracraniana não controlada
 Boa resposta à TARV com manutenção de LT-CD4 >200  Elevada carga fúngica liquórica
céls/mm3 por mais de 3 meses;
 Reintroduzir profilaxia se LCD4 <100 céls/ mm3. Epidemiologia
A criptococose é a causa mais frequente de meningite
Profilaxia Secundária oportunista nas PVHIV.
Droga:
 Sulfadiazina + Pirimetamina + ácido folínico Confirmação diagnóstica
Os pacientes com meningite ou meningoencefalite criptocócica
 Alternativas: SMZ-TMP ou Clindamicina associada a Apresentam, geralmente, contagem de CD4 abaixo de 100
pirimetamina e ácido folínico. céls/mm3.

Critério de Suspensão: PUNÇÃO LOMBAR


 Boa resposta à TARV com manutenção de LT-CD4 >200 Deve ser sempre feita na suspeita clínica na ausência de
céls/mm3 por mais de 6 meses. contraindicações.

Exames que podem ser realizados com o LCR:


MENINGITE CRIPTOCÓCICA  Avaliação das características bioquímicas e celulares (pH,
Agente etiológico: Cryptococcus neoformans glicose, proteínas, Celularidade, etc.)
o LCR geralmente sem características
A Criptococose é uma infecção pulmonar ou disseminada, inflamatórias: em média 4 linfócitos/mm3,
adquirida por inalação de solo contaminado com a levedura glicose normal ou baixa, proteína normal ou
encapsulada Cryptococcus neoformans ou C. gattii. Quando pouco aumentada.
ocorre disseminação para o SNC pode ocorrer a meningite
criptocócica.  Exames para diagnóstico específico no LCR:
o Teste de aglutinação com látex (látex para
antígeno criptocócico positivo)
o Ensaio de fluxo laterais (resultado rápido)
o Exame direto – Pesquisa de Cryptococcus em
Tinta da China (S = 80%)
o Cultura (diagnóstico em 7 dias)

EXAME SÉRICO
 Látex para antígeno criptocócica no plasma

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Extensa área de hipersinal na substância branca do hemisfério cerebral esquerdo


em paciente HIV positivo com LMP.

Nos pacientes com aids, o HAART (terapia antirretroviral


Cryptococcus neoformans ao exame direto de sedimento de LCR preparado com altamente ativa) pode diminuir a velocidade da progressão.
Tinta de China
 Pressão de abertura O tratamento é de suporte.
A HIC não controlada é responsável pela maioria das
mortes por meningite ou meningoencefalite criptocócica
nas duas primeiras semanas após início do tratamento. LINFOMA PRIMÁRIO DO SNC
Portanto, a pressão de abertura liquórica deve ser sempre A incidência do linfoma primário do SNC aumenta
avaliada. acentuadamente em pacientes infectados pelo HIV com
contagem de CD4 muito baixa. Linfomas primários do SNC
Conduta terapêutica consistem em células B malignas de grau intermediário ou alto,
O tratamento da meningite ou meningoencefalite criptocócica originárias no tecido do SNC.
é realizado em 3 fases:
 Indução: Anfotericina B + Flucitosina – IV por 2 semanas Os linfomas não se disseminam de modo sistêmico, mas seu
prognóstico é ruim; a taxa média de sobrevivência é < 6 meses.
 Consolidação: Fluconazol – VO por 8 semanas
Os sintomas característicos incluem cefaleia, convulsões,
 Manutenção: Fluconazol – VO por pelo menos 12 meses e alterações neurológicas (p. ex., paralisia de nervos cranianos) e
duas contagens de LT-CD4+ superiores a 200 céls/mm³ com alteração do nível de consciência.
intervalo de seis meses).

O tempo da fase de indução varia com o estado clínico do


paciente, podendo ser mais prolongado em comatosos ou com
deterioração clínica, HIC persistentemente elevada, cultura
liquórica positiva após as duas semanas de terapia e/ou achados
neuroradiológicos atribuídos à criptococose.

Profilaxia primária
Não se indica profilaxia primária para criptococose.

Profilaxia Secundária
Droga: Fluconazol VO O tratamento agudo dos linfomas primários do SNC requer
controle do edema cerebral com uso de corticoides.
Critério de Suspensão:
Em estudos observacionais da TARV e em um único ensaio
 Término do tratamento de indução e consolidação e pelo
clínico do rituximabe, a taxa de sobrevivência pareceu melhorar.
menos 1 ano de manutenção, assintomático e LT-CD4+
>200 céls/mm3 por mais de 6 meses.

AFECÇÕES RESPIRATÓRIAS

LEUCOENCEFALOPATIA MULTIFOCAL PNEUMOCISTOSE (PCP)


Agente etiológico: Pneumocystis jirovecii
PROGRESSIVA
Leucoencefalopatia multifocal progressiva (LMP) é causada pela
Manifestações Clínicas
reativação do vírus JC. A doença costuma ocorrer em pacientes
O início dos sintomas é tipicamente insidioso, sendo as
com imunidade celular prejudicada, especialmente em
manifestações clínicas mais comuns: febre (mais de 80% dos
pacientes com infecção pelo HIV. A LMP resulta em
casos), tosse seca e dispneia progressiva. Fadiga e perda de peso
desmielinização progressiva e subaguda do SNC, déficits
também são sintomas frequentes.
neurológicos multifocais e morte, em geral em 1 ano.
Inicialmente, as manifestações são brandas e gradualmente se
O diagnóstico é feito por RM mais PCR do líquido
intensificam, podendo chegar à franca insuficiência
cefalorraquidiano.
respiratória.

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Tosse com expectoração purulenta é uma manifestação rara de Diagnóstico específico:


PCP e, portanto, sua presença deve levantar suspeita de Amostra: escarro espontâneo ou induzido
infecção bacteriana secundária (pneumonia bacteriana). Habitualmente, obtêm-se espécimes de escarro pela indução
deste ou por broncoscopia. A sensibilidade varia de 30 a 80%
Os principais achados ao exame físico incluem taquipneia, para a indução do escarro e é > 95% para a broncoscopia com
taquicardia e ausculta pulmonar normal ou com estertores lavado broncoalveolar.
finos ao final da expiração. Sibilos, sinais de condensação
pulmonar ou derrame pleural são raramente encontrados. O Teste: Pesquisa direta do agente no escarro
exame físico é normal em até 50% dos casos.  Identificação do agente por meio das colorações de azul de
toluidina, Grocott ou Giemsa.
O achado radiográfico mais típico de PCP é o infiltrado
intersticial peri-hilar e simétrico. Pneumatoceles e
pneumotórax também podem ser observados. Ressalta-se que
o Rx de tórax pode ser normal em até um quarto dos casos de
PCP; nessa situação, a TC pode revelar atenuação pulmonar em
vidro fosco.

Pneumocystis jirovecii – Escarro corado com Grocott

Teste: Identificação do antígeno de P. jirovecii no escarro


 Técnica de imunofluorescência a partir de espécimes
respiratórios.
Radiografia de Tórax da PCP: infiltrado intersticial peri-hilar e simétrico
Não se fazcultura de P. jirovecii pois, em geral, esse fungo não
apresenta crescimento em meios conhecidos.

Conduta terapêutica
A escolha do esquema terapêutico é guiada pela gravidade
clínica do paciente. Assim, para fins terapêuticos, classifica-se a
pneumonia em leve a moderada ou moderada a grave.

TCAR com padrão de pavimentação em mosaico, observando-se lóbulos


secundários comprometidos, com atenuação em vidro fosco, separados de lóbulos PNEUMONIA LEVE A MODERADA (PaO2 ≥70MMHG):
normais por septos interlobulares espessados.
Medicações administradas preferencialmente por VO
SMX-TMP
Epidemiologia VO por 21 dias
A PCP é a causa mais comum de doença pulmonar oportunista
em PVHIV com contagem de LT-CD4+ abaixo de 200 céls/mm³. O esquema alternativo para casos de intolerância à sulfa é
clindamicina + primaquina VO por 21 dias.
Confirmação diagnóstica
Não há características clínicas ou imagem radiológica específicas PNEUMONIA MODERADA A GRAVE (PaO2 <70MMHG):
de PCP, sendo seu diagnóstico geralmente presuntivo, baseado Esquemas administrados preferencialmente por via IV
em dados clínicos, laboratoriais e de imagem compatíveis. A mudança de via de administração de IV para VO deve ser
realizada quando ocorrer melhora clínica.
Achados sugestivos de pneumocistose:
1. Contagem de LT-CD4+ abaixo de 200 céls/mm3 ou sinais SMX-TMP
clínicos de imunodepressão grave, como candidíase oral; EV por 21 dias.

2. Dispneia progressiva aos esforços; Clindamicina EV + primaquina VO é o principal esquema


alternativo em caso de intolerância à sulfa.
3. Febre, taquipneia e/ou taquicardia ao exame físico;
USO DE CORTICOSTEOIDES
4. RX de tórax (normal ou infiltrado pulmonar difuso, peri- A associação de corticosteroides ao tratamento de PCP
hilar, simétrico) ou TC de tórax (com atenuação pulmonar moderada a grave apresentou redução importante na
com vidro fosco) mortalidade. Indica-se a associação de corticosteroides ao
tratamento de PCP nos casos de PaO2 <70mmHg em ar
5. LDH sérica elevada ambiente ou gradiente alvéolo-capilar >35mmHg.

6. Gasometria  hipoxemia em repouso ou após esforço Prednisona


VO por 5 dias (40mg – duas vezes por dia), posteriormente reduzir
7. Ausência de uso ou utilização irregular de profilaxia para a dose à metade a cada cinco dias, até completar os 21 dias de
PCP. tratamento.)
Alternativa: metilpredinosolona IV.

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Suporte ventilatório não invasivo (CPAP) ou invasivo por meio Nos pacientes com imunossupressão grave, as formas
de intubação orotraqueal pode ser necessário em casos de extrapulmonares e disseminadas da TB devem fazer parte das
insuficiência respiratória. investigações sobre IO.
 A necessidade de suporte ventilatório está associada a um
pior prognóstico, com mortalidade de aproximadamente A tuberculose em paciente com AIDS se manifesta de forma
60%. disseminada e não cavitária como habitualmente ocorre em
outros pacientes. Isso dá devido a imunossupressão grave
Profilaxia primária desses pacientes, condição que deixa o organismo sem defesa
Indicação: LT-CD4+ <200 céls/mm3 (ou <14%) ou presença de para manter a infecção localizada (como ocorre na cavitária) e
candidíase oral ou febre indeterminada com mais de duas com isso o BK se dissemina por todo o parênquima, sendo esse
semanas de duração ou doença definidora de AIDS. visto com aspecto micronodular na radiografia.

Droga:
 SMZ-TMP - VO - 3 vezes por semana
 ALÉRGICOS A SULFA: Dapsona

Critérios de Suspensão:
 Boa resposta à TARV com manutenção de LT-CD4+ >200
céls/mm3 por mais de 3 meses;
 Reintroduzir profilaxia se LT-CD4+ <200 céls/ mm3.

Profilaxia Secundária
Droga:
 SMZ-TMP – VO – 3 vezes na semana
 ALÉRGICOS A SULFA: Dapsona Aspecto de TB disseminada em radiografia de tórax

Critério de Suspensão: Epidemiologia


 Fazer a profilaxia até a contagem de LT-CD4 > A TB é a principal causa de óbito por doença infecciosa em
200cels/mm3. PVHIV, e por isso deve ser pesquisada em todas as consultas.

Em 2015, registraram-se 10,4 milhões de casos de TB em todo o


TUBERCULOSE mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde, sendo que,
Agente etiológico: Mycobacterium tuberculosis destes, 11% ocorreram em PVHIV.

A infecção pelo HIV eleva o risco de desenvolvimento de TB


Confirmação diagnóstica
ativa em indivíduos com TB latente, sendo o mais importante
O teste rápido molecular para TB (TRM-TB) ou a baciloscopia
fator de risco para TB.
devem sempre ser acompanhados da realização de cultura,
identificação da espécie e realização de Teste de Sensibilidade
(TS) frente à suspeita de TB pulmonar, utilizando, quando
necessário, o escarro induzido ou exame de broncoscopia para
coleta de lavado bronco alveolar.

 TRM-TB: detecta simultaneamente o Mycobacterium


Manifestações Clínicas tuberculosis e a resistência à rifampicina, diretamente do
A pesquisa de TB deve iniciar-se com o questionamento sobre a escarro, em aproximadamente duas horas.
presença dos seguintes sintomas: tosse, febre, emagrecimento
e/ou sudorese noturna. A presença de qualquer um desses
sintomas pode indicar TB ativa e requer investigação.

Para a investigação das formas extrapulmonares e


disseminadas, é frequente a necessidade de procedimentos
invasivos e de maior complexidade, conforme a topografia a ser
avaliada.

Infecção Latente de TB (ILTB)


A prova tuberculínica (PT) é importante para o diagnóstico da
infecção latente da tuberculose (ILTB) e constitui um marcador
de risco para o desenvolvimento de TB ativa, devendo ser
realizada em todas as PVHIV, mesmo que assintomáticas para
TB.

Caso a PT seja inferior a 5mm, recomenda-se sua repetição


anual e também após a reconstituição imunológica com o uso
da TARV. Se PT ≥ 5mm, o paciente com HIV tem indicação de

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tratamento de ILTB (pacientes assintomáticos – sem a doença


TB).  PT <5 mm com registro documental de PT ≥5 mm anterior,
não tendo sido submetidos a tratamento ou tratamento da
O início célere da TARV nas PVHIV é uma estratégia de TB latente na ocasião.
prevenção da TB, uma vez que a terapia diminui a incidência de
TB nessa população, devendo ser instituída sem demora.  Pacientes assintomáticos para TB (TB ativa excluída) com
radiografia de tórax evidenciando cicatriz radiológica de
Conduta terapêutica TB, sem tratamento prévio de ILTB.
TRATAMENTO DE TUBERCULOSE ATIVA
Esquema RIPE (RHZE): rifampicina, isoniazida, pirazinamida e
etambutol.

Profilaxia primária
Considera-se como profilaxia primária para TB o tratamento de
ILTB.
Para o tratamento de TB meningoencefálica e osteoarticular o tempo de
tratamento é de 1 ano (2 meses na fase intensiva e 10 meses na fase de
manutenção).
SARCOMA DE KAPOSI
Recomenda-se que pacientes com LT-CD4+ abaixo de O Sarcoma de Kaposi (SK) é um tumor vascular multicêntrico
50céls/mm³ ou com sinais de imunodeficiência avançada causado por herpes-vírus do tipo 8. Sítios de acometimento:
comecem a TARV dentro de 2 semanas após o início do
tratamento para TB. Nos demais pacientes, deve-se iniciar a  Pele e mucosas
TARV na 8ª semana. Não se recomenda o início concomitante Acomete principalmente pele e mucosas, se apresentando
do tratamento para ambos os agravos. como lesões vinhosas, arredondadas que, com o passar dos dias,
 Na meningite por TB a TARV sempre é iniciada após 8ª tornam-se purpúricas, elevadas e com distribuição multifocal.
semana de tratamento independente do CD4. Características: pápulas eritemato-violáceas indolores, evoluem
para placas arroxeadas; com grandes dimensões podem
Síndrome Inflamatória de Reconstituição Imune (SIR): a SIR ou comprimir estruturas adjacentes, levando a dor e edema, com
reação paradoxal pode levar a uma resposta inflamatória limitação de movimentos quando acomete membros.
exacerbada, a qual estimula a formação de granulomas,
resultando em agravamento de lesões pré-existentes ou
aparecimento de novos sinais, sintomas ou achados radiológicos
de novas lesões, tais como linfadenomegalias com sinais
flogísticos, que podem evoluir para fistulização e compressão de
estruturas nobres ou levar à perfuração de órgãos (como o
intestino). Esse fenômeno ocorre em resposta a antígenos
micobacterianos e não caracteriza falha no tratamento da TB
nem no da TARV

INFECÇÃO LATENTE DE TB EM PVHIV


O diagnóstico e o tratamento da infecção latente da
tuberculose (ILTB) em PVHIV são fundamentais para minimizar
o risco de adoecimento. Lesões do Sarcoma de Kaposi

 Para indicar o tratamento da infecção latente, deve-se


excluir TB ativa utilizando critérios clínicos, exame de  Manifestações pulmonares.
escarro e radiografia de tórax. O acometimento pulmonar tem sido encontrado em um terço
 O tratamento da infecção latente com isoniazida (INH) é dos pacientes com AIDS com sintomas respiratórios, sendo esse
recomendado para todas as PVHIV com PT maior ou igual um quadro muito grave e, sem tratamento, a média de vida após
a 5mm, desde que excluída TB ativa. o diagnóstico é de poucos meses.
Quadro clínico: evolução arrastada, com ou sem febre, tosse
O tratamento da ILTB com isoniazida reduz significativamente o persistente, produtiva ou não; as lesões podem ser vistas na
risco de desenvolvimento de TB em PVHIV com PT reagente nos árvore brônquica (broncoscopia); pode cursar com derrame
anos seguintes, constituindo, portanto, estratégia importante e pleural.
duradoura de proteção contra a TB
Tratamento da ILTB no PVHIV:

INDICAÇÕES:

Pacientes assintomáticos para TB (TB ativa excluída) com


radiografia de tórax normal, e:
 PT ≥5 mm; ou

 Contatos intradomiciliares ou institucionais com


pacientes bacíliferos, independentemente do resultado Sarcoma de Kaposi – Forma Pulmonar (é comum a ocorrência de
da PT; ou derrame pleural)

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Tubo digestivo: lesões iniciais assintomáticas no palato e/ou


gengivas; podem aumentar e ulcerar, gerando alteração de Pacientes com LT-CD4 < 100 correm o risco de diarreia,
deglutição e/ou mastigação (de acordo com a localização) e até geralmente crônicas pelos seguintes agentes etiológicos
sangramentos; no intestino, pode ocorrer hemorragia por principalmente:
ulceração das lesões.  Coccídeos: Cryptosporidum, Micro-sporidium e Isospora
belli
 Giardia lamblia
 Entamoeba histolytica
 Strongyloides stercoralis
 Escherischia coli

Detalhamento das causas infecciosas de diarreia em paciente


com HIV:

Manifestações clínicas
Acometimento hepático
As doenças diarreicas nos pacientes com HIV geralmente
apresentam-se com diarreia volumosa, desidratação, a dor
Olhos: as lesões, indolores, podem acometer pálpebras e abdominal, náuseas, vômitos, febre e prostração.
conjuntivas.
Nos pacientes com contagens de células TCD4+ inferiores a 200
células/mm³, é frequente que o quadro gastrointestinal se
prolongue além de duas semanas.

O paciente, ainda, pode apresentar o quadro clínico com


disenteria, devendo-se nestes casos haver a suspeita de agentes
específicos como a, Escherichia. Coli enteroinvasiva, Shigella
sp, Micro-sporidium sp e Strongyloides stercoralis.

DIAGNÓSTICO ESPECÍFICO:
Exame histopatológico da lesão, obtendo-se o material por
biópsia.

TRATAMENTO:
Tratamento anti-retroviral e quimioterapia (quando há Desidratação grave em paciente com CD4 < 200 sugere infecção
acometimento visceral ou lesão dermatológica extensa). por Criptosporidium.

Sintomas x Agente etiológico


AFECÇÕES NO TRATO DIGESTIVO

DIARREIAS INFECCIOSAS
(Amebiase, giardiase, estrogiloidiase, criptosporiase, isosporiase)
 Importante causa de morbidade em pacientes com HIV

É um quadro multifatorial, podendo ser causado por:  Diarreia aquosa = diarreia secretora
 Doenças infecciosas
 Doenças infiltrativas
 Efeito adverso da TARV
 Enteropatia direta pelo HIV
 Patologias não relacionadas ao HIV (viagens, Clostridium
difficile)

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ESOFAGITE POR CANDIDA, HERPES SIMPLES E


CITOMEGALOVÍRUS
A infecção esofagiana é rara em pacientes com mecanismos de
defesa preservados.
 Pacientes com HIV são considerados de alto risco para
essas infecções.

Principais agentes etiológicos:


 Candida albicams
 Herpes Simples Vírus
 Citomegalovírus

Esofagite por Candida


As candidíases orofaríngea e esofágica são comuns em pacientes
Diagnóstico com imunossupressão pelo HIV, sendo observadas, geralmente,
 Exames Inespecíficos: hemograma, Eletrólitos, Ureia, em pacientes com contagem de LT-CD4+ inferior a 200
Creatinina, TAP e Glicemia. céls/mm³.

 Exame parasitológico de fezes: devido à baixa Principal agente: Candida albicans


sensibilidade devem ser solicitados 3 amostras na tentativa
de isolar o agente em dias distintos. Candidíase orofaríngea  placas removíveis esbranquiçadas na
orofaringe. Nesse caso, os pacientes, em geral, se apresentam
 Coprocultura com CD4 <100cels/mm3.

 Pesquisa de coccídeos: Criptosporidia, Isosporidia e Candidíase esofágica  dor retroesternal difusa, disfagia e/ou
Microsporidia (Método: Zielh-Neelsen) odinofagia, normalmente sem febre.

 Pesquisa da toxina do Clostridium difficile (solicitado Diagnóstico


quando história recente de uso de antibióticos e/ou  Clínico
hospitalização).  A EDA é indicada para casos que apresentem persistência
de sintomas após tratamento antifúngico, para
 Na presença de febre coletar hemoculturas. investigação de outras causas de esofagite.

Conduta terapêutica
 Hidratação
 Antieméticos
 Alimentação adequada
 Antipiréticos/analgésicos

Tratamento específico:
Ciprofloxacino ou levofloxacino – VO – 5 dias
Abrangem a maioria das bactérias:
Esofagite por Candida
Escherichia. Coli, Shigella sp e Salmonela sp;
Tratamento
Metronidazol – VO – 7 dias
Entamoeba histolytica e Giardia lamblia
Fluconazol
VO ou EV nos casos de disfagia importante – 7 a 14 dias
Albendazol VO 2 a 4 semanas
ou
Microsporidium sp
Itraconazol
VO – 7 a 14 dias
Nitazoxanida + antidiarreicos
Cryptosporidium sp.
Nao se indica a profilaxia secundaria para candidiase esofágica.
SMZ-TMP – VO – 10 dias
Isospora belli.
Esofagite por CMV e HSV
A esofagite por CMV é muito mais comum do que o HSV.
Nos casos de diarreia crônica sem febre e sem muco ou sangue
nas fezes, está indicado uso de Loperamina (Imosec) após de  A esofagite viral ocorre principalmente quando a contagem
cada episódio diarreico. de CD4+ é < 200/μl.
 Cryptosporidium  Odinofagia intensa pode ser secundária a ambas as
infecções.
 A endoscopia com citologia ou biópsia costuma ser
necessária para o diagnóstico.

Tratamento
O HSV é tratado com aciclovir, IV ou VO, por 7 dias.

O CMV é tratado com ganciclovir , IV, por 14 a 21 dias.

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Roxanne Cabral – M8 – 2020.1 – Doenças Infecto-Parasitárias

COLITE POR CITOMEGALOVÍRUS Profilaxias


O CMV, assim como outros vírus da família herpes vírus,  Profilaxia secundária: não é indicada rotineiramente para
permanece em estado latente após a infecção primária. No doenças do trato GI.
contexto da infecção pelo HIV, o risco de reativação da doença
se eleva quando o LT-CD4+ se reduz a menos de 100 céls/mm³.  Não se indica profilaxia primaria.

AFECÇÕES OFTÁLMICAS

RETINITE POR CITOMEGALOVIRUS


Alta CV-HIV (acima de 100.000 cópias/mL) também pode ser
considerada um fator de risco para IO pelo CMV. Retinite por citomegalovírus (CMV) é uma complicação de
pacientes infectados pelo vírus da imunodeficiência humana
O principal local de acometimento no trato digestório é o cólon, (HIV) em estágio avançado, quando a contagem de CD4 é
porém a doença pode comprometer concomitantemente o menor que 50 células/mm3.
esôfago, o estômago, ou o intestino delgado, sendo necessário
a investigação dos mesmos. A retinite por CMV permanece como uma causa importante de
morbidade ocular e um dos principais agentes causadores de
Manifestações Clínicas cegueira em pacientes com aids.
O envolvimento intestinal pelo CMV pode estar associado a
diarreia, síndrome disabsortiva, perfuração intestinal e Os sintomas dependem da localização e grau de
sangramento digestivo. comprometimento retiniano. De maneira geral, o
comprometimento ocular inicia-se em um dos olhos; porém,
A presença de dor abdominal tipo cólica, intermitente e sem tratamento sistêmico específico ou reconstituição imune,
ocasionalmente contínua, a hematoquezia, a evolução com pode se estender ao olho contralateral.
abdome agudo devido a perfuração intestinal, como citados
anteriormente, sugerem o diagnóstico sobretudo em pacientes Apresentações clínicas mais comuns incluem escotomas,
com imunodeficiência severa. redução da acuidade visual e, menos frequentemente, perda
visual súbita.
Diagnóstico
O diagnóstico é sugerido pelo aspecto endoscópico de Diagnóstico
ulceração clássica da mucosa, mediante biópsia identificando O diagnóstico é clínico e baseia-se no aspecto da lesão
células com inclusão intranuclear (“olhos de coruja”), bem retiniana, bem como em dados clínicos e laboratoriais de
como dados clínicos e laboratoriais de imunodepressão imunodepressão avançada.
avançada.
Recomenda-se fundoscopia sob dilatação pupilar para a
detecção de lesões periféricas.
 A fundoscopia evidencia exsudatos branco-amarelados,
geralmente associados a hemorragia, edema e atenuação
vascular.

Aspecto das células infectadas pelo CMV – grandes e com inclusões intranucleares
.

Retinite por CMV em atividade: necrose retiniana com bordas


irregulares, edema e hemorragias, com aspecto granuloso, branco-
amarelado, ao longo das arcadas vasculares (aspecto “catchup com
Colite por CMV em paciente HIV positivo mostarda”).

Testes para detectar viremia (PCR ou antigenemia) não são bons


preditores de doença ativa ou recorrência em PVHIV.
 Resultados negativos da antigenemia ou PCR plasmático
não excluem a doença por CMV em órgãos.

Tratamento

Ganciclovir Retinite pós-tratamento


EV por 14 a 21 dias

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Roxanne Cabral – M8 – 2020.1 – Doenças Infecto-Parasitárias

Conduta Terapêutica Droga: Azitromicina

Ganciclovir Suspensão: Boa resposta à TARV com manutenção de LT-CD4+


IV por 14 a 21 dias >100 céls/mm3 por mais de 3meses. Reintroduzir profilaxia se
LT-CD4+ <50céls/mm3.
O emprego de terapia intraocular adjuvante depende da
topografia da lesão retiniana e deve ser avaliada sua indicação e Profilaxia secundária
necessidade por oftalmologista. Droga: Claritromicina + etambutol

Suspensão: Após 1 ano de tratamento para MAC, na ausência


Profilaxia Secundária de sintomas e LT-CD4 >100 céls/mm3 por mais de 6 meses.
Droga: Reintroduzir se LT-CD4 <100 céls/mm3.
 Ganciclovir VO (5x na semana)

Critério de Suspensão:
 Boa resposta à TARV com manutenção de LT-CD4 >100
céls/mm3 por mais de 3-6 meses.

Profilaxia Primária
Não se indica profilaxia primária.
 Recomenda-se diagnóstico precoce de retinopatia por
meio de fundoscopia rotineira em PVHIV com LT-CD4+ <50
céls/mm3.

OUTRAS INFECÇÕES

COMPLEXO MICOBACTERIUM-AVIUM (MAC)


 Comum em pacientes com CD4< 50

Manifestações Clínicas
Provoca um quadro sistêmico:
 Febre persistente
 Sudorese noturna
 Diarreia com sinais de má absorção
 Emagrecimento
 Invasão de medula óssea (anemia/leucopenia)
 Hepatomegalia
 Esplenomegalia
 Acometimento pulmonar
 Linfonodos intra-abdominais
 Elevação de fosfatase alcalina

Diagnóstico
 Hemocultura e/ou cultura para micobactérias (de material
obtido por biópsia)

 Biópsia com estudo histopatológico de tecidos


(principalmente do fígado e medula óssea)

Tratamento
Claritromicina ou azitromicina + Etambutol + Ciprofloxacina

Profilaxia
Profilaxia primária (CD4 < 50 cels/mm³)

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Roxanne Cabral – M8 – 2020.1 – Doenças Infecto-Parasitárias

CASOS CLÍNICOS 2019.2 Não havendo possibilidade de realizar exame de imagem e


havendo forte suspeita de neurotoxoplasmose num paciente HIV.
CASO 7A Qual seria a conduta adequada?
Paciente do sexo feminino, 24 anos, procura a emergência de O quadro clínico da paciente nos fornece elementos diagnósticos
um hospital referindo que há 3 meses vem apresentando suficientes para iniciar o tratamento para neurotoxoplasmose.
emagrecimento, episódios frequentes de diarreia e que há 10
dias começou a apresentar fraqueza no braço direito e Sorologia na neurotoxoplasmose
dificuldade para falar (sinal focal). Mais de 90% dos pacientes terão sorologia reagente para NTX. Com
isso um resultado de sorologia positiva, não significa,
Ao exame clínico: paciente emagrecida, pele seca, com lesões obrigatoriamente, que o paciente apresenta umareativação do
hipercrômicas em membros compatíveis com cicatrizes de toxoplasma.
picadas de insetos.
Ademais, mesmo sendo a sorologia NÃO reagente, não deixamos
Lesões pseudomembranosas esbranquiçadas em mucosa jugal.
de iniciar o tratamento empírico do paciente para NTX dado os
Aparelhos circulatório, respiratório e abdômen sem alterações achados clínicos observados na consulta.
dignas de nota.  Motivo: a NTX é a causa mais frequente de lesão expansiva em
SNC em pacientes vivendo com HIV. Além disso, essa é uma
Ao exame neurológico: observa-se paciente lúcida com quadro lesão tratável (sem necessidade de biópsia para conduta
de monoparesia braquial e disartria motora (sinal focal). terapêutica), o que facilita e propicia ainda mais o tratamento
empírico.
O hemograma colhido na admissão evidenciava: Leucócitos  Se o tratamento funcionar, teremos o problema resolvido
3.100/mm3 (Eosinófilos: 10; Bastões: 4%; Segmentados: 54%; (como se fosse uma prova terapêutica).
Linfócito: 24%; Monócitos: 8%) e plaquetas 120.000/mm3.
A paciente apresenta uma síndrome neurológica isquêmica. Deve ser considerarado também, que pacientes com AIDS com
imunossupressão muito grave possuem mais chances de
A história tem fortes indícios para o diagnóstico de HIV: apresentar sorologia negativa na presença de doença.
 Pessoa jovem  O CD8 aumenta quando há redução do CD4 e isso faz com que
 Emagrecimento haja ativação inespecífica de imunoglobulinas, também
 Candidose oral chamada de ativação policlonal. Desse modo, pode ocorrer
negativação de sorologias antes positivas, e pode ocorrer
Uma opção a ser feita que pode auxiliar no diagnóstico seria um positivação de outras sorologias.
teste rápido para HIV.
Concluindo... NÃO podemos excluir neurotoxoplasmose quando
Lesão isquêmica ou compressiva (expansiva) em SNC encontramos uma sorologia não reagente para T. gondii em
uma lesão isquêmica no SNC num paciente dessa idade poderia ser paciente com HIV na vigência de uma síndrome neurológica
desencadeada por: isquêmica.
 Trombofilia
 Lupus eritematoso sistêmico
 SAF Qual o tratamento?
 Sífilis Meningovascular Sulfadiazina + Pirimetamina por 6 semanas
Adicionar ao esquema: Ácido Folínico
Contudo, as hipóteses principais mudam quando esse paciente HIV  Não devemos usar o ácido fólico, já que a pirimetamina
é positivo: impede a transformação de ácido fólico para folínico (se
 Neurotoxoplasmose (NTX) fornecêssemos ácido fólico, esse continuaria sendo inutilizável
 Linfoma primário pelo organismo).
 Leucoencefalopatia multifocal progressiva  Deficiência de ácido fólico = toxicidade hematológica
(pancitopenia)
Suspeitando de neurotoxoplasmose. Qual seria o exame mais
indicado? No caso de pacientes graves que não conseguem ingerir podemos
Tomografia de crânio. indicar o uso:
 SMZ-TMP IV
 Neurotoxoplasmose em TC: lesão hipodensa com captação  Eventualmente, Clindamicina IV + Pirimetamina (VO)
anelar de contraste e edema perilesional (ressalta-se que essa  Podemos também fazer a sulfadizina + pirimetamina
é a mesma característica de um abscesso cerebral e que a NTX trituradas por sonda nasogástrica.
é um abscesso cerebral causado por T. gondii); a lesão
normalmente não é única e ocorre principalmente em região O início do tratamento de HIV deve ser iniciado após 2 semanas do
do tálamo. tratamento da neurotoxoplasmose.
 Se a TC não demonstrar lesão, o diagnóstico NÃO pode ser
excluído. Nesse sentido, podemos fazer uma RMN que é mais Meningite tuberculosa e criptocócica: 4 semanas para iniciar o
sensível. tratamento para HIV após ter iniciado o tratamento para a
meningite.
Contudo...  Ao iniciar o antirretroviral há aumento do CD4 e isso vai
Nem sempre esses exames de imagem estão disponíveis. aumentar a resposta inflamatória ao microrganismo,
condição essa que pode ser muito prejudicial ao paciente.

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Roxanne Cabral – M8 – 2020.1 – Doenças Infecto-Parasitárias

 O LCR de um paciente HIV positivo possui muito mais Orofaringe com lesões esbranquiçadas em palato e mucosa
microrganismo (Criptococcus ou BK) do que o LCR de um jugal.
paciente não HIV e por isso a resposta inflamatória com o
aumento do CD4 pode ser demasiadamente intensa ao AR: MV rude com estertores crepitantes difusos bilateralmente.
ponto de ser prejudicial ao paciente.
 Com isso, esperamos a infecção estar mais controlada Abdome sem visceromegalias.
pelos fármacos para depois melhorar a imunidade, ou seja,
para depois iniciar o tratamento para o HIV. Pele com cicatriz hipocrômica em região torácica seguindo o
trajeto intercostal, restrito ao lado direito do corpo (herpes
Se o paciente desenvolveu neurotoxoplasmose, isso é indício que zoster).
ele possui menos de 100 linfócitos CD4/mm3.
 Desse modo, devemos fazer profilaxia secundária para Radiografia de tórax revela infiltrado intersticial bilateral.
Toxoplasmose com Sulfadizina/Pirimetamina/Ácido Folínico,
mesmo que já tenha iniciado o antirretroviral (o sistema Esse caso tem um diagnóstico mais desafiador pois existem várias
imune precisa de tempo para se recompor, ou seja, para ter os causas de dispneia e por isso a ANAMNESE/EXAME FÍSICO são
níveis de CD4 elevados). fundamentais.

 Acompanhamento do paciente: quando a contagem de CD4 O paciente apresentou cicatriz de Herpes zoster...
for >200cels/mm3 em duas dosagens consecutivas num  Patogenia: reativação do vírus Varicela que permaneceu
latente nos gânglios da raiz dorsal (sensitivos) após uma
intervalo por 3 meses (período de 6 meses) podemos encerrar
primo-infecção (Varicela, normalmente na infância).
a quimioprofilaxia para toxoplasmose.
 Quando o Herpes zoster cicatriza forma uma lesão
Esse mesmo esquema deve ser seguido para Pneumocistose. hipercrômica que às vezes demora a clarear.
 O Herpes Zoster é muito comum em pessoas HIV positivas.
Diagnósticos Diferenciais  Em pessoas de qualquer idade que se apresentem com
Leucoencefalopatia Zoster, devemos, com todo cuidado, oferecer o teste de
 Padrão mais difuso HIV. Porém, ressalta-se que muitas vezes uma queda da
imunidade decorrente do estresse já é suficiente para
Linfoma primárico do SNC recrudescência dessa infecção.
 A dose para tratamento do Herpes zoster é quase o dobro
Meningite criptocócica da dose para tratamento de herpes simples e os
 Cefaleia intensa (aumento da pressão liquórica); profissionais devem estar atentos para isso.
 Sinais meníngeos discretos (há pouca inflamação);
 LCR pouco inflamado (quase normal)  devido à baixa taxa
Entendendo o caso...
de inflamação;
Quadro Respiratório + alteração em radiografia de Tórax num
 Nanquim mostrará o fungo no meio pois ele não penetra na
paciente HIV positivo é sugestivo de:
capsula fúngica (gelatinona) e com isso deixa o fungo
Tuberculose disseminada ou Pneumocistose
contrastado em relação ao meio tingido.
 Tratamento: iniciar Anfotericina B (fase aguda) e depois
Nessa história pensamos mais em pneumocistose porque,
continuar com fluconazol (fármaco de boa penetração no
diferente da TB, a febre não é um sintoma importante, a queixa
SNC).
principal do paciente é a dispneia (não tosse, como TB).
 O fluconazol é mantido até CD4 > 100cels/mm3 (como
 Motivo: O fungo acomete, principalmente o interstício
profilaxia secundária).
pulmonar, e isso compromete a troca gasosa – principalmente
o aporte de O2 (gás menos difusível que o CO2) e por isso o
Sífilis meningovascular
paciente se apresenta com hipoxemia (na história inclusive há
 Solicitar VDRL sérico, se positivo, em uma pessoa com lesão
descrição de cianose). A retenção de CO2 ocorre
cerebral isquêmica na vigência de HIV, temos que tratar a
principalmente com doenças obstrutivas, que não é o caso do
sífilis como NEUROSSÍFILIS.
paciente. Já, as doenças de interstício, PRIMEIRO provocam
 Consideramos o VDRL sérico, porque a chance de encontrar
hipoxemia.
VDRL no LCR num paciente com sífilis é de 50%. Desse modo,
é mais confiável utilizar o VDRL sérico como parâmetro.
O infiltrado intersticial é descrito como vidro fosco na TC.
 Tratamento: Penicilina Cristalina (IV) por 10 a 14 dias
(tratamento em internação).
Agente etiológico da pneumocistose: Pneumocystis jirovecii
 A penicilina benzatina não penetra no SNC.

Exames complementares importantes na suspeita de


Caso 7B
Pneumocistose:
Paciente masculino, 30 anos, caminhoneiro, divorciado.
 Radiografia de tórax
 LDH (>500)
Refere tosse seca persistente e febre baixa há duas semanas.
Há 5 dias com dispneia, mesmo em repouso.  Gasometria (confirma hipoxemia)
A história associada a esses exames já nos fornece substrato para
Ao exame: início do tratamento.
Paciente emagrecido, hipocorado ++/4, desidratado,
taquidispneico com cianose de pele e mucosas.

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Roxanne Cabral – M8 – 2020.1 – Doenças Infecto-Parasitárias

Exames complementares para confirmação do diagnóstico: Não se faz profilaxia secundária, somente a primária.
 Amostra: escarro
Esquema da profilaxia primária:
Testes para Pneumocistose:  Isoniazida – 6 a 9 meses, o ideal é fazer por 9 meses.
 Pesquisa direta de P. jirovecii: coloração Giemsa ou Grocott; o Quanto menor o CD4, mais tempo (9 meses).
 Pesquisa de antígeno de P. jirovecii em escarro com anticorpo  Para quem se indica? Todo paciente com HIV e PPD >5.
monoclonal; Porém, ultimamente, para paciente HIV com CD4 < 350, tem-
 Não se faz cultura para Pneumocystis jirovecii  não há se feito a quimioprofilaxia. Tem-se optado por isso, porque a
crescimento em meios de culturas conhecidos. frequência de TB é muito alta entre PVHIV e à medida que a
imunidade reduz, o PPD se torna cada vez mais falso-negativo
Teste para Tuberculose (num paciente HIV com sintoma (não consegue reagir por falta de imunidade).
respiratória deve sempre ser realizado, mesmo que não seja a  A profilaxia primária corresponde ao tratamento da TB
principal hipótese): latente.
 Pesquisar BK
o Baciloscopia  BAAR (Ziehl-Neelsen) HIV e PAC
ou A infecção MAIS comum no HIV é a PAC por Pneumococo e por isso
o Teste rápido molecular para TB o HIV está no grupo da população com indicação da vacinação
+ Pneumocócica.
o Cultura
CASO 7C
Na tuberculose podemos ainda dosar o IGRA (dosagem sérica de Paciente de 28 anos, sexo masculino, engenheiro, natural do Rio
interferon). de Janeiro, com infecção pelo HIV, volta para o Rio de Janeiro
após trabalhar 2 anos na África.
A determinação do diagnóstico de TB ou não é determinante para Antes de viajar para fora do país apresentava uma carga viral de
o isolamento respiratório – pois esse é necessário para TB, mas não 40.000 cópias/ml e uma contagem de linfócitos CD4+ de
necessário para pneumocystis. 280/mm3 (17%).

Refere que emagreceu 7 quilos nos últimos 6 meses.


Ao internar um paciente com AIDS que é sintomático
respiratório temos que mantê-lo em isolamento respiratório de
Há 7 dias apresenta quadro de diarreia liquida, que vem
aerossol até o diagnóstico final (profissionais devem usar
aumentando progressivamente. Hoje já foi ao banheiro mais
máscara N95 ou PFF2 e o paciente ao sair do quarto deve usar
de 10 vezes.
máscara cirúrgica). Além disso, é necessário que esse esteja num
quarto com pressão negativa e filtro EPA.
Ao exame: emagrecido, desidratado 3+/4, hipocorado.
 O paciente só pode sair do isolamento se for excluída a
hipótese de TB.
PA: 90/50mmHg, FC: 112bpm.

Orofaringe com lesões esbranquiçadas múltiplas compatíveis


Tratamento para Pneumocistose
com candidose.
SMZ-TMP (cotrimoxazol) – 21 dias
O tratamento exige dose alta de cotrimoxazol (800mg SMZ – 160mg Presença de eczema seborreico na face.
TMP) e como essa dose não é tolerada por VO, normalmente, o Elementos que sugerem HIV: candidose e eczema seborreico.
tratamento deve ser via IV em regime hospitalar.
Tipo de diarreia: aquosa (secretora).
Corticoide (tratamento adjuvante) A diarreia aquosa num paciente HIV positivo é comumente causada
 Iniciar ao mesmo tempo do cotrimoxazol quando o paciente por giardíase, criptosporidium e Escherichia coli entero-toxigênica
apresentar PaO2 < 70mmHg; (produz toxina similar à cólera).
 Motivo: O tratamento provoca a morte de muitos fungos
simultaneamente e isso gera muitos antígenos, fator que Em imunodeficientes há 3 agentes que causam diarreia líquida os
deflagra alta resposta inflamatória, aumentando assim a quais pertencem ao grupo dos coccídeos: criptosporidium, cisto-
chance de sequelas; isospora e microsporidiuns.
 O GC tem a função de evitar a sequela pulmonar de padrão
restritivo; OBS.: Amebíase: causa diarreia sanguinolenta com muco.
 Deve ser feito por 21 dias.
Diagnóstico:
Após o tratamento, se inicia a profilaxia secundária e acompanha E. coli: coprocultura
o CD4.
 SMZ-TMP Pesquisa de trofozoíta de Giardia  EPF (vemos a própria giárdia).
Devemos pedir o exame a fresco porque o no exame a fresco o EPF
O paciente desenvolve pneumocistose por dois motivos: é capaz de identificar a trofozoíta. Como a pessoa está com diarreia
 HIV conhecido, mas sem adesão ao tratamento. profusa, não há tempo para ver cisto e por isso que temos que
 Não conhecimento da infecção pelo HIV. solicitar o exame a fresco para ver o trofozoíto.

Tratamento para TB Pesquisa de coccídeos


Tratamento – RIPE por 6 meses. Método: Zielh-Neelsen: devemos especificar o que vamos
pesquisar porque não vemos coccídeos só com a solicitação de EPF.

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Roxanne Cabral – M8 – 2020.1 – Doenças Infecto-Parasitárias

Tratamento Não houve melhora e a “falta de ar” vem piorando.


Isóspora –SMZ-TMP
Ao exame: prostrada, hidratada, hipocorada, discreta cianose
Microsporidium – albendazol de extremidades.

Criptosporidium (difícil a tratar, não responde a quase nenhum PA: 100/70 mmHg, FC: 100bpm, FR: 40irm.
fámarco) – melhora com a elevação do CD4.
Eczema seborreico em face.
 Podemos usar loperamida (imozec) até melhora da
imunidade. Ausculta respiratória com estertores esparsos.

Alguns métodos do EPF... ACV sem alterações.


Abdome sem massas ou visceromegalias.
FAUST e HOSTMAN: ovo leve e cisto
LUTZ : ovo pesado Orofaringe com lesões esbranquiçadas na mucosa jugal.
Baerman-Moraes: larva
Diagnóstico provável:
Pneumonia por Pneumocystis jirovecii ou Tuberculose Disseminada
CASOS CLÍNICOS 2020.1
Diagnóstico Diferencial  CLÍNICO:
CASO 7A  Na pneumonia por Pneumoystis jirovecii: ocorre
Paciente de 34 anos, sexo masculino, técnico administrativo, espessamento na membrana alvéolo-capilar e por isso
natural do Rio de Janeiro, com infecção pelo HIV, sabidamente propicia mais hipoxemia.
há 8 anos.
 Na TB há febre mais elevada, tosse produtiva,
Abandonou o tratamento há 4 anos, pois estava se sentindo emagrecimento mais significativo, a gasomentria em geral
bem e seu médico insistia no uso de medicamentos que o não está alterada.
faziam se sentir muito mal.
Cianose periférica: aumento da hemoglobina reduzida por
Volta para o Rio de Janeiro após trabalhar 2 anos na África.
estase sanguínea. Está relacionada a choque (hipotensão).
Trouxe os últimos exames realizados, antes do abandono:
Cianose central: aumento da Hb reduzida por shunt
 Carga viral de 20.000 cópias/ml
arteriovenoso no pulmão (pneumonia promove shunt por não
 Contagem de linfócitos CD4+ de 350/mm3 (27%) permitir a chegada do ar no alvéolo, por exemplo).
Refere que emagreceu 7 quilos nos últimos 6 meses.
Diagnóstico Diferencial  Radiografia de Tórax:
Há 7 dias apresenta cefaleia holocraniana, que foi piorando ao  Pneumocistose: infiltrados intersticiais peri-hilares (a
longo dos dias, hoje foi levado por familiares ao hospital pois radiografia pode não mostrar sinais de infiltrados, apesar de
apresentou crise convulsiva tônico-clônica generalizada e importante quadro – os infiltrados podem ser muito sutis),
rebaixamento do nível de consciência. pneumotórax.
 Tuberculose: infiltrado micronodular, linfadenopartias
Nega febre. regional (mediastinal), derrame pleural, etc.

O exame clínico mostra um paciente emagrecido e na orofaringe Diagnóstico no Escarro:


lesões esbranquiçadas múltiplas compatíveis com candidose. Pesquisa do P. carinii por coloração com GIEMSA
ou
Desorientada no tempo e no espaço. Sem rigidez de nuca ou
Pesquisa do antígeno do P. carinii através de anticorpo
sinais meníngeos.
monoclonal

Hipóteses diagnósticas:
Hoje, não fazemos mais todos esses testes, podemos começar o
tratamento de forma empírica.
Neurotoxoplasmose
 Não houve comprometimento focal e isso dificulta um pouco
CASO 7C
o diagnóstico;
Paciente de 28 anos, sexo masculino, engenheiro, natural do Rio
de Janeiro, com infecção pelo HIV, volta para o Rio de Janeiro
Meningite criptocócica
após trabalhar 2 anos na África.
Antes de viajar para fora do país apresentava uma carga viral de
CASO 7B 40.000 cópias/ml e uma contagem de linfócitos CD4+ de
LFS, sexo feminino, 24 anos, natural de MG, estudante de 280/mm3 (17%).
pedagogia. Procura a unidade de pronto atendimento
queixando-se de muito cansaço, tosse e febre “baixa” (não Refere que emagreceu 7 quilos nos últimos 6 meses.
aferida).
Há 7 dias apresenta quadro de diarreia liquida, que vem
Informa que há aproximadamente 3 semanas têm apresentado aumentando progressivamente. Hoje já foi ao banheiro mais
tosse seca e que procurou atendimento na primeira semana, de 10 vezes.
sendo prescrito Azitromicina por 5 dias.
Ao exame: emagrecido, desidratado 3+/4, hipocorado.

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Roxanne Cabral – M8 – 2020.1 – Doenças Infecto-Parasitárias

TB cavitária
PA: 90/50mmHg, FC: 112bpm. Esse tipo de TB não ocorre em paciente com AIDS, os quais em geral
desenvolvem a forma disseminada, pois esse paciente não tem
Orofaringe com lesões esbranquiçadas múltiplas compatíveis
imunidade para conter o foco num só local.
com candidose. Presença de eczema seborreico na face.
Outras causas de acometimento pulmonar em paciente HIV:
Histosplasmose: outro comprometimento pulmonar importante.

Comentários Extras Pós-Aula


Sarcoma de Kaposi: pode comprometer o pulmão também e causar
DP (hemorrágico).
A ectoscopia é muito importante:
 Emagrecimento;
SISTEMA NERVOSO CENTRAL
 Eczema seborreico;
 Manchas violáceas (sinalizam o sarcoma de Kaposi);
Neurotoxoplasmose
 Queilite angular;
 Clínica mais característica – de uma massa cerebral
 Recorrência de herpes labial;
 Alterações comuns: cefaleia e sinais focais (hemiparesia,
 Pele ressecada com pequenos ferimentos / escoriações
afasia, crise convulsiva).
(decorrentes do prurido da pele seca  ictiose cutânea e do
 Não há sinais de irritação meníngea
prurido estrófulo  alergia a pica de inseto);
 Onicomicose – pode comprometer o leito ungueal, região que
Meningite Criptocócica
normalmente não é acometida em imunocompetentes;
 Difícil diagnóstico – QC inespecífico;
 Furunculose;
 Pode ter febre e cefaleia;
 Sarna norueguesa;
 Exame físico pode ser normal ou pode ocorre uma rigidez de
nuca questionável;
Ao exame físico:
 Em geral, os pacientes HIV positivos apresentam muito
 Cicatriz de herpes zoster;
Cryptococcus no LCR e pouca resposta inflamatória (quanto
 Candidose oral;
menor a inflamação, pior o quadro);
 Leucoplasia pilosa (bordo da língua);
 Lesões cutâneas por Cryptococcus lembram molusco
 Sarcoma de kaposi na cavidade oral;
contagioso
 Aftas de grande diâmetro;
 Tratamento: no Brasil não há mais flucitosina e por isso só
 Herpes simples com lesões ulceradas de longa duração e
fazemos Anfotericina B na fase aguda.
extensas na região genital.

DIARREIAS
Sistema Respiratório
 A enteropatia pelo próprio HIV causa diarreia intensa e sem
 Infecções oportunistas mais comuns em pacientes HIV;
tratamento; ocorre em pacientes que não estão em
 O paciente com HIV tem mais ocorrência de sinusite, otite,
tratamento.
PAC, TB cavitária e recrudescência de Herpes Zoster, mesmo
 Giardíase: pode causar secretora ou esteatorreia).
com CD4 normal.
 Coprocultura: E. coli enterro-toxigênica / Salmonella /
Shighela.
Profilaxias Primárias
 Paramomicina: droga que pode ser usada para
 CD4<50: Neurotoxoplasmose, Pneumocistose e
cryptosporidium, mas não tem no Brasil
Micobacteriose atípica
 CD4 entre 50 e 100: Pneumocistose e neurotoxoplasmose.
 CD4 entre 100 e 200: Pneumocistose

A profilaxia secundária para pneumocistose deve ser mais intensa


e por isso há indicação de uso diário do cotrimoxazol.
 Profilaxia primaria: 3 x/semana  SMZ/TMP
 Profilaxia secundária: diariamente  SMZ/TMP.

Se o paciente for fazer profilaxia secundária para


Pneumocistose, mas possui LT-CD4<200 e história de
neurotoxoplasmose prévia, a droga de escolha para a profilaxia
secundária será Sulfadiazina + Pirimetamina e não SMZ-TMP.
 Atenção: a Sulfadiazina e pirimetamina são mais tóxicas e
por isso só devem ser usadas para pacientes que
necessitam de profilaxia secundária para
Neurotoxoplasmose.

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