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veis séricos de potássio, se forem empregados agentes supressores 102 Hiperfunção da Medula Adrenal -
da liberação de renina (bloqueadores β-adrenérgicos), inibidores da Feocromocitoma
síntese de prostaglandinas (indometacina, ibuprofen, aspirina), ini-
bidores da ECA (captopril, enalapril, lisinopril), assim como diuré- Claudio Elias Kater
ticos poupadores de potássio (espironolactona, triantereno, amilori- Regina do Carmo Silva
da). Pacientes em uso de heparina ou heparinóides podem também
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apresentar redução maior da produção de aldosterona pelo efeito eocromocitomas são tumores raros, originários das células
tóxico direto dessas substâncias sobre a camada glomerulosa. cromafins do eixo simpato-adrenomedular. Em 80-90% dos
casos, localizam-se na medula adrenal, mas podem ter origem em
Tratamento células paraganglionares, presentes desde a base do crânio até a bi
furcação das artérias ilíacas (órgãos de Zuckerkandl). Esporadica
Em adição ao tratamento apropriado para a condição re mente são encontrados no tórax, bexiga e cérebro. Os tumores
nal, os seguintes procedimentos, isolados ou em combinação, são de células cromafins localizados fora da medula adrenal são cha-
usualmente necessários para correção adequada da acidose e da mados de paragangliomas e apresentam elevada taxa de maligni-
hipercalemia: dade (52%).
a) dieta com conteúdo restrito em potássio; Cerca de 10% a 25% dos casos de feocromocitoma são de
b) administração de diuréticos, especialmente os de alça (fu- ocorrência familiar, fazendo parte de várias síndromes: neoplasia
rosemida e ácido etacrínico); endócrina múltipla - NEM - tipos 2A e 2B, doença de von Hippel-
c) sais alcalinizantes (bicarbonato de sódio); Lindau e neurofibromatose. Os feocromocitomas manifestam-se
d) associação de pequenas doses de fludrocortisona (0,05 em qualquer faixa etária, embora sejam mais freqüentes entre a 3a.
a 0,1 mg dia). e a 5a. década da vida. Em geral são únicos, mas podem, em cerca
O uso de resinas de troca iônica (poliestirenossulfonatos) de 15% dos casos, ser múltiplos e bilaterais. Os múltiplos são mais
por via oral ou enema de retenção pode estar indicado em algu- comuns em crianças e nos casos de ocorrência familiar.
mas situações de hipercalemia grave. Controle mais rápido e efe- A prevalência do feocromocitoma é da ordem de 0,5% dos
tivo da glicemia nos pacientes diabéticos deverá ser tentado, uma pacientes com hipertensão arterial diastólica, e sua incidência é de
vez que tanto a deficiência de insulina quanto a hiperglicemia são 2 a 8 casos por milhão por ano. Embora raro, o feocromocitoma
fatores agravantes de hipercalemia. deve sempre ser lembrado como causa de hipertensão arterial, prin-
cipalmente em pacientes jovens, naqueles refratários à terapia anti-
Deficiências isoladas da síntese ou ação da hipertensiva habitual, em portadores de incidentaloma adrenal ou
aldosterona de lesões neurocutâneas, e nos pacientes que apresentem hiperten-
são ou arritmia durante indução anestésica ou hipotensão prolon-
Deficiência de aldosterona sintetase (P450c11aldo ou gada e inexplicada após cirurgia. O diagnóstico precoce, seguido
CYP11B2) e pseudo-hipoaldosteronismo tipo 1 da exérese do tumor, leva, na maioria dos casos, à cura do proces-
so, além de evitar complicações potencialmente fatais decorrentes
São anomalias congênitas bastante incomuns, mas que de dos picos hipertensivos provocados por aumentos repentinos da
vem ser lembradas na avaliação de recém-nascidos que apresentem atividade adrenérgica.
nas primeiras semanas de vida manifestações de desidratação grave Os tumores usualmente secretam noradrenalina (NA) e adre
com vômitos e déficit de desenvolvimento ponderal importante. nalina (A), embora alguns sejam produtores isoladamente de NA
Bioquimicamente, apresentam conservação renal inadequada de ou, mais raramente, somente de A. Os paragangliomas podem pro-
sódio, com hiponatremia, hipercalemia, por vezes grave, e acidose duzir predominantemente dopamina e, geralmente, não são capa-
metabólica. A APR encontra-se bastante elevada. Na deficiência de zes de produzir A, pela ausência da enzima feniletanolamina-N-
aldosterona sintetase, os níveis plasmáticos ou urinários de aldos- metiltransferase (PNMT). As manifestações clínicas decorrem da
terona encontram-se reduzidos ou indetectáveis, em presença de ação das catecolaminas liberadas em excesso pelo tumor. As cate-
níveis elevados de seus precursores 18-hidroxicorticosterona (18- colaminas atuam nos receptores α1-adrenérgicos dos vasos e nos
OHB) e corticosterona. Pacientes com pseudo-hipoaldosteronis- receptores β1-adrenérgicos do miocárdio, causando aumento da
mo do tipo 1 (PHA1), em decorrência da resistência tubular distal resistência vascular periférica, da freqüência cardíaca e da contra-
primária à ação da aldosterona, na verdade apresentam esse mes tilidade miocárdica, associados à diminuição da complacência ve-
mo quadro clínico em vigência de níveis elevados de aldosterona nosa. Como resultado, a hipertensão do feocromocitoma é hiper-
plasmática ou urinária. A forma sistêmica, associada a doença do cinética, vasoconstritora e hipovolêmica.
trato respiratório inferior, é de herança autossômica recessiva e re Cerca de 30% dos pacientes se apresentam com hiperten-
sulta de mutação inativadora do canal epitelial de sódio. A forma são arterial mantida, 50% apresentam episódios paroxísticos de hi-
renal, de herança autossômica dominante, decorre de mutação no pertensão arterial com duração e freqüência variáveis, 13% podem
receptor mineralocorticóide. ser normotensos ou apresentar episódios de hipotensão e 8% po-
Recém-nascidos com deficiência de aldosterona sinteta- dem ser totalmente assintomáticos. Cefaléia intensa, palpitações e
se (CYP11B2) devem ser tratados prontamente com reposição sudorese profusa são os sintomas que constituem a tríade clássi-
mineralocorticóide (fludrocortisona, 0,1-0,2 mg/dia) e comple ca, característica da elevação abrupta dos níveis da pressão arterial
mentação de NaCl na alimentação. Pacientes com PHA1 necessi- conseqüente à liberação adrenérgica. Além desses sintomas, po-
tam, obrigatoriamente, de doses suplementares elevadas de NaCl dem ocorrer alterações vasomotoras, como palidez ou rubor ex-
na alimentação, e doses também elevadas de fludrocortisona (0,2- cessivos, dores (cólicas) abdominais ou precordiais, parestesias, ir-
0,5 mg/dia), em decorrência da resistência periférica a esse hor- ritabilidade e dispnéia. Nos intervalos das crises, cansaço, fraqueza,
mônio. Em ambas as condições existem, inexplicavelmente, ten- prostração e perda de peso, às vezes acentuada, são conseqüências
dência à melhora com o avançar da idade. do hipermetabolismo, que simula a tirotoxicose. Infarto agudo do
312 • ATUALIZAÇÃO TERAPÊUTICA • MANUAL PRÁTICO DE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO •
miocárdio é freqüentemente diagnosticado nesses pacientes, devi- Nos casos em que as dosagens de metanefrinas urinárias ou
do ao espasmo coronariano ou à presença de miocardite, com libe- de catecolaminas plasmáticas estejam apenas discretamente eleva
ração de enzimas cardíacas e padrão eletrocardiográfico que se as- das ou suspeitas de outra etiologia, deixando dúvidas quanto ao
semelha ao infarto. Arritmias cardíacas e edema agudo de pulmão diagnóstico de feocromocitoma, deve-se dar preferência ao tes-
(secundário tanto à falência do ventrículo esquerdo e à insuficiên- te de supressão com clonidina, um bloqueador α2-adrenérgico
cia cardíaca congestiva, como devido a causas não cardiogênicas) de ação central. Esse teste baseia-se no fato de que a administra-
e distúrbios neurológicos (como alteração do nível de consciên- ção VO de 0,3 mg de clonidina provoca, em hipertensos essen-
cia, convulsão, sinais neurológicos focais e acidente vascular cere- ciais, queda nos níveis plasmáticos de catecolaminas, três horas
bral hemorrágico) também podem ser observados. após a administração da droga. Tal efeito supressor não é obser-
Os principais sinais clínicos sugestivos da presença de feo vado em portadores de feocromocitoma, caracterizando a auto-
cromocitoma incluem hipertensão arterial, hipotensão e taquicar nomia da produção de catecolaminas pelo tumor. Este teste pode
dia postural (com incremento da freqüência cardíaca superior a 20 também ser realizado utilizando-se as dosagens de metanefrinas
bpm), elevação discreta da temperatura corporal e retinopatia hi urinárias em amostras isoladas de urina obtidas antes e durante a
pertensiva. Intolerância à glicose, hiperglicemia, glicosúria e, mais 3a. hora que se segue à administração de clonidina. Proposta re-
raramente, policitemia, leucocitose e hiperreninemia podem estar cente de modificação desse teste sugere a utilização de doses me-
presentes. O volume plasmático se mostra caracteristicamente con nores de clonidina, com coletas noturnas de amostras, para a de-
traído, com elevação do hematócrito. terminação da NA plasmática.
tente, já que a resposta vasodilatadora mediada pelos receptores eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal ou também da incapacidade
β-adrenérgicos encontra-se bloqueada. Mais recentemente, tem da testosterona para agir na periferia. Independentemente da cau-
sido recomendado o preparo cirúrgico de pacientes com feocro- sa, o quadro clínico do hipogonadismo varia de acordo com a épo-
mocitoma com o uso de antagonistas dos canais de cálcio (em es- ca da vida em que o processo se instala.
pecial a amlodipina), isoladamente ou em associação com α1-blo- Quadros iniciados durante a vida intra-uterina podem ou
queadores. A amlodipina previne vasoespamo coronariano, não não ser acompanhados de indiferenciação da genitália interna ou
interfere com os testes bioquímicos e sua utilização é mais segu- externa, e de ausência ou hipodesenvolvimento da própria gônada.
ra em pacientes normotensos com episódios ocasionais de hiper- De qualquer forma, porém, o desenvolvimento somático adquire
tensão paroxística. certa peculiaridade, levando o indivíduo a atingir, na vida adulta,
A presença de um anestesista experiente com a farmacologia proporções eunucóides, em que a envergadura é maior que a altu-
das drogas necessárias para o controle intra-operatório do pacien- ra e a distância púbis-plantar é maior do que a vértice-púbis. Como
te com feocromocitoma é recomendada. Durante o procedimento não há estímulo androgênico, a pilificação corporal não atinge a
cirúrgico é importante a escolha do agente anestésico. Drogas que distribuição masculina, permanecendo mais fina e sedosa, e a mas-
induzem a liberação de histamina, drogas vagolíticas, anestésicos sa muscular se mantém hipotrófica. Quando o hipogonadismo se
sensibilizantes do miocárdio ou indutores de crises hipertensivas instala na vida adulta, as alterações mais evidentes relacionam-se
devem ser evitados. O nitroprussiato de sódio deve ser utilizado no com a potência sexual e a função reprodutora.
controle de eventuais picos hipertensivos durante o ato, ao passo
que β-bloqueadores (de ação rápida) ou xilocaína por via intrave- O hipogonadismo pode ser subdividido em três categorias:
nosa são reservados para o tratamento de casos de arritmias.
Nos últimos anos, a remoção de feocromocitomas adrenais PRIMÁRIO (Hipogonadismo hipergonadotrófico)
tem sido feita por cirurgia videolaparoscópica, desde que não ultra- Deficiência das células de Leydig e dos túbulos seminíferos:
passem 8-10 cm de diâmetro e que não haja risco potencial de rup- - Síndrome da castração funcional pré-puberal
Deficiência dos túbulos seminíferos:
tura ou lesão da cava ou outras estruturas nobres. A cirurgia aberta
- Síndrome de Klinefelter e outros defeitos cromossômicos
clássica, entretanto, ainda é praticada (geralmente pela incisão de
- Insuficiência dos túbulos seminíferos do adulto (orquite,
Chevron - transperitoneal transversa) quando os métodos diagnós-
irradiação, distrofia miotônica)
ticos não permitem descartar a ocorrência de tumores múltiplos bi-
Deficiência das células de Leydig:
laterais, requerendo investigação minuciosa no ato operatório.
- Insuficiência das células de Leydig do adulto (climatério
No pós-operatório devem-se evitar os episódios de hipoten
masculino)
são postural que podem ocorrer quando não se procede à expan
- Aplasia das células de Leydig
são adequada do volume sangüíneo no pré ou no intra-operatório.
- Defeito de biossíntese da testosterona:
A monitoração da glicemia evita que ocorram episódios de hipogli
-Deficiência das enzimas envolvidas na esteroidogênese
cemia conseqüentes à hiperinsulinemia que se desenvolve quando
- 20, 22-desmolase
o efeito supressor das catecolaminas sobre o pâncreas é eliminado
- 3ß-hidroxiesteróide desidrogenase
com a ressecção do tumor. - 17a-hidroxilase
Cabe ressaltar que não há critério absoluto, clínico, labora- - 17,20-desmolase
torial ou de imagem capaz de predizer malignidade. Mesmo após a - 17ß-hidroxiesteróide desidrogenase
cirurgia, pacientes com feocromocitoma devem ser seguidos inde- SECUNDÁRIO (Hipogonadismo hipogonadotrófico)
finidamente, a cada dois anos (tumores esporádicos) e anualmente - Forma completa
(paragangliomas ou tumores associados a síndromes genéticas). - Forma incompleta
- Hiperprolactinemia
- Puberdade retardada:
Insuficiência hipofisária seletiva
Insuficiência hipofisária global
DEFEITOS DA AÇÃO ANDROGÊNICA
Insensibilidade total a andrógenos: feminização testicular
Insensibilidade parcial a andrógenos:
103 Hipogonadismo Masculino Instabilidade do receptor
Deficiência da 5α-redutase
Ieda T. N. Verreschi
Defeito pós-receptor