Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DIREITO ADMINISTRATIVO
CONCEITOS INICIAIS DE DIREITO ADMINISTRATIVO
3
SUMÁRIO
1.CONSIDERAÇÕES INICIAIS........................................................................................................................... 4
2. FONTES ..................................................................................................................................................... 6
3.SISTEMAS DE CONTROLE ............................................................................................................................ 6
4.ADMINISTRAÇÃO/ESTADO/GOVERNO ........................................................................................................ 8
4.1. Estado.................................................................................................................................................... 8
4.1.1 Funções do Estado: típicas e atípicas ..................................................................................................... 8
4.2. Governo ................................................................................................................................................10
4.3. Administração Pública .......................................................................................................................10
DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO .................................................................................................11
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA .............................................................................................................................11
4
ATUALIZADO EM 21/02/20191
1.CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O Direito Público se preocupa com a atuação do Estado na satisfação do interesse público. Quanto ao
conceito de Direito Administrativo, há uma grande variação na doutrina. Um dos conceitos mais vistos em
provas é o da autora Odete Medauar, justamente por sua simplicidade e clareza: Direito Administrativo “é o
conjunto de normas e princípios que regem a Administração Pública”.
Maria Sylvia Di Pietro afirma que o Direito Administrativo é o ramo do direito público que tem por
objeto os órgãos, os agentes e as pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a
atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens e meios de que se utiliza para a consecução de seus fins,
de natureza pública.
De acordo o Critério da Administração Pública, é um conjunto harmônico de princípios e regras, isto é,
o próprio Regime Jurídico Administrativo, que irá reger órgãos, entidades, agentes públicos no exercício da
atividade administrativa, tendentes a realizar de forma direta, concreta e imediata os fins desejados pelo
Estado. Esses fins do Estado são determinados pelo Direito Constitucional. O Direito Administrativo apenas
busca realizar esses objetivos. De forma direta – aquela atividade do Estado que independe de provocação,
excluindo assim a função jurisdicional do Estado, que depende de provocação, em razão da sua inércia. De
forma concreta – produz efeitos concretos. Destinatário determinado com efeitos concretos. Desapropriar
imóvel do José, nomear Maria, excluindo assim a atividade legislativa, por ser abstrata. De forma imediata – se
preocupa com a atividade jurídica do Estado, excluindo a mediata que se preocupa com a atividade social.
Norma de direito público é sinônimo de norma de ordem pública? NÃO! Norma de ordem pública é
aquela norma inafastável, imodificável pelas partes. Ex.: dever de pagar imposto de renda, normas de
capacidade civil, impedimento para casamento. Há regras de ordem pública no Direito Público e no Direito
Privado. O conceito de ordem pública é mais amplo que direito público. Já o Direito Público se preocupa com a
atuação do Estado na satisfação do interesse público.
O CESPE, na prova de Analista Judiciário – Área Administrativa do TRE-PE de 2017, conceituou o direito
administrativo com “um ramo do direito proximamente relacionado ao direito constitucional e possui interfaces
com os direitos processual, penal, tributário, do trabalho, civil e empresarial.”
1
As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
2
Por Priscila Sertek
5
#APROFUNDANDO
O CESPE cobrou em 2017, na prova do TRF da 1ª Região, os conceitos de escola da puissance publique e escola
do serviço público. Para entender estes termos, colo um trecho do livro de Celso Antônio B. de Mello:
Os doutrinadores franceses têm-se ocupado sempre em encontrar uma ideia-chave para o Direito
Administrativo, isto é, uma noção-matriz, que organize e explique logicamente esta disciplina jurídica,
funcionando como critério dela. Pretendem que, à falta de uma ideia capaz de impor um cunho sistemático ao
conjunto de regras administrativas, ter-se-ia apenas um aglomerado inconsistente de normas e dificilmente se
saberia quando aplicar as regras administrativas.
O primeiro critério adotado e que recebeu o impulso e apoio dos principais autores do século XIX, como Batbie,
Aucoc, Ducroq, Lafenière, e mais tarde de Berthélemy, foi do “poder público” ou puissance publique e se
estribava na distinção entre atos de império e atos de gestão. Entendia concernente ao Direito Administrativo a
atividade que o Estado desenvolvia enquanto “poder de comando”, isto é, via de autoridade.
Posteriormente esta concepção foi substituída, na simpatia da maioria da doutrina, pela noção de serviço
público, teorizada por Duguit e seus adeptos, sobretudo Bonnard, Jèze, Rolland e Laubadère. Em razão da
chamada crise do serviço público produzida pela mudança das condições sociais, que acarretaram alterações no
modo de proceder do Estado, com reflexos importantes na esfera jurídica, a noção foi-se desprestigiando e
surgiram novas orientações.
Ou seja, a Escola da puissance publique só considera Direito Administrativo atos de império e a Escola do serviço
público considera tudo, atos de império e atos de gestão.
2017 – CESPE – TRF-1 – Analista Judiciário – Oficial de Justiça. Segundo a escola da puissance publique, as
prerrogativas e os privilégios que o Estado possui frente ao particular constituem um critério definidor do
direito administrativo. - CERTO
2017 – CESPE – TRF-1 – Analista Judiciário –Área Judiciária. No que se refere à teoria do direito administrativo,
julgue o item a seguir, considerando o posicionamento majoritário da doutrina: A escola da puissance
publique distingue-se da escola do serviço público por conceituar o direito administrativo pela coerção e pelas
prerrogativas inerentes aos atos de império, diferenciando-os dos atos de gestão. – CERTO
6
2. FONTES
A doutrina costuma apontar a existência de CINCO FONTES principais deste ramo do Direito, e são delas
que nascem as normas jurídicas. A fonte mais importante do direito administrativo é a LEI. Veja quais são:
#JÁCAIUEMPROVA3
a) Lei: qualquer espécie normativa, ou seja, em sentido amplo.
b) Doutrina;
c) Jurisprudência – julgamentos reiterados no mesmo sentido. No direito administrativo, há jurisprudências
que possuem força vinculante. Súmula é a consolidação da Jurisprudência. Súmula não vinculante – sinalizar
o posicionamento;
d) Costumes – prática habitual, acreditando ser ela obrigatória. O costume não cria nem exime obrigação.
Ressalta-se que há divergência na doutrina quanto a sua origem como fonte ou não do direito
administrativo.
e) Princípios Gerais do Direito – estão na base da disciplina/alicerce. Exs.: Ninguém pode causar dano a
outrem. É vedado o enriquecimento ilícito. Ninguém pode se beneficiar da própria torpeza.
3.SISTEMAS DE CONTROLE
3
2017 – CESPE – TRE-TO – Analista Judiciário – Área Administrativa. O direito administrativo consiste em um conjunto de
regramentos e princípios que regem a atuação da administração pública, sendo esse ramo do direito constituído pelo
seguinte conjunto de fontes: a) lei em sentido amplo e estrito, doutrina, jurisprudência e costumes.
7
por tribunais de natureza administrativa, justamente porque em tais litígios se encontra, em um dos polos, a
Administração Pública. Para esse sistema (como já ocorre na França), se houver um conflito de competência, o
impasse será resolvido pelo Tribunal de Conflitos.
TJ-GO, 2012 – Essa assertiva foi considerada CORRETA. O sistema contencioso francês, chamado de contencioso
administrativo, é aquele segundo o qual os atos praticados e de interesse da Administração Pública só podem
ser reavaliados, revisados ou julgados pela própria Administração, que é quem detém a competência para
processar e julgar as contendas e recursos hierárquicos contra si e não o Poder Judiciário.
IPM-SP, 2018 – AOCP. Essa assertiva foi considerada CORRETA. O sistema francês é aquele que proíbe o
conhecimento, pelo Poder Judiciário, de atos ilícitos praticados pela Administração Pública, ficando esses atos
sujeitos à chamada jurisdição especial do contencioso administrativo, formada por tribunais de natureza
administrativa.
IPM-SP, 2018 – AOCP. Essa assertiva foi considerada CORRETA. O ordenamento jurídico brasileiro adotou, desde
a instauração da República, o sistema inglês, no qual todos os litígios podem ser resolvidos pelo judiciário, ao
qual é atribuída a função de dizer, com formação de coisa julgada, o direito aplicável à espécie.
Como regra, não há necessidade do acesso às vias administrativas para se provocar a esfera
jurisdicional, mas vale lembrar as seguintes exceções: (i) o art. 217, § 1º da CF/88 (justiça desportiva); (ii) a
Súmula nº 02 do STJ (habeas data), (iii) no ato administrativo ou omissão que contrarie SÚMULA VINCULANTE
só pode ser alvo de reclamação constitucional quando esgotada a via administrativa (art. 7º, § 1º da Lei
11.417/06); e, (iv) concessão de benefícios previdenciários (não se confunde com o exaurimento das vias
administrativa).
8
Art. 217, CF/88. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de cada
um, observados:
§ 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se
as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.
Súmula 2, STJ: Não cabe o habeas data (cf, art. 5., lxxii, letra "a") se não houve recusa de informações por parte
da autoridade administrativa.
Art. 7º, Lei 11.417/06 Da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar enunciado de súmula
vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal, sem
prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de impugnação.
§ 1o Contra omissão ou ato da administração pública, o uso da reclamação só será admitido após esgotamento
das vias administrativas.
4.ADMINISTRAÇÃO/ESTADO/GOVERNO
4.1. Estado
Vem de status, que significa estar firme. É a nação politicamente organizada, detentora de SOBERANIA.
Pode ser sujeito de Direito. É um ente que possui personalidade de pessoa jurídica de direito público e, ainda
que esteja praticando atos privados ou externos, não é considerado como dupla personalidade: a prática desses
atos não desnatura a personalidade pública. O Estado tem os seus elementos: povo (componente humano do
Estado), território (base física), governo soberano (comando, direção do povo). #JÁCAIUEMPROVA4
Elementos do Estado:
POVO (elemento subjetivo);
TERRITÓRIO (elemento objetivo); e
GOVERNO SOBERANO - soberania como poder absoluto, indivisível e incontrastável.
O que significa Estado de Direito? É o Estado politicamente e juridicamente organizado que obedece às
suas próprias leis. O Brasil é um Estado de Direito, em que pesem algumas desobediências. O Estado cria as leis
e se submete a elas.
#CUIDADO #PEGADINHA: A responsabilidade civil da Administração está no art. 37 §6º da CF: FALSO. A
responsabilidade é do Estado.
A CF/88 estabelece expressamente que são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário (CF, art. 2º), bem como veda que haja deliberação sobre Emenda à
4
2016 – CESPE – TRT 8 – Analista Judiciário – Área Administrativa.
9
Constituição tendente a abolir a separação dos Poderes (CF, art. 60, §4º, III). As funções decorrem dos Poderes e
FUNÇÃO PÚBLICA é o exercício de atividade em nome e interesse da população.
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
FUNÇÃO TÍPICA – é a função principal do respectivo poder. Ex: legislativo fazer lei; .
a) Poder Legislativo:
• Típica: (legislar, fiscalizar): Legislar é inovar o ordenamento jurídico, de forma abstrata e geral.
• É uma função geral com repercussão erga omnes.
• Atípica: outras atividades, como, por exemplo, julgar o Presidente por crime de responsabilidade,
realizar licitação (atividade administrativa).
b) Poder Judiciário:
• Típica: solução de lides, aplicando coativamente a lei aos litigantes. Aplicar lei não produz inovação
à ordem jurídica (a inovação da ordem jurídica é uma função típica do Poder Legislativo). É uma
atuação concreta, em regra, e indireta, dependente de provocação. Outra característica é a
intangibilidade jurídica, isto é, imutabilidade.
• Atípica: Natureza Legislativa: quando elabora regimento interno de seus tribunais (art. 96, I, "a"); e,
natureza executiva: quando administra, v.g., ao conceder licenças e férias aos magistrados e
serventuários (art. 96, I, "f").
c) Poder Executivo:
• Típica (executar o ordenamento jurídico vigente): não inova, concreta, direta, mas pode ser revisado
pelo Poder Judiciário. Não produz intangibilidade jurídica para o Judiciário. Faz coisa julgada
administrativa, isto é, a impossibilidade de mudança na via administrativa.
• De acordo com José dos Santos Carvalho Filho, é “aquela exercida pelo Estado ou por seus
delegados, subjacente à ordem constitucional e legal, sob regime de direito público, com vistas a
alcançar os fins colimados pela ordem jurídica”.
10
• De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, a função administrativa é a função que o Estado,
ou quem lhes faça as vezes, exerce na intimidade de uma estrutura e regime hierárquicos e que no
sistema constitucional brasileiro se caracteriza pelo fato de ser desempenhada mediante
comportamentos infralegais ou, excepcionalmente, infraconstitucionais, submissos todos a controle
da legalidade pelo Poder Judiciário.
• Atípica: legislativa (editar medidas provisórias).
Obs.: Há algumas funções que não se encaixam em nenhuma das três funções citadas. Celso Antônio fala em
uma quarta função: Função de Governo ou Função Política, que surge de certos atos que não se alocavam
satisfatoriamente nas três funções clássicas do Estado. Não se confundem com o simples administrar, que se
restringe à gestão rotineira, habitual.
• Exemplos de função política é a sanção e o veto, a declaração de guerra e paz, decretação de Estado de
Defesa e Sítio e calamidade pública. São questões de gestão superior no Estado de Direito. Atuação de
ampla discricionariedade e responsabilidade.
4.2. Governo
Comando; direção. Para que o nosso Estado seja independente, o Governo tem de ser soberano. Governo
soberano é aquele que possui independência na ordem internacional e supremacia na ordem interna. A
expressão Governo também tem sido utilizada para designar o conjunto de Poderes e órgãos constitucionais
responsáveis pela função política do Estado.
De acordo com Hely Lopes Meirelles, “Governo é a atividade política, é a condução dos negócios públicos, é
a fixação dos objetivos para o Estado”.
Todo o aparelhamento do Estado. É o conjunto de entidades e órgãos a serviço do Estado. Ela pode ser
analisada sob dois enfoques diferentes: #JÁCAIUEMPROVA5
PC-SP, 2018 – Vunesp. Essa assertiva foi considerada CORRETA. sob o sentido material, a Administração Pública
deve ser entendida como a atividade administrativa exercida pelo Estado.
5
2017 – CESPE – TRF 1 – Analista Judiciário – Área Judiciária. No que se refere à teoria do direito administrativo, julgue o
item a seguir, considerando o posicionamento majoritário da doutrina: A administração pública, em seu sentido material,
compreende as pessoas jurídicas, os órgãos e os agentes que exercem função administrativa. Por outro lado, em seu
sentido formal, designa a natureza da atividade exercida por esses entes (ERRADA).
11
Não se aplica.
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2015.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2014.