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Caso
Problemas e Dificuldades
de Aprendizagem
estudo de
caso
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Como a família não viu melhora na aprendizagem da filha e pelas contínuas reclamações
da professora pelo mau comportamento e dificuldades de Bruna, resolveu tentar a avaliação
psicopedagógica, principalmente após a última conversa com a professora, pois já estava
no meio do ano letivo e, se Bruna continuasse do mesmo jeito, possivelmente, seria retida
novamente.
A partir da anamnese, foram feitas sessões lúdicas, centradas na aprendizagem, e optou-
-se também pela aplicação de alguns testes e provas pedagógicas e psicopedagógicas, por
compreender que as provas podem ser utilizadas para perceber o desenvolvimento emo-
cional e cognitivo da criança. Iniciou-se pelo teste de discriminação auditiva, que consiste
na leitura de 60 pares de palavras feitas pelo examinador, sendo algumas iguais, outras não.
Esse teste foi feito, e a possibilidade de um possível problema auditivo foi descartado. Assim,
o próximo passo foi observar a suspeita levantada em relação ao Transtorno de Déficit de
Atenção. Foram realizadas algumas atividades para observar o comportamento da criança e
se constatou que a menina não tinha o transtorno mencionado, já que conseguiu manter a
concentração durante as atividades, apesar das dificuldades de escrita e na linguagem oral.
A psicopedagoga observou que Bruna, além de apresentar uma escrita com muitos erros,
também tinha uma linguagem oral ruim, com vocabulário restrito. Durante a realização das
provas, questionava o significado de muitas palavras simples, o que chamou atenção da psi-
copedagoga. Passou-se, então, para a aplicação de outros testes, especificamente, escrita e
leitura, quando foi aplicada a Avaliação de Dificuldade da Escrita (ADAPE), proposta por Sisto
(1998), que consiste no ditado de um texto. Das 114 palavras do texto, sendo 60 palavras com
maior grau de dificuldade, Bruna errou 40 palavras.
Para confirmação das hipóteses levantadas em relação às dificuldades de aprendizagem,
solicitou à criança a produção de um pequeno texto sobre algo que tinha feito no final de
semana. A partir da análise do texto, constatou-se que Bruna não tinha domínio da ortogra-
fia das palavras e apresentava falta de clareza e coerência das ideias.
No momento da prova de leitura, Bruna ficou muito apreensiva, já que não queria fazer
a leitura. A psicopedagoga incentivou a leitura, contudo a menina estava muito retraída e
apreensiva. Resolveu, então, perguntar, o motivo por que não queria ler e explicou que ela
não precisava ter vergonha pelos possíveis erros. Bruna relatou que tinha medo de ler, prin-
cipalmente, depois de a professora chamar sua atenção na frente de todos os colegas sobre
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sua linguagem oral. Em uma leitura coletiva, Bruna não conseguiu ler, e a professora a ridi-
cularizou por isso. Após este relato, a psicopedagoga questionou se tinha acontecido outra
situação em que sentiu vergonha. A menina respondeu que sim, que a professora sempre
dizia que ela era a mais atrasada da turma. Disse também que a professora não gostava dela e
relatou que, em uma ocasião, tentou fazer a leitura, e como não conseguiu finalizar começou
a chorar, e a professora disse que ela não era um bebê para chorar e, se continuasse voltaria
para a Educação Infantil. Depois desse dia, Bruna sentia pavor, quando tinha que ler. Após in-
centivo da psicopedagoga, Bruna fez a leitura de um texto simples e curto. As dificuldades na
leitura foram evidentes, confirmando que não conhecia muitas palavras. A menina leu palavra
por palavra, sílaba por sílaba.
Após a realização das provas, verificou-se que Bruna não tinha um vínculo relativamente
bom com a aprendizagem, possivelmente, pelo fato de não ter o desejo de aprender, este foi
tolhido pela metodologia inadequada utilizada pela professora da sala, bem como a relação
estabelecida entre alunos e professora. Por outro lado, o vínculo afetivo na família era bom,
apesar do pouco tempo que passava com a família, pois os pais trabalhavam muito, e os
momentos em que estavam juntos eram raros, sobretudo, no acompanhamento das tarefas
escolares. Geralmente, Bruna realizava as tarefas sozinha, às vezes, o pai ajudava, mas pouco,
pois não tinha paciência e, por isso, fazia as tarefas para Bruna.
Com estas informações, verificou-se que Bruna apresentava atitude de baixa autoestima
em relação à aprendizagem, pois não foi estabelecida uma relação adequada para isso. No
entanto não se tratava de dislexia e transtorno de déficit de atenção, e sim de um conjunto
de fatores extrínsecos, que com tratamento adequado, seriam extintos e para isso, seria ne-
cessária a parceria entre escola e família.
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Referência
SISTO, F. F; Dificuldades de aprendizagem. In: SISTO et al. Dificuldades de Aprendizagem
no Contexto Psicopedagógico. 3. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1998.