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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE EDUCAÇÃO

DEPARTAMENTO DE PRÁTICAS E ENSINO

GESTÃO EDUCACIONAL E GESTÃO ESCOLAR

RAFAEL CARLOS MENEZES DA SILVA

Os Fundamentos da Organização Burocrática: uma condição do tipo ideal de


Max Weber - Livro Sociologia da burocracia 4° edição - 1978

O texto apresenta uma discussão sobre a autoridade legal e seus fundamentos na


organização burocrática. São apresentadas quatro ideias interdependentes que compõem a
efetividade da autoridade legal: (1) a norma legal pode ser estabelecida por acordo ou
imposição, visando fins utilitários ou valores facionais; (2) o Direito consiste em um sistema
integrado de normas abstratas, que são aplicadas a casos particulares; (3) a autoridade legal é
exercida por pessoas que ocupam cargos e estão subordinadas a uma ordem impessoal; e (4) a
obediência à autoridade é um dever de membros da associação e não a um indivíduo
específico.A partir dessas ideias, são apresentadas as categorias fundamentais da autoridade
racional legal, que incluem: (1) uma organização contínua de cargos delimitados por normas;
(2) uma área específica de competência que implica uma esfera de obrigações, atribuição de
autoridade e definição clara dos instrumentos necessários de coerção e limitação de seu uso; e
(3) a organização dos cargos obedece ao princípio da hierarquia, com cada cargo inferior sob
o controle e supervisão do superior. Além disso, o texto destaca que as normas que regulam o
exercício de um cargo podem ser regras técnicas ou normas e que a especialização é
imprescindível para sua aplicação plenamente racional.

● A efetividade da autoridade legal depende da aceitação de ideias interdependentes


● Toda norma legal pode ser estabelecida por acordo ou imposição, visando fins
utilitários ou valores funcionais
● Todo direito consiste em um sistema integrado de normas abstratas e a administração
da lei consiste na aplicação dessas normas a casos particulares
● A pessoa que representa a autoridade ocupa um cargo e está subordinada a uma ordem
impessoal para a qual se orientam suas ações
● A pessoa que obedece à autoridade o faz apenas na qualidade de membro da
associação e o que é obedecido é "a lei"
● Os membros da associação obedecem à ordem impessoal e não ao indivíduo que
representa a autoridade
● Há um dever de obediência apenas dentro da esfera racionalmente delimitada de
autoridade que lhe foi conferida.
● O funcionário em uma burocracia trabalha sem possuir a propriedade dos meios de
administração e sem se apropriar do cargo.
● Ele é sujeito a uma disciplina rigorosa e controle no desempenho do cargo.
● A burocracia pode ser aplicada em diferentes setores, como organizações que visam
lucro, caridade e outras empresas privadas com objetivos materiais ou ideais.
● Exemplos de burocracia incluem clínicas particulares, hospitais de fundações ou
mantidos por ordens religiosas, a Igreja Católica, grandes empresas capitalistas,
partidos políticos e o exército moderno.
● A autoridade burocrática é exercida de forma mais pura através da nomeação de
funcionários.
● A eleição de funcionários torna impossível submetê-los a uma disciplina rigorosa.
● A nomeação por livre contrato é essencial para a moderna burocracia.
● A burocracia patrimonial ocorre onde há uma organização hierarquizada com esferas
impessoais de competência, mas servida por funcionários servis.
● As qualificações técnicas são cada vez mais importantes em organizações
burocráticas.
● No ápice da organização burocrática, pode haver um elemento que não é puramente
burocrático, como um empresário capitalista.
● A categoria de burocracia se aplica apenas ao exercício da dominação por meio de um
quadro administrativo específico.

No capítulo "O tipo monocrático de administração burocrática", Weber apresenta


um dos tipos ideais de organização burocrática, caracterizado pela existência de uma única
pessoa com poder de comando e decisão em todos os assuntos da organização. Essa pessoa é
responsável pela coordenação de todas as atividades, bem como pela supervisão e controle
dos demais membros da organização.Segundo Weber, esse tipo de organização é comum em
instituições como exércitos e igrejas, onde a autoridade é centralizada em uma única figura de
poder. A administração monocrática é baseada em princípios de hierarquia, disciplina e
obediência, sendo caracterizada por uma clara separação entre o comando e a execução das
tarefas.

Weber argumenta que o tipo monocrático de administração burocrática tem suas vantagens,
especialmente em situações em que a ação rápida e decisiva é necessária. No entanto, ele
também aponta para as desvantagens desse tipo de organização, como a possibilidade de
abuso de poder e a falta de incentivo à criatividade e inovação.Em suma, o capítulo apresenta
uma análise detalhada do tipo monocrático de administração burocrática, destacando suas
características e suas implicações para o funcionamento das organizações.

TEXTO 2: Uma Análise das Teorias de Organização - Beatriz M. de Sousa Wahrlich

CAPÍTULO 2

O texto aborda a escola dos "engenheiros da organização", cujos principais


integrantes eram engenheiros profissionais que abordavam os problemas de organização a
partir da análise da função e seu ocupante. A partir disso, eles buscavam constituir a estrutura
da organização até o topo. Os princípios e métodos dessa escola referem-se principalmente à
análise do trabalho a ser feito, à tarefa a ser executada e seus elementos constitutivos, aos
movimentos decorrentes de cada um deles e ao tempo despendido em executar cada um. Com
os resultados dessas análises, eles reagrupavam movimentos, operações, tarefas, funções e
assim por diante, até estabelecerem a nova organização. Os engenheiros da organização
foram responsáveis pelo estabelecimento de métodos e não de princípios. Isso significa que
eles estabeleciam processos lógicos para fazer algo e não verdades fundamentais sobre as
quais outras se baseiam. A escola foi fundada por Frederick Winslow Taylor, cujos discípulos
e adeptos mais próximos foram Gantt, Barth, Gilbreth e Person. O trabalho desse grupo
tornou-se conhecido rapidamente nos Estados Unidos e na Europa, e os franceses dedicaram
especial atenção ao seu aspecto teórico. O movimento stakhanovista, iniciado na Rússia em
1935, utilizou métodos tipicamente tayloristas para obter melhor organização para as oficinas
e uma divisão mais racional.

São relacionadas as principais diferenças entre o stakhanovismo e o taylorismo,


mencionando que na Rússia o próprio trabalhador era taylorista, enquanto nos Estados
Unidos, a administração era taylorista. O texto também destaca a motivação ideológica dos
russos em relação à maior produtividade, enquanto Taylor visava à maior produtividade por
razões econômicas. Em seguida, o autor menciona a importância do trabalho de Henry Ford,
que também foi um engenheiro de organização. O princípio que serviu de base à linha de
montagem e à esteira transportadora foi o de “dividir e subdividir as operações, mantendo-se
o trabalho em movimento”. O texto ainda aborda a questão da denominação do taylorismo
como “administração científica”, que sofreu objeções por parte de muitas pessoas. Taylor
argumenta que a organização e a classificação do conhecimento representam a ciência. O
autor também menciona que Taylor dividiu seu trabalho em duas partes: “uma certa filosofia”
e o mecanismo para sua aplicação. A filosofia de Taylor era baseada em quatro grandes
princípios básicos de administração: desenvolvimento de uma verdadeira ciência, seleção
científica do trabalhador, educação e treinamento científicos do trabalhador e cooperação
íntima e cordial entre a administração e os trabalhadores. O trecho em questão discorre sobre
a evolução da administração científica, desde sua filosofia inicial até seus princípios e
aplicação generalizada. Além disso, apresenta conceitos importantes, como a divisão do
trabalho, o princípio da exceção e a funcionalização da supervisão.

O texto defende que a administração científica deveria ser baseada em uma filosofia que visa
equilibrar os interesses da administração, dos trabalhadores e da sociedade, buscando a
produção progressivamente maior por meio da congregação de esforços na busca das leis do
menor desperdício. No entanto, a filosofia inicial de Taylor foi sendo identificada mais com
seu mecanismo do que com sua filosofia, e seus princípios foram sendo redefinidos ao longo
do tempo. Entre os conceitos importantes apresentados, destaca-se a divisão do trabalho, que
foi analisada por Taylor como forma de aumentar a produtividade, e a funcionalização da
supervisão, que consiste em delegar responsabilidades para que a supervisão seja mais
eficiente. Outro princípio importante é o da exceção, que estabelece que o administrador deve
receber apenas relatórios condensados, resumidos e sempre comparativos, abrangendo todos
os elementos da administração. Por fim, conclui-se que a administração científica contribuiu
para a evolução da administração de maneira geral, influenciando-a e estendendo-se para
diversos campos de atividade.

CAPÍTULO 04

De acordo com a autora, a visão dos psicólogos sobre as organizações se baseia na


premissa de que as pessoas são o elemento mais importante e que devem ser consideradas no
planejamento e na gestão das organizações. Segundo essa perspectiva, as organizações devem
ser pensadas como sistemas sociais compostos por indivíduos com necessidades, valores,
expectativas e comportamentos específicos. A autora destaca que a abordagem psicológica
das organizações tem como objetivo principal compreender o comportamento humano no
contexto organizacional e identificar os fatores que influenciam esse comportamento. Nesse
sentido, os psicólogos buscam compreender como as pessoas se relacionam entre si e com a
organização, como se adaptam às mudanças e como lidam com as demandas e pressões do
trabalho.

Além disso, a autora aborda algumas das principais teorias psicológicas aplicadas ao
estudo das organizações, tais como a teoria da motivação, a teoria da personalidade, a teoria
da percepção e a teoria da aprendizagem. Essas teorias buscam explicar como os indivíduos
se motivam para o trabalho, como suas personalidades influenciam suas atitudes e
comportamentos, como percebem o ambiente de trabalho e como aprendem e se adaptam às
mudanças organizacionais. Por fim, a autora destaca que a abordagem psicológica das
organizações tem contribuído para o desenvolvimento de técnicas e estratégias de gestão de
pessoas mais eficazes e para o entendimento dos processos de mudança e adaptação nas
organizações. No entanto, ela ressalta a importância de se considerar as limitações dessa
abordagem, que muitas vezes tende a individualizar os problemas organizacionais e a
negligenciar as dimensões estruturais e institucionais das organizações.

CAPÍTULO 05

O capítulo aborda a concepção dos sociólogos sobre a ênfase no comportamento


social nas organizações. A autora inicia o capítulo destacando que a sociologia surge como
uma disciplina preocupada em compreender a complexidade das sociedades modernas e suas
transformações, o que se reflete em sua abordagem das organizações. A sociologia das
organizações se desenvolveu a partir da década de 1950 e, desde então, tem buscado
compreender como os indivíduos e grupos interagem nas organizações e como essas
interações são influenciadas pelo contexto social mais amplo.

Apresentam-se as principais teorias sociológicas sobre as organizações, começando pela


teoria da burocracia de Max Weber. Essa teoria enfatiza a racionalidade e a eficiência como
características das organizações burocráticas, que se baseiam em normas e regras claras para
a tomada de decisão. A autora destaca que a teoria da burocracia tem sido criticada por sua
ênfase excessiva na eficiência e na padronização, o que pode levar à rigidez e à falta de
flexibilidade nas organizações. Surge a teoria da contingência, que enfatiza a importância do
contexto em que as organizações estão inseridas. Segundo essa teoria, não existe uma única
forma ideal de organizar as empresas, mas sim diferentes formas que são mais ou menos
adequadas dependendo do contexto em que estão inseridas. Outra teoria sociológica
apresentada é a teoria dos sistemas sociais, que enfatiza a interdependência das organizações
com outros sistemas sociais, como o ambiente externo e outras organizações. A autora
destaca que essa teoria é importante por mostrar que as organizações não podem ser
analisadas isoladamente, mas sim em relação a outros sistemas sociais.

E por último é posta a teoria da ação social, que enfatiza a importância das interações entre
os indivíduos e grupos nas organizações. Segundo essa teoria, as organizações são
construídas e mantidas a partir das ações dos indivíduos e grupos que as compõem, o que
implica em uma ênfase no comportamento social nas organizações, em suma apresentam-se
as principais teorias sociológicas sobre as organizações, destacando a ênfase no
comportamento social como uma das principais contribuições da sociologia das organizações
para o estudo das organizações. É ressaltada a importância de compreender as organizações
não apenas como sistemas técnicos, mas como sistemas sociais complexos que são
influenciados por fatores internos e externos.

Capítulo "Fritz Roethlisberger e Elton Mayo "Dois criativos desajustados que


inventaram as relações humanas"(e puseram a Harvard Business School no mapa)", do
livro "Os filósofos do Capitalismo", de Andrea Gaberois

Fritz Roethlisberger e Elton Mayo são pesquisadores que foram fundamentais para o
desenvolvimento da teoria das relações humanas na administração. Fritz Roethlisberger, um
psicólogo que estudou em Harvard, teve a oportunidade de trabalhar como assistente do
engenheiro mecânico Elton Mayo, que estava conduzindo pesquisas em uma fábrica em
Hawthorne, Chicago. Roethlisberger trouxe uma abordagem mais qualitativa para as
pesquisas, buscando entender as dinâmicas sociais que influenciavam o trabalho dos
funcionários, em contraste com a abordagem quantitativa predominante na época. Mayo e
Roethlisberger descobriram que as condições físicas do ambiente de trabalho não eram os
únicos fatores que afetavam o desempenho dos funcionários. Eles descobriram que a
interação social e a satisfação das necessidades psicológicas e sociais dos trabalhadores
também eram importantes para a produtividade e eficiência no trabalho.

As pesquisas em Hawthorne foram amplamente divulgadas e tiveram um grande impacto no


campo da administração. Elas também ajudaram a estabelecer a Harvard Business School
como um importante centro de pesquisa em administração. Destaca-sea importância das
contribuições de Mayo e Roethlisberger para a teoria das relações humanas, mostrando que
suas pesquisas representaram uma mudança significativa no pensamento dominante em
administração, que antes se concentrava em aumentar a eficiência e produtividade a qualquer
custo, sem levar em consideração as necessidades dos trabalhadores.

"A dupla Roethlisberger-Mayo é o mais improvável dos casamentos acadêmicos, uma


colaboração entre dois homens com personalidades diametralmente opostas: Roethlisberger,
um suíço teimoso e profundamente conservador, Mayo, um australiano extrovertido e
temperamental."

"Roethlisberger era uma figura respeitada em Harvard. Ele era um dos professores mais
antigos e amados da Escola de Negócios e, apesar de seu estilo antiquado e retrógrado, era
um pensador original e um humanista comprometido."

"Mayo era uma força completamente diferente. Ele era uma figura carismática e apaixonada,
conhecida por suas explosões temperamentais e seu amor pelas festas. Ele era um estudante
brilhante e tinha uma compreensão profunda da psicologia humana, mas também tinha uma
natureza impulsiva e um temperamento imprevisível que muitas vezes o colocava em
apuros."

"A abordagem de Mayo e Roethlisberger era revolucionária, pois afirmava que as empresas
não eram apenas estruturas racionais e impessoais, mas também tinham uma dimensão social
e humana que precisava ser compreendida e gerenciada."

"O estudo de Hawthorne deu origem a uma nova disciplina - a teoria das relações humanas -
que mudou a forma como as empresas pensavam sobre seus funcionários e criou um campo
inteiro de estudos sobre liderança, comunicação, motivação e trabalho em equipe."

"Mayo e Roethlisberger provaram que o sucesso das empresas dependia de sua capacidade de
compreender e gerenciar a complexidade do comportamento humano, e não apenas de
implementar processos eficientes e lógicos. Eles foram pioneiros em um campo que, mais de
um século depois, ainda é fundamental para a gestão moderna."

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