Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PR Trilhas
https://meinscrever.prtrilhas.com/
2 DE AGOSTO 2023
© Dom Educacional
Criado por: Paulo Rogério Albuquerque de Oliveira
https://linktr.ee/professorpaulorogerio
Correspondência: paulorog1966@gmail.com
1 Lei 10.406/2002. Código Civil. Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem,
será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários. Parágrafo
único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu é obrigado a restitui-la, e,
se a coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido.
2 A 2ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) decidiu que os adicionais de insalubridade e de
periculosidade não são cumuláveis, reafirmando a jurisprudência pacífica da Corte (RR-11734-
22.2014.5.03.0042, DEJT 21/05/2021).
empregado, e caso ele não faça uso dessa faculdade, não seria possível outrem fazê-lo em seu nome,
muito menos o judiciário 3 depreender que tal opção seria uma proibição disfarçada à acumulação dos
adicionais e, pior, que não implicaria enriquecimento ilícito pelo patrão que, ao cabo, escolheu e
determinou duplo negócio jurídico ao determinar duas exposições, mas só paga uma.
Do ponto de vista da técnica jurídica, é sabido que se deve considerar que o fruto do trabalho
insalubre e periculoso por parte do empregado, mediante determinação patronal, se incorpora ao
patrimônio do empregador, por decorrência de dois negócios de objetos jurídicos distintos: prestar
serviço em situação insalubre e periculosa concomitantemente.
Se há dois patrimônios incorporados ao patrimônio do empregador, como pagar apenas uma
contraprestação ao empregado? Resposta sim a essa pergunta é reconhecer o abuso, é assumir o
enriquecimento sem causa, é quebrar o pacta sunt servanda e ostentar, por último, a indignidade da
pessoa humana.
Apenas o viés ideológico do TST, como tribunal político, explica o posicionamento da maioria
apertada nessa seara, tomando como muleta a equivocada e pobre cognição de que o art. 193 fora
recepcionado pela CRFB-88, quando vimos pela análise sintática e pela hermenêutica constitucional,
que essa recepção não aconteceu.
Conclui-se, então, que a recepção do § 2º do art. 193 da CLT à luz da CRFB-88 passa pela
acumulação irrestrita dos adicionais, pois cada um decorre de um negócio jurídico distinto e autônomo.
Se o empregador impõe dois insalubres e dois periculosos, deve pagar os respectivos quatro adicionais,
nos meses que perdurar a determinação de expor o trabalhador.
Nesse mister, uma ADPF seria o remédio jurídico adequado, dado o flagrante descumprimento
de preceito fundamental, qual seja: quem paga inflamáveis, não quita ruído!