A meiose é um processo complexo, e erros meióticos em seres humanos
parecem ser surpreendentemente comuns. Os cromossomos homólogos podem não se separar durante a meiose I, ou pode não haver a separação das cromátides irmãs durante a meiose II. Em qualquer uma dessas situações, são formados gametas contendo um número anormal de cromossomos – um cromossomo extra ou a falta de um cromossomo. Se um desses gametas se funde com um gameta normal, será formado um zigoto com um número anormal de cromossomos, o que traz sérias conseqüências. Na maioria dos casos o zigoto desenvolve-se originando um embrião anormal que morre em algum estágio entre a concepção e o nascimento. Em poucos casos, no entanto, o zigoto desenvolve-se originando uma criança cujas células tem um número cromossômico anormal, uma condição conhecida como aneuploidia. O efeito da aneuploidia depende de qual cromossomo está afetado. O complemento cromossômico normal humano é 46: 22 pares de cromossomos autossômicos e um par de sexuais. Um cromossomo extra (produzindo um total de 47 cromossomos) cria uma condição referida como uma trissomia. Uma pessoa cujas células contém o cromossomo 21 extra, por exemplo, apresenta trissomia do 21. A falta de um cromossomo (produzindo um total de 45 cromossomos) produz uma monossomia. A ausência de um cromossomo autossômico, independentemente do cromossomo afetado, invariavelmente torna-se letal em algum estágio durante o desenvolvimento embrionário ou fetal. Consequentemente, um zigoto contendo uma monossomia autossômica não origina um feto que se desenvolve a termo. Embora não se possa esperar que a presença de um cromossomo extra crie condições que ameacem a vida, o fato é que trissomias são muito melhores do que, zigotos monossômicos. Dos 22 diferentes autossomos no complemento cromossômico humano, somente pessoas com trissomia do 21 podem sobreviver além das primeiras poucas semanas ou meses de vida. A maioria das trissomias possíveis é letal durante o desenvolvimento, enquanto portadores de trissomias para os cromossomos 13 e 18 frequentemente nascem vivos, mas apresentam severas anormalidades e morrem logo após o nascimento. Aproximadamente 25% dos fetos abortados espontaneamente carregam uma trissomia cromossômica. Resultados de um estudo sugerem que mais de 33% das mulheres grávidas abortam espontaneamente antes de a gravidez ser detectada. Mesmo sendo o cromossomo 21 o menor cromossomo humano, a presença de uma cópia extra desse material genético tem sérias conseqüências, causando uma condição chamada síndrome de Down. Pessoa com síndrome de Down exibem graus variados de retardo mental, alteração em algumas características do corpo, problemas circulatórios, susceptibilidade aumentada a doenças infecciosas, risco acentuado de desenvolver leucemia e inicio precoce de doença de Alzheimer. A presença de um número anormal de cromossomos sexuais é bem menos prejudicial ao desenvolvimento humano. Um zigoto com somente um cromossomo X e ausência de um segundo cromossomo sexual (X0) desenvolve- se em uma fêmea com síndrome de Turner, na qual o desenvolvimento genital é interrompido em estado juvenil, os ovários não se desenvolvem, e a estrutura do corpo é levemente anormal. Como o cromossomo Y é determinante na masculinidade, pessoas com pelo menos um cromossomo Y desenvolvem características masculinas. Um homem com um cromossomo X extra (XXY) desenvolve síndrome de Klinefelter, que é caracterizada por retardo mental, genitália pouco desenvolvida e a presença de características físicas femininas como a ginecomastia. Alternativamente, um zigoto com um Y extra (XYY) desenvolve-se em um homem aparentemente normal, exceto que ele provavelmente será mais alto do que a média. Considerável controvérsia se desenvolveu sobre a possibilidade de homens XYY exibirem um comportamento mais agressivo, anti-social e criminal do que homens XY, mas nunca foram obtidas evidências para esta hipótese. A probabilidade de uma criança ter síndrome de Down aumenta acentuadamente com a idade materna – de 0.05% para mães de 19 anos de idade a 3% para mulheres acima de 45 anos. A maioria dos estudos mostra que tal correlação não é constatada entre a idade do pai e a probabilidade de ter uma criança com trissomia do 21. As estimativas mais recentes, baseadas em comparação de sequencias de DNA entre filhos e pais, indicam que 95% das trissomias do 21 podem ser traçadas como decorrentes de não disjunção que ocorreu na mãe. Por que uma mãe mais velha está mais predisposta a dar a luz uma criança com síndrome de Down? Fetos com anormalidades cromossômicas são usualmente abortados pela mãe, e assim, uma possibilidade é que mulheres mais velhas estão menos propensas a abortar um feto com trissomia do 21 do que mulheres mais jovens. As evidências sugerem que mulheres mais velhas, são mais propensas a não disjunção meiótica do que mulheres mais jovens, pois o risco da não-disjunção aumenta quando oócitos permanecem por longos períodos nos ovários; todos os oócitos em um ovário humano entram em meiose quando se aproxima a época do nascimento. Aquele oócitos que são fertilizados em uma mulher que está em período reprodutivo tardio permanecem parados em prófase I por diversas décadas. Um número cromossômico anormal pode resultar da não-disjunção de qualquer das duas divisões meióticas, que podem ser distintos por análise genética. A não-disjunção primária transmite dois cromossomos homólogos ao zigoto, enquanto a não-disjunção secundária transmite duas cromátides irmãs ao zigoto. Estudos indicam que a maioria dos problemas ocorre durante a meiose I. Por que a meiose I deveria ser mais susceptível à não-disjunção do que a meiose II? Em um estudo em que a trissomia do 21 foi mapeada geneticamente foi constatado que os cromossomos herdados da mãe exibem uma diminuição acentuada da probabilidade de terem realizado recombinação genética. Os quiasmas que são indicadores visuais de recombinação genética – desempenham um papel importante mantendo a tétrade junta. Como resultado, a redução na recombinação genética, que diminui a probabilidade da formação de quiasmas, levaria a um aumento no risco de não-disjunção na meiose I. ESTUDO DIRIGIDO
1. Retire do texto os termos novos encontrados e defina-os.
2. Quais são os erros que podem ocorrer durante a meiose e as possíveis conseqüências? 3. Esquematize o processo de não-disjunção na meiose I e meiose II. 4. Diferencie os termos aneuploidia, trissomia e monossomia. 5. Descreva as implicações da presença de um cromossomo extra e da ausência de um cromossomo autossômico. 6. Caracterize as alterações genéticas nos cromossomos sexuais e as suas consequências. 7. Explique porque as trissomias ocorrem com maior frequência em mulheres acima de 45 anos de idade.