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CONTEXTUALIZAÇÃO DO CONCEITO EQUILÍBRIO GERAL

Vanderson Aparecido da Silva

Entender o modelo da economia neoclássica torna-se importante na medida em que este modelo é quem traz os
principais autores e idéias que protagonizaram a consolidação do objeto deste estudo, o equilíbrio geral.
“Walras via no laisseiz-faire como um longo processo de um progresso de organização da sociedade”. A teoria
neoclássica possui um fundamento de estudo baseado no método hipotético dedutivo ou apriorístico, caracterizado por um alto
nível de abstração, enquanto que as bases que são formadoras da teoria econômica clássica e suas vertentes partem de métodos
históricos tendendo a um nível menor de abstração.
Diferente da dimensão da teoria clássica, a economia neoclássica reconhecia o Valor como uma unidade de troca
“imutável” e pregava o “casamento” ótimo, ou quase ótimo no emprego dos fatores e a satisfação dos consumidores. Este
reconhecimento ajuda a entender o porquê as teorias neoclássicas eram abundantes em demonstrações matemáticas. Como
resultado deste processo, destacamos duas vertentes oriundas desses estudos que são, hoje, recursos para o ensino da
microeconomia, são elas: a vertente da análise do Equilíbrio Parcial, explorada principalmente por Alfred Marshall, baseada na
preocupação de se analisar situações concretas focadas no consumidor, na firma etc. A segunda é conhecida como Equilíbrio
Geral, e tem início nos estudos de Léon Walras, esta vertente busca considerar a análise conjunta de todos os mercados.
“Diferente do que ocorre com a análise de equilíbrio parcial, a análise de equilíbrio geral determina os preços e as
quantidades simultâneas em todos os mercados, sendo que ela explicitamente leva em conta os efeitos feedback. O efeito
feedback é o ajuste de preços ou de quantidades em um determinado mercado causado pelos ajustes de preços ou de
quantidades em mercados correlatos.”
Walras manteve o foco de seu estudo restrito à sua contribuição em relação ao equilíbrio geral, e apesar de, para
Marshall, o centro da análise ter sido a rede formada em torno do excesso de demanda e para Walras o centro da análise ter sido
o sistema, em termos de preço, demanda e oferta, ambos chegam ao mesmo consenso em torno da análise do equilíbrio.

AS BASES DO EQUILÍBRIO GERAL


A peça principal na análise do equilíbrio geral é o agente individual. Estes agentes são divididos em dois tipos: família e
firmas. A firma é um agente que transforma os insumos em produtos, usando inúmeras formas, ela escolhe aquela que lhe é
mais rentável, aquela que lhe dá mais lucro. Influenciando assim o preço dos produtos de acordo com as suas escolhas. “A
atividade escolhida de cada firma depende, em princípio, do preço de todos os produtos” Basicamente, a teoria do equilíbrio
geral é um instrumento que relaciona Equilíbrio, Produtos e Preços. O equilíbrio expressa a auto-organização das forças que
operam em um sistema econômico ativado, enfatizando a informação de que sempre há o equilíbrio entre os agentes em relação
a todos.
Os produtos expressam a base da atividade econômica, e o preço o meio de mensurar o processo de troca dos produtos.
O princípio básico pressuposto no equilíbrio geral é que o processo de troca é considerado não como um processo contínuo,
mas sim reduzido a um instante e a um lugar específico onde os produtos estão dispostos de maneira igualmente específicos e
possuem preços para cada função exercida, para cada tempo em que é trocado, estado da natureza, etc.
As famílias, quando começam as trocas possuem uma cesta de produtos a fim de efetuar a troca pelos lucros das firmas.
No equilíbrio assume-se que os preços são dados, e não podem exceder os recebimentos obtidos através das vendas efetuadas
pelas famílias neste processo. Ou seja, um produto é considerado especificando-se fisicamente, espacialmente e
temporariamente, por exemplo: se chover no ano de 2015 as 15hs15min do dia 15 de Março em Berlim, para estas condições
haverá um preço pré-estipulado para um produto específico, por exemplo: um guarda-chuva. Além disso, haverá um mercado
específico para este produto, resguardadas as condições supra mencionadas, considerando a necessidade de se enquadrar tal
relação em um instante e local pré-definido. Se um produto é alocado em um diferente local e em tempo diferente, logo são
considerados novos produtos.
O processo em que se atribui valores reais ou fracionais às quantidades físicas envolvidas nas trocas é um grande passo
no método de cálculo infinitesimal, onde um produto pode ser medido por um número real, (racional ou irracional), sendo
assim admitidas divisibilidades finitas ou infinitas. “Desde que os produtos, como definido, possuam mercados correntes, as
firmas não ficam em estado de incerteza”. Em contrapartida, as famílias possuem capacidade de aquisição de inúmeros
produtos, bem como estão dispostas a se desfazerem de outros, a fim de que possam garantir o máximo de otimização das
vantagens que lhes satisfaçam. Podemos entender que esta “disponibilidade de produtos” estaria composta em uma “cesta” a ser
comercializada, de modo que ela consiga comprar e “vender” o que precisa da melhor maneira possível, consideradas suas
necessidades e restrições.
“Um equilíbrio da economia é o estado em que independentemente das decisões tomadas pelas das famílias ou das
firmas, ambas serão compatíveis”. Em um mercado complexo, imaginar uma situação onde estas ações otimizadoras pudessem
se interagir de modo a criar um equilíbrio garantidor do máximo de vantagens para todos os agentes envolvidos, é colocar-se no
círculo de proposta da teoria do equilíbrio geral. “A soma de trocas entre os consumidores, considerando as mercadorias
existentes, onde todos buscam maximizar suas trocas, resulta no chamado: Equilíbrio geral ou equilíbrio Walrasiano.”
A teoria do equilíbrio geral traz uma resposta para o questionamento sobre a possibilidade, em uma economia
descentralizada, dos sinais de preços ordenarem as informações de mercado. Como resposta, a teoria do equilíbrio geral é
considerada como um grande avanço, entretanto, na prática não é plenamente satisfatório às expectativas.
O modelo focado por Walras serviu de inspiração futura para inúmeros economistas que se colocaram a aperfeiçoar o
equilíbrio geral a fim de tentar provar, utilizando os recursos matemáticos, a eficiência do modelo.

http://www.unisalesiano.edu.br/encontro2009/trabalho/aceitos/CC32540220843.pdf

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