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OBSERVAÇÃO

Por: William Vieira Gonçalves


A observação é uma das formas mais elementares de aquisição de conhecimentos,
mas é imprescindível que o homem conheça os mais variados aspectos do mundo que o cerca, e a
partir daí, possa atuar sobre ele de maneira mais racional e objetiva.
Esta é a intenção primordial da observação que antecede ao período de regência:
oferecer aos estagiários a oportunidade de conhecer situações reais de ensino-aprendizagem, a fim
de que sua situação docente possa ser mais eficiente.
A observação é um processo de ver e ouvir no qual os elementos mais importantes
de um desempenho ou de um produto são observados. Ela permite ao professor obter não só
dados sobre as habilidades cognitivas do aluno, mas também das afetivas e psicomotoras.
Entretanto, a observação serve mais para conseguir informações a respeito de comportamento
afetivo e psicomotor de uma pessoa.
Qualquer tipo de habilidade observável em si mesma (cantar, dançar, fazer ginástica,
falar) ou enquanto produto final (escrever, desenhar, pintar) pode ser avaliada através dessa técnica.
Habilidades como ler oralmente, falar, ouvir, realizar experimentos, dançar, tocar
instrumentos musicais e cantar são tipos de habilidades que não podem ser adequadamente medidas
com testes de lápis e papel, mas sim, e com precisão, através da observação.
Hábitos de estudo, atitudes, interesses, ajustamento social, qualidade de liderança são
outros tantos exemplos do que pode ser avaliado através desta técnica.
A observação é um excelente método de obtenção de informações sobre o
comportamento típico dos alunos: como estudam, como realizam testes, como tomam parte nas
discussões em aula, como se empenham em qualquer atividade de discussão em aula, como se
empenham em qualquer atividade em sala de aula, etc.
No setor educacional encontramos a observação como técnica de compreensão, de
prevenção, de ajustamento, de investigação e de ensino.
A observação se constitui em uma:
 Importante técnica de compreensão, possibilitando ao professor o conhecimento do aluno e
do grupo de alunos;
 Técnica de investigação, rica principalmente pela sua peculiaridade de apreensão dos
conhecimentos em sua espontaneidade;
 Técnica de ensino, quando o professor a utiliza deliberadamente, no sentido de levar o
aluno a adquirir conhecimentos e desenvolver processos mentais correlatos.
A observação pode ser considerada em suas dimensões como:
PROCESSO MENTAL - Observar é o ato de aprender coisas e acontecimentos,
comportamentos e atributos pessoais e concretas inter-relações. É pois, mais do que simplesmente
ver e ouvir. É seguir atentamente o curso de fenômenos, selecionando o que se torna mais
importante e significativo a partir das intenções específicas.
TÉCNICA ORGANIZADA - É o meio de medir por descrição, classificação e ordenação.
Transcende a mera constatação de dados.
O QUE OBSERVAR

A observação tem papel relevante na experiência que o estágio deve proporcionar ao futuro

professor. É a etapa que o leva a perceber o processo educativo em seus vários aspectos, a refletir

sobre a realidade observada, a proceder ao seu diagnóstico e a buscar alternativas para a solução

dos problemas encontrados.

Nesta etapa, o futuro professor deverá ser levado a observar a evolução do processo
de aprendizagem dos alunos, as dificuldades encontradas pelos mesmos e pelo próprio professor na
orientação desse processo. É o momento em que o estagiário tem a oportunidade de começar a
perceber a ação individualizada do professor junto a cada um de seus alunos.
Ao futuro professor deverá também ser dada a oportunidade de observar as
estratégias de ensino, refletindo sobre a coerência entre elas e os objetivos educacionais propostos
para a série e para a escola em questão.
Para que a observação cumpra sua função de oferecer os subsídios necessários à futura atuação

do estagiário é necessário que tenha claramente definidos os objetivos de cada uma das

atividades propostas. É necessário também que se utilize um roteiro com o qual tenha

familiaridade, ou seja, é fundamental que saiba trabalhar o instrumento selecionado para a

observação.

Muitas vezes nas situações observadas pelos estagiários, pelo fato de envolverem
muitas pessoas em interação, os comportamentos ocorrem em número muito elevado, o que torna
impossível observar e registrar tudo o que ocorre. Daí a necessidade de serem selecionados os
aspectos a serem observados e de sua organização em uma ficha ou outro instrumento que
possibilite um registro fácil e rápido.

COMO OBSERVAR

Tudo que se faz tem razão de ser. Tudo o que o professor realiza tem um objetivo. Observar sem

uma intenção claramente definida é perder tempo.

No momento em que adquirimos habilidades básicas necessárias a um bom


observador devemos começar a usar a observação como instrumento de trabalho. Para tanto,
qualquer que seja a ocasião em que for usada a observação, dois aspectos devem-se constituir em
motivo de atenção:
 O que deve ser observado;
 Como registrar a observação.
PROJETO OU PLANO DE OBSERVAÇÃO
A observação, como técnica de investigação, requer uma fidelidade aos princípios
científicos.
Num projeto ou plano de observação, podemos destacar:
 Definição clara dos objetivos;
 Determinação do foco de observação;
 Delimitação do campo;
 Tempo de duração;
 Instrumento de coleta de dados;
 Técnica de documentação;
 Avaliação

DEFINIÇÃO CLARA DOS OBJETIVOS


Houve inicialmente a tendência de apreender através da observação a totalidade de
um indivíduo ou grupo, num período determinado de tempo. No entanto, chegou-se à conclusão de
que nenhum observador pode estudar o comportamento em toda a extensão e plenitude. Era
necessário responder a questões específicas, em grupos de fatos significativos, dentro de cada
campo particular de descrição. Daí a necessidade de estabelecer objetivos claros e definidos, a fim
de delimitar e selecionar o que é mais importante em cada projeto.

DETERMINACÃO DO FOCO
Não se pode apreender de uma só vez a multiplicidade de aspectos num contexto
situacional e como não se pode observar todos os acontecimentos ou tudo de um acontecimento, é
necessário estabelecer o que vai ser observado, isto é, determinar o foco da observação. O foco da
observação se estabelece a partir de identificação do problema a ser estudado.

DELIMITAÇÃO DO CAMPO
De acordo com os objetivos é necessário delimitar o campo de observação, isto é,
onde efetuar a observação e quem observar.
Ao delimitar o campo de observação, deve-se resolver o problema de amostragem. Amostra é a

menor porção representativa do todo. Em um projeto simples, geralmente este problema é

resolvido pela utilização da amostra temporal ou da amostra categórica, referindo-se no 1° caso a

representação de fatos e situações num determinado período de tempo.

TEMPO E DURAÇÃO
Em geral recomenda-se que as observações sejam freqüentes e regularmente
distribuídas. A principal vantagem desta distribuição é a probabilidade de permitir a apreensão de
dados similares com determinada freqüência. Em determinadas condições podem ser preferidos
períodos mais longos.

INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS


São instrumentos que podem ser organizados para serem utilizados tanto no
momento da observação como posteriormente, para mensuração e interpretação de dados.
Os mais comuns são: registro, check list, anedotário, escalas de avaliação. Em geral o
observador deve organizar os instrumentos de observação que utilizará, pois dificilmente os
encontraria prontos ou adaptáveis aos seus propósitos.
Por serem as mais utilizadas pelos estagiários na fase de observação, o registro e as
fichas de observação serão, a seguir explicadas sucintamente.
Registro – É o mais comum instrumento de coleta de dados e possivelmente o mais
objetivo. É a anotação dos fatos observados sem interpretações pessoais. Pode ser organizado de
modo a destacar a área de interesse de observação ou o tempo. Meios mecânicos como o gravador,
fotografia, filmes, etc., podem auxiliar a objetividade, mas devem ser usados com muita precaução.
Fichas de observação – São instrumentos organizados prevendo determinados
comportamentos ou características pessoais. Pressupõem um certo grau de inferência por parte do
observador. Existe uma grande variedade de tipos. Alguns permitem indicar a presença ou ausência
de certos fatores, outros são elaborados para explorar um determinado comportamento em todos os
seus aspectos. Podem ser individuais ou visar ao grupo todo de pessoas.
Para se elaborar uma ficha de observação incluem-se os dados de identificação e
data, enumeram-se as dimensões do que se deseja observar, definindo-as claramente e sem
expressões vagas ou repetidas e por fim, ordenam-se as dimensões. É interessante que seja testada, a
fim de receber as reformulações necessárias.
Fichas de registro de ocorrência – São também fichas de observação, mas
contém espaço para grande número de observações e, via de regra, as dimensões são menos
particularizadas que as anteriores. São empregadas durante um longo período de tempo e destinam-
se a ser cumulativas. Sua função é obter uma descrição operacional do comportamento.

TÉCNICA DE DOCUMENTAÇÃO
Entre as técnicas de documentação encontramos o relato. O relatório de observação
abrange o desenvolvimento total das realizações, com uma organização significativa dos dados e
eliminação de fatos considerados sem importância. É uma exposição ordenada que deve conter
introdução, planejamento, corpo de informações e apreciação final com as devidas conclusões.

AVALIAÇÃO
É uma apreciação que busca objetivar os resultados alcançados.

Texto organizado com base em:

D'ANTOLA, Arlete. A observação na avaliação escolar. São Paulo: Loyola, 1976.


TURRA, C. M. G. et alli. Planejamento de ensino e avaliação. Porto Alegre: Ema, 1975.
PROPOSTA DE FICHA DE OBSERVAÇÃO DE AULA

a) Interação Professor-Aluno

01) Atitude do
professor ........................................................
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..................................................................
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- Atitude da
classe: .................................................

02) Compreensão do
conteúdo .........................................................
.............
..................................................................
.... .............................................................
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..................................................................
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03) Participação dos


alunos ...........................................................
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04) Formas de trabalho


preferidas ........................................................
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..................................................................
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05) Aspectos
disciplinares ....................................................
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b) Desenvolvimento da aula

06) Motivação
inicial ..........................................................
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07)
Conteúdo .........................................................
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08) Procedimentos
didáticos ........................................................
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09)
Exemplificação ...................................................
...................
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10) Quadro de giz e material em


geral ............................................................
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11) Motivação durante a


aula .............................................................
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12) Conclusão da aula


..................................................................
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13) Avaliação
..................................................................
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c)Expressão oral
14)Voz
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15) Linguagem
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d) Observações complementares
* (Utilize o espaço abaixo e o verso da folha)

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