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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DO PIAUÍ

CAMPUS TERESINA – CENTRAL, DIRETORIA DE ENSINO


DEPARTAMENTO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES, LETRAS E CIÊNCIAS
DISCIPLINA DE FISICO-QUÍMICA EXPERIMENTAL

PROPRIEDADES COLIGATIVAS: DETERMINAÇÃO DA MASSA


MOLECULAR POR CRIOSCOPIA

LUIS HENRIQUE DA COSTA MANO


TÂNIA MARA OLIVEIRA DOS REIS

TERESINA, 2019
RESUMO

O abaixamento crioscópico do solvente ocorre porque o potencial químico na solução


é menor que o do líquido puro. A partir da diferença de potencial químico da solução
e do sólido puro, é possível estabelecer uma relação matemática para determinar a
massa molar de um determinado composto. Neste experimento, foi utilizado métodos
crioscópicos para determinar a massa molar de duas substancias.

Palavras chave: crioscopia; propriedades coligativas; temperatura.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 4

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.......................................................................... 5

3 OBJETIVOS ....................................................................................................... 8

3.1 Geral................................................................................................................... 8
3.2 Específico .......................................................................................................... 8

4 METODOLOGIA ................................................................................................. 8

4.1 Materiais ............................................................................................................ 8


4.2 Reagentes .......................................................................................................... 8
4.3 Procedimentos .................................................................................................. 8

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................... 9

6 CONCLUSÃO ................................................................................................... 10

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 10

ANEXO ............................................................................................................. 11
4

1 INTRODUÇÃO

As propriedades coligativas estão relacionadas a quatro propriedades físicas


características de soluções diluídas: abaixamento crioscópico, pressão osmótica,
elevação do ponto de ebulição e abaixamento da pressão de vapor. Essas
propriedades tem comportamentos correlacionados e unidos pelo fato de dependerem
do número de partículas de soluto presente, independentemente de sua natureza
química, em uma dada quantidade de determinado solvente. O efeito de um soluto é
o de elevar o ponto de ebulição de um solvente e de baixar seu ponto de congelamento
(ATKINS; JONES, 2012).
A origem das propriedades coligativas é a diminuição do potencial químico do
solvente devido à presença do soluto. Assim, as quatro propriedades físicas têm em
comum o fato do potencial químico do solvente no estado líquido ser diminuído na
presença de um soluto, de tal forma que o equilíbrio com a fase vapor, para solutos
não-voláteis, ou com a fase sólida seja estabelecido em temperaturas diferentes, a
uma dada pressão, ou a pressões diferentes a uma dada temperatura (ATKINS;
JONES, 2012).
O estudo das propriedades coligativas é uma grande ferramenta para o
entendimento da química de soluções e, especialmente, para a determinação de
massas molares. Mesmo com o desenvolvimento de técnicas altamente exatas, as
quais permitem determinar massas molares corretas, as medições envolvendo
propriedades coligativas deixaram de ter essa finalidade. Mas, a importância desse
estudo em si ainda persiste, sendo sua teórica e prática considerável na pratica de
Físico-Química.
Na referida prática utilizou-se do método do abaixamento crioscópico para
determinar a massa molar de duas substancias, que é uma forma tradicional para a
prática de propriedades coligativas na físico-química. A crioscopia estuda o
abaixamento da temperatura de solidificação do solvente, provocado pela dissolução
de um soluto. Considera-se que a solubilidade do soluto na parte sólida do solvente
seja desprezível (ATKINS, 2001).
O abaixamento crioscópico, do solvente ocorre porque o seu potencial químico
na solução é menor que o do líquido puro, enquanto que o da fase sólida, se ela for
constituída somente do solvente puro, permanece o mesmo. Então, para restaurar o
5

equilíbrio entre as duas fases do solvente, a temperatura deve ser diminuída


(SANTOS et al., 2002).

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A determinação da massa molar de um composto é determinada por métodos


crioscópicos. A partir de argumentos termodinâmicos, pode ser mostrado que o
abaixamento da temperatura de solidificação do solvente, provocado pela dissolução
de um soluto, leva a determinação do seu peso molecular (NEWKIRK; ALIFERIS,
1958).
O abaixamento crioscópico, ∆𝑇𝑇𝑓𝑓 , do solvente ocorre porque o seu potencial
químico na solução é menor que o do líquido puro, enquanto que o da fase sólida (se
ela for constituída somente do solvente puro) permanece o mesmo (SANTOS et al.,
2002).
Considerando uma solução que este em equilíbrio com o solvente sólido puro,
logo a condição de equilíbrio associada ao potencial químico é:

𝜇𝜇(𝑇𝑇 , 𝑃𝑃 , 𝑥𝑥)𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠çã𝑜𝑜 = 𝜇𝜇𝑠𝑠ó𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙 (𝑇𝑇 , 𝑃𝑃 ) Eq. 1

Aqui, o potencial químico da solução está em função da temperatura, preção e


fração molar. Por outro lado, 𝜇𝜇 do sólido puro é uma função apenas de 𝑇𝑇 e 𝑃𝑃 , uma
vez que, por ser puro, isto é, não depende de nenhuma variável de composição, o
potencial químico do sólido não depende de 𝑥𝑥 (fração molar) (CASTELLAN, 1986).
Partindo da aproximação de que soluções diluídas de não eletrólitos
comportam-se como soluções idealmente diluídas, logo o potencial químico segue a
equação:

𝜇𝜇 = 𝜇𝜇𝑜𝑜 + 𝑅𝑅𝑅𝑅 ln 𝑥𝑥 Eq. 2

Onde 𝜇𝜇𝑜𝑜 é o potencial químico do solvente puro. Dessa forma, associando a


equação 1, tem-se:
6

𝜇𝜇𝑠𝑠ó𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙 (𝑇𝑇 , 𝑃𝑃 ) = 𝜇𝜇𝑜𝑜 (𝑇𝑇 , 𝑃𝑃 ) + 𝑅𝑅𝑅𝑅 ln 𝑥𝑥

𝜇𝜇𝑠𝑠ó𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙 (𝑇𝑇 , 𝑃𝑃 ) − 𝜇𝜇𝑜𝑜 (𝑇𝑇 , 𝑃𝑃 )


ln 𝑥𝑥 =
𝑅𝑅𝑅𝑅

𝜇𝜇𝑜𝑜 (𝑇𝑇 , 𝑃𝑃 ) − 𝜇𝜇𝑠𝑠ó𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙 (𝑇𝑇 , 𝑃𝑃 )


ln 𝑥𝑥 = − Eq. 3
𝑅𝑅𝑅𝑅

O potencial químico de uma solução nada mais é que a energia de Gibbs molar.
O potencial químico, portanto, representa 𝜇𝜇 = 𝐺𝐺⁄𝑛𝑛. A diferença de potencial químico
de estados diferentes equivale a energia de Gibbs. Logo, 𝜇𝜇𝑜𝑜 (𝑇𝑇 , 𝑃𝑃 ) − 𝜇𝜇𝑠𝑠ó𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙 (𝑇𝑇 , 𝑃𝑃 ) =
∆𝐺𝐺𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓ã𝑜𝑜 . A Equação 3 é reescrita:

∆𝐺𝐺𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓ã𝑜𝑜
ln 𝑥𝑥 = Eq. 4
𝑅𝑅𝑅𝑅

Pela lei d Raoult, a pressão de vapor de um solvente sobre uma solução é


proporcional ao produto da fração molar do solvente na solução pela pressão de vapor
do solvente puro. A relação matemática que sustenta esse enunciado é escrita como
𝑝𝑝 = 𝑝𝑝𝑜𝑜 𝑥𝑥 (RIOUX, 1965). A pressão de uma solução está associada à sua temperatura.
Logo, para descobrir como 𝑇𝑇 , depende de 𝑥𝑥, é necessário achar �𝜕𝜕𝜕𝜕� � a pressão
𝜕𝜕𝜕𝜕
constante (LEVINE, 2004).

∆𝐺𝐺𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓ã𝑜𝑜 1 ∆𝐺𝐺𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓ã𝑜𝑜
ln 𝑥𝑥 = =−
𝑅𝑅𝑅𝑅 𝑅𝑅 𝑇𝑇

1 1 𝜕𝜕(∆𝐺𝐺𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓ã𝑜𝑜 /𝑇𝑇 ) 𝜕𝜕𝜕𝜕


=− � � � � Eq. 5
𝑥𝑥 𝑅𝑅 𝜕𝜕𝜕𝜕 𝑃𝑃
𝜕𝜕𝜕𝜕 𝑃𝑃

Pela equação de Gibbs-Helmholtz relaciona a variação de energia livre com a


temperatura. Essa equação permite o cálculo de qualquer variação de ∆𝐺𝐺 em
qualquer temperatura desejada à partir do valor já conhecido:

𝜕𝜕(∆𝐺𝐺/𝑇𝑇 ∆𝐻𝐻
� �=− 2 Eq. 6
𝜕𝜕𝜕𝜕 𝑇𝑇
7

Aplicando na Equação 5, tem-se:

1 ∆𝐻𝐻𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓ã𝑜𝑜
𝑑𝑑𝑑𝑑 = − 𝑑𝑑𝑑𝑑
𝑥𝑥 𝑅𝑅𝑇𝑇 2

Para uma solução suficientemente diluída 𝑥𝑥 é desprezível. Dessa forma:

𝑅𝑅𝑇𝑇 2
−∆𝑇𝑇 = � � 𝑥𝑥 Eq. 7
∆𝐻𝐻𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓ã𝑜𝑜

A composição da solução expressa na equação através de 𝑥𝑥 para expressar o


abaixamento crioscópico pode ser em termos de molalidade total dos solutos. Sendo
𝑛𝑛
𝑥𝑥 = 1�𝑛𝑛 + 𝑛𝑛 , 𝑛𝑛 = 𝑚𝑚/𝑀𝑀 , e considerando a solução suficientemente diluída, logo
1 2

𝑛𝑛1 pode se considerado desprezível (𝑛𝑛1 + 𝑛𝑛2 ≈ 0). Dessa forma:

𝑚𝑚1
𝑛𝑛1 �𝑀𝑀 𝑀𝑀 𝑚𝑚
𝑥𝑥 = = 𝑚𝑚 1
= 2 1 Eq. 7
𝑛𝑛2 2
�𝑀𝑀 𝑚𝑚2 𝑀𝑀1
2

Aplicando a Equação 8 na Equação 7, tem-se:

𝑅𝑅𝑇𝑇 2 𝑀𝑀 𝑚𝑚
−∆𝑇𝑇 = � � 2 1 Eq. 8
∆𝐻𝐻𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓ã𝑜𝑜 𝑚𝑚2 𝑀𝑀1

𝑀𝑀2 𝑅𝑅𝑇𝑇 2 𝑚𝑚1


−∆𝑇𝑇 = � �
∆𝐻𝐻𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓ã𝑜𝑜 𝑚𝑚2 𝑀𝑀1

1000𝑚𝑚1
−∆𝑇𝑇 = ∆𝑇𝑇𝑓𝑓 = 𝐾𝐾𝑓𝑓 × Eq. 9
𝑚𝑚2 𝑀𝑀1

A equação 9 estabelece uma relação entre abaixamento crioscópica e a


concentração molal de um soluto. Através dessa equação é possível determinar a
massa molar de um sólido dissolvido, conhecendo sua constante criométrica 𝐾𝐾𝑓𝑓 e
medindo o ponto de congelamento do solvente. Para a determinação do da massa
molar, portanto, a equação fica:

𝐾𝐾𝑓𝑓 1000𝑚𝑚1 1000𝑚𝑚1


𝑀𝑀1 = Eq. 10 𝑊𝑊 = Eq. 11
∆𝑇𝑇𝑓𝑓 𝑚𝑚2 𝑚𝑚2 𝑀𝑀1
8

3 OBJETIVOS

3.1 Geral

Analisar os efeitos do abaixamento da temperatura de solidificação e sua


relação com as propriedades das soluções em termos de molalidade.

3.2 Específico

 Determinar a massa molar de um sólido desconhecido usando a propriedade


coligativa da diminuição do ponto de congelamento.

4 METODOLOGIA

4.1 Materiais 4.2 Reagentes

 Agitado (fio de cobre); 


 Pipeta de 5 mL;  Água destilada;
 Erlenmeyres de 125 e 250 mL;  Substancia desconhecida X;
 Béqueres;  Substancia desconhecida Y
 Bastão de vidro;  Terc-butanol;
 Suporte universal;  Acetona;
 Termômetro;
 Balança analítica.

4.3 Procedimentos

No béquer A colocou-se em torno de 200 mL de água a aproximadamente 28ºC.


No centro desse béquer fou colocado um béquer externo B (vazio) e no centro deste
o tubo interno C, ambos fixados em suporte universal por garras. Através de pipeta
volumétrica de 5 mL adicionou-se o terc-butanol ao tubo interno C. Introduz-se o
termômetro de escala interna no tubo C já contendo o terc-butanol, sem deixar o bulbo
encostar nas paredes de vidro.
9

Com agitação vertical, através de um fio de cobre fez-se as leituras do


temperatura, introduzindo água esfriada (abaixo de 25 °C) no béquer. Mediu-se o
ponto de congelamento do terc-butanol. Após a leitura retirou-se o tubo interno C e
promoveu-se um aquecimento do mesmo com as mãos (ao redor de 1 a 2 ºC) para
provocar a fusão do solvente. Esse procedimento deve ser repetido até a obtenção de
valores reprodutíveis da temperatura de congelamento. A seguir, adicionou-se o
soluto com pipeta graduada de 0,2 mL ao terc-butanol no tubo C, repetiu-se todo o
ciclo de medida. O experimento foi repetido 6 vezes: duas para o solvente puro; duas
para o soluto x e duas para o soluto y.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O terc-butanol apresenta algumas vantagens como solventes em medidas de


crioscopia: facilidade de purificação; temperatura de fusão de 298,3 K (25,1 o C), ou
seja, basta o calor da mão para fundí-lo e banho de água fria para congelá-lo; baixa
massa molar (74,12 g/mol); constante crioscópica (8,3 K.kg/mol), quatro vezes maior
que a da água; baixa toxicidade; e solubilidade com uma grande variedade de
compostos (SANTOS et al., 2002).
A parti da diferença entre a temperatura do solvente puro e a temperatura da
solução (mistura do solvente com o soluto, isto é, os compostos X e Y), foi possível
determinar as massas molares dos dois compostos no experimento. A Tabela 1
mostra as massas molares determinadas no experimento e o seu valor na literatura.

Tabela 1 - Densidade dos solutos, massas molares (verdadeiras e experimentais) e os


respectivos erros percentuais

Densidade M verd. M exp.


Composto Composto Erro
g/cm3 g/mol g/mol
O

OH
X 1,27 122,12 106,43 13%

Ácido benzóico
10

OH

Y 1,1 144,17 94,45 34%

Alfa-naftol

Alguns fatores podem ter influenciado nos erros de determinação das massas
molares como a medição precisa das temperaturas de depressão da solução e do
solvente puro;
Também, outro fator de erro para todas as determinações é a presença de
impurezas no terc-butanol (tais como água), levando a modificações de sua constante
crioscópica ou mesmo erro na sua determinação inicial (SANTOS et al., 2002).

6 CONCLUSÃO

Conclui-se que à medida que se adiciona um soluto a solução, sua temperatura


de fusão diminui. No tubo que continha a mistura de terc-Butanol com hexano o tempo
de congelamento é maior para ocorrer a uma temperatura mais baixa. Isso ocorre
devido a dissolução do soluto no solvente, provocando o abaixamento do ponto de
congelamento.

REFERÊNCIAS

ATKINS, P.; JONES, L. Livro Princípios de Química: questionanado a vida


modernaPorto AlegreBookman, , 2012.

CASTELLAN, G. Fundamentos de Físico-Química. 1. ed. Rio de Janeiro: LTC,


1986.

LEVINE, I. N. Fisicoquimica. 5. ed. Aravaca, Madrid: MacGraw-Hill, 2004.

NEWKIRK, A. E.; ALIFERIS, I. Auto ma tic Cryoscopic Determination of Molecular


Weights. Analytical Chemistry, v. 30, n. 5, p. 979–982, 1958.

RIOUX, F. Colligative Properties. Journal of Chemical Education, n. 8, p. 490–492,


1965.
SANTOS, A. R. DOS et al. Determinação da massa molar por crioscopia: terc-
butanol, um solvente extremamente adequado. Quim. Nova, v. 25, n. 5, p. 844–848,
2002.
11

ANEXO

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