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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

GABRIELA SEIXAS LOCATELI – 41906373

PRIMEIRA AVALIAÇÃO

INTERMEDIÁRIA

SÃO PAULO

2021
1. Disserte sobre o possuidor de má-fé. Questiono: ele responde pela
deterioração da coisa, mesmo sendo acidental? (30 linhas no mínimo)

Segundo o disposto no artigo 1.196 do Código Civil, o possuidor será


aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes
inerentes à propriedade. Em virtude disso, pode-se citar que a posse tem 6
classificações: (i) Posse direta ou indireta; (ii) posse justa ou injusta; (iii) posse
de boa-fé ou de má-fé; (iv) posse nova ou velha; (v) posse ad interdicta ou ad
usucapionem; (vi) composse pro diviso ou pro indiviso. Contudo, o interesse da
presente questão volta-se apenas a posse de má-fé.

Primeiramente, é necessário que se saiba a distinção entre a posse de


boa-fé e a posse de má-fé. A primeira é tratada no artigo 1.201 do Código Civil,
onde o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da
coisa. A segunda seria o contrário, ou seja, a posse será de má-fé quando o
possuidor está convencido de que sua posse não tem legitimidade jurídica, e
sem impedimentos, nela se mantém, portanto, aqui ele sabe que a coisa não
lhe pertence. Assim, a grande diferença entre os dois, gira em torno de
aspectos psicológicos (aspecto subjetivo), isto é, o possuidor de boa-fé crê que
ele se encontra em uma situação legítima e o de má-fé crê o contrário.

Desta forma, o Código Civil trás efeitos distintos para o possuidor de má-
fé e o de boa-fé. Com relação às benfeitorias, o possuidor de má-fé responderá
por todos os frutos colhidos e percebidos, do mesmo jeito, que responderá
pelos frutos que deixou de perceber, por culpa sua, desde o momento em que
se constituiu a posse de má-fé (artigo 1.216 do Código Civil). Ademais, no que
concerne à responsabilidade do possuidor, o possuidor de má-fé responderá
também pela perda ou deterioração da coisa, mesmo que tenha sido acidental,
em outras palavras, mesmo que não tenha dolo ou culpa, exceto se ele
conseguir provar que a perda ou deterioração teria acontecido mesmo se a
coisa estivesse sob a posse do legítimo possuidor (artigo 1.218 do Código
Civil). E, por fim, com relação as benfeitorias, ao possuidor de má-fé serão
ressarcidas somente as benfeitorias necessárias, não tendo o direito de
retenção e não sendo autorizado a ele levantar benfeitorias voluptuárias (art.
1.220 do Código Civil).

2. A posse considerada violenta como deverá ser chamada? E a de boa-


fé? Qual a diferença entre elas? (30 linhas no mínimo)

Como dito anteriormente, a posse pode ser classificada em posse justa


ou injusta. O artigo 1.200, do Código Civil, trás o conceito, em forma negativa,
da posse justa: Sendo justa a posse que não for violenta, clandestina ou
precária, ou seja, a posse será considerada pacífica/mansa. Portanto, a posse
injusta seria aquela obtida de forma violenta, clandestina ou precária.
É considerada violento o ato no qual se toma de alguém a posse do bem,
como por exemplo a expulsão do legitimo possuidor ou o impedimento do
possuidor ingressar ou retornar. Essa violência pode ser física (vis absoluta) ou
moral (vis compulsiva), podendo ser contra a pessoa ou a coisa. Uma posse
que começou sem vícios, não poderá se tornar injusta pela sua violência. Pode-
se considerar clandestina a aquisição da posse alcançada de modo sorrateiro/
às escondidas. E, por fim, é considerado precária a posse na qual o possuidor
se nega a restituir a posse ao seu proprietário.
A violência, clandestinidade ou precariedade não são da posse em si
mesma, já que somente a vítima pode alegá-la. Terceiros não tem legitimidade
para alegar a injustiça da posse. A posse se transmite com os mesmos
caracteres aos seus sucessores, portanto, eles irão suceder sendo possuidores
justos ou injustos, de acordo com a natureza da posse dos seus antecessores.
Como dito anteriormente, o artigo 1.201, do Código Civil, trás o conceito
de posse de boa-fé: sendo a posse que o possuidor ignora o vício, ou o
obstáculo que lhe impede a aquisição da coisa. Assim, não há como confundir
os conceitos de posse justa ou injusta e posse de boa-fé ou má-fé. Já que um
possuidor de boa-fé pode ter a posse injusta, se ele adquiriu ela por meio de
violência, clandestinidade e precariedade. Ainda que o adquirente esteja de
boa-fé, a posse será injusta, uma vez que, ela apresenta vícios originários. Da
mesma forma, que é viável uma pessoa ter a posse de má-fé, sem que tenha
obtido a posse de forma violenta, clandestina ou precária.
Em suma, é importante ressaltar que a diferença entre a posse de boa-
fé ou de má-fé e a posse injusta ou justa se dá em torno dos aspectos subjetivos
e objetivos. Posto que, a posse de boa ou má-fé exige um exame subjetivo, ou
seja, exame da vontade do agente. Já a posse injusta ou justa exige um exame
objetivo, já que a justiça ou injustiça da posse é um conceito objetivo.

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