Você está na página 1de 38

LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

BELO HORIZONTE / MG
Sumário
ESTIMULAÇÃO A LEITURA E TRANSPOSIÇÃO DE TEXTOS.......................................... 4
NOÇÃO DE DISCURSOS ................................................................................................... 5
LEITURA, DISCUSSÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS DIVERSOS ...................................... 5
A LEITURA ......................................................................................................................... 6
PASSOS À LEITURA.......................................................................................................... 7
ELEMENTOS DE REVISÃO GRAMATICAL ......................................................................10
CONCEITO DE TEXTO ......................................................................................................11
FUNÇÕES DA LINGUAGEM .............................................................................................14
ELEMENTOS DE REVISÃO TEXTUAL (COESÃO, COERÊNCIA E
TEXTUALIDADE) 15
8.1 Coesão ....................................................................................................................................... 17
8.2 Análise Textual ........................................................................................................................... 19
TIPOS DE TEXTOS ...........................................................................................................21
EMPREGO DOS PRONOMES ...........................................................................................22
10.1 Pronomes Possessivos ............................................................................................................. 22
10.2 Pronomes Demonstrativos ........................................................................................................ 23
10.3 Pronomes Relativos .................................................................................................................. 23
PRONOMES PESSOAIS ...................................................................................................23
11.1 Pronomes de Tratamento .......................................................................................................... 24
11.2 Pronomes Interrogativos ........................................................................................................... 24
11.3 Pronomes Indefinidos................................................................................................................ 24
11.4 Colocação Pronominal .............................................................................................................. 25
ORGANIZAÇÃO DO TEXTO CIENTÍFICO (INTRODUÇÃO, ENCADEAMENTO E
CONCLUSÃO)..................................................................................................................................26
12.1 A Introdução.............................................................................................................................. 26
12.2 Os Materiais e Métodos............................................................................................................. 27
12.3 Os Resultados, a Discussão e as Conclusões ........................................................................... 27
12.4 As Figuras e Tabelas ................................................................................................................ 28
12.5 As Referências Bibliográficas .................................................................................................... 29
12.6 O Título ..................................................................................................................................... 29
12.7 Os Autores ................................................................................................................................ 29
12.8 O Resumo................................................................................................................................. 30
12.9 Os Agradecimentos ................................................................................................................... 30
RESUMO E FICHAMENTO ................................................................................................30
13.1 O resumo .................................................................................................................................. 31
13.2 O fichamento............................................................................................................................. 31
A RESENHA ......................................................................................................................33
O ARTIGO CIENTÍFICO.....................................................................................................34
15.1 A redação do artigo científico .................................................................................................... 35
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

REFERENCIAS..................................................................................................................38

3
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

ESTIMULAÇÃO A LEITURA E juntamente com o texto desenvolvido por Hünne


TRANSPOSIÇÃO DE TEXTOS (1987, p.11) “O Ato de estudar” e o” Trabalho da
crítica do pensamento” de Marilena Chaui, para a
efetivação de uma leitura informativa e analítica,
com vista à concepção de alguns passos a serem
seguidos no decorrer do processo de conhecer e
interpretar por meio da ação leitora e escrevente
na produção de texto, no processo formativo
intelectual e social.

Fonte:bedjoao2.blogspot.com.br

Em educação, um dos temas importantes


atualmente, para o cidadão é a dificuldade que
gira em torno do exercício da prática da leitura, e Fonte:www.lendoeducandoaprendendo.blogspot
da escrita e da oralidade na construção textual, .com.br
razão pela qual os textos abaixo apresentados
têm como objetivo o reconhecimento dos
eventuais problemas decorrentes da aquisição e
uso da linguagem seja na fala ou na escrita. Haja
vista que, o cidadão, leitor e escrevente que
trabalha nas mais variadas situações da
linguagem, deverá buscar atualizações
constantes de acordo com as novas tecnologias,
para que de posse de novos conhecimentos
proporcione maneiras de desenvolver
habilidades e de adequar-se diante de situações
diversas que envolvam o uso da linguagem
falada e escrita como interação social.
Kock (2009) em seu ponto de vista sobre
a oralidade, infere que na situação discursiva, ao
se fazer “um gesto em qualquer direção, os
interlocutores compartilham (...) uma vasta gama
de conhecimentos relativos à situação
comunicativa”, um processo de construção
textual com base na linguagem falada que,
insere-se em situações momentâneas. No
entanto, a autora também, lança um alerta que “o
texto falado, por sua vez, emerge no próprio
momento da interação” constituindo-se assim, de
características próprias tais quais: Necessita ser
planejada no local em que se realiza; replanejada
a cada novo ato de fala, mas, difere da linguagem
escrita, pois são duas modalidades diferentes de
uso da língua.
Em face desse posicionamento,
apresenta-se o texto de Paulo Freire extraído do
livro “A importância do ato de ler”, “coleção
Polêmica do nosso tempo”, editora Cortez,

4
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

NOÇÃO DE DISCURSOS me experimentava em riscos menores que me


preparavam para riscos e aventuras maiores.
A velha casa, seus quartos, seu
A importância do ato de ler – Autor Paulo
corredor, seu sótão, seu terraço - o sítio das
Freire
avencas de minha mãe - o quintal amplo em que
se achava, tudo isso foi meu primeiro mundo.
Parece-me indispensável, ao procurar
Nele engatinhei, balbuciei, me pus de pé, andei,
falar de tal importância, dizer algo do momento
falei. Na verdade, aquele mundo especial se
mesmo em que me preparava para aqui estar
dava em mim como o mundo de minha atividade
hoje: dizer algo do processo em que me inseri
perceptiva, por isso mesmo como o mundo de
enquanto ia escrevendo este texto que agora
minhas primeiras leituras. Os “textos”, as
leio, processo que envolvia uma compreensão
“palavras”, as “letras” daquele contexto - em
crítica do ato de ler que não se esgota na
cuja percepção me experimentava e, quanto
decodificação pura da palavra escrita ou da
mais o fazia, mais aumentava a capacidade de
linguagem escrita, mas que se antecipa e se
perceber - se encarnavam numa série de
alonga na inteligência do mundo. A leitura do
coisas, de objetos, de sinais, cuja compreensão
mundo precede a leitura da palavra, daí que a
eu ia aprendendo no meu trato com eles,
posterior leitura desta não possa prescindir da
minhas relações com meus irmãos mais velhos
continuidade da leitura daquele.
e com meus pais. (...).
Linguagem e realidade se prendem
FREIRE, Paulo. A importância do ato de
dinamicamente. A concepção do texto a ser
ler. 12a ed. São Paulo, Cortez, 1996.
alcançada por sua leitura crítica implica a
percepção das relações entre o texto e o
contexto. Ao escrever sobre a importância do LEITURA, DISCUSSÃO E
ato de ler, eu me senti levado e até PRODUÇÃO DE TEXTOS
gostosamente - a “reler” momentos
fundamentais de minha prática, guardados na
DIVERSOS
memória, desde as experiências mais remotas
de minha infância, de minha adolescência, de
minha mocidade, em que a compreensão crítica
da importância do ato de ler se veio em mim
constituindo.
Ao ir escrevendo este texto, ia tomando
distância dos diferentes momentos em que o ato
de ler se veio dando na minha experiência
existencial. Primeiro, a leitura do mundo, do
pequeno mundo em que me movia; depois, a Fonte:pueridomusararaquara.com.br
leitura da palavra que nem sempre, ao longo de
minha escolarização, foi à leitura da “palavra O ato de estudar (apresentação a partir do
mundo”. texto de Paulo Freire)
A retomada da infância distante,
buscando a compreensão do meu ato de ler o Paulo Freire, educador da atualidade,
mundo particular em que me movia - e até onde aponta a necessidade de se fazer uma prévia
não sou traído pela memória - me é reflexão sobre o sentido do estudo. Segundo
absolutamente significativa. Neste esforço a suas palavras: “Toda bibliografia deve refletir
que me vou entregando, recrio, revivo no texto uma intenção fundamental de quem a elabora: a
que escrevo, a experiência vivida no momento de entender ou despertar o desejo de aprofundar
em que ainda não lia a palavra. os conhecimentos naqueles a quem se oferece a
Vejo-me então na casa mediana em bibliografia”.
que nasci, no Recife, rodeada de árvores, Se falta o ânimo de usar a bibliografia em
algumas delas como se fossem gente, tal a quem a recebe, ou se a bibliografia, em si
intimidade entre nós - à sua sombra brincava e mesma, não foi capaz de desafiá-lo, se frustra a
em seus galhos mais dóceis à minha altura eu referida intenção fundamental. A relação
bibliográfica, então permanece como um papel

5
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

inútil, entre outros, perdido nas gavetas de um


escritório.

Fonte: revistacrescer.globo.com

Fonte:escolaargemiro.com Paulo Freire, no seu texto Consideração


em Torno do Ato de Estudar, nos chama a
Essa intenção fundamental de quem atenção para os seguintes itens indispensáveis
elabora a bibliografia exige dele um tríplice ao ato de estudar:
respeito: a quem se dirige a bibliografia, aos
autores citados e a ele mesmo. A sugestão de
• O estudante deve assumir o papel de
leitura de livros não é a cópia dos títulos ao
sujeito do ato de estudar.
acaso. Quem sugere deve saber o que e por que
sugere. Aqueles que recebem a relação
• O ato de estudar é uma atitude frente ao
mundo.
bibliográfica, por sua vez, devem ter nela, não
uma rota dogmática de leitura, mas um desafio, • O estudo de um tema específico deve
desafio que vai se concretizando na medida em colocar o estudioso a par da bibliografia
que vão estudando e não simplesmente lendo, em questão.
por alto, os livros citados. • O ato de estudar depende de uma atitude
“Estudar, realmente, é um trabalho difícil. de humildade face ao saber. O ato de
Exige, de quem a ele se propõe, uma posição estudar significa compreender e criticar.
crítica, sistemática. Exige uma disciplina • Estudar significa assumir "uma misteriosa
intelectual que não se ganha a não ser relação dialógica com o autor do texto, cujo
praticando-a”. mediador é o tema!
Isto, infelizmente, é o que a educação • O ato de estudar, como reflexão crítica,
“bancária” não estimula. Ao contrário, sua técnica exige do sujeito uma reflexão sobre o
reside, fundamentalmente, em matar nos próprio significado de estudar.
educandos a curiosidade, o espírito investigador,
sua criatividade. Sua “disciplina” é a disciplina
A LEITURA
para a ingenuidade frente ao texto, não para a
indispensável criticidade. Este procedimento
ingênuo ao qual é submetido o educando, ao lado No texto de Paulo Freire não só é
de outros fatores, pode explicar “as fugas do texto possível analisar a própria atitude face ao estudo,
que os estudantes fazem, cuja leitura se torna como também se pode estudar a relação com a
puramente mecânica, enquanto, em imaginação, leitura. Não nos diz Paulo Freire que o ato de ler
se voltam a outras situações. O que se lhes exige só se realiza mediante um espaço de relação
não é a compreensão do conteúdo, mas sua dialógica com o autor? Esta postura nos remete
memorização. Paulo Freire nos mostra que em à questão do pensar. Todavia, na época atual,
vez do estudante tentar compreender o texto, ele época dos meios de comunicação de massa, dos
toma como único desafio a sua memorização. No sistemas educacionais funcionalistas, de
entanto, prossegue o autor, no caso de uma visão imediato não se consegue apreender claramente
crítica, se dá exatamente o contrário. as dificuldades inerentes ao trabalho teórico. Mas
o ato de ler, que é um ato de concentração, exige
distanciamento e reflexão.
É um ato que só se realiza mediante os
procedimentos lógicos de análise, síntese,
interpretação, juízo crítico. Deste modo, só
seguindo uma série de atividades preparatórias é
que se consegue alcançar um nível de

6
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

interpretação aprofundado do texto, onde afinal o


sentido se manifesta.

Fonte:www.upf.br

a) Leitura Exploratória — é a fase em que


COMO LER se deve prestar atenção à diretriz do
pensamento do autor. Neste primeiro
Dizia um professor de filosofia: "a contato, dependendo das motivações da
inteligência humana é lenta". Isto pode significar leitura, o leitor poderá levantar outros
que passamos por um lento processo intelectual elementos que possam esclarecer mais a
até vencermos os obstáculos pessoais e culturais leitura.
e alcançarmos a exata compreensão de uma
mensagem. Esta nem sempre se mostra de Nessa primeira leitura corrida não
imediato no momento da comunicação. convém resumir nem sublinhar as ideias chave.
Todavia, é possível elaborar um modo sucinto,
um esquema das grandes partes do texto, de
preferência dos três momentos da relação:
Introdução, Desenvolvimento e Conclusão, que
expressam a estrutura lógica do pensamento do
autor. O esquema para visualizar o texto de modo
global.
Poderá procurar dados sobre a vida e
Fonte:noticias.universia.com.br obra do autor, sobre o momento histórico que ele
viveu, sobre as influências que recebeu e até
É necessário da nossa parte um espaço mesmo se elucidar sobre o vocabulário que ele
de tempo para que possamos decodificar e usa.
assimilar, o que foi revelado no texto. Deste
modo, se quisermos descobrir a mensagem de b) Leitura Analítica — é a fase do exame do
um texto, de modo abrangente, temos de nos texto ou, como diz Paulo Freire, fase "da
submeter a uma séria disciplina de trabalho: relação dialógica com o autor do texto, cujo
1. ° — delimitar a unidade de leitura que pode mediador não é o texto considerado
ser um capítulo, uma seção ou até mesmo formalmente, mas o tema, ou os temas nele
um grande parágrafo. O que caracteriza a tratados".
unidade de leitura é a apresentação do
sentido de modo global. Só após o Nesta etapa é necessário deixar o autor
entendimento dessa unidade é possível falar para tentar perceber o que e como ele
prosseguir na investigação de novas apresenta o assunto. Quando estamos atentos
unidades de leitura; ao texto, geralmente surge na mente um conjunto
2. ° — ler repetidas vezes o mesmo texto de perguntas, cujas respostas revelam o sentido
para certificar-se do alcance da e o conteúdo da mensagem.
compreensão verdadeira do assunto em
pauta, grifando as ideias principais de cada Exemplo de perguntas:
parágrafo; ao lado, na margem, 1. De que fala o texto?
escrevendo uma frase-resumo. 2. Como está problematizado?
3. Qual o fio condutor da explanação?
PASSOS À LEITURA 4. Que tipo de raciocínio ele segue na
argumentação?

7
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

Todavia, é necessário lembrar que a texto. Nessa nova etapa de interpretação


ideia central defendida pelo autor só pode tomar já não mais estamos apreendendo apenas
corpo associada a outras ideias que são o fio condutor do raciocínio do autor como
chamadas de secundárias em relação à principal. na leitura analítica.

Estamos nos posicionando face ao que


ele diz. Para isso precisamos muitas vezes de
outras fontes de consulta. Elas deverão servir
para ampliar a nossa visão sobre o assunto e o
autor e deste modo servir de instrumento de
avaliação do texto.
Fonte:memorizeja.com.br Este momento de crítica, momento de
muita ponderação, exige uma consciência dos
Mas como trabalhar nesta fase da leitura?
nossos pressupostos de análise diante dos
pressupostos do autor. Se não houver distinção
A partir de unidades bem determinadas provavelmente haverá interferência na
(parágrafos), tendo sempre à frente o tema- compreensão dos fundamentos básicos da
problema, que é o fio condutor de todo o texto. mensagem. Também é possível se estabelecer
Neste trabalho de análise o texto é subdividido critérios de julgamento, como originalidade, nova
refazendo toda a linha de raciocínio do autor. contribuição à exploração do assunto, coerência
Para deixar às claras a ideia central e as ideias interna, etc.
secundárias do texto é fundamental a técnica de
sublinhar.

1 - Nunca sublinhar na primeira leitura.


2 - Só sublinhar as ideias principais e os
pormenores significativos.
3 - Elaborar um código a fim de estabelecer
sinais que indiquem o seu modo pessoal
Fonte: www.booxs.com.br
de apreender a leitura. Ex.: um sinal de
interrogação face aos pontos obscuros do
Todavia, esta postura considerada
parágrafo; um retângulo para colocar em
objetiva pode estar tão presa à diretriz de uma
destaque as palavras-chave.
escola que pode até mesmo impedir a autocrítica
4 – Reconstruir o texto a partir das palavras e nos induzir a uma postura crítica inadequada
sublinhadas em cada parágrafo.
em relação ao assunto e ao autor.
O esforço de autocrítica nos permite
A leitura analítica serve de base para a
perceber os limites da certeza da nossa
elaboração do resumo ou síntese do livro.
interpretação como também possibilita prestar
Convém lembrar que o resumo não é uma
maior atenção aos argumentos apresentados
redução de ideias apreendidas nos parágrafos,
pelo autor. Deste modo, ficamos sensíveis à
mas é fundamentalmente a síntese das ideias do
demonstração da verdade e o exercício da sua
pensamento do autor.
busca se torna o sentido do nosso estudo e
trabalho acadêmicos.
d) Problematização — Para termos certeza
da compreensão do que foi lido, nada mais
indicativo do que o levantamento dos
problemas do texto. Esse esforço nos faz
rever todo o texto, dando-nos elementos
Fonte:www.salaodaleituradeniteroi.com.br para a reflexão pessoal e debate em
grupo.
c) Leitura interpretativa - O ato de
compreender se afirmar no processo da A Crítica
interpretação, que afinal expressa a nossa
capacidade de assimilação e crítica do
8
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

O que você entende por crítica? Repare


que o ato de criticar é um juízo. Como criticar sem
conhecer a matéria que está analisando? Criticar O TRABALHO DA CRÍTICA DO
por criticar é um ato psicológico, mas não PENSAMENTO
estritamente lógico. É o ato de se contrapor, mas,
Marilena Chauí
na maior parte das vezes, sem fundamentos por
falta de exame. Como estabelecer a verdadeira Normalmente se imagina que a
correspondência entre os conceitos de um texto, crítica permite opor um pensamento
se não se estabeleceu a ligação ou a separação verdadeiro a um pensamento falso. Na
entre os dados? verdade, a crítica não é isso. Não é um
conjunto de conteúdos verdadeiros que se
O ato de estudar é um ato lógico, que oporia a um conjunto de conteúdos falsos. A
exige uma consciência e um domínio dos crítica é um trabalho intelectual com a
processos intelectuais próprios à abordagem dos finalidade de explicitar o conteúdo de um
problemas. De imediato, as coisas ou as ideias pensamento qualquer para encontrar o que
surgem numa unidade confusa, indiferenciada, está sendo silenciado por esse pensamento
sincrética, que exige uma postura de análise e ou por esse discurso. O que interessa para
síntese. a crítica não é o que está explicitamente
pensado, explicitamente dito e que, muitas
vezes nem sequer está sendo pensado de
maneira consciente. Ou seja, a tarefa da
crítica é fazer falar o silêncio, colocar em
movimento um pensamento que possa
desvendar todo o silêncio contido em outros
pensamentos, em outros discursos.
Qual é a finalidade de fazer falar o
silêncio, ou tornar explícito o implícito? Essa
finalidade é dupla. Se quando explicito um
Fonte: www.booxs.com.br pensamento ou um discurso, fazendo
aparecer tudo àquilo que estava em silêncio,
A análise é um processo de tudo aquilo que estava implícito, se, ao fazer
decomposição de um todo em partes, visando isso, o pensamento ou o discurso que estou
separar os elementos de uma realidade examinando se revela insustentável, se
complexa que pode ser tanto um objeto individual começa a desmanchar, se dissolver, se
ou uma ideia. A análise não é apenas uma destruir à medida que vou explicitando tudo
operação, é também um método, nesse sentido que nele havia, mas que ele não dizia, então
a análise é uma divisão, parte de um dado a crítica encontrou algo muito preciso,
singular, para chegar aos princípios gerais. encontrou a IDEOLOGIA. A ideologia é
A síntese é um processo de composição
exatamente aquele tipo de discurso, aquele
dos elementos visando chegar a uma totalidade. tipo de pensamento que contém um silêncio
Mas também é um método que, partindo de um que, se for dito, destrói a coerência, a lógica
todo, estabelece ordem entre os elementos da ideologia.
chegando às últimas consequências. Embora a
análise muitas vezes se oponha à síntese, elas Mas esse trabalho crítico pode
devem em geral caminhar juntas, já que uma encontrar uma outra coisa também. É
complementa a outra. Se só se usa a análise há perfeitamente possível que, ao fazer falar o
o perigo de se perder a visão de conjunto. Se só silêncio de um pensamento ou de um
se emprega a síntese, pode-se alcançar o nível discurso ao explicitar o seu implícito, o que
de interpretação arbitrária. se revele para nós seja um pensamento
Se o pensar não se identifica ao ainda mais rico do que havíamos imaginado,
raciocinar porque sua extensão é mais ampla, ainda mais coerente do que havíamos
todavia é impossível pensar sem se usar os imaginado, ainda mais importante do que
procedimentos da razão. E só deste modo se havíamos imaginado, capaz de nos dar
pode argumentar, demonstrar e pistas para pensar, caminhos novos,
consequentemente criticar. justamente porque pudemos perceber muito

9
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

mais do que o que parecia à primeira vista ELEMENTOS DE REVISÃO


estar contido nele. GRAMATICAL
Nesse caso, a crítica encontrou um
pensamento verdadeiro e, mais do que um
pensamento verdadeiro, encontrou uma
obra de pensamento propriamente dita. Ou
seja, o que diferencia uma obra de
pensamento de uma ideologia é o fato de
que, na obra de pensamento, a descoberta
de tudo o que estava silenciosamente
contido nela, de tudo aquilo que nela pedia
interpretação, de tudo aquilo que nela pedia Fonte: falarlereescrever.blogspot.com.br
revelação, explicitação, desdobramento, é
aquilo que faz, no caso de uma ideologia, a Se, pedirmos resposta a nós, ou, a
destruição do próprio pensamento. outrem, sobre o que são as ações da oralidade,
Assim, a tarefa da crítica não é leitora e escrevente, certamente surgirá
trazer verdades para se opor a falsidade; manifestações distintas na forma de expressão,
mas realizar um trabalho interpretativo com uma vez que esses processos exigem do
relação a pensamentos e discursos dados, indivíduo ações recíprocas tal qual o diálogo, o
para explicitar o implícito ou fazer falar seu trabalho compartilhado, as relações entre
silêncio, de tal modo que a abertura de um membros de um grupo ou de uma comunidade,
novo campo de pensamento através da isto porque, esse processo, se constitui numa
crítica revela a descoberta de uma obra de atividade interativa afetando ou influenciando a
pensamento, enquanto a destruição da condição em que se desenvolve o processo
coerência e da lógica do que foi explicitado comunicativo.
revela que descobrimos uma ideologia. A Antunes (2005) refere-se ao processo
crítica não é, portanto, um conjunto de escrevente como uma atividade interativa e de
conteúdos verdadeiros, mas uma forma de intercambio verbal, o qual só tem sentido se
trabalhar. A forma de um trabalho houver a procura do agir com o outro, ou seja,
intelectual, que é o trabalho filosófico por quanto se tem um destinatário, alguém com que
excelência. Nesse sentido, excluir a Filosofia ou a quem se possa passar uma ideia ou uma
de uma Universidade é, provavelmente, informação sobre um pretexto, alegação ou
abolir o lugar privilegiado da realização da razão. Assim, nos diz Antunes que, escrever, é
crítica. Obviamente, tem-se medo da crítica, uma atividade cooperativa entre dois ou mais
pois se a crítica não traz conteúdos prévios, sujeitos que agem conjuntamente para a
mas é descoberta de conteúdos escondidos, interpretação de um sentido. E mais, deixanos
então ela é muito perigosa. claramente explicitado a dificuldade de se
escrever sem saber para quem se dirige o texto
MARILENA CHAUI — O Papel da Filosofia e em que contexto é explícito ou implicitamente
na Universidade. Cadernos SEAF, escrito. Pois não tem sentido uma escrita sem
N° 1. destinatário.
Vale ressaltar que esse processo não
poderia estar isolado da oralidade. Pois, ela é
nada mais do que, a transmissão do pensamento
armazenado na memória humana e se
caracteriza como a essência da comunicação
interna e eficiente concebida pela memória
auditiva e visual, em que a palavra (falada) tem
uma função complementar, a da escrita (e
posteriormente a dos meios eletrônicos) sendo
utilizada basicamente na comunicação cotidiana
entre as pessoas envolvendo esquemas
imaginários de determinadas épocas e lugares,
nas palavras de Pierre Levy (2001).
10
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

mensagens tendo em vista melhorar seu


entendimento. Nós nos comunicamos através de
símbolos (aquilo que sugere ou substitui algo)
convencionados, cores, som, gestos, expressões
fisionômicas, cartazes, filmes, e, também,
códigos de linguagem escrita. E tudo isso é texto.

Fonte:direcionalescolas.com.br

Por outro lado, a leitura conduz ao


conhecimento da verdade por testemunhar a
oralidade através da palavra escrita, como Fonte:pt.slideshare.net
atividade relevante entre os homens, em idiomas
variados através dos símbolos. Logo, o ato de Textum, vem do latim, que significa “teia”.
falar, tal como o de escrever é uma atividade Logo, escrever é tecer uma rede onde fios se
extremamente textual e, como nos diz Koch solidarizam, de forma que cada um deles torne-
(2009, p. 13) “o texto é um evento se um elo indispensável, entrelaçando-se em
sociocomunicativo, que ganha existência dentro sequência formando simplificadamente um
de um processo interacional. Um resultado de conjunto de ideias imbuídas de significado,
coprodução entre interlocutores, distinta, pela transmitidas de alguém para alguém e que não
forma como se realiza entre o escrito e o falado”. se restringe à linguagem escrita. É todo tipo de
comunicação. É um tecido, numa teia bem
trançada, nela, o leitor fica agradavelmente
Texto e textualidade
preso, pois uma ideia pede outra, uma ação leva
à outra, e todos os parágrafos ou versos
enroscam-se numa relação de dependência,
como fios de um pano.
Ao chegarmos a determinado lugar ou
local, e avistarmos uma placa com o desenho de
um cigarro e uma tarja vermelha, entendemos,
imediatamente, a mensagem sugerida pela
figura. Essa figura padrão constitui um exemplo
de texto não-verbal. Mas há outros, a vida é
riquíssima deles. Estão em grandes quantidades
e, sob os olhares das pessoas. São vistos nas
Fonte:pt.slideshare.net placas de trânsito, em gestos convencionados
que fazemos com as mãos..., assim, um texto
não é necessariamente a palavra escrita e
CONCEITO DE TEXTO juntada umas às outras; mais especificamente
Geralmente, pessoas que não possuem “texto não é um aglomerado de frases”.
o hábito da leitura como atividade social, julga, Por isso, não basta um aglomerado de
deduz, pondera, imagina ou pensa que um texto, letras, juntar palavras ao acaso, juntar frases
é um conjunto de palavras escritas em papel, feitas para termos um texto pronto. É preciso
para serem lidas, recitadas, encenadas, etc., no haver uma lógica interna, garantida por dois
entanto, a esse conjunto de palavras, o homem mecanismos que são a pedra no sapato de muita
dá um sentido mais amplo, mais abrangente, de gente: coesão e coerência, as quais serão vistas
maior dimensão. mais adiante. No sentido mais abrangente a
O homem, em sua necessidade inerente definição de texto ou, produção textual é mais
de interagir com o outro e com a sociedade, bem compreendida como um fenômeno de
inventou diversas formas de transmitir produção da linguagem sistemática de comunicar
ideias ou sentimento através dos signos

11
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

convencionais, sonoros, gráficos, gestuais, etc. conhecimento partilhado pelos interlocutores,


e, caracteriza-se por aquilo que designa a inclusive quando as regras sócias interativas de
palavra texto como um enunciado qualquer, oral comunicação como (variações de registro; tom
ou escrito, longo ou breve, antigo ou moderno, de voz, postura, etiqueta sociocomunicativa) são
que na visão de Guimarães (2000.14) concretiza- elementos constituinte de seu sentido.
se suma cadeia sintagmática de extensão muito Vale ressaltar que contexto é, a relação
variável, podendo ser um enunciado único tanto entre o texto e a situação em que ele ocorre, ou
quanto um segmento de grandes proporções. seja, é o conjunto de circunstâncias em que a
Portanto, texto ou discurso evidencia-se mensagem é produzida em determinado tempo e
lugar de forma a permitir sua compreensão, ou,
como linguagem em uso através de uma frase,
pela cultura do emissor e receptor, etc. Vê-se
um diálogo, um provérbio, um verso, uma estrofe,
então, que o texto ou discurso, de um lado, é nas
um poema, um romance e outros que, quando
limitados às fronteiras da linguagem verbal, palavras de Guimarães (2000.5) um sistema de
escrita, imagética, musical, teatral, coreográfica e linguagem hierarquizado de configurações
muitas outras, o texto ou discurso, é um processo estruturadas internas; de outro, como um objeto
que engloba as relações sintagmáticas de aberto, plural, dialogante, ligado ao contexto
qualquer sistema de signo, produzindo a verbal e extra verbal em que se deduz seu
significado global emergente das relações
ocorrência linguística falada ou escrita, de
fonológicas, morfológicas, sintáticas semânticas
qualquer extensão, dotada de unidade
e pragmáticas que estão na base do complexo
sociocomunicativa, semântica e formal que tem
um papel determinante na produção e recepção sistema que é a linguagem em uso, na qual texto
ou discurso é tomado como sinonímia, pois, se
da linguagem.
pode empregar um termo ou outro.
O texto possui como papel determinante
em sua produção e recepção uma série de
fatores pragmáticos que contribuem para a
construção de seu sentido e possibilita seu
reconhecimento como um emprego normal do
uso da língua como atividade social. Logo, são
considerados elementos fundamentais do
processo peculiar de atos comunicativos: as
intenções do produtor; o jogo de imagens que Fonte:www.contextodotexto.com
cada um dos interlocutores faz de si, do outro, e
do outro com relação a si mesmo e ao tema do Pode-se inferir que o texto ou discurso se
discurso; o espaço da perceptibilidade visual e caracteriza por sua unidade formal, material,
acústica comum, a comunicação face a face, numa ocorrência linguística falada, escrita ou
podendo ser pertinente numa situação e não ser gestual de qualquer extensão, significado ou
em outra. importância em que seus constituintes
linguísticos devem se mostrar reconhecível,
integrados de modo a permitir que seja percebido
como um todo coeso. Assim, um texto será bem
compreendido quando percebido pelo
interlocutor sob três aspectos:

a) O pragmático, que tem a ver com seu


funcionamento enquanto atuação
informacional e comunicativa em que se
insere o discurso (conjunto de normas);
Fonte:pt.slideshare.net
b) O semântico conceitual em que depende
sua coerência;
Desse modo é pertinente o contexto
sociocultural em que se insere o discurso tanto c) O formal, que diz respeito a sua coesão.
na sua produção como em sua recepção, pois à O conceito de texto aqui entendido
medida que este é inserido, delimita o enquanto produção, criação, teoria ou faculdade

12
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

de compreensão da linguagem falada, escrita,


sinalizada, coloquial e outras, não pode ser vista Temos, portanto, o seguinte:
como algo que se constrói individualmente, mas
como uma prática social de determinada época, a) Denotação: é o uso do signo em seu
em determinada sociedade. Pois o homem, na sentido real;
comunicação, utiliza-se de sinais devidamente
b) Conotação: é ouso do signo em sentido
organizados, emitindo-os como mensagens em
figurado, simbólico.
que se envolvem emissor e receptor. Vale
ressaltar que qualquer mensagem precisa de um
meio transmissor, o qual se pode chamar de
canal de comunicação e refere-se a um contexto
ou uma situação em que estão envolvidos os
elementos da comunicação.

Fonte: portugues8csu.blogspot.com.br

Para que seja cumprida a função social


da linguagem em uso como processo
Fonte:icarlydaredacao.blogspot.com.br sociocomunicativo, ou seja, para que um texto
seja percebido como um todo há necessidade
que as palavras tenham significado, ou seja, que
Vale revelar que na linguagem coloquial, cada palavra apresente um conceito. A essa
ou seja, na linguagem cotidiana entre os homens
combinação de conceito e palavra denomina-se
de sociedade diferenciada, usam-se as palavras signo. O signo linguístico une um elemento
conforme as situações ou contexto a que são concreto, material, perceptível (um som ou letras
inseridas ou se apresentam. Exemplo: “isso é um impressas) chamado significante, a um elemento
castelo de areia” uma expressão na qual pode inteligível (o conceito) ou imagem mental,
estar inserida uma faculdade de agir denotativa chamado significado. Portanto, pode-se tomar
ou conotativa. Denotativamente a expressão
como exemplificação de significante e significado
citada refere-se a uma construção feita na areia o fruto da abobreira que sozinho nada
de uma praia qualquer, em forma de castelo; representa, é apenas uma imagem material, o
conotativamente apresenta-se como uma significante, mas se nela “abóbora” for colocado:
expressão que traduz o significado de uma
olhos, nariz e boca, passa a representar o dia das
ocorrência sem solidez ou de caracterizam como bruxas, do halloween, caracterizando assim o
material de pouca resistência sujeito a mudança uso da linguagem como funções, ou papel a
rápida ou, fácil de ser derrubado. desempenhar pelo indivíduo ou instituição na
transmissão ou recepção de mensagem, Logo:
Signo = significante + significado. Significado =
ideia ou conceito (inteligível)

Fonte:pt.slideshare.net
Fonte:virginiarocha.blogspot.com.br

13
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

FUNÇÕES DA LINGUAGEM

Fonte:webinfobrasil.blogspot.com.br

Os elementos de comunicação que


Fonte:brasilescola.uol.com.br demonstram ou manifestam as funções da
linguagem mediantes ações, procedimentos ou
A linguagem em uso realiza diferentes modo de atuar, são assim representados:
ações, e consequentemente, também, efetiva a
transmissão de informações, em que se tenta Função emotiva (ou expressiva)
convencer o outro a fazer ou dizer algo. Isso
evidencia que através da mensagem emitida Centralizada no emissor, revelando sua
assume-se compromissos, ordena-se, pede-se, opinião, sua emoção. Nela prevalece a 1ª pessoa
demonstra-se sentimentos, constrói-se do singular, interjeições e exclamações. É a
representações mentais sobre nosso mundo, linguagem das biografias, memórias, poesias
enfim, através da linguagem organizase a vida líricas e cartas de amor.
cotidiana sob diferentes aspectos, em diferentes
espaços sociais, onde, ao transmitir-se uma
mensagem, esta, sempre tem um objetivo. Logo
esse objetivo leva a predominância de cada
situação de comunicação que se apresenta
auxiliando a melhor compreensão daquilo que foi
dito.
Ressalta-se que as funções da
linguagem estão centradas nos elementos da Fonte:exercicios.mundoeducacao.bol.uol.com.br
comunicação. Toda comunicação apresenta uma
variedade de funções, mas elas se apresentam
hierarquizadas, sendo uma dominante, de acordo Função referencial (ou denotativa)
com o enfoque que o destinador quer dar ou do Centralizada no referente, quando o
efeito que quer causar no recebedor. Para melhor emissor procura oferecer informações da
compreensão das funções de linguagem, torna- realidade. Objetiva, direta, denotativa,
se necessário identificar e conhecer os prevalecendo a 3ª pessoa do singular.
elementos da comunicação. São eles:
Linguagem usada nas notícias de
a) Emissor - emite, codifica a mensagem
jornal e livros científicos.
b) Receptor - recebe, decodifica a
mensagem
c) Mensagem - conteúdo transmitido pelo
emissor
d) Código - conjunto de signos usado na
transmissão e recepção da mensagem
e) Referente - contexto relacionado a
emissor e receptor
f) Canal - meio pelo qual circula a
mensagem Fonte:andreerichcomunicao.blogspot.com.br

14
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

Função apelativa (ou conativa)


Função metalinguística
Centraliza-se no receptor. O emissor
procura influenciar o comportamento do receptor. Centralizada no código, usando a
Como o emissor se dirige ao receptor, é comum linguagem para falar dela mesma. A poesia que
o uso de tu e você, ou o nome da pessoa, além fala da poesia, da sua função e do poeta, um
dos vocativos e imperativo. Usada nos discursos, texto que comenta outro texto. Principalmente os
sermões e propagandas que se dirigem dicionários são repositórios de metalinguagem
diretamente ao consumidor. (linguagem que serve para descrever ou falar
sobre outra linguagem natural ou artificial.

Fonte:portugues.uol.com.br

Função fática
Fonte:pt.slideshare.net
Centralizada no canal, tendo como
objetivo prolongar ou não o contato com o
receptor, ou testar a eficiência do canal. Obs.: Em um mesmo texto podem
Linguagem das falas telefônicas, saudações e aparecer várias funções da linguagem. O
similares. importante é saber qual a função predominante
no texto, para então defini-lo.

Fonte:cotidianisofficiis.blogspot.com.br

Função poética

Centralizada na mensagem, revelando


recursos imaginativos criados pelo emissor.
Afetiva, sugestiva, conotativa, ela é metafórica.
Valorizam-se as palavras, suas combinações. É
a linguagem figurada apresentada em obras
literárias, letras de música, em algumas Fonte: desconversa.com.br
propagandas etc.

ELEMENTOS DE REVISÃO
TEXTUAL (COESÃO,
COERÊNCIA E
TEXTUALIDADE)
É um conjunto de características que
fazem com que um texto seja considerado como
tal, e não apenas uma sequência de palavras e
Fonte:slideplayer.com.br frases, ou seja, qualidade ou condição daquilo

15
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

que é textual ou, fielmente reproduzido.


Meaugrande e Dressler (1983) apontam sete O parágrafo é iniciado por uma
fatores responsáveis pela textualidade de um ideia-núcleo apresentada de forma clara e
discurso qualquer: a coesão e a coerência, que concisa que encerra uma ideia básica, que
se relacionam com o material conceitual e constitui ó tópico frasal. Este indica ao autor
linguístico do texto, a intencionalidade, a os limites das ideias que pode explanar no
aceitabilidade, a situacionalidade, a parágrafo. O elemento relacionador é
informatividade e a intertextualidade, que tem a opcional, mas geralmente presente a partir
ver com os fatores pragmáticos envolvidos no do segundo parágrafo, servindo de “ponte”
processo sociocomunicativo (ver mais adiante). entre o parágrafo em si e o tópico que o
antecede.

Parágrafo no texto Vale lembrar que o homem ao


Texto extraído de: MEDEIROS, João construir algo, um texto, por exemplo,
Bosco. Português Instrumental. São procura ou deve fazê-lo seguindo de
Paulo: Atlas, maneira a esmerar-se pela perfeição, pois,
tratando-se de texto, deve construí-lo como
2000 um objeto aberto, plural, dialogante e ligado
Parágrafo é a unidade redacional ao contexto verbal, estrutural entre o este e
que divide o texto em partes menores, cada a situação em que ele ocorre.
uma responsável por um novo enfoque ou Estrutura do parágrafo
abordagem sobre o mesmo assunto que
A Estrutura do parágrafo é um
tem em vista atingir um objetivo. A
processo em construção que deve ser
gramática formal conceitua parágrafo como
aquele que está marcado pela mudança de organizado em partes, ou seja, o texto ao
ser construído deve ser moldado em
linha e de um afastamento da margem
esquerda, mas sua finalidade vai além parágrafos, os quais deverão ser
aumentados ou diminuídos. Isto é, variando
desses conceitos gramaticais. A
de tamanho, de forma a alcançar o que nos
compreensão do texto depende de uma
estrutura organizacional adequada do diz Medeiros (2009) “a regra geral para
determinar o tamanho é o bom senso”. A
parágrafo, pois o mesmo é resultado de um
afinal o contexto é quem define o texto
conjunto de ideias que se inter-relacionam
naturalmente, espontaneamente, através do uso da linguagem.
consistentemente. O tamanho do parágrafo
A estrutura organizacional do texto Os parágrafos são moldáveis como
deve-se primeiramente estabelecer uma a argila e, podem ser aumentados ou
ideia capaz de orientá-lo inteiramente, diminuídos, conforme o tipo de redação e o
distribuindo-se em introdução, veículo de comunicação onde o texto vai ser
desenvolvimento e conclusão de forma divulgado. Se o escritor souber variar o
adequada e assim atingir o objetivo tamanho dos parágrafos, dará colorido
desejado pelo autor. É importante destacar especial ao texto, captando a atenção do
outros aspectos do texto, selecionar ideias leitor, do começo ao fim. Em princípio, o
relevantes e manifestar características de parágrafo é mais longo que o período e
coerência, ou seja, o pensamento deve menor que uma página impressa no livro, e
desenvolver-se de forma lógica, a regra geral para determinar o tamanho é o
espontânea e natural. Finalmente, o texto bom senso.
deve ser claro e conciso, ou seja, sem Parágrafos curtos: próprios para
excesso de pormenores, de explicações
textos pequenos, fabricados para leitores de
desnecessárias, sem repetição de ideias e
pouca formação cultural. A exemplo: A
palavras. É necessário que o próprio notícia possui parágrafos curtos em colunas
assunto do texto seja restrito
estreitas; artigos e editoriais costumam ter
proporcionando profundidade de forma a
parágrafos mais longos. Revistas
atrair a atenção do leitor. populares, livros didáticos destinados a

16
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

8.1 Coesão
alunos iniciantes, geralmente, apresentam
parágrafos curtos. Quando o parágrafo é A coesão de um texto depende muito da
muito longo, o escritor deve dividi-lo em relação entre as orações que formam os períodos
parágrafos menores, seguindo critério claro e os parágrafos. Os períodos compostos
e definido a fim de enfatizar uma ideia. precisam ser relacionados por meio de
conectivos adequados, se não quisermos torná-
Parágrafos médios - comuns em
los incompreensíveis. Para cada tipo de relação
revistas e livros didáticos destinados a um
que se pretende estabelecer entre duas orações,
leitor de nível médio (2º grau). Cada
existe uma conjunção que se adapta
parágrafo médio construído com três
perfeitamente a ela. Por exemplo, a conjunção,
períodos que ocupam de 50 a 150 palavras.
mas só deve ser usada para estabelecer uma
Em cada página de livro cabem cerca de
relação de oposição entre dois enunciados.
três parágrafos médios.
Porém, se houver uma relação de adição ou ideia
de concessão, a conjunção deverá ser outra.
Parágrafos longos - em geral, as Os Conectivos ou elementos de coesão
obras científicas e acadêmicas possuem são todas as palavras ou expressões que servem
longos parágrafos, por três razões: os textos para estabelecer elos, para criar relações entre
são grandes e consomem muitas páginas; segmentos do discurso, tais como: então,
as explicações são complexas e exigem portanto, já que, com efeito, porque, ora, mas,
várias ideias e especificações, ocupando assim, daí, aí, dessa forma, isto é, embora e
mais espaço; os leitores possuem tantas outras.
capacidade e fôlego para acompanhálos.

Esse conjunto de características


apresentadas na construção dos
parágrafos, acompanhados da coesão e
coerência, ajudam a fazer com que um texto
não seja uma sequência de palavras e
frases, dando condição àquilo que é textual,
ou seja, fielmente reproduzido.
Se você até hoje detestou textos,
Fonte: soumaisenem.com.br
talvez não tenha entendido que eles falam
uns com os outros através, não somente da
moldagem dos parágrafos, mas também de Ao lado da coerência, a coesão é um
outros fatores. Bem, este é o princípio requisito relevante para que sua redação seja
básico do sétimo fator, a intertextualidade: o clara, eficiente. A coesão textual pode conseguir-
conversar entre textos distintos, ou seja, se mediante quatro procedimentos gramaticais
qualquer discurso tem a ver com os fatores elementares:
pragmáticos envolvidos no processo
sociocomunicativo. Fica assim entendido
que os elementos que concorrem para a 1. Substituição: quando uma palavra ou
textualidade numa relação coerente entre expressão substitui outras anteriores: O
as ideias, são: Fatores semântico/formal Rui foi ao cinema. Ele não gostou do filme.
(coesão e coerência); Fatores pragmáticos
(intencionalidade, aceitabilidade, 2. Reiteração: quando se
situacionabilidade, informatividade e repetem formas no texto: «E um beijo?! E
intertextualidade). um beijo do seu filhinho?!» - Quando dará
beijos o meu menino?! (Fialho de Almeida)
A reiteração pode ser lexical (“E um beijo”)
ou semântica (“filhinho”/”menino”).

17
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

3. Conjunção: quando g) Contrapõem


uma palavra, expressão ou oração se argumentos: "mas", "porém", "todavia",
relaciona com outros antecedentes por "contudo", "entretanto",
meio de conectores gramaticais: O cão da "no entanto", "embora", "ainda que" etc.;
Teresa desapareceu. A partir daí, não mais h) Indicam uma
se sentiu segura. A partir do momento em generalização do que já foi dito: "de fato",
que o seu cão desapareceu, a Teresa não "aliás", "realmente", "também" etc.;
mais se sentiu segura. i) Introduzem argumento
4. Concordância: quando decisivo: "aliás", "além disso", "ademais",
se obtém uma sequência gramaticalmente "além de tudo" etc.;
lógica, em que todos os elementos j) Trazem uma correção ou
concordam entre si (tempos e modos reforçam o conteúdo do já dito: "ou
verbais correlacionados; regências verbais melhor", "ao contrário", "de fato", "isto é",
corretas, gênero gramatical corretamente "quer dizer", "ou seja", etc.;
atribuído, coordenação e subordinação
k) Trazem uma
entre orações):
confirmação ou explicitação: "assim",
- Cheguei, vi e venci. "dessa maneira", "desse modo", etc.;
- Primeiro vou tomar banho, escovar os l) Especificam ou exemplificam o que foi dito:
dentes, depois vou para a cama. "por exemplo", como, etc.;

A coesão textual pode ser feita através Os elementos coesivos por justaposição
de termos que retomam palavras, expressões ou estabelecem a sequência do texto, ou seja:
frases já ditas anteriormente ("anáfora") ou
antecipam o que vai ser dito ("catáfora").
a) Introduzem o tema ou
A coesão por retomada ou antecipação
indicam mudança de assunto: "a
pode ser feita por: pronomes, verbos, numerais,
propósito", "por falar nisso", "mas voltando
advérbios, substantivos, adjetivos. A coesão por
ao assunto" etc.;
encadeamento pode ser feita por conexão ou por
justaposição. b) Marcam a sequência
temporal: "cinco anos depois", "um pouco
A coesão por conexão traz elementos que: mais tarde", etc.;
c) Indicam a ordenação
a) Fazem uma gradação na espacial: "à direita", "na frente", "atrás",
etc.;
direção de uma conclusão: "até", "mesmo",
"inclusive" etc.; d) Indicam a ordem dos
b) Argumentam em direção assuntos do texto: "primeiramente", "a
a conclusões opostas: "caso contrário", seguir", "finalmente" etc.;
"ou", "ou então", "quer... quer"; etc.;
Para analisar o papel da coesão na
c) Ligam argumentos em
construção do sentido de um texto, é necessário
favor de uma mesma conclusão: "e",
a correlação entre os provérbios e os elementos
"também", "ainda", "nem", "não só..., mas
coesivos respectivos, de modo a preencher as
também" etc.;
lacunas, de tal forma que haja coerência entre as
d) Fazem comparação de duas partes que constituem um texto: ver o
superioridade, de inferioridade ou exemplo:
igualdade: "mais... do que", "menos... do
que", "tanto... quanto", etc.;
e) Justificam ou explicam o
que foi dito: "porque", "já que", "que", "pois"
etc.;
f) Introduzem uma
conclusão: portanto, logo, por
conseguinte, pois, etc.;

18
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

recursos, também linguísticos, formando


TEXTO: A LEI sequência veiculadoras de sentido. Com base no
A lei é um absurdo do começo ao fim. exposto, podem-se apresentar no texto abaixo
alguns elementos que sinalizam para o fenômeno
Primeiro, porque permite aos moradores da
que se denomina coesão textual existentes na
superquadra isolar uma área pública, não matéria veiculada pela Revista VEJA, em julho /
permitindo que os demais habitantes 97.

transitem por ali. Segundo, o projeto não Podem-se comprovar analisando o texto
acima alguns mecanismos da coesão textual
repassa aos moradores o custo disso, ou como em: primeiro e segundo, elementos
seja, a responsabilidade pela coleta do lixo, coesivos demonstrativos que indicam a ordem
pelos serviços de água e luz e pela instalação dos argumentos; ali elemento coesivo
pronominal demonstrativo de lugar que faz
de telefones. Pelo contrário, a taxa de referência a área pública, anteriormente citada;
limpeza pública seria reduzida para os disso referencial demonstrativo que retoma o
que é considerado um absurdo dentro da lei; ou
moradores. Além disso, a aprovação do texto
seja e pelo contrário são conectores que
foi obtida mediante emprego de argumentos introduzem uma retificação, uma correção
falsos. relacionada a nominalização absurdo dada a lei;
além disso elemento que tem por função
acrescentar mais um argumento ao que está
(Revista VEJA, julho /97) sendo discutido; texto elemento coesivo de
substituição que tem como referente a lei;
demais conectivo referencial adverbial que
8.2 Análise Textual remete a um referente secundário que são os
moradores proibidos de transitar pela
superquadra; permitindo e transitem elementos
coesivos verbais que fazem referências ao
deslocamento dos habitantes que não são os da
superquadra.
Pela forma em que o texto a lei foi
apresentado, percebe-se que a coesão pode
estabelecer relações de sentido tornando-se
Fonte: alan-diariodepesquisa. responsável pela continuidade dos sentidos no
texto como uma complexa rede de fatores de
ordem linguística, cognitiva e interacional.
Para que se possa analisar a existência
de coesão textual é necessário que se tenha
conhecimento sobre elementos coesivos do texto
Elementos coesivos: primeiro, segundo,
e conhecimento de mundo sobre texto e
ali, disso, ou seja, pelo contrário, além
intertextualidade. Koch (2009) nos remete a seu
disso, permitindo, transitem, demais, texto,
argumento de que é lícito concluir, portanto, que
projeto, absurdo.
o termo texto pode ser tomado em duas
acepções: texto em sentido lato designa toda e
qualquer manifestação da capacidade textual do Coerência
ser humano; em sentido estrito, consiste em
qualquer passagem, falada ou escrita, que forma A coerência resulta da configuração que
todo um significativo, independentemente de sua assumem os conceitos e relações subjacentes à
extensão. superfície textual. Ela é considerada o fator
fundamental da textualidade, porque é
Em sua contínua explanação a autora diz responsável pelo sentido do texto. Envolve não
que a coesão pode ser descrita como um só aspectos lógicos e semânticos, mas também
fenômeno que diz respeito ao modo como os cognitivos, na medida em que depende do
elementos linguísticos presentes na superfície partilhar de conhecimentos entre os
textual encontram-se interligados, por meio de interlocutores.
19
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

Antunes (2005. p.176) nos ensina que a Para que um texto seja coerente existem
coerência é uma propriedade ou peça condições de interpretabilidade ligadas
comunicativa que tem a ver com o funcionamento diretamente a ele, como o conhecimento e o uso
do texto como meio de interação verbal e, não se adequado dos recursos léxicos e gramaticais da
pode avaliar a coerência de um texto se for língua. Se alguém ouvisse ou lesse coisas como:
levado em conta às formas como as palavras
aparecem no texto. Logo, um discurso é aceito
como coerente quando apresenta uma Exemplo:
configuração conceitual compatível com o
conhecimento de mundo do receptor.
a) Quem tem uma foto
importada de 1000 cc, que custa US$
20.000, não vai expô-la ao trânsito de uma
cidade como São Paulo. (Platão e Fiorin).
b) João venceu a luta,
apesar de ser o mais forte dos lutadores.
(Platão e Fiorin). Um leitor experiente não
hesitaria em classificá-las como
incoerentes. No primeiro caso, houve o
uso inadequado de uma palavra do léxico.
Fonte: Basta trocar a palavra foto pela palavra
www.gestarqueimadas2009.blogspot.com.br moto que o texto fica coerente. No
Vale revelar que o sentido do texto é segundo caso, houve uma falha
construído não somente pelo produtor como gramatical. A conjunção apesar de não
também pelo receptor, que precisa deter os está adequada para unir as duas ideias
conhecimentos necessários à sua interpretação. expostas no texto. Se a substituirmos pela
O produtor do discurso não ignora a participação conjunção pois tudo volta a ficar bem, em
do interlocutor e conta com ela. É fácil verificar uma outra versão como: João venceu a
que grande parte dos conhecimentos luta, pois era o mais forte dos lutadores.
necessários à compreensão do texto não vem A coerência de um texto depende de
explícita, mas fica dependente da capacidade de fatores pragmáticos como a intencionalidade, a
pressuposição e inferência do receptor. Assim, a aceitabilidade, a situacionalidade, a
coerência do texto deriva de sua lógica interna, informatividade e a intertextualidade, e outros,
resultante dos significados que sua rede de como os elementos contextualizadores que são
conceitos e relações põe em jogo, mas também, data, local, assinatura, elementos gráficos etc.,
da compatibilidade entre essa rede conceitual, o envolvidos no processo sociocomunicativo. E
mundo textual e o conhecimento de mundo também do conhecimento de mundo do leitor,
daqueles que processam os discursos, daqueles alguém que não possua conhecimento sobre um
que decodificam, compreendem e interpretam os tema tratado terá mais dificuldades para entender
significados das palavras. Isso equivale à a contextualização em que este se dá.
compreensão de que um texto é coerente quando
é possível sua interpretação.

Fonte:exercicios.brasilescola.uol.com.br

Fonte:exercicios.brasilescola.uol.com.br

20
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

Os fatores pragmáticos da textualidade TIPOS DE TEXTOS

a) Intencionalidade –
concerne ao empenho do produtor em Basicamente existem três tipos de texto:
construir um discurso coerente, coeso e Texto descritivo; narrativo e dissertativo. E, cada
capaz de satisfazer os objetivos que tem um possui características próprias de construção.
em mente numa determinada situação No entanto, o texto envolve outras situações que
comunicativa. revelam o papel primordial do emissor e receptor,
b) Aceitabilidade - refere- conforme o que afirma Guimarães (2000) com
se à expectativa do recebedor de que o predominância da perspectiva do emissor do
conjunto de ocorrências com que se discurso, segundo o grau de participação, o texto
defronta seja um texto coerente, coeso, útil é classificado como objetivo e subjetivo.
e relevante, capaz de levá-lo a adquirir
conhecimentos ou cooperar com os
Descrição
objetivos do produtor.
c) Situacionalidade – diz
respeito aos elementos responsáveis pela O texto descritivo é constituído pela
pertinência e relevância do texto quanto ao explicação, com palavras, daquilo que se viu ou,
contexto em que ocorre. É a adequação do observou. A descrição é estática, sem
texto à situação comunicativa. movimento, desprovida de ação. Na descrição o
d) Informatividade – diz ser, o objeto ou ambiente são importantes,
respeito à medida na quais às ocorrências ocupando lugar de destaque na frase, o
de um texto são esperadas ou não, substantivo e o adjetivo.
conhecidas ou não, no plano conceitual e O emissor capta e transmite a realidade
no formal.
através de seus sentidos, fazendo uso de
e) Intertextualidade - recursos linguísticos, tal que o receptor os
concerne aos fatores que fazem à identifique. A caracterização é indispensável, por
utilização de um texto dependente do isso existe uma grande quantidade de adjetivos
conhecimento de outro (s) texto (s). A essa no texto. O texto descritivo se apresenta de duas
relação em que um texto pode ser produto formas: denotativo e conotativo.
de outro texto, Medeiros (2009.p. 123)
denomina de “retomada constantes de
textos anteriores. Descrição denotativa

Conforme, as sábias palavras de Platão e Quando a linguagem representativa do


Fiorin: objeto é objetiva, direta sem metáforas ou outras
“Com muita frequência um texto retoma figuras literárias, chamamos de descrição
passagens de outro”. Quando um texto de caráter denotativa. Na descrição denotativa as palavras
científico cita outros textos, isto é feito de maneira são utilizadas no seu sentido real, único de
explícita. O texto citado vem entre aspas e em acordo com a definição do dicionário.
nota indica-se o autor e o livro donde se extraiu a
citação. Platão e Fiorin (1985). Exemplo: Saímos do campus
universitário às 14 horas com destino ao agreste
pernambucano. À esquerda fica a reitoria e
alguns pontos comerciais. À direita o término da
construção de um novo centro tecnológico.
Seguiremos pela BR-232 onde encontraremos
várias formas de relevo e vegetação. No início
Fonte: mundoeducacao.bol.uol.com.br da viagem observamos uma típica agricultura de
subsistência bem à margem da BR-232. Isso
provavelmente facilitará o transporte desse
cultivo a um grande centro de distribuição de
alimentos a CEAGEPE.

21
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

Quem? – Personagem principal e o anti-


Descrição conotativa herói;
Como? – O modo que os fatos
Em tal descrição as palavras são
aconteceram;
tomadas em sentido figurado, ricas em
polivalência. Quando? – O tempo dos
acontecimentos;
Exemplo: João estava tão gordo que as Onde? – Local onde se desenrolou o
pernas da cadeira estavam bambas do peso que acontecimento;
carregava. Era notório o sofrimento daquele
Por quê? – A razão, motivo do fato;
pobre objeto. Hoje o sol amanheceu sorridente;
brilhava incansável, no céu alegre, leve e repleto Por isso: - A consequência dos fatos.
de nuvens brancas. Os pássaros felizes
cantarolavam pelo ar. EMPREGO DOS PRONOMES
Exemplo de um parágrafo descritivo
Título: Uma casa Vamos falar, agora, dos pronomes. Mais
Era uma casa comum, como tantas simples do que entender a definição é entender
milhares que existem na cidade. Nada ali quem eles são. Portanto, vamos logo para a
indicava com firmeza que vivia uma jogadora e classificação.
leitora de cartas. Nada parecido com uma tenda
de ciganos nem com um cômodo esotérico de
adivinhadores do futuro presente e passado. A 10.1 Pronomes Possessivos
não ser um pano preso na parede maior da sala,
estampada com cartas de um baralho
Quem são?
desconhecido. O pano estava tão novo que até
permitia aos narizes comuns sentirem o cheiro Resposta: meu, meus, minha, minhas, teu, teus,
característicos sem uso. No canto esquerdo da tua, tuas, seu, seus, sua, suas, nosso, nossos,
sala, uma pequena mesa quadrada coberta com nossa, nossas, vosso, vossos, vossa, vossas,
uma toalha branca e um jogo de cartas. dele, deles, dela, delas.
(Edson Gabriel Garcia)

Narração
Portanto, os pronomes possessivos,
como o nome diz, são essas palavrinhas que a
Narrar é falar sobre os fatos. É contar. gente usa para indicar posse.
Consiste na elaboração de um texto inserindo
episódios, acontecimentos. A narração difere da A Kombi é minha! Não é tua, nem dele, nem dela,
descrição. A primeira é totalmente dinâmica, nem do Geraldo!
enquanto a segunda é estática e sem movimento.
Os verbos são predominantes num texto Se liga na Tabela:
narrativo.
O indispensável da ficção é a narrativa,
respondendo os seus elementos a uma série de
perguntas: Quem participa nos acontecimentos?
(Personagens); O que acontece? (Enredo); onde
e como acontece? (Ambiente e situação dos
fatos).

O texto narrativo é feito com base em alguns


elementos:
O quê? - Fato narrado;

22
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

10.2 Pronomes Demonstrativos Veja que eu repito "cachorro" sem


necessidade e isso é chato. Graças aos
pronomes, nós podemos evitar a repetição
Quem são?
desnecessária de palavras. Veja:
“ Eu conheço o cachorro que foi
Resposta: este, estes, esse, esses, esta, estas,
engolido pelo banco do carro. ’’
essa, essas, isto, isso, aquele, aqueles, aquela,
aquelas, aquilo.

Os pronomes demonstrativos "apontam"


para alguma direção, ou seja: se referem a uma
pessoa do discurso ou a algo. Se está longe,
usamos "aquele", por exemplo. Se estiver perto
de quem fala, a gente usa o “Este”.

Aquele cara é meu professor de


matemática.
O nome dele é Piruegas de Bederagas Fonte: www.blogdogramaticando.com
da Silva.
O "que" é o pronome relativo mais usado.
Em azul, temos o pronome Portanto, ele é chamado de "pronome relativo
demonstrativo (aquele) e em verde temos universal". Vejamos outros exemplos:
pronomes possessivos ("meu" e "dele").
O cantor que acabou de se apresentar é péssimo.
("O cantor se apresentou" + "o cantor é péssimo")

PRONOMES PESSOAIS
São aqueles que fazem referência às
pessoas do discurso (eu, tu, ele ou ela, nós
(plural do "eu"), vós (plural do "tu"), eles ou elas).
Podem ser de dois tipos: caso reto e caso
oblíquo.
Pronomes pessoais do caso reto: na
sintaxe, cumprem o papel de sujeito da oração.
São eles: eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas.
Simples, não? Eles são os responsáveis pela
ação verbal (sujeito da oração).
10.3 Pronomes Relativos
Eu queria um Grill, mas ela queria um ferro novo.
Quem são?

Resposta: o qual, a qual, os quais, as quais, cujo,


cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos,
quantas, que, quem.

Esses pronomes servem para substituir


algo que foi dito antes na oração, retomando-os.
Observe o exemplo:

Eu conheço o cachorro.
O cachorro foi engolido pelo banco do carro.

Fonte: www.maisum.altervista.org

23
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

Pronomes pessoais do caso oblíquo: 11.2 Pronomes Interrogativos


na sintaxe, servem de complemento.
São eles: me, te, se, lhe, lhes, nos, vos,
se, si, o, a, os, as. Quem são?

Desculpe-me. Não queria te prejudicar. Vou lhe Resposta: que, quem, qual, quais, quanto,
dizer o que fazer. quantos, quanta, quantas.

São usados para formular perguntas.


Lembre-se que nem toda pergunta precisa de
ponto de interrogação: as perguntas indiretas não
usam ponto de interrogação.

Diga qual cachorro você quer adotar (Pergunta


indireta). Qual cachorro você quer adotar?
(Pergunta direta)

11.3 Pronomes Indefinidos


11.1 Pronomes de Tratamento

São aqueles que se referem a um termo


São aqueles usados para se referir, de
sem indicar, exatamente, a quantidade, sendo
um modo respeitoso, a alguém. Exemplos: Vossa
vago e indeterminado.
Majestade (reis e imperadores), Vossa Senhoria
(funcionários graduados), Vossa Excelência Alguém, em algum lugar, comprou
(altas autoridades), Vossa Santidade (papa), alguma coisa para ninguém, outra coisa para
Vossa Alteza (príncipes e duques). todos e não fez nada depois.
São eles:
Oh, Vossa Majestade! Referenciada em todo o Variáveis: Algum, alguma, alguns,
império! algumas, nenhum, nenhuma, nenhuns,
nenhumas, todo, toda, todos, todas, outro, outra,
Com todo o respeito, digo-te: vais te catar!
outros, outras, muito, muita, muitos, muitas,
pouco, pouca, poucos, poucas, certo, certa,
certos, certas, vário, vária, vários, várias, quanto,
quanta, quantos, quantas, tanto, tanta, tantos,
Vossa X Sua tantas, qualquer, quaisquer, qual, quais, um,
Se usa "vossa" para se falar diretamente uma, uns, umas.
com a autoridade e "sua" quando se fala sobre a Invariáveis: algo, tudo, nada (referem-se
autoridade para outra pessoa. Vossa Majestade: a coisas), quem, alguém, ninguém, outrem
vais te catar! Estou de saco cheio! (Estou falando (referem-se a pessoas), cada, que (referem-se a
diretamente com imperador). Eu disse a Sua coisas e a pessoas).
Majestade para que se catasse (estou falando
com outra pessoa sobre o imperador)

Você
O termo "você" também é pronome de
tratamento, enquanto o "tu" é pronome pessoal
(do caso reto).

24
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

11.4 Colocação Pronominal Mesóclise - o pronome vem no meio


do verbo

Você já viu aqui quem são os pronomes. Esse é para os mais "chiques". Nós
Agora, vamos estudar a Colocação Pronominal. praticamente não a usamos na linguagem
coloquial, mas se você quiser dar uma de erudito
e de intelectual, então vá em frente, meu filho!
Não me convença a comprar essa BMW.
Não convença-me a comprar essa BMW. Usamos a mesóclise quando o verbo
está conjugado no futuro.
O exemplo escrito de modo correto é o Comprar-te-ei um chapéu!
primeiro (não me convença a comprar essa
BMW). Saber quando o pronome pessoal vem
antes do verbo (me convença) ou depois
(convença-me) ou até mesmo no meio
(convencer-me-á) é tarefa da Colocação
Pronominal. Existem regras que devemos saber
ao empregar pronomes.
Vejamos:
Próclise - o pronome vem antes do
verbo Fonte: geradormemes.com

Em orações com sentido negativo:


Observações:
Não me convença a comprar essa BMW Havendo um dos casos que justifique a
(Seria errado escrever "convença-me") próclise, desfaz-se a mesóclise.
Por Exemplo:
Depois de pronomes interrogativos:
Tudo lhe emprestarei, pois confio em
Quem te disse que era para carregar o carro? seus cuidados. (O pronome "tudo" exige o uso
(Seria errado escrever "quem disse-te") de próclise.)

Depois de pronomes demonstrativos:


Aquilo me fez cair a) Com esses tempos verbais
(Seria errado escrever "aquilo fez-me cair") (futuro do presente e futuro do pretérito)
jamais ocorre a ênclise.
Antes de verbos no gerúndio: b) A mesóclise é colocação exclusiva da
Em se tratando de emprego, a caixa de Skinner língua culta e da modalidade literária.
era melhor (Seria errado escrever "em tratando-
se de emprego") Depois de advérbio (ou locução
adverbial) Ênclise - pronome depois do verbo

Ontem me forneceram muitos materiais de


auxílio ao professor. Se nenhuma dessas regras se
(Seria errado escrever “ontem forneceram-me”) enquadrarem no uso do pronome, então você
pode usar a ênclise (pronome depois do verbo).
Basicamente, são nessas ocasiões que
usamos a próclise (pronome antes do verbo).
Disseram-lhe que estava um pouquinho acima do
peso para usar a roupa do Spider Man.

25
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

Olha o resumo na tabela:


Ênclise - Se nenhuma Diga-me
pronome dessas regras se apenas a
depois enquadrarem no verdade.
Colocaçã Quando usar Exemplos
do verbo uso do pronome,
o
Pronomin então você pode
usar a ênclise Importava-
al se com o
(pronome depois do
verbo). sucesso do
projeto.

Próclise 1. Em orações Ninguém o


- o com sentido apoia.
ORGANIZAÇÃO DO TEXTO
pronome negativo (Negativo). CIENTÍFICO (INTRODUÇÃO,
vem Nunca se ENCADEAMENTO E
antes do esqueça CONCLUSÃO)
verbo 2. Depois de de mim.
pronomes
interrogativo (Negativo)
Apesar de todas as regras a serem
s Não me seguidas na elaboração de um texto científico
fale sobre parecerem uma série de manias e idiossincrasias
este para os não-iniciados, elas têm como objetivo
3. Depois de assunto. padronizar os textos produzidos pelos cientistas
pronomes (Negativo) de modo a tornar a transmissão de informações
demonstrati
mais rápida e precisa possível. Antes de tudo
vos
devemos lembrar-nos que o texto científico
Aqui se funciona como um outro texto qualquer: é
vive. necessário que ele tenha começo, meio e fim,
4. Antes de (Advérbio). seja agradável de ler, gramaticalmente correto,
verbos no Tudo me
gerúndio compreensível, coerente e mantenha conexões
incomoda lógicas entre as ideias nele contidas. Uma
nesse característica comum a praticamente todos os
lugar. textos científicos é a organização nas seguintes
5. Depois de (pronome
advérbio (ou partes: Introdução, Objetivos, Materiais e
indefinido) Métodos, Resultados, Discussão e Conclusões.
locução
adverbial) Também são encontrados nos textos
científicos: o Título, a Autoria, Resumo, Figuras e
Tabelas, Agradecimentos e Referências
Mesóclis Emprega-se a Falar-lhe- Bibliográficas. Veja abaixo instruções detalhadas
e - o mesóclise quando o ei a teu sobre cada seção.
pronome verbo estiver no respeito.
vem no futuro do presente (Falarei +
meio do ou no futuro do lhe) 12.1 A Introdução
verbo pretérito do
indicativo, desde
que não se Procurar- Esta seção do texto científico serve
justifique a me-iam principalmente a quatro propósitos: (I)
próclise. caso contextualizar a pesquisa apresentada no texto,
precisasse (II) dar conhecimento ao leitor dos conceitos e
m de paradigmas abordados no trabalho, (III)
ajuda. despertar o interesse do leitor pelo seu estudo e
(Procuraria (IV) apresentar os objetivos do estudo. Muitas
m + me) vezes o leitor de seu texto não está
suficientemente familiarizado com o assunto
sobre o qual seu trabalho discorre. Por isso você

26
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

deve fornecer ao leitor informações suficientes de mais difícil identificação e separação por
para que ele entenda o seus resultados e suas pessoas pouco familiarizadas.
discussões. Para isso você deve contextualizar
Muitas vezes uma seção é confundida
seu trabalho, situando-o perante os
com outra ou os seus elementos acabam
conhecimentos já existentes sobre o assunto aparecendo intercalados no texto.
abordado.
Na maioria dos textos científicos, as
A introdução de seu texto, elaborada da Conclusões do trabalho encontram-se dentro da
forma que sugerimos, deve, invariavelmente,
seção Discussão, tanto ao final desta ou
fazer referência a outros textos científicos. Veja
mescladas com as discussões. Em alguns casos,
como citar trabalhos de outros autores na seção a seção Discussão pode aparecer juntamente
Referências. Ao final da Introdução são com os Resultados em uma seção chamada
apresentados os objetivos do seu trabalho. É "Resultados e Discussão". Entretanto, esse
nesta parte que estarão explícitas as perguntas procedimento não deve ser utilizado nos
que o seu estudo se propôs a responder. relatórios de FFA. A separação dos Resultados
da Discussão nos relatórios, tem o objetivo de
12.2 Os Materiais e Métodos exercitar a separação do texto em partes bem
definidas.
A seção de Resultados é uma das mais
A seção de Materiais e Métodos tem importantes do seu texto científico. É nela, afinal,
como objetivo prover ao leitor todos os dados que você irá mostrar as informações novas
necessários, de forma sucinta, para que ele obtidas em seu trabalho e que permitiram que
entenda os procedimentos adotados em seu você chegasse às suas conclusões. Apesar da
trabalho. Isto serve aos seguintes propósitos: (I) vontade de começar a interpretar os dados
para que o leitor entenda o que foi feito; (II) para apresentados nesta etapa do texto científico você
que ele possa analisar mais criticamente os deve apresentar apenas os seus resultados
resultados obtidos e (III) para que ele, se assim nesta seção. Os Resultados são apresentados
desejar, reproduza seus resultados. em forma de texto e também por meio de tabelas,
Para que tais propósitos sejam atingidos, gráficos, fotografias, esquemas e outros tipos de
qualquer informação que possa ter tido figuras. Todas as figuras e tabelas incluídas nos
INFLUÊNCIA na aquisição dos seus dados deve Resultados devem ser mencionadas no texto
ser mencionada no texto. Como condições (veja mais detalhes em Figuras e Tabelas).
ambientais, marca dos produtos, eventuais Procure destacar no texto os resultados
alterações nas metodologias geralmente importantes perante os objetivos e conclusões de
utilizadas etc., portanto, a área de estudos, o seu texto.
objeto de estudo e os equipamentos utilizados Tome cuidado para não colocar
também devem ser citados. resultados redundantes ou desnecessários!
Explore os diversos tipos de gráficos e tabelas
existentes para descobrir qual é a maneira mais
ATENÇÃO! didática e clara de expô-los. O importante é que
Muitas vezes pode parecer tentador descrever você obtenha uma sequência de dados que
tudo, até a marca da roupa que você utilizou permitam o leitor chegar às mesmas conclusões
durante o experimento. Atente apenas às que você chegou. A Discussão é a seção do seu
informações realmente necessárias para se obter texto científico no qual os resultados são: I)
novamente os seus resultados. Dica: NUNCA interpretados, II) interligados entre si, III)
inclua uma lista dos materiais utilizados. encadeados de forma a chegar às suas
conclusões, IV) comparados coma literatura e V)
criticados.
12.3 Os Resultados, a Discussão e as
Durante a discussão você deve se
Conclusões
preocupar em expor as interpretações de seus
resultados da forma mais direta possível. A
Os Resultados, a Discussão e as comparação de seus dados com outros trabalhos
Conclusões são as partes de um texto científico na literatura também é recomendada. Você deve
inserir as novas informações obtidas na rede de
27
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

conhecimentos pré-existentes, contextualizando- As legendas das figuras aparecem


os. Discuta os possíveis erros metodológicos de abaixo delas enquanto as das tabelas aparecem
seus experimentos, seja bastante crítico e cético. imediatamente acima das mesmas. Quando você
Se você não o for pode ter certeza que o serão retirar uma Figura ou Tabela de um livro ou de
por você. páginas da Internet, certifique-se de duas coisas:
Nas Conclusões (que no relatório devem I) que esteja no mesmo idioma de seu texto (você
aparecer ao final do item Discussão) todo o pode traduzi-la) e II) que os créditos sejam
encadeamento lógico, iniciado desde a apresentados. Ao citar figuras no texto, evite citá-
introdução, chega ao fim. Nessa parte você deve las no início da frase, descrevendo o que ela
contém. É mais razoável fornecer uma conclusão
resumir os principais avanços que o seu trabalho
sobre os resultados que são mostrados na figura
científico trouxe à Ciência. Você pode discutir as
e citá-la ao final da frase. Por exemplo, é melhor
implicações teóricas ou práticas de seus
resultados e analisar o significado da pesquisa usar a forma "Encontramos um número maior de
realizada. Sugestões de novos trabalhos e novas árvores no segundo transecto (Fig. 12)." Do que
hipóteses são bem-vindas. Tenha o cuidado para "A figura 12 mostra o número de árvores
que o leitor chegue às mesmas conclusões que encontradas em cada transecto." O mesmo se
você chegou sem que, para isso, você tenha que aplica às tabelas.
Note também nos exemplos acima que,
distorcer, aumentar, diminuir ou omitir fatos.
quando citada dentro da frase, usa-se a palavra
"figura" por extenso (com a inicial minúscula) e,
12.4 As Figuras e Tabelas quando citada entre parênteses, usa-se a
abreviação "Fig." (com a inicial maiúscula). Já
para tabelas, a citação dentro da frase é
Muitas vezes somente o texto científico semelhante ao caso da figura, mas, quando entre
não é suficiente para que o leitor possa entender parênteses, usa-se "Tabela" (por extenso e com
seus resultados. Para uma melhor compreensão a inicial maiúscula). Exemplo: "A altura das
das ideias e resultados, podemos utilizar árvores diminuía com a altitude (Tabela 3), de
recursos visuais, como Figuras e Tabelas. forma semelhante ao diâmetro dos troncos, como
Ilustrações, fotos, esquemas, desenhos, mapas mostrado na tabela 2."
e todos os tipos de gráficos são considerados Pode-se colocar figuras e tabelas tanto
como Figuras. As Figuras e as Tabelas devem dentro do texto como ao final do relatório.
receber uma numeração pela qual serão Quando colocadas dentro do texto, as figuras e
referidas no texto. Ambas devem aparecer na tabelas devem aparecer logo depois que as
mesma ordem que são citadas no texto. mesmas são referidas no texto (na mesma
Todos os recursos visuais utilizados em página ou na página seguinte, sempre que
seu texto devem estar acompanhados de títulos. possível). Quando agrupadas ao final do
relatório, as figuras e tabelas devem ser
Os títulos de tabelas e figuras devem ser apresentadas na ordem em que foram citadas no
os mais claros e informativos possíveis, de modo texto. Quando você incluir fotos, procure colocar
que o leitor entenda os resultados sem a escalas ou outras referências de tamanho. Nos
necessidade de consultar o texto. Veja os mapas, além da escala, não se esqueça de
exemplos de títulos abaixo. colocar referências de latitude e longitude,
legendas e uma indicação do Norte.
Tome cuidado para não colocar
Figura 16 - Perfil esquemático, obtido em 13 de resultados redundantes ou desnecessários!
abril de 1996, de uma mata secundária localizada Explore os diversos tipos de gráficos e tabelas
na Serra do Japi, Jundiaí, Estado de São Paulo. existentes para descobrir qual é a maneira mais
Note a baixa estatura das árvores do dossel e o didática e clara de expô-los. O importante é que
sub-bosque denso. você forneça uma sequência de resultados que
Tabela 3 - Características principais dos permita o leitor chegar às mesmas conclusões
ambientes visitados na Serra do Japi, Jundiaí, que você chegou. Coloque apenas Figuras e
Estado de São Paulo. Tabelas realmente necessárias para o
entendimento de seu texto. Não coloque uma foto
no seu trabalho somente porque ela está bonita.

28
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

por exemplo, quando o trabalho é muito


12.5 As Referências Bibliográficas antigo e/ou muito difícil de ser obtido,
pode-se citá-lo através de uma fonte
secundária, utilizando-se "apud", como no
Invariavelmente, textos científicos fazem seguinte exemplo: "Meira (1832, apud
referência a outros textos científicos. Desta Morellato, 1992)".
forma, além de dar credibilidade às informações
contidas no texto, você insere o seu trabalho na
rede de conhecimentos científicos já existentes. ATENÇÃO!!!!!
A lista de referências ao final do relatório é
apresentada em ordem alfabética pelo
Veja alguns exemplos de citações: sobrenome dos autores. Ela deve conter todas e
apenas as citações referidas no texto. Ou seja,
todos os trabalhos referidos no texto devem fazer
• A evolução dos organismos troglóbios no parte da lista e, por outro lado, trabalhos que não
Brasil ainda não foi estudada são referidos no texto não devem estar na lista.
profundamente (Gnaspini, 1999).
• Em 1998, Sano (1998) descreveu a
diversidade de Paepalanthus Sect. A forma de citação deve seguir um
padrão atual, de preferência no qual as citações
Actinocephalus Koern. (Eriocaulaceae) da são as mais completas possíveis. Em FFA,
Serra do Cipó, Minas Gerais. utilizaremos o padrão do trabalho científico
utilizado como exemplo em aula (sobre as
palmeiras invasoras).
Quando se tratam de dois autores no trabalho:

12.6 O Título
• Segundo Martins & Gordo (1993), a
jararaca da Amazônia, Bothrops atrox ...
O título de um texto científico deve ser,
ao mesmo tempo, informativo e curto, ou seja,
Se forem mais de dois autores use "et deve informar em poucas palavras do que trata o
al.": texto. Exemplo: "Diversidade de libélulas em
No Cerrado brasileiro há exemplo de pelo menos lagoa no litoral sul do Estado de São Paulo,
duas espécies invasoras de gramíneas que Brasil". Note que neste exemplo o assunto do
exercem uma forte pressão competitiva sobre as estudo (diversidade), o objeto que foi estudado
espécies nativas (libélulas) e a localização geográfica (litoral sul de
São Paulo, Brasil) estão claramente informados.
(Pivello et al., 1999).

12.7 Os Autores
Note que apenas o último sobrenome é
citado e o ano não possui o ponto para indicar o
milhar. Se o nome do autor terminar em "Filho", A autoria de um relatório ou trabalho
"Junior", "Neto", etc., cite das seguintes formas: científico (e a ordem em que é apresentada) é
"Silveira-Neto (1996)" ou "Silveira Neto (1996)". determinada pelo grau de participação de cada
No caso de informações não publicadas um no planejamento, na execução dos trabalhos,
fornecidas por outro pesquisador, pode-se citar na análise e interpretação dos resultados e na
dessa forma: elaboração do texto. Os autores devem vir em um
 Somente duas espécies de jararacas local de fácil percepção. Pode-se optar pela
ocorrem na Ilha do Cardoso (M. R. C. forma sobrenome/iniciais (Sawaya, P., Dreyfuss,
Martins, comunicação pessoal). F.) ou pelo nome completo.

 Somente cite no texto as fontes


bibliográficas originais que foram
consultadas. Em alguns casos extremos,
29
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

12.8 O Resumo seus principais resultados e suas implicações


teóricas.

Geralmente os textos científicos vêm


12.9 Os Agradecimentos
acompanhados de um resumo. É a partir dele que
muitos cientistas selecionam os artigos de
interesse. Por isso é recomendável que ele seja Nesta seção, que aparece logo após a
curto e informativo (menos de 200 palavras) Discussão e antes das Referências
contendo em sua estrutura as seções de um texto Bibliográficas, são agradecidas as pessoas e
científico, embora algumas delas não sejam instituições que permitiram ou facilitaram o
incluídas. As seções comuns em resumos são: desenvolvimento do trabalho (p. ex., ajudaram na
introdução, métodos, resultados e discussão. coleta dos dados, permitiram o acesso à área de
Veja um exemplo fictício: estudos, permitiram o exame de material
depositado em coleções, discutiram as ideias
contidas no estudo, leram o texto e deram
"O estudo do comportamento territorial de sugestões etc.).
borboletas tropicais tem contribuído de maneira
decisiva para a formulação de teorias sobre a RESUMO E FICHAMENTO
territorialidade. Este estudo descreve a
territorialidade da borboleta Heliconius erato
(Nymphalidae) em uma floresta do sudeste de Existem muitos métodos para o
São Paulo, Brasil. Entre maio e junho de 1996, 13 estudante se preparar para os vestibulares.
indivíduos machos foram marcados (através de Alguns escritos, outros auditivos e também os
numeração com caneta na parte inferior de visuais. Para quem gosta de estudar escrevendo,
ambas as asas) e observados durante a manhã. os resumos e fichamentos podem ser uma boa
As observações de comportamento foram escolha. Você gosta de estudar por esses
realizadas através do método de "todas as modelos? O que muita gente não sabe é que
ocorrências". Foi estimada a quantidade de existe uma pequena diferença entre os resumos
néctar produzido pelas plantas de cada território. e fichamentos. Enquanto o primeiro tem a função
Apenas os machos de H. erato defendem principal de sintetizar e reunir as principais
territórios. Os territórios consistiam de grupos de informações, o outro aproveita as citações do
arbustos com flores, com área de 8 a 14 m². A texto para desenvolver e completar o
produção de néctar por território variou de 14 a pensamento do autor com suas próprias
18 ml/dia. O tamanho do território foi conclusões.
significativamente correlacionado à quantidade Isso não significa que um seja melhor
de néctar produzido pelas plantas. O que o outro – eles devem ser usados em
comportamento territorial é estereotipado, momentos distintos e estratégicos. O resumo, por
apresentando as seguintes etapas: aproximação exemplo, é recomendado para o aluno que já tem
rápida do intruso por parte do residente, o domínio do assunto abordado. Já o fichamento,
perseguição por longa distância (4 a 46 m) e por sua vez, deve ser escolhido quando o
retorno ao território. O comportamento territorial estudante ainda está em busca do domínio do
de H. erato é semelhante àqueles relatados para conteúdo. Confira as principais diferenças e
outras espécies de Heliconius. Os resultados descubra qual é o melhor modelo de estudo para
indicam que as borboletas defendem territórios você:
nos quais os custos de defesa são menores que
os ganhos em relação à energia obtida através
do néctar."

Note que no exemplo acima os tópicos


introdução, material e métodos, resultados e
discussão são facilmente identificáveis e todos
eles apresentados de maneira resumida. Note
também que, embora conciso, o resumo é bem
informativo, ou seja, pela leitura do resumo o
leitor sabe do que trata o relatório ou trabalho,
30
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

Fonte: www.stoodi.com.br  Apresentar fórmulas, símbolos, equações,


figuras, diagramas, tabelas, etc.
13.1 O resumo
Exemplo de um resumo* simples, mas
O resumo acadêmico apresenta de modo eficaz, contendo todos os elementos essenciais:
objetivo e direto os pontos mais relevantes de
uma pesquisa conduzida e concluída. Ele mostra,
de forma sucinta, qual o tópico e as principais A Odontologia Preventiva é um modelo de prática
contribuições do trabalho. Assim, é fundamental odontológica centrada na promoção de saúde
selecionar cuidadosamente o conteúdo a ser bucal, o qual baseia-se na aplicação de medidas
resumido, isto é, elencar com rigor os pontos de prevenção e enfatiza a educação da
mais importantes do trabalho, e apresentar tais população. Nesse sentido, o propósito deste
pontos de modo articulado. O resumo especifica: trabalho foi observar, mediante revisão da
a temática da pesquisa e o problema investigado, literatura, programas educativos aplicados com o
os objetivos principais, informações básicas intuito de prevenir as doenças cárie e periodontal.
acerca da metodologia (por exemplo, tipo de Pode-se constatar que os programas analisados,
coleta de dados, sujeitos envolvidos, etc.), e as utilizando diferentes métodos educativos,
conclusões mais relevantes perante os objetivos apresentaram resultados positivos, tanto no que
expostos. diz respeito ao comportamento quanto ao
conhecimento odontológico dos indivíduos. A
Segundo a ABNT o resumo geralmente orientação direta mostrou-se mais efetiva na
deve: educação de adultos, ao passo que a indireta foi
 Ser escrito em um único parágrafo, mais adequada para as crianças. Verificou-se
apresentando frases concisas e também que antes da elaboração de programas
preferencialmente afirmativas, escritas em educativos deve-se avaliar o nível de
ordem direta e na voz ativa; conhecimento odontológico do público-alvo, para
que tais programas sejam adequados às reais
 Apresentar palavras-chave apropriadas,
necessidades da população a ser educada.
selecionadas com rigor em relação ao
conteúdo real do estudo; normalmente o
número de palavras-chave varia de 3 a 5; Fonte: MASTRANTONIO, S. D. S.; GARCIA, P.
 Ser compreensível em si mesmo, de modo P. N. S. Programas educativos em saúde bucal:
que apenas com a leitura do resumo o (a) revisão da literatura. J. Bras. Odontopediatr.
leitor (a) possa entender sobre o que trata Odontol. Bebê, v. 5, n. 25, p. 215-222, mai./jun.
o estudo feito. 2002.

Além disso, recomenda-se EVITAR:


 Escrever o resumo como um pensamento 13.2 O fichamento
livre e aleatório sobre a ideia geral do
estudo. Ao contrário, o resumo precisa
O fichamento não se constitui em um
cumprir o objetivo específico de apresentar
material publicável como um artigo ou uma
de modo resumido o que o trabalho buscou
resenha. Trata-se, na verdade, de um registro
e conseguiu fazer;
criado durante a fase de pesquisa bibliográfica
 Redigir o resumo como um mero
para a realização de um dado estudo. Se o
enumerado de tópicos;
fichamento é bem feito, ele também viabiliza ao
 Reproduzir frases ou trechos meramente estudante a assimilação de conteúdo. Ele é um
copiados do estudo original; método de armazenar informações e consultar
 Apresentar citações ou paráfrases. É sobre obras lidas, podendo-se fazer fichamento
fundamental que o resumo seja de uma obra na íntegra ou apenas de um capítulo
inteiramente a voz do autor do texto, ou parte que for de interesse da pesquisa. Como
explicitando seus objetivos e conclusões, o nome sugere, o fichamento é feito em fichas,
sem interferências. Citações e paráfrases como veremos mais adiante na exemplificação
pertencem ao texto em si; de seus diferentes tipos. Normalmente, se faz um
fichamento de obras de modo a poder acessar

31
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

mais rapidamente, no ato da escrita do texto em


si, os conteúdos sobre o assunto pesquisado.
Então, no fichamento, basicamente se registra a
identificação completa da obra (autor, editora, Exemplo:
título, tradutor, edição, cidade, etc.) e os
principais pontos de seu conteúdo, de modo
Assunto: Os professores diante do saber:
resumido.
esboço de uma problemática do saber
docente (p. 31-55). Capítulo 1.
Tipos de fichamento:
Fonte: TARDIF, Maurice. Saberes docentes
e formação profissional. 16. ed.
O fichamento de conteúdo (ou de Petrópolis: Editora Vozes, 2014.
resumo) se concentra no pensamento do(a)
autor(a) da obra e no desenvolvimento lógico de
suas ideias. Ele pode registrar não apenas o “Pode-se chamar de saberes profissionais o
progresso dessas ideias no texto como também conjunto de saberes transmitidos pelas
suas fundamentações, justificativas, exemplos, instituições de formação de professores
etc. Isso deve ser feito nas palavras do(a) (escolas normais ou faculdades de ciências
autor(a) do fichamento (ou seja, você), que da educação” (p. 36).
escreve com seus termos o que o(a) autor(a) da “Ao longo de suas carreiras, os professores
obra sob fichamento discute. Exemplo: devem também apropriar-se de saberes que
podemos chamar de curriculares. Estes
saberes correspondem aos discursos,
Assunto: Os professores diante do saber: objetivos, conteúdo e métodos a partir das
esboço de uma problemática do saber docente quais a instituição escolar categoriza e
(p. 31). Capítulo 1. apresenta os saberes sociais por ela
definidos e selecionados como modelos da
cultura erudita e de formação” (p. 38). (etc.)
Fonte: TARDIF, Maurice. Saberes docentes
e formação profissional. 16. ed.
Petrópolis: Editora Vozes, 2014. Há também o fichamento bibliográfico, no
qual são registrados os tópicos abordados e
O trabalho do autor baseia-se em uma feitos comentários descritivos sobre a obra
pesquisa sociológica desenvolvida desde o (diferente do fichamento de conteúdo, que
surgimento, nos anos 1980, da preocupação apenas resume o pensamento do autor ou da
científica com os saberes dos professores. O autora). Em qualquer caso, a identificação
autor divide o capítulo em três partes, sendo a completa da obra é fundamental para você não
primeira sobre a pluralidade do saber docente, correr riscos de escrever informações imprecisas
a segunda sobre a importância do saber ou erradas, ou cometer, intencionalmente ou não,
experiencial na visão dos próprios casos de plágio.
educadores, e a terceira trazendo conclusões
preliminares. Tardif argumenta que o saber
Assunto: Os professores diante do saber:
docente é composto pelos seguintes aspectos:
esboço de uma problemática do saber
os saberes de formação profissional, os
docente (p. 31-55). Capítulo 1.
saberes da disciplina em si, os saberes
experienciais e os saberes curriculares da Fonte: TARDIF, Maurice. Saberes docentes
instituição escolar.(etc.) e formação profissional. 16. ed.
Petrópolis: Editora Vozes, 2014.

O fichamento de citações (ou de A obra insere-se nos campos de pesquisa


transcrição) consiste no registro de citações educacional e de formação profissional. O
diretas da obra, observando-se absoluto rigor autor aborda o tema de forma analítica e
para anotar o trecho tal e qual consta no trabalho comentada, fundamentando-se em coleta
original, e marcando as aspas de início e fim da qualitativa de dados e estabelecendo relações
citação e sua página.
32
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

argumentos feitos, um levantamento das ideias


entre diferentes contextos no que tange o
apresentadas e defendidas pelo autor. Pode ser
tema em pauta.(etc.)
organizada conforme os fatos ou dados
aparecem na obra (resumindo os capítulos ou as
Quando professores e professoras partes em sua ordem sequencial na obra) ou
pedem para seus estudantes fazerem um então em agrupamento de conjuntos de ideias.
fichamento, geralmente se referem aos tipos Já a apreciação do conteúdo pode ser
bibliográfico ou de conteúdo. Cabe ao aluno ou tanto positiva quanto negativa, desde que seja
aluna seguir as instruções dadas por cada fundamentada. De qualquer modo, é importante
instrutor (a). que a apreciação seja feita com respeito e zelo.
Recomenda-se que já na apresentação do
resumo da obra se insiram pequenas
A RESENHA
sinalizações sobre o tom da apreciação crítica
(se houver). Isso pode ser feito, por exemplo,
A resenha é um tipo de texto que serve com expressões do tipo: “o autor sabiamente
para divulgar obras novas e apresentar uma obra desenvolve o argumento . . .”, ou “o autor discute
que o (a) leitor (a) geralmente não leu ou não o ponto X de modo relativamente apressado...”
conhece. Ela pode, assim, atualizar o público
leitor de modo breve sobre outras produções
Tipos de resenha:
científicas, especialmente recentes. É comum
periódicos científicos dedicarem uma seção A resenha pode ser do tipo descritiva
inteira de sua publicação apenas para resenhas, (também chamada de resenha técnica ou
já que elas representam uma atualização sobre resenha científica), ou então do tipo crítica
quais publicações estão surgindo na área de (também conhecida como resenha opinativa). A
interesse da revista. Por isso, normalmente, as resenha descritiva se concentra na avaliação do
resenhas costumam ser de obras recentes. conteúdo enquanto conhecimento, ciência ou
verdade, ou seja, ela faz um julgamento de
As revistas normalmente especificam um
verdades. Já a resenha crítica avalia a obra
período limite diferente para obras nacionais (por
considerando valor, estilo, estética, beleza, etc.
exemplo, aceitando apenas resenhas de obras
(julgamento de valores). Assim, a resenha crítica
publicadas no último ano, ou nos últimos dois
exige maior grau de detalhes para a
anos, etc.), e para obras lançadas no exterior
fundamentação da crítica (seja ela positiva ou
(geralmente, obras publicadas nos últimos cinco
negativa), já que trata de questões menos
anos). É preciso atentar para a especificação
palpáveis e mais subjetivas. Existem ainda as
feita pelo periódico em questão. A resenha,
chamadas resenhas temáticas. Nesse tipo de
nesse papel de divulgar e apresentar uma dada
resenha, há a apresentação de vários textos de
obra, geralmente cumpre três passos essenciais:
diferentes autores que tratam de um mesmo
1) identifica a obra a ser resenhada; 2)
tema principal. Na resenha temática, cada um
apresenta/descreve resumidamente o conteúdo
desses textos é identificado e apreciado em
desta obra; e 3) aprecia/avalia criticamente esse
termos de sua real contribuição (e o grau de
conteúdo (mas, como veremos mais adiante, há
qualidade dessa contribuição) para o tema em
um tipo de resenha que não realiza essa
questão.
apreciação).
Se uma resenha não emitir qualquer
A identificação detalha o nome do (a)
avaliação sobre o conteúdo, temos o caso da
autor (a) e inclui breves informações sobre sua
resenha-resumo. Esse tipo de resenha se limita
carreira (outras obras dele ou dela). A
aos dois primeiros passos descritos
identificação também informa o trabalho
anteriormente, isto é, apenas identificar a obra e
resenhado, seu local e editora de publicação, a
resumir seu conteúdo.
data, e apresenta demais informações que se
apliquem, como por exemplo o nome da coleção Então, essa modalidade cumpre uma
ou série a que a obra pertence, o número de função meramente informativa, e não busca
volumes, o nome do tradutor, se for o caso, e convencer o leitor sobre a importância ou valor de
assim por diante. A apresentação do conteúdo da ler dada obra ou não.
obra consiste no resumo dos principais

33
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

outros. Não deixando de mencionar que num


artigo, o revisor precisa estar livre para se
posicionar frente ao objeto de análise, levando
em consideração alguns aspectos voltados para
O ARTIGO CIENTÍFICO a análise dos argumentos apresentados,
Segundo a ABNT (NBR 6022, 2003), o checagem do valor científico atribuído ao texto
artigo científico pode ser definido como a em questão, verificação da possibilidade de se
“publicação com autoria declarada, que tornar público (estar disponível a outras
apresenta e discute ideias, métodos, técnicas, pessoas), confirmação da possibilidade de
processos e resultados nas diversas áreas do abertura a possíveis reavaliações em função de
conhecimento”. Mediante tal definição, um novas descobertas e, consequentemente,
questionamento que se mostra relevante faz apresentação de melhores resultados, etc.
referência à diferença demarcada entre um artigo Quanto ao conteúdo abordado no artigo,
e uma monografia. Em consonância a esta ele pode apresentar distintos aspectos, como
pergunta, respostas poderão surgir, tais como a também pode cumprir outras tarefas, conforme
de que o artigo possui uma forma mais nos revelavam Marconi e Lakatos (2005, p. 262):
simplificada que a monografia. Sendo assim,
veremos algumas elucidações, a fim de que
possíveis dúvidas possam ser esclarecidas a) Versar sobre um estudo pessoal, uma
acerca do tema em questão. descoberta, ou dar um enfoque contrário
ao já conhecido;
O artigo científico, como o próprio nome
já nos revela, caracteriza-se por um texto b) Oferecer soluções a questões
científico cuja função é relatar os resultados, controvertidas;
sendo esses calcados de originalidade,
provenientes de uma dada pesquisa. Dessa c) Levar ao conhecimento do público
maneira, ele, materializado sob a forma de um intelectual ou especializado no assunto
relato acerca dos resultados originais de um novas ideias, para sondagem de opiniões
estudo realizado, torna-se publicamente ou atualização de informes.
conhecido por meio de revistas científicas, as d) Abordar aspectos secundários, levantados
quais possuem uma seção destinada a esse fim. em alguma pesquisa, mas que não seriam
Assim assevera Santos (2007, p. 43), “são utilizados na mesma.
geralmente utilizados como publicações em
revistas especializadas, a fim de divulgar
conhecimentos, de comunicar resultados ou Mediante tais postulados, pode parecer
novidades a respeito de um assunto, ou ainda de um tanto quanto complicado ao autor elaborar
contestar, refutar ou apresentar outras soluções seu artigo, mas o que na verdade ocorre é que,
de uma situação convertida”. frente a tal incumbência, ele descobrirá pontos
relevantes que o permitirão desenvolver
Como antes citado, há a hipótese de que
a concisão seja a característica que demarca a habilidades, tais como: a de sintetizar suas ideias
diferença entre a monografia e o artigo. Assim, frente ao contexto científico, a de selecionar de
precisamos compreender acerca de alguns forma concisa e ao mesmo tempo precisa as
pressupostos, a fim de que possamos confirmar fontes bibliográficas que lhe servirão de apoio,
ou não se tal hipótese é verdadeira. O primeiro bem como a de avaliar melhor os dados
coletados e apresentar os resultados obtidos,
passo é compreendermos que enquanto na
entre outros aspectos. Com base em tais
monografia existe a possibilidade de se esmiuçar
um determinado assunto, estendendo-o em postulados, obtém-se a conclusão de que
atualmente é crescente o número de instituições
vários capítulos, no artigo científico tal aspecto
que requisitam a produção do artigo em vez da
não prevalece. Como se trata de um texto que
prima pela concisão dos dados apresentados, ele monografia. Lembrando que essa produção pode
precisa passar por um critério rigoroso de ser realizada de forma provisória, por meio de um
correção, no sentido de verificar a estruturação projeto de pesquisa, o qual delimitará
dos parágrafos e frases, garantir a clareza e anteriormente as bases que fundamentarão o
objetividade retratadas pela linguagem, entre trabalho a ser realizado.

34
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

Omissão de estudos diretamente


relevantes.
– Terminologia confusa.
15.1 A redação do artigo científico
– Citações incorretas.
Introdução
Material e métodos
A introdução, como o próprio nome
sugere, serve para introduzir o leitor ao tema da Se você preparou um projeto de
pesquisa, ao problema estudado, aos principais pesquisa detalhado, agora será recompensado!
conceitos envolvidos e aos trabalhos já Pegue o projeto e comece a conferir a seção
realizados até o momento. É aquela seção em “material e métodos”. Troque o tempo do verbo,
você “vende o seu peixe“, esclarece a do futuro para o passado, e então faça as
importância da pesquisa e a relevância para a inclusões ou mudanças de maneira que essa
área. Faça uma descrição sucinta de pesquisas seção reflita verdadeiramente aquilo que você
anteriores. No último parágrafo, comece por realizou em sua pesquisa. A seção “material e
ressaltar o ineditismo da pesquisa e descreva métodos” deve possibilitar ao leitor avaliar o
claramente o objetivo proposto para a pesquisa delineamento da pesquisa, o tamanho da
(Santos, 2015). amostra e como ela foi determinada, os materiais
Embora esteja disposta nas páginas e procedimentos utilizados, as variáveis
iniciais de um artigo científico, a introdução é analisadas e as análises estatísticas realizadas.
mais facilmente elaborada quando a discussão e Questões éticas ou de consentimento, quando
as conclusões já tiverem sido redigidas, ou seja, necessárias, também devem ser informadas. As
quando já se tem uma visão do conjunto do informações dessa seção são fundamentais para
trabalho. O texto de introdução, além de bem compreender os resultados encontrados, pois
escrito, deverá se constituir em um convite revelam a forma como eles foram obtidos, e
atrativo para a continuidade da leitura do artigo. possibilitam a replicabilidade da pesquisa
Alguns poucos parágrafos serão suficientes (Lakatos e Marconi, 2010).
(Matias, 2012). Uma maneira prática de saber se
a introdução de um artigo científico ficou bem Estrutura básica:
redigida é apagar a parte dos objetivos da – Local e condições experimentais.
pesquisa e entregar o texto de introdução para
– Delineamento e tratamentos.
outra pessoa que também seja da área ler. Se ao
ler apenas a introdução, a pessoa conseguir
– Controle das condições experimentais.
acertar qual problema de pesquisa foi estudado, – Variáveis (avaliações).
parabéns! Você fez um excelente trabalho! – Análise estatística.

Estrutura básica: Erros comuns:


– Antecedentes do problema. – Informação inadequada para avaliação ou
– Descrição do problema. replicação.
– Trabalhos já realizados. – Descrições detalhadas de métodos
padronizados e publicados.
– Aplicabilidade e originalidade da pesquisa.
– Objetivo (problema de pesquisa).
– Deixar de explicar análises estatísticas não
usuais.
Erros comuns: – Participantes muito heterogêneos.
– Orientação mais empírica que teórica. – Medidas não validadas; de confiabilidade
fraca ou desconhecida.
– Introdução muito longa, incluindo trechos
que poderiam ser melhor utilizados na
discussão.
– Detalhes excessivos na descrição de
estudos prévios.
– “Reinvenção da roda”, especialmente na
primeira sentença ou parágrafo. –

35
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

Resultados Discussão
A discussão é a parte mais complexa e
mais difícil de escrever em um artigo científico.
Na apresentação dos resultados, Deve ser redigida com a finalidade de apresentar
gráficos e figuras geralmente facilitam a e interpretar conclusões, enfatizar os resultados
observação dos efeitos, se comparados com as mais importantes e comparar os resultados
tabelas. Entretanto, as tabelas levam vantagem
obtidos na sua pesquisa com os resultados
quando valores numéricos específicos são
obtidos por outros pesquisadores (Medeiros e
importantes. Nestes casos, artigos com tabelas Tomasi, 2008).
irão obter um maior número de citações, porque
outros pesquisadores podem usar seus dados
como base de comparação (Vianna, 2001). Estrutura básica:
Procure promover descrições claras e
organizadas dos resultados, sem repetir no texto – Relacionar os resultados com as
os dados já expostos em gráficos e tabelas. Ao hipóteses.
escrever um artigo científico, inclua na redação – Interpretações: esperadas versus
final apenas os resultados que são necessários alternativas.
para a corroboração de suas conclusões
(Andrade, 2014). – Implicações teóricas, para a pesquisa e
para a prática.

Estrutura básica:
– Limitações do estudo: aproximação com o
estudo ideal.
– Resultados da análise estatística.
– Confiança estimada das conclusões.
– Estatísticas descritivas (médias, desvio
padrão e correlações)
– Explicitação de possíveis restrições para
as conclusões.
– Estatísticas inferenciais
– Identificação de procedimentos
– Relatar a significância e a amplitude dos metodológicos pertinentes aos resultados.
dados.
– Recomendações para pesquisas futuras.
– Análises adicionais (usualmente post hoc).
Erros comuns:
Erros comuns:
– Repetição da introdução.
– Tabelas e figuras complexas,
incompreensíveis.
– Repetição dos resultados.

– Repetição dos dados no texto, nas tabelas – Discussão não baseada nos propósitos do
estudo.
e nas figuras.
– Não utilizar o mesmo estilo de redação da – Não esclarecer as implicações teóricas e
práticas dos resultados.
introdução e do material e métodos.
– Não apresentar os dados prometidos na – Discussão não baseada nos resultados.
seção material e métodos. – Hipóteses não discutidas explicitamente.
– Análise estatística inadequada ou – Apresentação de novos dados.
inapropriada.
– Repetição da revisão da literatura.
– Especulações não fundamentadas.

36
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

– Recomendações não baseadas nos também podem ser superadas com o avanço do
resultados. conhecimento (Aquino, 2012).

Conclusões
Ao escrever as conclusões da sua
pesquisa, certifique-se de apresentar realmente
apenas conclusões. Pode parecer um pouco
óbvio, mas essa seção muitas vezes é utilizada,
de maneira equivocada, para meramente
reafirmar os resultados da pesquisa. Não faça o
leitor perder tempo: ele já leu os resultados e a
discussão. Agora, nas conclusões, quer entender
de forma clara a solução do seu problema de
pesquisa. Após elaborar as conclusões, critique-
as e procure derrubá-las. As conclusões que
você não conseguir derrubar serão a base de seu
artigo. Limite-se às conclusões que têm
embasamento nos resultados que você obteve e
que respondem às questões da pesquisa, ou
seja, que estão de acordo com os objetivos
(Vianna, 2001).
Não se pode esquecer que as
conclusões, como produto final de uma pesquisa,
devem ser consideradas provisórias e
aproximativas. Por mais brilhantes que sejam,
em se tratando de Ciência, as conclusões podem
superar o conhecimento prévio e, por sua vez,

37
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

REFERENCIAS

BRASIL. MINISTÈRIO DA EDUCAÇÃO. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA.

PARÂMETROS NACIONAIS: LÍNGUA PORTUGUESA / SECRETARIA DE EDUCAÇÃO


FUNDAMENTAL – 2ª ED. – RIO DE JANEIRO: DP&A, 2000.

DIONISIO, PAIVA, ÂNGELA, MACHADO, A. R., BEZERRA, M.A. (ORGS). GÊNEROS


TEXTUAIS E ENSINO. SÃO PAULO: PARÁBOLA EDITORIAL, 2010.

GARCIA, OTHON M. COMUNICAÇÃO EM PROSA MODERNA. 19. ED. RIO DE JANEIRO: ED.
DA FGV, 2000.

ANDRADE, MARIA MARGARIDA. GUIA PRÁTICO DE REDAÇÃO. 3 ED. SÃO PAULO: ATLAS,
2011.

CEREJA, WILLIAN; COCHAR, TEREZA; CLETO, CILEY. INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS:


CONSTRUINDO COMPETÊNCIAS E HABILIDADES EM LEITURA. 1ª ED. – SÃO PAULO:
ATUAL, 2009.

GERALDI, JOÃO WANDERLEI (ORG.). O TEXTO NA SALA DE AULA 4ª ED. SÃO PAULO:
ÁTICA, 2006.

KOCH, INGEDORE TRAVAGLIA, LUIZ CARLOS. A COERÊNCIA TEXTUAL. SÃO PAULO:


CONTEXTO, 2001.

LEITE, MARLI QUADROS. PRECONCEITO E INTOLERÂNCIA NA LINGUAGEM. SÃO PAULO:


CONTEXTO, 2008.

PARISSÉ, GABRIEL. O VALOR DO PROFESSOR. BELO HORIZONTE: AUTÊNTICA EDITORA,


2011.

38

Você também pode gostar