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FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ

FLORESTA

AS DIFICULDADES ENFRENTADAS POR DOCENTES NO ENSINO: A


ESCOLARIDADE DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DEFICIÊNCIA NO
ENSINO REGULAR PÚBLICO

Cristóvão de Oliveira Braga


Júnia Gonçalves Damasceno
Marcela Eduarda Araújo Diniz
Marcos Junio Vieira dos Santos
Sarah Maciel Rosa
Profª Orientadora Priscilla Jordanne Silva Oliveira

2023
Belo Horizonte/MG
I – DIAGNÓSTICO E TEORIZAÇÃO

1. Identificação das partes envolvidas e parceiros

O presente projeto será executado na EE Pedro Paulo Penido, localizada na Rua


Ronan Soares, 40 - Bairro Floramar em Belo Horizonte/MG. Busca-se através de entrevista
dos docentes e corpo de funcionários da instituição de ensino, identificar as dificuldades,
obstáculos ou empecilhos que crianças e adolescentes com deficiência ou transtornos
enfrentam no ambiente escolar.

2. Demandas e ou situações-problema identificados

Em contato com a direção da instituição de ensino escolhida, foram coletadas


informações sobre a existência de alunos com deficiência, física ou mental, que possuem
necessidades distintas dos alunos que não possuem deficiência. Em uma avaliação em larga
escala, será possível identificar quais são as demandas do corpo docente e dos alunos com
deficiência ou transtornos. A prioridade é verificar o que pode ser melhorado.

3. Demanda sociocomunitária e motivação acadêmica

É cediço que o Direito enquanto matéria busca a pacificação social, acompanhando o


desenvolvimento da sociedade, solucionando controvérsias e instrumentalizando meios de
desfazimento e prevenção de injustiças sociais. Pessoas com deficiência são frequentemente
invisibilizadas e costumam ter dificuldade de acessar e concretizar algumas das garantias
constitucionais, dependendo então, de outros meios para acessá-las.
O Direito à educação é garantido constitucionalmente e tem previsão na Declaração
Universal dos Direitos Humanos, da qual o Brasil é signatário. Contudo, em que pese as
disposições legais específicas sobre a temática, o acesso a pessoas com deficiência ainda é
bastante limitado, em todos os âmbitos.
Nesta toada, ao Direito, sem a dispensa das demais ciências pertinentes, incumbe a
resolução e discussão de tais temas. Enquanto profissionais que atuarão no meio jurídico, é
cediço que a mera existência da lei não tem a capacidade de dirimir todas as controvérsias.
No processo de formação, é preciso dar visibilidade a pessoas com deficiência, nos
familiarizando com essa realidade e suas necessidades.
Seja na função de advogado, defensor, promotor, juiz, professor ou na infinidade de
áreas abrangidas pela formação jurídica, é necessário que a qualificação profissional não seja
excludente quanto a pessoas com deficiência ou transtornos.

4. Objetivos/resultados/efeitos a serem alcançados (em relação ao problema identificado


e sob a perspectiva dos públicos envolvidos)

1. Identificar os problemas que afetam crianças e adolescentes com deficiência e/ou


transtornos no que concerne o acesso ao ensino.
2. Compreender ainda, dificuldades enfrentadas pelos docentes, especialmente no
ensino público, conhecidamente em posição de desvantagem em relação as instituições
privadas.
3. Entrevistar os docentes e eventuais funcionários, visando identificar as demandas,
necessidades e eventuais procedimentos em desconformidade com a legislação atual;
4. Buscar as possíveis soluções indicadas pelo corpo docente e se estas se encontram
em conformidade com os diplomas jurídicos que versam do tema.

5. Referencial teórico (subsídio teórico para propositura de ações da extensão)

Mesmo após diversas mudanças na forma como o mundo enxerga pessoas com
deficiência, subsiste o estigma, especialmente no tocante a deficiências de ordem psíquica.
No curso do mandato de Jair Bolsonaro, a educação de pessoas com deficiência tornou-se
ponto controverso. A instrução de crianças e adolescentes com deficiência deveria se dar no
ensino regular ou em instituição apartada?
O Decreto 10.502/2020, que instituiu a Política Nacional de Educação Especial, foi
alvo de polarização nacional. O decreto em questão, previa a possibilidade de criação de
escolas “especiais”, o que através do senso comum pode ser erroneamente considerado um
avanço, tal disposição contraria e afronta diretamente o Estatuto da Pessoa com Deficiência
(Lei nº 13.146/2005), destinada a proteção de pessoas nesta condição, seja de forma
permanente ou temporária.
Ante o cenário de referido decreto, diversas vozes influentes se levantaram contra o
denominado “ensino especial”. Dentre as pessoas com deficiência, percebeu-se a importância
do desenvolvimento escolar em ambiente misto, tendo sido considerado o Decreto nº
10.502/2020, um retrocesso sem parâmetros em relação aos últimos anos.
Assim, é preciso compreender de antemão que a existência de dispositivos
específicos, objetivando a proteção e inclusão de pessoas em posição socialmente
desvantajosa em relação aos demais, por ocasião da deficiência, não impede e nem soluciona
por completo a problemática.
O aparente benefício na retirada de pessoas com deficiência do ensino regular,
transferindo-as para instituições especializadas, devidamente preparadas para recebe-las, é
apenas aparente, não se sustentando em uma análise mais profunda e acima de tudo,
inclusiva.
A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do IBGE em 2021, demonstrou que mais de
60% das pessoas com deficiência no Brasil não concluíram o Ensino Fundamental. O
percentual é ainda mais drástico quando se trata do Ensino Superior, apenas 5% concluíram a
graduação. Tais dados denotam a situação de flagrante desigualdade e precarização da
qualidade de vida dos indivíduos em questão.
Nesta toada, será feita análise minuciosa da legislação vigente, bem como do
revogado decreto e de políticas públicas atuais. Para elaboração do projeto foram escolhidos
os seguintes autores: Sylvia da Silveira Nunes, autora da obra científica denominada
“Educação Inclusiva: Entre a História, os Preconceitos, a Escola e a Família”; Nilza Sanches
Tessaro et al, responsável pela obra “Inclusão escolar: visão de alunos sem necessidades
educativas especiais” e Elisama de Almeida Santos na monografia “DIFERENTE É SER
IGUAL: a inclusão de crianças com deficiência no ensino regular e as contribuições da
família e do serviço social.”

II – PLANEJAMENTO PARA DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

1. Identificação do público participante

Para o desenvolvimento do projeto, o público escolhido compõe o corpo docente da


instituição de ensino escolhida.

Nome: Ilma Francisco Gonçalves


Idade: 61
Função: Diretora
Tempo de função: 12 anos.
Formação: Pós-graduação em gestão escolar.
Nome: Mariane
Idade: 37
Função: Professora.
Tempo de função: 10 anos.
Formação: Pedagogia.

Nome: Kátia
Idade: 60
Função: Professora regente – apoio.
Tempo de função: 35 anos.
Formação: Magistério integrado, licenciatura plena em pedagogia.

O público é composto por três participantes, todas funcionárias da EE Pedro Paulo


Penido. Trata-se da diretora da instituição, bem como, duas professoras que possuem contato
direto com alunos que tem alguma deficiência.

2. Elaboração do plano de trabalho

O QUE? POR QUÊ? ONDE? QUANDO? QUEM? COMO? QUANTO?

Realizar Para EE 19/09/2023 SARAH Questionando os 1 a 2 horas.


questionário qualificar os Pedro participantes.
inicial. participantes Paulo
do projeto. Penido.

Realizar Coleta de EE 26/09/2023 SARAH, Questionando os 1 a 2 horas.


questionário informações. Pedro MARCOS participantes.
oral, relativo Paulo
aos objetivos Penido.
do projeto.

Registros do Cumprimento EE 19/09/2023 SARAH, Registrando 1 a 2 horas.


local de exigências Pedro – MARCOS imagens.
selecionado. do projeto de Paulo 26/09/2023
extensão. Penido

Elaboração e - - 22/09/2023 JÚNIA, - Não se aplica.


entrega da – CRISTÓVÃO
parte escrita. 22/10/2023
Visita para Verificar e EE. 23/10/2023. DANILO, Registro de imagens 1 a 4 horas.
observação. acompanhar Pedro MARCELA e acompanhamento
as crianças Paulo das crianças e
com Penido adolescentes.
deficiência.

Conclusão da - - Todos do - -
parte escrita. grupo.

3. Descrição da forma de envolvimento do público participante

O público participante cooperará, através do fornecimento de informações relativas ao


ensino de crianças e adolescentes com deficiência e os eventuais obstáculos no acesso pleno
e/ou igualitário aos das crianças consideradas neurotípicas.
O projeto busca verificar e demonstrar as dificuldades enfrentadas pelas pessoas com
deficiência, no tocante ao acesso ao ensino. Assim, o público participante, na qualidade de
docente, está em contato direto com os alunos que se enquadram no foco do projeto.
Não há melhor público para falar sobre as necessidades dos alunos, no aspecto
específico de ensino, senão os seus professores. Estes, também tem condições de apontar as
falhas sistemáticas existentes, apontando ainda, as possíveis soluções ou quais os
instrumentos faltantes na resolução de problemas.
Assim, os professores e a direção constituirão os responsáveis por delimitar,
descrever, dentro de suas capacidades, áreas de atuação e de seus limites, quais são as
necessidades latentes e quais seriam, os possíveis meios, de acordo com sua perspectiva,
hábeis a mudar a situação em voga.

4. Cronograma do Projeto (sugestão: Diagrama de Gantt, Cronograma de Marcos,


Diagrama de Rede)

Atividades Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro

Definição do
projeto

Questionário
inicial

Questionário
Registros do
local
selecionado.

Elaboração
da parte
escrita I.

Entrega da
parte escrita
I.

Elaboração
da parte
escrita II.

Visita ao local

Conclusão da
parte escrita

Entrega

5. Descrição da atuação da equipe de trabalho

Infelizmente, nem todos os membros da equipe possuem condições de realizar


entrevistas e visitas relativas ao projeto. Nesta toada, a equipe fora dividida entre os que
realizam as visitas e os que se dedicam a escrita do trabalho. A primeira parte é formada
pelos alunos Sarah, Danilo, Marcos e Marcela, cuja responsabilidade atribuída é a de
comparecer fisicamente ao local em que se desenvolve o projeto de extensão. Lado outro, os
alunos Júnia e Cristóvão são os responsáveis pela elaboração da parte escrita do trabalho,
analisando os dados coletados e interpretando-os em consonância com a doutrina.

6. Metas, critérios ou indicadores de avaliação do projeto

Todos os objetivos do presente trabalho, no tocante a coleta de dados, se dará


mediante a entrevista do corpo docente. A partir destes dados, as informações serão cruzadas
com a legislação vigente, bem como, a doutrina e, se necessário, a jurisprudência. Por sua
vez, as possíveis soluções também podem ser apontadas pelos próprios professores e
identificadas em análise bibliográfica x realidade fática.
Para identificar os problemas que afetam crianças e adolescentes com deficiência, foi
necessária uma conversa com os docentes, buscando compreender se existe algum déficit
entre esses alunos e os considerados neurotípicos. Se, de alguma forma, são necessárias
ferramentas diversas para o ensino desses alunos em relação aos demais e se o Estado fornece
os instrumentos e meios adequados a concretização do ensino pleno.
Entrevistar os docentes foi crucial na execução do trabalho, pois são aqueles que
possuem maior contato com esses alunos, também são os que utilizam ou carecem das
referidas ferramentas. Os critérios são aqueles contidos na Lei nº 7.853/89, especificamente
no art. 2º, §único, inciso I, bem como, as diretrizes presentes no inciso III, alínea “c”, art. 4º
da Lei nº 9.394/1996.
Os parâmetros utilizados são aqueles estabelecidos por lei, seja de forma específica,
como nos diplomas supracitados, seja de forma genérica e generalista, como ocorre na
Constituição da República de 1988, que preconiza e assegura a igualdade material.
.
7. Recursos previstos

Os recursos previstos são materiais, no tocante ao deslocamento para a instituição de


ensino, seja por meio de táxi, uber, ônibus, entre outros meios de transporte. Foram
dispendidos, aproximadamente, R$ 180 (cento e oitenta) reais, com deslocamento, somando-
se os valores de todas as visitas realizadas. Humanos, no tocante a necessidade de troca entre
alunos e professores, empregando o intelecto na confecção dos questionários e coleta de fotos
e outros dados referentes a instituição de ensino.

III – ENCERRAMENTO DO PROJETO: Sistematização de Aprendizagens e


Experiências

1. Relatório coletivo

O objetivo primevo estabelecido pelo grupo foi o de verificar se as garantias e


diretrizes contidas na lei, em relação aos alunos com algum tipo de deficiência, estavam
sendo, efetivamente, executadas. É cediço que pessoas com deficiência, geralmente, estão em
posição de desvantagem na sociedade.
Nesta toada, com a finalidade de não só dar visibilidade a essas pessoas, mas também
de visibilizar as mazelas sociais que os colocam nesta posição desvantajosa. Enquanto não se
pode atribuir responsabilidade ao Estado pela existência da deficiência, qualquer omissão no
sentido de amenizá-la, deve ser de conhecimento de toda a sociedade.
Na execução do trabalho, restou algum lapso quanto as dificuldades dos alunos em
sala de aula, no que concerne a “absorção” do que é ensinado. Se, por um lado, pessoas que
enfrentam e lidam apenas com deficiências físicas, não tem, necessariamente, um déficit
maior no ensino, ainda assim são prejudicadas pela arquitetura do ambiente, que exclui. Lado
outro, algumas crianças e adolescentes lidam com problemas invisíveis. Inexiste qualquer
indicativo físico de que uma pessoa tenha TDAH ou autismo. Neste sentido, as deficiências
estão alojadas no comportamental do indivíduo e, podem, muitas vezes passar despercebidas
ou não tratadas pela ausência do diagnóstico correto.
Quando selecionamos a instituição, dois alunos, foram apontados como “não
diagnosticados”. Todavia, não foram fornecidas outras informações, não sendo possível
afirmar que é por falta de interesse dos genitores ou responsáveis, se é pela falta de recursos e
escassez do Sistema Único de Saúde (SUS) ou se o diagnóstico estaria em andamento. A
ausência de diagnóstico obsta a procura pelo ensino adequado, já que, não seria nem mesmo
possível exigir do judiciário a tutela em específico, por inexistir prova da necessidade.
Há, uma dificuldade de se comunicar de forma clara e detalhada com os docentes, que
não dispõem de tempo para um acompanhamento mais profundo, embora, tenham se
disponibilizado a responder os questionários. Nesta toada, foram apuradas apenas alguns
problemas, quando, na verdade, podem existir muitos outros não identificados pelos
professores ou relatados, seja qual for a motivação.
A instituição escolhida foi a Escola Estadual Pedro Paulo Penido, localizada à Rua
Ronan Soares, nº 40, Bairro Floramar em Belo Horizonte/MG. Em relação a sua estrutura, a
escola possui rampas, corrimão, quadra, porém, os banheiros não possuem nenhum tipo de
acessibilidade, possuem degraus e não rampas, não possuem uma parte para cadeirantes.
Segundo a vice-diretora, já foi feito o pedido para a Secretaria da Educação, no início de
2022, porém, ainda não foi liberada verba para iniciar a reforma no banheiro.
Outrossim, a instituição possui uma sala para atender alunos com necessidades nos
contraturnos, essa sala possui maca (para atendimentos específicos), cadeira de rodas,
balança, e diversos tipos de jogos para poder trabalhar a mente dos alunos. Embora possua
diversidade e boa quantidade de materiais inclusivos, foi observado que estes não são
utilizados por todos os professores.
Na visita realizada no dia 17 de outubro de 2023, apurou-se que, o aluno Daniel, que é
cadeirante e possui outras enfermidades, tais como, o citado TDAH, estava com o braço
quebrado, em razão de uma queda sofrida no abrigo aonde vive.
Evidenciou-se ainda, que o aluno é acompanhado em sala por uma monitora. Todavia,
embora necessitasse do atendimento especializado, a monitora acompanhava também os
demais alunos, que não possuem necessidade deste atendimento. Foi observado que, a
monitora, deixa com o aluno o seu telefone, para que este se distraia, inexistindo materiais
didáticos para tais momentos.
A professora relata que o aluno é amigável, é solícito e gosta de ajuda-la, porém, ao
pedir que ele escreva ou “preste atenção”, torna-se agressivo. Aparentemente, se dá bem e
gosta da companhia dos colegas. Nos intervalos, é carregado pelos demais alunos para a
cadeira de rodas, levado a quadra da escola e acompanhado pela monitora.
Neste sentido, é preciso destacar que a escola carece de estrutura física adequada,
mas, principalmente, de pessoal qualificado, dentro e fora das salas de aulas para detecção de
problemas dos alunos com deficiência. Não foi relatado acompanhamento psiquiátrico ou
psicológico ao aluno Daniel, ainda que haja o diagnóstico do TDAH.
No questionário inicial, os professores que se dispuseram a responder as questões,
informaram que:
O envolvimento dos
A sua formação inclui técnicas
Tem alunos com deficiência ou responsáveis por esse
de aprendizagem
Professor transtornos (autismo, TDAH menor, igual ou maio
diferenciadas para esses
etc.)? Se sim, quantos? os alunos fora de
alunos?
condições?

Diretora. Ilma Francisco “26 alunos, nos turnos matutino Não possui habilitação para “Cada caso é um
Gonçalves. e vespertino.” trabalhar com pessoas com diretora não pode gen
deficiência. conduta de todos
Aproximadamente, 5
pais são negligentes
educação dos filhos.
casos de agressão por
alunos contra os pr
São três criança
deficiência para uma
de apoio.”

Mariane “Sim. Dois alunos com laudo e “Sim.” “Não. Assim que solic
um sem laudo.” comparecem. Nã
negligência ou falta de
dos pais”
Kátia. “Sim. Dois alunos com “Sim.” “Os pais, às vezes,
autismo.” preparados para ouv
filho tem transtorno.
muitos preferem não
ajuda e o tratamento
para cada caso”.

Em um adendo, a Profª. Kátia, relata que, em sua vasta experiência em escolas, já


observou em outras instituições, professores que criam obstáculos ao aprendizado das
crianças e adolescentes com deficiência, deixando de incentivar e demonstrando até mesmo
descaso. Ou seja, caso a criança tenha aprendido, “ok”, caso contrário, não se utilizam dos
recursos lúdicos disponibilizados pelas instituições de ensino, negando-lhes o direito ao
aprendizado. “Denuncia”, ainda, professores de apoio, que deixam de prestar auxílio aos
alunos que lhe foram designados, para “socorrer” os demais alunos que, em tese, não
necessitam de tratamento especializado, negligenciando aqueles que, comprovadamente
necessitam desse apoio.
A situação é preocupante, devastadora e até entristece, porquanto, em alguns casos,
não há um genitor que possa intermediar a solução ou buscar outros meios de sanar tais
problemas, como, aparentemente, pode ser o caso do aluno Daniel, que vive em abrigo.
Infelizmente, existem evidências esperadas de descaso, por parte dos genitores, do
Poder Público e dos próprios docentes, como é o caso do aluno Daniel, que é deixado de lado
para que o suporte seja prestado a alunos que não possuem dificuldades oriundas de uma
deficiência. O termo a ser utilizado nessa situação é a negligência, o próprio abandono. No
local aonde o aluno poderia ter acesso adequado à informação e ao processo de
aprendizagem, é abandonado com um telefone na mão, sem que se busquem outras causas
para o seu comportamento dito agressivo.
Infelizmente, não existem soluções óbvias ou céleres para solução dos problemas
apontados. Como sabido, a mera existência de um dispositivo legal, não garante sua
efetividade espontânea, existindo, por vezes, a necessidade de intervenção judiciária para
solucionar a controvérsia.
De modo geral, o trabalho nos trouxe uma ampla visão da realidade, que denota a
existência de um vão gigantesco entre as noções de Direito e Justiça. Evidencia-se a
desigualdade social existente no Brasil, que extrapola questões meramente financeiras e
relativas a classe social. Embora a escola pública seja sempre ou quase sempre associada a
famílias de baixa renda, está e deveria ser aberta a todos, independentemente de referida
classe.
Todavia, é de se esperar que pais com condições financeiras melhores, prefiram
inserir os seus filhos em instituições privadas de ensino, com estruturas melhores e mais
adequadas, ainda que não perfeitas. No entanto, os demais estão relegados a um ensino que é
deficiente, em muitos aspectos, especialmente aqueles que não possuam pessoas aptas a
defesa de seus interesses.

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