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A minha leitura a partir dos registros que pude captar da humanidade, seja através

da história, das ciências humanas e, obviamente, da Filosofia -, é de que o homem vem


permanentemente em uma espécie de movimento que se dá em dois atos: o de busca por
explicações para aquilo que se desconhece; e do conjunto de ideias ou princípios a que se
propõe defender.
Considero, primeiramente, o questionamento mais fundamental na trilha do homem
diante do desconhecido. Depois, conforme as respostas vão se estabelecendo, entendo que
ele acaba por acumular motivos, ou causas, às quais confronta-se continuamente.
A partir de então, o homem repete o ciclo por mais respostas e mais causas. Seja
pela boa causa, pela religião, por ideologias, pela pátria, liberdade, etc. Vejo, com isso, que
essas causas são como um fim em si mesmas e, para que elas se desenvolvam e se
completem, os indivíduos que as buscam têm de sofrer por elas. Estas causas intentam a
pulsão alheia para lhes servir. Logo, todas estas têm em si mesmas um egoísmo e elas
estão sempre em vantagem por atingirem seus fins.
No entanto, questionar é um livre exercício que o indivíduo possui. Uma forma de
operar o pensamento que é própria do homem. Perguntas particulares como “o que é real”,
“qual o sentido da vida” são questionamentos filosóficos. A partir disso, o homem começa a
construir para si uma trilha em busca da queda daquelas causas egoístas que o cercam.
Não obstante, passando a ver vantagens neste novo horizonte. Este exercício descerá como
um martelo em todas as outras causas coletivas dissipando-as, deixando apenas o indivíduo
consigo mesmo.
Uma vez isolado de tantas causas, o primeiro passo é conceber a si próprio como
sua causa. Saber que ele próprio é o seu tudo, o seu fim e motivo único; o criador de suas
metas, o criador de tudo; porém não o criador de boas e nem de más causas; ou da causa
humana, do belo, do justo, da verdade, liberdade e etc, mas o que é exclusivamente para si;
não a causa universal, mediante conceitos, mas uma singular, que é o próprio indivíduo.
Por conseguinte, nesse sentido, vejo que a Filosofia pode impulsionar o homem no
exercício desse movimento cíclico de derrubar causas externas que não condizem com sua
realidade, e a de produzir reflexões egoístas, libertárias, por uma causa maior: a causa de si
mesmo. Pois tais universalidades, conceitos e seus sentidos são como muros ante ao livre
exercício e ao autoconhecimento individual e, consequentemente, às atividades filosóficas.
É pertinente, também, que se dê automarteladas egoístas com intuito de não
procrastinar e não deixar-se virar um maciço concreto de causas externas que não lhe
pertence e engessa a autorreflexão.
Portanto, a Filosofia é este martelo, esta fundamental ferramenta de libertação para a
autonomia de pensamento e que, com as pancadas certas, vai moldando o indivíduo na
produção do egoísmo como fim único a causa de si mesmo.

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