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Autoria:

EMPODERAR - DESENVOLVIMENTO
ORGANIZACIONAL, SOCIAL, PROFISSIONAL E
PESSOAL, LDA

Lyhytterapiainstituutti Oy- Helsinki Brief


Therapy Institute
ÍNDICE

I-Introdução..................................................................................................................................4

II-Objectivos e Resultados esperados.............................................................................................8

III – Abordagem focada na solução ............................................................................................. 10

Introdução ............................................................................................................................................. 10

Princípios ............................................................................................................................................... 11

Estrutura do foco na solução ................................................................................................................... 13

Potenciais Grupos-Alvo ........................................................................................................................... 20

NEETs..................................................................................................................................................................................... 20

Migrantes, Refugiados e Requerentes de asilo ..................................................................................................................... 20

Sem-abrigo ............................................................................................................................................................................ 20

IV– Exercícios .............................................................................................................................. 23

V-Literatura adicional ................................................................................................................. 28

VI- Anexo.................................................................................................................................... 31

Materiais de apoio.................................................................................................................................. 31

Instruções para possível acreditação ....................................................................................................... 33


Introdução
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I- Introdução

O presente documento faz parte do projeto Solution4Inclusion (S4I), financiado pelo Erasmus+,
o S4I tem como objetivo promover a inclusão e integração em grupos desfavorecidos (e.g.,
migrantes; refugiados; Neets) através da promoção de competências dos colaboradores das
organizações que os apoiam, com auxílio de ferramentas de formação sobre a abordagem
focada na Solução.

A parceria S4I selecionou a abordagem focada na solução porque é eficaz, simples e funciona
como uma estrutura onde praticamente todos os objetivos, contextos e organizações podem
ser acomodados.

A profissão de assistente social é definida pela prática que busca o empoderamento e a


capacitação de pessoas oriundas de meios desfavorecidos. No entanto, muitas vezes este
objetivo não acontece na prática. Um princípio fundamental do trabalho social é dar voz às
pessoas que estão sujeitas à mudança social (Engen, Nissen & Uggerhøj, 2019). Ao orientar a
sua prática profissional para um exercício reflexivo e focado na solução, os grupos-alvo sentir-
se-ão atores da sua própria mudança. Com isso, os assistentes sociais crião oportunidades para
que os beneficiários participem na definição e no alcance dos seus próprios objetivos.

Para além deste documento, o projeto promoveu um evento de formação sobre foco na solução
para profissionais que apoiam pessoas de meios desfavorecidos, em Portugal, nos dias 15 e 16
de Maio em Lisboa. Se estiver interessado em receber mais formação sobre o tema, contacte
os parceiros do projeto, a LTI, na Finlândia, e a Empoderar, em Portugal.

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Tendo em conta estes objetivos, a S4I tem os seguintes grupos-alvo:

1. Organizações
• Centros de apoio a jovens
• ONGs
• Centros de apoio para migrantes
• Centros de emprego

2. Técnicos
• Assistentes sociais
• Psicólogos
• Mentores
• Coaches

3. Grupos marginalizados
• NEETs
• Migrantes
• Refugiados
• Pessoas desempregadas

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Sobre as organizações:

é uma empresa de formação e consultoria de adultos, que


utiliza a ciência psicológica para promover o bem-estar e a eficácia na
sociedade, nas organizações e nos indivíduos. A equipa de consultores tem
experiência na promoção de experiências positivas em diferentes
contextos. Com uma equipa formada em Psicologia, com uma extensa
prática de intervenção, que alia este conhecimento a outras áreas de
especialização, permite-lhes criar soluções eficazes em diversas situações.

foi fundada em 1986 e é a organização líder


na Finlândia na formação na abordagem focada na solução. O programa
de formação em psicoterapia de quatro anos é organizado em colaboração
com a Universidade East-Finland. Além do longo programa de formação,
também oferece workshops e formações mais curtos em terapia focada na
solução e coaching, tanto na Finlândia como internacionalmente. Nos
últimos anos, desenvolveram atividades, na Suécia, Noruega, Dinamarca,
Holanda, Alemanha, Suíça, Espanha, Grã-Bretanha, Brasil, Islândia, Rússia e
China.

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Objectivos e Resultados esperados

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II -Objectivos e Resultados esperados

As presentes linhas orientadoras procuram dar ao leitor uma introdução à abordagem focada
na solução, especificamente, para fornecer diretrizes sobre como intervir, utilizando a
abordagem focada na solução, para promover a integração.

A abordagem focada na solução é uma abordagem focada em objetivos e baseada na evidência,


que incorpora princípios e práticas da psicologia positiva. Ajuda os utentes a potenciar a
mudança, dando soluções em vez de haver foco nos problemas. O foco na solução, semelhante
à psicologia positiva, valoriza os sucessos, e capacita os indivíduos a orientarem-se na direção
dessas conquistas.

A abordagem focada na solução, quando aplicada de forma eficaz, pode mudar a perspetiva dos
destinatários sobre a sua situação, e ajuda a adotar uma visão mais positiva e produtiva, focada
nos seus objetivos. Com essa abordagem, o profissional pode orientar o destinatário a ter uma
ideia melhor dos seus objetivos, reconhecer as suas competências, e oportunidades para
alcançar um resultado positivo desejado.

Para atingir este objetivo, vamos descrever os princípios desta abordagem; descrever as etapas
a seguir numa intervenção focada na solução; o contexto de utilização; e uma descrição de um
exercício de abordagem de foco na solução.

Dito isto, as seguintes orientações procuram:

Auxiliar profissionais a
utilizar uma
abordagem focada na
solução

Promover inclusão de
forma mais eficaz em
população provinda de
contextos vulneráveis

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Abordagem focada na solução

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III - Abordagem focada na solução

Introdução

Esta abordagem surgiu da terapia breve focada na solução, criada por Steve De Shazer e Insoo
Kim Berg, no início de 1980.

Esta abordagem psicoterapêutica centra-se no futuro desejado dos utentes, e não no passado,
por vezes atordoado. Procura os resultados desejados e capacita os utentes a alcançá-los, em
vez de se concentrar no problema ou na sua origem.

Este tipo de intervenção não é usado apenas em contextos terapêuticos, mas também em
situações não terapêuticas (e.g., comunicação entre: professores e alunos; casais; assistentes
sociais e utentes; etc).

Os terapeutas focados na solução, Ben Furman e Tapani Ahola, além da intervenção terapêutica,
começaram a aplicar os mesmos princípios no contexto não terapêutico. Alguns exemplos são:
um programas de formação para empresas e organizações que procuram construir equipas mais
eficientes e coesas; e um programa específico para crianças – “Eu sou capaz”.

Neste documento, abordamos os princípios do foco na solução, a descrição das etapas de uma
abordagem de foco na solução e alguns contextos de intervenção.

Não é um documento de formação psicoterapêutica. É um documento de formação com


orientações sobre como intervir eficazmente utilizando a abordagem focada na solução, na
promoção da integração.

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Princípios

Esta abordagem terapêutica teve o seu início empírico como uma análise da linguagem, em que
os autores (De Shazer, Insoo Berg e a sua equipa) analisavam que tipo de comunicação, palavras
e ações eram vistos como úteis nas sessões de terapia (Lipchik, Derks, LaCourt e Nunnally, 2012).

Esta intervenção tem os seguintes princípios.

Centrada no utente

A intervenção é centrada no utente, com foco nos seus pontos


fortes. O papel do profissional é ajudar o utente a identificar
estes pontos fortes e a criar um objetivo. O diálogo é
cooperativo e não instrutivo, não deve ser uma prescrição de um
objetivo, mas sim a sua cocriação.

Focada nos recursos

Através do diálogo, o profissional convida o utente a identificar


quando teve sucesso, ou quando conseguiu atingir um objetivo por
ele estabelecido. E como é que o atingiu e qual foi o seu papel. Se
forem identificados passos na direção do objetivo, devem ser
sublinhados e valorizados. Isto irá ajudá-los a reconhecer as suas
competências. A identificação de recursos externos também é
importante nesta etapa (e.g., quem o pode ajudar? quem pode ser
o seu grupo de apoio?).

Motivação e Confiança

Durante a descrição das suas conquistas, e quando os passos


feitos na direção certa são identificados, os utentes devem ser
valorizados. Não só através de elogios, mas também falando e
ajudando o utente a identificar o que fez certo. Isto ajuda a
promover a motivação e confiança. Este passo é
complementado pela análise com o utente sobre as suas
experiências positivas.

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Orientado para os objetivos

Os utentes são incentivados a identificar os seus objetivos, o


que gostariam de alcançar. Perguntas como: “O que seria um
bom resultado para si e porquê?” podem ser úteis. Como foi
anteriormente mencionado, trata-se de um diálogo co
construído e não de uma imposição. O profissional pode ajudar
o utente a identificar, ou reformular, objetivos mais úteis e
realistas. Não deve ser uma conversa unidirecional sobre quais
devem ser os seus objetivos. Depois da identificação de
recursos, e de potenciar confiança no utente, este deverá sentir
que o objetivo é mais concreto e atingível.

Orientado para o futuro

Uma intervenção não só promove uma identificação do


objetivo, mas também convida o utente a sonhar, a pensar
positivamente no futuro, como será bom alcançar esse objetivo.
Pode parecer um simples exercício de imaginação, mas se nos
lembrarmos que a depressão e outros estados psicológicos
extremos incorporam uma sensação de desespero, de não ser
capaz de pensar positivamente no futuro, este tipo de
atividades pode dar uma perspetiva diferente.

Orientado para ações

Esta abordagem centra-se na definição de objetivos; ajudar


um utente identificar o que pode ser feito; e por fim organizá-
lo num plano. Ajuda também a incentivar a identificação de
medidas para alcançar estes objetivos. Este foco na ação não
só capacita o utente sobre o que ele pode fazer, mas também
o ajuda a melhorar a sua perceção de controlo, o que levará a
uma maior motivação.

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Estrutura do foco na solução

Os princípios de uma abordagem de foco na solução, regem-se por vários passos distintos.

Os passos descritos são uma possível estrutura para intervenção, e devem considerar identificar
os recursos do utente, cocriar um objetivo a ser alcançado, identificar os passos que podem ser
dados para alcançá-lo e promover a confiança e motivação da(s) pessoa(s).

Para as próximas atividades, o utente deverá ter um papel e uma caneta para que as pessoas
escrevam e desenhem. Outra alternativa pode ser o próprio profissional a escrever/desenhar
por eles.

Estas atividades podem ser feitas individualmente ou em pequenos grupos.

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1 – Recursos e objetivos

Recursos
Este será o primeiro passo da intervenção, cujo objetivo é identificar os recursos das pessoas,
Faça as seguintes perguntas para ajudar o(s) utente(s) a identificar os seus pontos fortes e
conquistas passadas.

Primeiro, deverá fazer as seguintes perguntas aos utentes:

• O que gosta de fazer?


• Em que aspetos é elogiado?
• Que atividades lhe dão energia?
• Do que mais se orgulha?

Objetivos
Em segundo lugar, deve perguntar aos utentes o que estes gostariam de mudar e o que seria
um bom objetivo futuro para eles?

Deve considerar algumas boas práticas. Por exemplo, se o futuro é mencionado num tom
negativo (e.g., “Eu não quero sentir-me assim"), deve convertê-lo para algo mais positivo (e.g.,
"Então, quer sentir-se melhor?").

Os objetivos devem ser co construídos e não impostos. Se o utente tiver vários objetivos,
pergunte qual gostaria de trabalhar primeiro. Se houver dúvida sobre qual o objetivo a ser
escolhido, ajude o utente a identificar o objetivo que pode ter o maior impacto, para identificar
o mais importante e relevante para a pessoa.

Depois de definir o objetivo, pode convidar o seu utente a sonhar com um futuro bem-sucedido,
em que os objetivos tenham sido alcançados. Vai fazer perguntas sobre esse futuro. O utente
deve fazer uma descrição completa.

Este é um exercício de imaginação. Não salte para o planeamento e para os passos concretos
que precisam de ser feitos, deixe a pessoa SONHAR.

Para recolher mais informações sobre o sonho, para aumentar as informações sobre o mesmo,
pode utilizar a pergunta "O que mais me pode descrever?" várias vezes, até o utente não ter
mais informações para acrescentar.

Outra maneira de obter mais informações e ajudar o utente a pensar num futuro positivo é
perguntar algo como: “O que é que a sua família / amigos / colegas notariam de diferente?”

Também pode criar uma ligação aos recursos e informações positivas que obteve na primeira
parte do exercício para perguntar à pessoa: "como é que esses pontos fortes/recursos serão
úteis para a realização do seu sonho".

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2- Redes de apoio

Nesta fase haverá um maior foco nas pessoas e recursos que podem ajudá-los. Faça perguntas
como: “Quem pode ajudá-lo a alcançar seus objetivos?”; “Quem o apoiará?”

Para identificar recursos mais úteis para alcançar os objetivos da pessoa, pode recorrer à
pergunta: "Quem mais o/a pode ajudar?". Tente identificar o maior número possível de
recursos.

Finalmente, para compreender que recursos são benéficos, deve perguntar: "Como é que cada
indivíduo e/ou organização poderá ajudá-lo/a alcançar o seu objetivo?"

Deixe a pessoa analisar a sua rede de contactos. Mesmo que a pessoa não consiga identificar
apoio, pode falar sobre a sua organização e outras entidades que possam ajudá-lo/a alcançar o
seu objetivo.

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2- Benefícios e planeamento

Nesta etapa vai:

Explorar o impacto positivo do sonho em diferentes contextos da


vida

Comece por perguntar:

• Que benefícios esse objetivo trará à sua vida?


• Porque é que isto é benéfico para si?

Valorize o impacto positivo que terá na vida dessa pessoa. Continue a perguntar sobre o
impacto nas pessoas próximas ao utente. Quanto maior o impacto positivo, maior será a
motivação para chegar ao objetivo.

Continue a potenciar a confiança da pessoa

Quando a pessoa falar sobre os objetivos e o impacto positivo associado, reforce afirmando que
acredita que ela consegue atingi-los. Deve orientar-se pelos recursos já identificados no primeiro
exercício.

Planeie os próximos passos

Depois de ter uma ideia clara de quais são os objetivos, pode começar a trabalhar com seu
utente: o que deve acontecer para que esse sonho se torne realidade e, com isso, ambos podem
cocriar metas e identificar etapas orientadas para essas metas. Depois disso, deve criar uma
maneira de identificar se a pessoa está a dar os passos na direção desses objetivos. Vai
segmentar o sonho em passos mais pequenos e atingíveis, e decidir como avaliar o progresso.

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4 - Reforço da confiança

Nesta etapa vai rever tudo o que se discutiu até o momento: o sonho; o objetivo; o plano para
atingir esse objetivo; as diferentes etapas; as etapas concluídas; e a rede de apoio.

Depois disso, deve expressar confiança na pessoa, utilizando afirmações como:

“Eu acredito que consegue fazer isso!"


As suas afirmações devem ser seguidas de uma justificação. Pode usar os pontos fortes e
conquistas identificadas no primeiro exercício. Ou até pode-se basear na sua “intuição”, que foi
construída durante o trabalho com seu utente.

É sempre melhor usar uma justificação verdadeira. No entanto, se não tiver uma justificação
concreta, pode usar algumas das seguintes afirmações:

"Eu acredito em si."

"Eu consigo ver que você é uma pessoa que concretiza o que

afirma..."

“A maneira como fala inspira-me confiança”

“Tenho a sensação de que será bem-sucedido.”

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5- Celebração

Nesta etapa final, você e o seu utente devem comemorar a conquista do objetivo. Nesta fase,

peça ao utente para imaginar como se tivesse atingido o seu objetivo.

Pode fazer as seguintes perguntas:


"Vamos imaginar que conseguiu chegar ao seu objetivo. O que notaria de diferente?"

"Parabéns! Como fez isso? Quem o ajudou?"

"E depois de chegar ao seu objetivo. Como vai comemorar? Quem, onde, quando? Quem vai
ser convidado para a festa de comemoração?"

“Como reagiram as pessoas à sua volta?"

Pode pedir ao seu utente que prepare um discurso. Neste discurso devem falar deste momento,
o que significa para eles, e devem agradecer às pessoas que o ajudaram, explicando também
como o ajudam.

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5- Sessões de acompanhamento

Nas sessões de acompanhamento, concentre-se no que mudou. Pode usar a escala de 1 a 10


para identificar como está a pessoa em relação ao seu objetivo. E pode usar essa pergunta
semanalmente. O que mudou? Elogie cada passo na direção certa, faça perguntas sobre o que
correu bem e menos bem, e como essa pessoa pode melhorar.

1- Recursos e objetivos

2- Rede de apoio

3- Benefícios e plano

4- Reforçar a confiança

5- Celebração

6- Acompanhamento

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Potenciais Grupos-Alvo
NEETs
Neste contexto, faz sentido que o sonho esteja relacionado com a
integração no mercado de trabalho. Desta forma, quando se
pedem objetivos e sonhos, deve focar-se em conteúdos
relacionados com o trabalho. Mas o impacto positivo desse sonho
ultrapassará o contexto laboral, e a discussão sobre este impacto
será importante para desenvolver motivação. O procedimento é
muito adaptável a esta situação, explorando quais são as suas
competências, as suas experiências anteriores de trabalho e
experiências de formação, as suas conquistas, o que precisam de
fazer para atingir o seu objetivo, e quais os passos que foram dados
na direção certa. Ajudar pessoas que podem não ser capazes de
sonhar com um futuro melhor pode fazer a diferença.

Migrantes, Refugiados e Requerentes de asilo


Neste este contexto, tal como no seguinte, a intervenção deve estar
ligada a outros sistemas de apoio. É importante responder a
necessidades mais concretas e essenciais antes de se pedir uma
reflexão do futuro. Por exemplo, se procura alimentação, ou não tem
casa, não terá como prioridade pensar num futuro mais a longo-prazo.
Ações urgentes, como ter um lugar para ficar; ou aprender a língua do
novo país, terão prioridade antes deste tipo de intervenção.

Algumas pessoas foram sujeitas a situações traumáticas, e isso deve


ser considerado. Embora existam abordagens focadas na solução para
lidar com o trauma, este documento, não foi criado com esse objetivo.
Depois de cumpridos os princípios básicos, este tipo de intervenção
será benéfico para os ajudar a imaginar um futuro melhor, identificar
competências, recursos, objetivos e formas de os alcançar.

Sem-abrigo
Mais uma vez, é importante que se responda a necessidades mais
concretas e essenciais antes de pedirmos que pensem no futuro. As
pessoas devem sentir-se o mais confortáveis possível para poderem
beneficiar de uma intervenção como esta. Esta intervenção pode ser
usada para ajudar a pessoa a imaginar um futuro melhor, para
compreender que passos podem ser dados, o que depende deles e que
boas práticas e ações de sucesso já realizaram.

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Palavras-chaves

Abordagem com foco na solução - centra a sua atenção no futuro desejado dos utentes, e não
no passado. Procura os resultados desejados e capacita os utentes a alcançá-los, em vez de se
concentrar nos problemas ou nas suas causas.

Orientada para objetivos - esta abordagem é orientada para objetivos mais úteis e realistas
dos utentes. Envolve estabelecer ou reformular objetivos.

Orientada para a ação- Esta abordagem centra-se em ajudar o utente a identificar o que pode
ser feito, e organizar um plano, incentivar ações para alcançar seus objetivos. Este foco na ação
não só capacita o utente sobre o que este pode fazer, mas também ajuda a aumentar a sua
perceção de controlo, o que levará a uma maior motivação e aumentará a probabilidade em
envolver-se no processo

Focado em Recursos – Através do diálogo, o profissional convida o utente a identificar quando


teve sucesso, ou a lembrar-se quando foi bem-sucedido numa tarefa, e qual foi o seu papel
nessa conquista. Se forem identificados passos na direção certa, eles devem ser elogiados. Isto
realça as suas competências. A identificação de recursos também inclui recursos externos-
quem pode ajudá-los, quem pode ser um grupo de apoio

Orientada para o futuro- A intervenção não só promove a identificação do objetivo, mas


também convida o utente a sonhar, a pensar positivamente sobre o futuro. Pode parecer um
mero exercício de imaginação, mas se pensarmos que a depressão e outros estados psicológicos
extremos envolvem uma sensação de desespero, de não ser capaz de pensar positivamente no
futuro, este tipo de exercício pode potenciar uma perspetiva diferente.

Inclusão- "é o processo de melhorar as condições em que indivíduos e grupos participam na


sociedade – melhorando a capacidade, oportunidade e dignidade das pessoas provindas de
contextos desfavoráveis, com base na sua identidade" (Banco Mundial, 2023)

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Exercícios
IV– Exercícios

Promova um sonho - Introdução

Neste exercício irá focar-se num sonho do seu utente, ou de um grupo de utentes. O objetivo é
permitir que este imagine um futuro desejado. Este futuro desejado pode variar e pode ser
adaptado a diferentes contextos de vida.

Ao ter uma ideia de qual é o futuro desejado de uma pessoa, as metas podem ser estabelecidas.
Este é o pilar da intervenção. Sem metas, não há mais etapas. Dito isto, primeiro precisa de
planear estes passos com o seu utente. Depois, é possível identificar o que precisa de ser
trabalhado, mudado e melhorado.

Mas há outros benefícios de ter um sonho. Um deles já foi mencionado neste documento, que
é ter uma visão positiva do futuro, como um oposto de um sentimento de desespero. Para um
bem-estar mental é importante ter uma visão positiva do futuro.

Quando existem grandes obstáculos na vida (e.g., perder uma pessoa significativa; perder um
emprego; ser forçado a ser refugiado ou requerente de asilo; ser sem-abrigo), pode não haver
uma imagem de um futuro desejado. É importante criar gradualmente uma alternativa positiva
para o futuro.

Preparação
Precisa de ter um lugar que seja o mais calmo e confortável possível para que o utente consiga
imaginar um melhor “sonho” /objetivo. Este exercício pode ser usado com qualquer pessoa, de
qualquer origem, desde que seja adaptado às situações específicas.

Pode ajudar o utente ter uma folha de papel e uma caneta, para que possam tomar notas e/ou
desenhar.

A duração pode variar de acordo com a descrição do sonho. No entanto, para efeitos de gestão
de tempo, conte com cerca de 30 minutos.

Processo
individual
Permita que o utente sonhe. Peça-lhe para imaginar um futuro (e.g., dentro de 6 meses; 1 ano;
5 anos) onde ele / ela está feliz com sua própria vida. Apesar dos tempos difíceis passados, o
utente estará num ponto da sua vida que se sente satisfeito consigo mesmo. Os problemas já
passaram e/ou estão muito melhores. Está a desfrutar da sua vida, a nível profissional e/ou
académico e pessoal. Dê tempo para que o utente consiga realmente imaginá-lo. Peça-lhes que
analisem bem o seu sonho. Pergunte-lhes: "Onde está?"; "Onde está a trabalhar/estudar?”; “Em
que tipo de organização está a trabalhar?”; “Onde mora, no seu sonho?”; “Descreva o seu dia”.

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Peça-lhe que descreva o seu sonho no presente, com o máximo de detalhes possível. "Quão
diferente é a vida a partir de agora?"

Para um grupo
Pode fazer o mesmo exercício em grupo. Dê as instruções do exercício ao grupo e, em seguida,
oiça ou leia os sonhos do grupo. Mas precisará de verificar os sonhos individuais, e
provavelmente também precisará de orientar individualmente a trajetória desde o sonho até o
seu objetivo.

Se o seu grupo é uma equipa que trabalha em conjunto, e o objetivo é melhorar a eficácia ou o
bem-estar da equipa, (e.g., uma equipa da sua Organização), pode usar algo como:

"Vamos todos imaginar um futuro em que foram feitas mudanças na nossa equipa para o melhor
e, em seis meses, temos uma reunião de acompanhamento onde estamos satisfeitos com as
melhorias. O que dizemos uns aos outros? O que mudou? Como? O que se manteve igual? Que
medidas tomámos para conseguir esta mudança?"

Próximos passos
Depois de ter uma ideia clara do sonho, pode começar a trabalhar com o(s) seu(s) utente(s): “o
que tem de fazer para que esse sonho se torne realidade?” Com esta pergunta, você e o(s) seu(s)
utente(s) podem cocriar metas e passos que precisam de ser dados para atingir esse sonho.
Depois disso, deve criar uma maneira de identificar se a pessoa está efetivamente a dar os
passos em direção aos objetivos pretendidos.

Possíveis obstáculos e maneiras de superá-los


E se o sonho for completamente irreal, ou se levantar questões éticas?

Avaliar se um sonho é realista pode ser uma tarefa difícil. Existem inúmeros casos em que se
atinge objetivos que inicialmente pareciam irrealistas. No entanto, alguns objetivos podem ser
claramente impossíveis. Se o alcance desse objetivo é mesmo impossível, recomenda-se que
tente direcionar a conversa para sonhos mais simples. Pode usar algo como:

- Acha que isso é realista?

-Esse sonho é um bocado ambicioso, pode ser difícil alcançá-lo, talvez seja melhor começar com
algo simples. Que objetivo precisaria de alcançar para chegar a esse sonho maior? Se tiver
sonhos mais simples, será mais fácil alcançá-los;

Dividir o sonho em etapas mais pequenas é uma das atividades centrais da intervenção focada
na solução. Também pode ser mais benéfico para o utente, uma vez que é mais fácil ver
resultados com sonhos mais modestos.

Se o objetivo levanta questões éticas, pode perguntar que outros sonhos essa pessoa tem. Pode
até explicar que o sonho levanta algumas questões.

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Se o sonho parecer inadequado, pode lembrar à pessoa que o sonho deve estar relacionado com
seu contexto (ou seja, o sonho deve estar relacionado com o foco de a sua intervenção com
utente).

Considere que essas etapas de "reformulação" são para casos em que surgem problemas éticos,
ou metas irrealistas são escolhidas. O princípio centrado no utente e a co construção do sonho
e de metas devem ser respeitadas, se possível.

E se o sonho diz respeito apenas à ação dos outros, ou estiver fora do meu controlo?

Se o sonho é muito dependente de fatores externos, deve ser orientado para se focar nas ações
do próprio. Deve tentar algo como:

- "Esse é um sonho bom/bonito/nobre, mas não depende apenas de si. Você pode manter e
nutrir esse sonho, mas os sonhos que podemos trabalhar são aqueles que dependem
principalmente de si. É com isso que podemos trabalhar. Talvez possamos nos informar sobre
os passos que precisa de dar para estar preparado quando essa oportunidade surgir. Ou talvez
queira tentar concentrar-se num sonho diferente."

E se a pessoa ou grupo, não souber/souberem qual é o seu sonho?

Isso pode acontecer, ou porque o utente pode não ter uma ideia clara, ou mesmo porque
ele / ela se recusa a ter esperanças num futuro positivo, para evitar a deceção.

Se receber a resposta "Eu não sei", deve ser persistente de forma educada e pode até
reformular as suas perguntas, Por exemplo:

-Onde gostaria de estar daqui a 1 ano?

- Não sei.

-Não é fácil, mas pense um pouco sobre isso.

Pode seguir com muitas perguntas diferentes sobre o tema.

- Onde gostaria de trabalhar?

- Que tipo de trabalho?

- Onde gostaria de estar?

-Que tipo de atividades o deixariam mais feliz?

Também pode reformular a primeira pergunta:

- Imagine que passou 1 ano (escolha um mês e um dia) e está a sorrir. Porque está a
sorrir? O que estaria diferente.

E se o utente ou o grupo quiser falar sobre outras coisas?

A pessoa à sua frente pode ter a necessidade de falar sobre outros temas, e não sobre o futuro.
Embora provavelmente tenha tempo limitado, deve dar um tempo para a pessoa “desabafar”.

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Depois disso, pode usar o que foi dito de forma positiva. Algo como "Eu sinto-me perdido", pode
ser transformado numa pergunta como, "Então, você gostaria de saber o que quer fazer?", ou
"Para onde quer ir?”; ou, “Portanto, gostaria de se sentir melhor?”.

Se houver uma grande resistência em falar sobre o futuro, explicar o processo da intervenção
pode ajudar. "Isto pode parecer estranho, mas vou pedir-vos que imaginem um futuro desejado.
Isto ajudar-nos-á a trabalhar em conjunto, porque teremos uma ideia para onde direcionar a
conversa. O que acham?"

E se eu estiver a trabalhar com um grupo e eles tiverem visões diferentes do futuro?

Quando isto acontece, pode levar algum tempo para encontrar um sonho consensual. Pode
tentar encontrar o que é coerente entre os diferentes sonhos, ou se algumas características
podem ser compatíveis.

Por exemplo:

"Penso que devíamos ter encontros todas as semanas para podermos cooperar melhor" e
"Penso que temos demasiadas reuniões e isso distrai-nos de trabalhar melhor". Entre estes dois,
uma sugestão de "Então todos querem tornar-se mais eficientes no seu trabalho?" ou "Vocês
querem cooperar melhor, certo?"

Outra opção é trabalhar com dois sonhos diferentes, mas todas as partes devem trabalhar no
que seria satisfatório para elas nesses sonhos diferentes.

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Literatura adicional
V-Literatura adicional

Esperamos que já esteja familiarizado com os conceitos básicos, as formas de intervenção e os


possíveis contextos da abordagem focada na solução. Para aumentar o seu conhecimento e
eficácia da intervenção, pode contactar os parceiros do projeto Empoderar e LTI para mais
formações, coaching e informações adicionais. Deixamos-lhe também alguma bibliografia
complementar.

https://benfurman.com/WP2/

https://www.brief.org.uk/resources/brief-practice-notes/reading-guide

https://www.youtube.com/c/BenFurmanTV/playlists

https://benfurman.com/WP2/books/

https://courses.benfurman.com

A maior parte da investigação realizada, no que diz respeito à abordagem focada na solução,
decorreu num contexto terapêutico. Se está interessado em estudos sobre intervenções
focadas em soluções, pode consultar os seguintes artigos:
Beyebach, M. (2014). Change factors in solution-focused brief therapy: A review of the Salamanca studies.
Journal of Systemic Therapies, 33(1), 62–77.

Bond C, Woods K, Humphrey N, Symes W, Green L. Practitioner Review: The effectiveness of solution
focused brief therapy with children and families: a systematic and critical evaluation of the literature from
1990-2010. J Child Psychol Psychiatry. 2013;54(7):707-723. doi:10.1111/jcpp.12058

Carr, A., Hartnett, D., Brosnan, E., & Sharry, J. (2017). Parents plus systemic, solution-focused parent
training programs: Description, review of the evidence base, and meta-analysis. Family Process, 56, 652-
668.

Corey G. Theory and practice of counseling and psychotherapy. 10th ed. Cengage Learning; 2016.

de Shazer S. Clues: Investigating solutions in brief therapy. W. W. Norton & Co; 1988.

Eads, R., & Lee, M. Y. (2019). Solution Focused Therapy for trauma survivors: A review of the outcome
literature. Journal of Solution-Focused Practices, 3(1), 9

Franklin, C., Zhang, A., Froerer, A., & Johnson, S. (2017). Solution-focused brief therapy: A systematic
review and meta‐summary of process research. Journal of Marital and Family Therapy, 43(1), 16-30.

Froerer, A., von Cziffra-Bergs, J., Kim, J., & Connie, E. (Eds.). (2018). Solution-focused brief therapy with
clients managing trauma. Oxford University Press.

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30
.

VI- Anexo

Materiais de apoio

Os seguintes instrumentos podem ajudá-lo a utilizar a abordagem focada na solução.


Salientamos que a utilização destes instrumentos deve seguir uma abordagem pedagógica que
respeite os princípios descritos neste documento, tais como: estar focado no utente, orientado
para os objetivos, orientado para o futuro, centrado nos recursos, promover a motivação e a
confiança para agir.

Para recordar estes princípios, pode utilizar a seguinte lista de verificação para si próprio.

Eu tenho uma intervenção…

• Centrada no utente.

• Centrada no objetivo

• Focada no futuro

• Focada nos recursos

• Que promove a motivação e a confiança

Outro método eficaz é a utilização de perguntas de escala (e.g., "Quão perto sente que está dos
seus objetivos?"), em ajudará a ter uma ideia de quão perto o utente está do seu objetivo. Mas
esta não é a única vantagem da utilização de uma escala. Também pode utilizá-la para refletir
sobre a diferença entre o número imediatamente abaixo e acima do número escolhido pelo
utente. Utilize perguntas como: "O que é que conseguiu ou porque é que não sente que está no
número abaixo?"; "Como é que sabe que está num número acima?". Esta última pergunta
também ajudará a destacar o que foi feito e o que ainda precisa de ser melhorado.

Pode também utilizar uma escala escrita para o ajudar.

1 2 3 4 5 6 7 8 9

31
Crie gráficos utilizando os dados recolhidos durante as sessões.

Categorize a informação em casas.

Pode resumir a informação de diferentes formas, como por exemplo: em círculos, quadrados, cruzes ou
casas. Segue-se um exemplo de compilação da informação em casas. Pode, por exemplo, utilizar algo
como o desenho seguinte. Onde os pontos fortes do utente seriam escritos, fazendo desta a casa dos
pontos fortes:

32
Instruções para possível acreditação

Se pretender utilizar este material como parte de um evento de formação, considere a potencial
acreditação dos seus conteúdos. Existem muitos sistemas de acreditação, cujo objetivo é
promover a transparência e, por conseguinte, a comparabilidade e a mobilidade entre diferentes
regiões e setores educativos. Este sistema facilita a ligação do ambiente de aprendizagem
através da acreditação e do reconhecimento de competências e qualificações. Para além dos
diferentes sistemas de acreditação aqui descritos, considere também as suas opções nacionais.

2.1 - ECVET - Sistema Europeu de Créditos do Ensino e Formação Profissionais. Foi criado pela
União Europeia no contexto dos programas de ensino e formação profissional (EFP) em
diferentes países.

O sistema ECVET permite o reconhecimento das qualificações do ensino e formação


profissionais (EFP) a todos os níveis no âmbito do Quadro Europeu de Qualificações, tornando
os formandos mais móveis nos vários sistemas de ensino. Facilita a transferência de
qualificações, abrangendo os resultados de aprendizagem obtidos em contextos formais, não
formais e informais, tanto no país de origem do formando como no estrangeiro.

O quadro está estruturado com base em diferentes unidades de resultados de aprendizagem,


tornando a avaliação e a validação mais acessíveis. As especificações e os princípios técnicos são
utilizados tendo em conta a legislação e os regulamentos nacionais, para garantir uma
abordagem uniforme.

Além disso, o ECVET considera as experiências e histórias de aprendizagem individualizadas,


incluindo experiências de mobilidade transnacional. O seu principal objetivo é ajudar os alunos
do EFP a reunir os seus resultados de aprendizagem avaliados, a reconhecê-los e a permitir a
transferência desses resultados entre diferentes sistemas. Por fim, este processo conduz à
obtenção de qualificações específicas e facilita as oportunidades de aprendizagem contínua dos
indivíduos.

Para determinar os pontos de crédito ECTS adequados para o curso de formação, deve ser
efetuada uma análise detalhada. Durante este processo, a duração estimada para cada capítulo
deve ser avaliada, tendo em consideração as características do grupo-alvo, incluindo a
identificação de prováveis limitações que possam significar mais tempo necessário.

No sistema ECVET, os pontos de crédito são atribuídos com base na duração do trabalho do
curso. Cada ponto de crédito ECVET equivale a 25 a 30 horas de trabalho do curso. Esta
abordagem oferece flexibilidade, permitindo variações no tempo efetivo necessário para os
utentes concluírem o curso, sem deixarem de receber o mesmo número de créditos ECVET.

Ao utilizar este sistema de pontos de crédito adaptável, o curso de formação pode responder às
necessidades e circunstâncias de aprendizagem individuais, permitindo que todos os formandos
beneficiem do reconhecimento adequado dos seus resultados, independentemente do tempo

33
que demoram a concluir o curso. Esta flexibilidade promove uma experiência de aprendizagem
mais inclusiva e eficaz para os utentes.

2.2 -EQF - Quadro Europeu de Qualificações: fornece um sistema de referência comum para as
qualificações em toda a Europa. Relaciona os diferentes quadros nacionais de qualificações, com
um quadro de referência europeu comum, facilitando a comparação e a compreensão das
qualificações.

O EQF recorre a oito níveis de referência diferentes, que vão de 1 (o mais baixo) a 8 (o mais alto),
para classificar as qualificações com base nos resultados de aprendizagem alcançados em cada
nível. Estes resultados de aprendizagem descrevem os conhecimentos, as aptidões e as
competências que os indivíduos adquirem após a conclusão de unidades ou contributos de
aprendizagem específicos.

O quadro engloba as qualificações de vários sistemas de educação, formação e escolaridade,


proporcionando uma visão global e um resumo das qualificações nos países utentes. O seu
principal objetivo é facilitar a comparabilidade das qualificações entre os diferentes países
europeus e os seus sistemas educativos.

Ao tornar as qualificações mais compreensíveis e comparáveis, o EQF apoia a aprendizagem


continua e promove a mobilidade internacional entre os países europeus. Este facto beneficia
os formandos e os trabalhadores de toda a Europa, uma vez que promove transições sem
descontinuidades entre sistemas educativos e facilita o reconhecimento de aptidões e
competências adquiridas em diferentes países.

Para calcular o nível do EQF, é necessário compreender os diferentes níveis de referência e


compará-los com o conteúdo da formação. Eis alguns passos para calcular o nível EQF de uma
qualificação.

-Conhecer os níveis de referência do EQF: Cada nível reflete um conjunto específico de


resultados de aprendizagem e competências.

-Reconhecer os resultados de aprendizagem: Analisar os resultados de aprendizagem da


qualificação a ser avaliada. Os resultados de aprendizagem descrevem o que um formando sabe
e pode fazer depois de completar um processo de aprendizagem.

- Escolher o nível do EQF mais adequado: Com base em análise e comparação, determinar o nível
do EQF que melhor se alinha com os resultados de aprendizagem da qualificação. Selecionar o
nível que mais se aproxima dos conhecimentos, aptidões e competências esperados de um
formando após a conclusão da qualificação.

Para assegurar o reconhecimento no quadro do EQF e a comparabilidade com outras


qualificações nos países europeus, é necessário documentar o nível do EQF juntamente com a
qualificação.

Quando necessário, considere referenciar a qualificação ao quadro nacional de qualificações


relevante, caso exista, uma vez que alguns países têm os seus próprios quadros que se alinham

34
com o EQF.

Em conclusão, embora o cálculo do nível do EQF possa exigir uma avaliação rigorosa, seguir estes
passos e procurar orientação junto das autoridades competentes ou dos centros de
reconhecimento de qualificações pode ajudar a obter uma atribuição precisa e fiável do nível do
EQF.

35
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