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FACULDADE FLEMING

TUIZA TELMA DOS SANTOS

PSICOPEDAGOGIA E INCLUSÃO SOCIAL: INTERVENÇÃO


PSICOPEDAGÓGICA NAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM.

Mossoró/RN
2022
FACULDADE FLEMING

TUIZA TELMA DOS SANTOS

PSICOPEDAGOGIA E INCLUSÃO SOCIAL: INTERVENÇÃO


PSICOPEDAGOGICA NAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM.

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito
parcial à obtenção do título
especialista em Psicopedagogia.

Mossoró/RN
2022
PSICOPEDAGOGIA E INCLUSÃO SOCIAL: INTERVENÇÃO
PSICOPEDAGOGICA NAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM.

Tuíza Telma dos Santos

Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo
foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou
integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por
mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos
direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços).

RESUMO – O presente trabalho busca enfatizar a importância da psicopedagogia no âmbito escolar mais
especificamente no que se diz respeito à inclusão. No momento atual, em que a escola deve rever sua
pratica e adequar-se para trabalho a diferença de forma criativa, produtiva e garantindo a aprendizagem
de todos os psicopedagogos tem um papel muito importante no que diz respeito ao aprender, trabalhando
para que este processo aconteça de forma saudável e tranquila na instituição escolar. Portanto o
psicopedagógico e o profissional que irá contribuir para o resgate do prazer em ensinar e dá a aprender
através de uma ação interdisciplinar com os demais profissionais que nela atuam, tendo como seu foco a
prevenção das dificuldades. Trabalhar com a diversidade para favorecer a inclusão e uma tarefa
desafiadora, porem há um enriquecimento pessoal que permite a cada situação nova um novo olhar, uma
nova aprendizagem e uma nova forma de conduta. Considera-se alunos com necessidade educacionais
especiais aqueles que manifesta comportamentos particulares que impeçam os encaminhamentos
rotineiros das práticas pedagógicas em sala de aula, pois e necessário que o professor faça ajustamento
curriculares, Sem os quais eles não conseguirão realizar as aprendizagem ao nível e suas capacidades e
potencialidade. São alunos que se diferenciam por seus ritmos de aprendizagem, sejam mais lentos ou
acelerados. Apresentam dificuldades de aprendizagem que nenhum médico Psicólogo ou fonoaudiólogo
conseguiu identificar qualquer causa orgânica ou relacionada às características orgânicas como as
síndromes, lesões neurológicas por falta de oxigenação Pré, ou Pós- parto. São alunos que necessitam
para se comunicar (Linguagem de Sinais) ou para ler e escrever (Braille) enfim, são pessoas que em
situação de aprendizagem escolar necessitam de adaptações nas condições matérias de ensino, pois
sem elas a permanecia na escola não terá qualquer significado, já que não poderão compartilhar os
resultados de suas aprendizagens.

PALAVRAS-CHAVE: Psicopedagogia. Inclusão. Respeito. Aprendizagem. Capacidade.


1 INTRODUÇÃO

Muito se discute sobre as condições necessárias para aprendizagem dos


alunos com necessidades educacionais especiais na escolar regular. Baseado na
preocupação em relação ao aprendizado do sujeito acabou surgindo a psicopedagogia,
devido à necessidade de um olhar do todo com a proposta de integrar a todo e
enxergar o sujeito como alguém que aprende, é efetivo cognitivo, comunicativo,
relacional, corporal, biológica e social.
Quando se trata da aprendizagem humana, diferentes teorias tornam-se
complementares. Daí a psicopedagogia faz uso, dos conhecimentos da psicologia
cognitiva e da psicanálise. Utilizamos, portanto, diferentes polos teóricos, pois estes se
mostram complementares quando se trata a aprendizagem humana.
O sucesso da escola inclusiva depende principalmente da formação dos
professores e da proposta política pedagógica da escola. Pois sem o conhecimento
básico dos professores sobre as diversidades dos novos alunos e sem uma proposta
bem definida não há como a inclusão ser implantada e as crianças permanecerem na
escola.
Sabendo que o processo de inclusão tem se dado muitos mais em nível do
cumprimento da legislação, onde as escolares estão recebendo alunos sem que
tenham se organizado para tal fim e tem sido nestas escolas que professores acabam
se restringindo ao problema trazido, e se colocam contra o processo.
Neste momento em que se discute a escola inclusiva, e urgente que se
organize a escola em prol deste projeto, a fim de buscar a sustentação política e
pedagógicas das ações que serão desenvolvidas na consecução de implantar a escola
inclusiva.
A educação inclusiva e peça-chave para que o Brasil de conta de sua
responsabilidade junto aos organismos internacionais quando as metas do congresso
mundial da Tailândia, com para as contidas na declaração de Salamanca. Muitas se há
de fazer para que tenhamos êxito na concretização deste novo paradigma educacional.
Aposta na educação inclusiva é acreditar que seremos capazes de contribuir
para uma transformação social, que trote efetivamente a todos dentro dos princípios da
igualdade. Da solidariedade e da convivência respeitosa entre os indivíduos. Acreditar
no processo de inclusão é viabilizar a possibilidade de se buscar alternativas de
permanência do aluno na escola, respeitando seu ritmo de aprendizagem e elevando
sua autoestima. E banir em definitivo o habito de excluir, que tanto tem empobrecida a
sociedade Brasileira. E reconhecer que Somos diferentes, mais que devemos ter as
mesmas oportunidades de acesso a uma vida melhor. E permitir que casa individue
possa entender como se dão as relações de poder na sociedade e possam exercer seu
papel de cidadãos, enquanto contribuinte, na construção de uma nação solidaria.
Apesar de garantida na lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em
1996, a filosofia da inclusão não se consolidou na forma desejada. É preciso, antes de
qualquer ponto, que os professores se adaptem a este novo processo, entendendo que
há necessidade de um novo olhar para os portadores. E importante que sejam revistos
os conceitos e preconceitos existentes, para que seja possível a elaboração de um
trabalho educativo de qualidade.
A educação inclusiva e uma pratica inovadora que esta enfatizando a qualidade
de ensino para todos os alunos, exigindo que a escola se modernize e que os
professores aperfeiçoem suas práticas pedagógicas. E um novo paradigma que desafia
o cotidiano escolar brasileiro. São barreiras a serem superadas pro todos: Profissionais
de educação, comunidade, pais e alunos. Precisamos aprender mais sobre a
diversidade humana, a fim de compreender os modos diferenciados de casa ser
humana ser, sentir, agir e pensar.
A Educação Inclusiva é a garantia de acesso ao espaço da escola por todos,
levando à sociedade a cria relações de acolhimento à diversidade humana e aceitação
das diferenças individuais, representando um esforço coletivo na equiparação de
oportunidades de desenvolvimento, conforme registra a Declaração de Salamanca:

O princípio fundamental da escola inclusiva é o de que todas as


crianças deveriam aprender juntas, independentemente de
quaisquer dificuldades ou diferenças que possam ter. As escolas
inclusivas devem reconhecer e responder às diversas
necessidades de seus alunos, acomodando tanto estilos como
ritmos diferentes de aprendizagem e assegurando uma educação
de qual idade a todos através de currículo apropriado,
modificações organizacionais, estratégias de ensino, usam de
recursos e parcerias com a comunidade. (BRASIL, 1994a, p 61)
Diante desse compromisso, é preciso que o trabalho de Educação Inclusiva vá
sendo implantado gradualmente, para que tanto a Educação Especial, quanto o ensino
regular, possam ir se adequando a esta nova realidade, construindo políticas, práticas
institucionais e pedagógicas que garantam a qualidade ensino não só para alunos
portadores de necessidades educacionais especiais, como para todo o aluno de ensino
regular.
Percebendo, ainda a necessidade de apoio pedagógico especifica para os
alunos que apresentam deficiências, a Declaração de Salamanca também da conta
desta questão “Dentro das escolas inclusivas, as crianças com necessidades
educacionais especiais deveriam receber qualquer apoio extra para o que possam
precisar, para que lhes assegure uma educação efetiva” (BRASIL, 1994a, p. 61).
A escola necessita, portanto, adequar-se ao aluno, providenciando meios e
recursos que garantam efetivamente a sua aprendizagem, entendo ser função dela
essa garantia.
Esta visão nos leva a avaliar o que nos parece seguro, evitando as verdades
estabelecidas, além de nossos preconceitos, para que busquemos investir em modo
ousado de organizar nossa escola, conforme nos recomendou Paulo Freire (1995):
Concepção de escola, enquanto espaço social que precisa ser criada, e é nela
que precisam estar presentes a ousadia, a criatividade, os sonhos e as diferentes falas,
ou seja, é preciso criar uma escola que acredita nas possibilidades de seus alunos.
2 UM BREVE HISTORICO DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A educação Inclusiva é uma ação educacional humanística, democrática,


amorosa, mas não piedosa, que percebe em sua singularidade e que t em como
objetivo o crescimento, a satisfação pessoal e a inserção social de todos.
O conceito de educação inclusiva surgiu a partir de 1994, com a Declaração de
Salamanca. A ideia é que as crianças com necessidades educativas especiais sejam
incluídas em escolas de ensino regular. O objetivo da inclusão demonstra uma
evolução da cultura Ocidental, defendendo que nenhuma uma criança deve ser
separada das outras por apresentar alguma espécie de deficiência.
Do ponto de vista pedagógico esta integração assume a vantagem de existir
interação entre crianças procurando um desenvolvimento conjunto. No entanto, por
vezes, surge uma imensa dificuldade por parte das escolas em conseguir interagir as
crianças com necessidades especiais devido à necessidade de criar condições
adequadas.
Com a Declaração de Salamanca surgiu o termo necessidades educativa
especiais, que veio substituir o termo criança especial, termo anteriormente utilizado
para designar uma criança com deficiência. Porém, este novo termo não se refere
apenas às pessoas com deficiência, este engloba todas e quaisquer necessidades
consideradas diferentes e que necessitem de algum tipo de abordagem especifica por
parte de instituições. Num mundo cheio de incertezas, o homem está sempre à procura
da sua identidade e, por vezes, chega mesmo a procurar integrar-se na sociedade que
rodeia, pois fica um pouco perdido.
A educação especial é uma educação organizada para atender especifica
e exclusivamente alunos com determinadas necessidades especiais. Algumas escolas
dedicam-se apenas a um tipo de necessidade, enquanto que outras se dedicam a
vários.

De um lado, professores do ensino regular não possuem preparo


mínimo para trabalhar com crianças que apresentam deficiências
evidentes e, por outra grande parte dos professores do ensino
especial tem muito pouco a contribuir com o trabalho pedagógico
desenvolvido no ensino regular, na medida em que tem calcado e
contribuído sua competência nas dificuldades especificas do
alunado que atendem (SILVIA E RETONDO, 2008, p.28)

Segundo o MEC, a educação inclusiva constitui um paradigma educacional


fundamentado na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença
como valores indissociáveis.
De acordo com a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva MEC
em 2008, a prioridade para a inserção de crianças e adolescentes com deficiências ora
escola e matricula em classes comuns do ensino regular e oferecer atendimento
educacional especializado em salas de recursos em horários complementarem.
Além de ser um direito garantido pela constituição, a inclusão e um conceito
definido por educadores do mundo todo. A convivência de crianças com algum tipo de
deficiência com outros de sua idade sem deficiência e importante tanto para o
desenvolvimento social e educacional de ambos os grupos para diminuir o preconceito.
Os defensores da educação inclusiva também apontam que a chegada dessas
crianças estimula a escola a tratar melhor a diversidade, respeitando o ritmo de
aprendizagem de cada aluno, independentemente do grupo social a que ele pertence.
“Conviver com a diferença podemos mostrar ao mundo como e possível conviver com diferença,
sem anula-la nem absorve-la, sem impor valores. (WIM WENDER).
A inclusão visa melhorar a qualidade de ensino das escolas, atingindo inclusive,
os alunos que fracassaram em suas salas de aula, para tanto como afirma Sassaki
(1997), na medida em que, inspirada no paradigma da inclusão, a escola aceita todas
as pessoas, uma dúvida que possa ser lançada pelos que são contrários à educação
inclusiva: “uma criança com deficiência mental não conseguirá acompanhar os seus
colegas. Não vai aprender tanto quanto eles. Ela ficará para trás. Vai ficar
marginalizada”.

Este tipo de afirmação é justificado por pessoas, ou profissionais que acreditam


que o ser humano apenas desenvolve uma inteligência, a inteligência lógica. Na escola
inclusiva, tal situação não pode acontecer, pois nesta escola professores e alunos
utilizam a teoria das inteligências múltiplas, propostas por Gardner na década de 1980,
onde todos os alunos estudam fazendo o uso de suas melhores inteligências tanto na
sala de aula como fora dela.
2.1 ADAPTAÇÕES CURRICULARES NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Quando uma criança nasce com deficiência começa para ela e sua família uma
longa história de dificuldades. Não é apenas a deficiência que torna difícil a sua
existência, mas a atitude das pessoas e da sociedade diante de sua condição. Ser
portadora de deficiência nunca foi fácil, nem aceitável, com base nos padrões de
normalidade estabelecidos pelo contexto sociocultural. Outrora, os portadores de
deficiência eram vistos de formas antagônicas: sacrificados, como um mal a ser
evitado; privilegiados como detentores de poderes; perseguidos e evitados; protegidos
e isolados, como insanos e indefesos.
Aos poucos, estamos evoluindo. A deficiência começa a perder a sua natureza
maniqueísta e ser entendida como uma condição humana. Ultimamente, os mitos
começam a ser derrubados. Os portadores de deficiência começam a acreditar mais em
si mesmos e a lutar em causa própria. Do respeito às diferenças, passou-se ao direito
de tê-las.
O cuidado e a educação do deficiente vêm mudando, gradativamente, das
grandes instituições para as classes especializadas e para a atual filosofia de integrar
as crianças deficientes à sociedade, tanto quanto possível. Porém, mais importante do
que respeitar as diferenças, tem sido encontrar as afinidades e as similaridades entre
valores, expectativas, desejos, gostos e convicções – também tão comuns entre os
seres humanos.
A contextualização histórica da realidade brasileira acentua um descompasso
entre educação formal e a educação especial. O descompasso é ainda maior entre a
teoria e a pratica, entre o discurso oficial e a realidade.
A educação especial, no Brasil, integra-se ao movimento de expansão e
democratização do sistema de ensino e no caráter democrático de nossa escola. No
entanto, a natureza e a qualidade do atendimento dispensada aos alunos, na escola
pública ou privada, não nos autorizam a aceita-la, pura e simplesmente, como
democrática, de vez que os índices de reprovação, repetência e exclusão são tão
alarmantes que conspiram contra qualquer pretensa atitude democrática.
Julgamos que pouco adianta uma legislação que favoreça a integração do
portador de deficiência, se não forem criados os mecanismos para pô-la em pratica. A
Associação Nacional dos Docentes do ensino Superior (ANDES) estabeleceu, como
lema emblemático de todas as suas campanhas, a luta por um ensino público, gratuito,
democrático, laico e de qualidade para todos, e em todos os níveis. É preciso que todos
os cidadãos aprendam a lutar por seus direitos de cidadania, entre eles, o mais sagrado
direito à educação com padrões unitários de qualidade.
Para se concretizar essa mudança, e necessário que educadores de todos os
perfis, alunos, associações de pais, instituições educativas de assistências a criança
portadora de deficiência e cidadãos em geral, se unam na luta pelo direito a uma escola
de qualidade para todos. Isso não e perseguir utopias, e perseguir um direito
fundamental de cidadania. O ideal a ser alcançado passa a ser a adoção de maneiras
de ensinar que se adaptem as diversidades do alunado, no contexto de uma educação
para todos. Passa a ser, também, a criação e experimentação de situações que
favoreçam o desenvolvimento do afetivo, cognitivo, social e perceptivo-motor dos
alunos.
A aceitação sobre a possibilidade de se conseguir progresso significativo dos
portadores de deficiências em geral, quanto ao processo de escolarização relativa à
diversidade do alunado, no sistema de educação fundamental e integrado, deve
começar a partir da conscientização da escola, sobre as dificuldades experimentadas
por alguns alunos, como resultantes do modo como se ministra o ensino e se avalia o
desempenho, expresso nos resultados da aprendizagem e das propostas curriculares
que lhes são subjacentes.
Se a nova Lei de Diretrizes e Bases encoraja, para muitos portadores de
deficiência, o treinamento ocupacional e o encaminhamento da criança para o mercado
de trabalho, convém não esquecer que o êxito da integração social dos portadores de
deficiência depende do êxito de sua integração escolar.
Tudo isso justifica o empenho do Governo, os esforços de educadores e a luta
da sociedade pela inclusão escolar do portador de deficiência e por uma educação de
qualidade para todos.

2.2 A POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL


A política nacional para a Educação Especial está fundamentada em vários
documentos legais e objetiva orientar o processo global de educação das pessoas
portadoras de NEE, criando condições apropriadas ao desenvolvimento das suas
potencialidades.
O Governo Federal criou um grupo de trabalho nomeado pela portaria n.º
555/2007, prorrogada pela Portaria n.º 948/2007, que elaborou documento entrego ao
Ministro da Educação em 07 de janeiro de 2008.
O documento afirma que:
A educação especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos os
níveis, etapas e modalidade, realiza o atendimento educacional especializado,
disponibiliza os serviços e recursos próprios desse atendimento e orienta os alunos e
seus professores quanto a sua utilização nas turmas comuns do ensino regular.
E define, ainda, a “Política Nacional de educação Especial e Perspectiva da
educação Inclusiva”, a partir da leitura do PDE (Plano de Desenvolvimento da
Educação), com os seguintes objetivos:
A política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da educação Inclusiva
tem como objetivo assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, orientando os sistemas
de ensino para garantir: acesso ao ensino regular, como participação, aprendizagem e
continuidade nos níveis mais elevados do ensino; transversalidade da modalidade de
educação especial desde a educação infantil até a educação superior; oferta do
atendimento educacional especializado; formação de professores para o atendimento
educacional especializado e os demais profissionais da educação para a inclusão;
participação da família e da comunidade; acessibilidade arquitetônica nos transportes,
nos mobiliários, nas comunicações e informação; e articulação intersetores na
implementação das políticas públicas.
Destacam-se do documento, ainda, as seguintes afirmações, que norteiam a
política de educação Especial no nosso país:

 A inclusão escolar tem início na educação infantil, onde se desenvolvem as


bases necessárias para a construção do conhecimento e seu
desenvolvimento global. Nessa etapa, o lúdico, o acesso as formas
diferenciadas de comunicação, a riqueza de estímulos nos aspectos físico,
emocionais, cognitivos, psicomotores e sociais e a convivência com as
diferenças favorecem as relações interpessoais, o respeito e a valorização da
criança;
 O atendimento educacional especializado e realizado mediante a atuação de
profissionais com conhecimento específicos no ensino da língua Brasileira de
Sinais, da Língua Portuguesa na modalidade escrita como segunda língua,
do sistema Braille, do soroban, da orientação e mobilidade, das atividades de
vida autônoma, da comunicação alternativa, do desenvolvimento dos
processos mentais superiores, dos programas de enriquecimento curricular,
da adequação e produção de materiais didáticos e pedagógicos, da utilização
de recursos ópticos e não ópticos, da tecnologia assistiva e outro do cotidiano
escolar;
 Para atuar na educação Especial, o professor deve ter como base da sua
formação, inicial e continuada, conhecimentos gerais para o exercício da
docência e conhecimento específicos da área. Essa formação possibilita a
sua atuação no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o
caráter interativo e interdisciplinar da atuação nas salas comuns do ensino
regular, nas salas de recursos, nos centros de atendimentos educacional
especializado, nos núcleos de acessibilidade das instituições de educação
superior, nas classes hospitalares e nos ambientes domiciliares, para a oferta
dos serviços e recursos de educação especial. Esta formação deve
contemplar conhecimentos de gestão de sistema educacional inclusivo, tendo
em vista o desenvolvimento de projetos em parceria com outras áreas,
visando a acessibilidade arquitetônica, os atendimentos de saúde, a
promoção de ações de assistências social, trabalho e justiça.

2.2.1 Três documentos internacionais importantes:


Vamos apresentar três documentos de grande importância para inclusão
de alunos portadores de necessidades educativas especiais. Neles, segundo Carvalho
(1997), encontramos as bases político-filosóficas das práticas inclusivas.

 Declaração Universal dos Direitos Humanos: Adotada pela Organização das


Nações Unidas (ONU), em 1948, tem um princípio fundamental: a garantia da
educação para todos, indistintamente, quaisquer que sejam as suas origens
ou condição social;
 Convenção dos Direitos da Criança: Datada de 20 de novembro de 1989,
explicita os direitos dos portadores de necessidades educativas especiais,
valorizando como indivíduos e como se ressociais. Garante-lhes, entre outras
coisas, uma vida plena e decente, cuidados especiais (sempre que possível
gratuitos), levando-os à mais ampla integração social e ao desenvolvimento
individual pleno;
 Declaração de Salamanca: Documento resultante da Conferência Mundial
sobre Necessidades Especiais (1994) proclama o direito fundamental de
todas as crianças, com as suas características peculiares, à educação.
Afirma, também, o direito das pessoas com necessidades educativas
especiais à educação. Afirma, também, o direito das pessoas com
necessidades educativas especiais à escola regular, que deverá integrá-las
numa pedagogia adequada.
3 A PSICOPEDAGOGIA E SUA EVOLUÇÃO HISTÓRICA

Os primeiros Centros Psicopedagógicos foram fundados na Europa, em 1946,


por J. Boutonier e George Mauco, com direção médica pedagógica. Estes Centros
uniam conhecimentos da área de Psicologia, Psicanálise e Pedagogia, onde tentavam
readaptar crianças com comportamentos socialmente inadequados na escola ou no lar
e atender crianças com dificuldades de aprendizagem apesar de serem inteligentes
(MERY apud BOSSA, 2000, p. 39).

Na literatura francesa – que, como vimos, influencia as ideias sobre


psicopedagogia na Argentina (a qual, por sua vez, influencia a práxis
brasileira) – encontra-se, entre outros, Os trabalhos de Janine Mery, a
psicopedagoga francesa que apresenta algumas Considerações sobre o
termo psicopedagogia e sobre origem dessas ideias na Europa, e os
trabalhos de George Mauco, fundador do primeiro centro médico
Psicopedagógico na França,..., onde se percebeu as primeiras tentativas
de articulação Entre Medicina, Psicologia, Psicanalise e Pedagogia, na
solução dos problemas de comportamento e de aprendizagem (BOSSA,
2000, p. 37)

Esperava-se através desta união Psicologia-Psicanalise-Pedagogia, conhecer a


criança e seu meio, para que fosse possível compreender o caso para determinar uma
ação reeducadora. Diferenciar os que não aprendiam, apesar de serem inteligentes,
daqueles que apresentavam alguma deficiência mental, física ou sensorial era uma das
preocupações da época.
Observamos que a psicopedagogia teve uma trajetória significativa tendo
inicialmente um caráter médico-pedagógico dos quais faziam parte da equipe do Centro
Psicopedagógico: médicos, psicólogos, psicanalistas e pedagogos.
Esta corrente europeia influenciou significativamente a Argentina. Conforme a
psicopedagoga Alicia Fernández (apud BOSSA, 2000, p 41), a Psicopedagogia surgiu
na Argentina há mais de 30 anos e foi em Buenos Aires, sua capital, a primeira cidade a
oferecer o curso de Psicopedagogia.
A ciência psicopedagogia, apresenta um campo de atuação extremamente
vasto, restando ao profissional à tarefa imensa e complexa de assumir a sua
colaboração com discernimento e compromisso, construídos sob uma base solida de
formações teórico-práticas.
Segundo Bossa, o caminho da Psicopedagogia no Brasil é árduo. O
Psicopedagogo, profissional pós-graduado, precisa ser um multe especialista em
aprendizagem humana, congregando conhecimentos de diversas áreas técnicas e
cientificas, com o objetivo de intervir nesse processo, tanto com intuito de potencializá-
lo, quanto de tratar dificuldades, utilizando instrumentos próprios para este fim.
A referida autora cita que a Psicopedagogia surgiu da necessidade de
atendimento às crianças com dificuldades de aprendizagem. Sendo que este problema
apresentado por algumas crianças tornavam-nas inaptas dentro do sistema
convencional de educação e eram vistos como uma situação desencadeadora de
outros problemas, inclusive o fracasso e a evasão escolar. O que se comprova, perante
os comportamentos negativos com relação ao desenvolvimento das atividades
pedagógicas.
Uma vez estabelecido que a Psicopedagogia surgisse devido a necessidade de
atender crianças com dificuldades de aprendizagem, consegue-se firmar o seu principal
enfoque, ou seja, algo que se traduz em ser o seu objeto de estudo.
No início do processo histórico, já podemos observar a Psicopedagogia com
uma ciência norteadora dos procedimentos necessários ao trabalho com crianças que
apresentam algum tipo de barreira intransponível à sua aprendizagem, objetivando o
reconhecimento das capacidades individuais e procurando eliminar os obstáculos que a
impediam de aprender.
Está difícil tarefa, fez com que a Psicopedagogia, se unisse às demais áreas
que lidam com o ser humano, procurando maiores fundamentações teórico- práticas,
hoje tidas veementemente como subsídios indispensáveis a todo e qualquer tratamento
Psicopedagógico.
Assim, dada a vasticidade de seu quadro teórico, a psicopedagogia apresenta
fundamentação em estudos da área da Medicina, Pedagogia, Sociologia, Filosofia,
Odontologia, Fonoaudiologia, Neurologia, Psicologia e Linguística, entre outras.
Podendo ainda contar com a contribuição da epistemologia genética.
Esta fundamentação, buscada através de outras áreas do conhecimento,
embasam e fortificam o corpo Psicopedagógico, que já possui a sua especificidade,
tanto quanta área de estudo, como especificidade de seu objeto de estudo, constituindo
uma nova área com corpo teórico próprio.
De acordo com Bossa, o objeto de estudo da Psicopedagogia é o próprio
processo de aprendizagem e seu desenvolvimento normal e patológico em contexto.
Sejam estes relacionados com a realidade interna ou com a realidade externa, sem
deixar de lado os aspectos cognitivos, afetivos e sociais que mesmo de forma implícita,
estão inseridas em tal processo do trabalho com as questões de aprendizagem.

O reconhecimento do caráter interdisciplinar significa admitir


a sua especificidade, uma vez que a Psicopedagogia, na
busca de conhecimentos de outros campos, cria seu próprio
objeto, condição essencial da interdisciplinaridade. NÁDIA
BOSSA, (1994, pp.5-6)

Nessas décadas de 70 e 80, a prática Psicopedagógico é bastante variada e


depende das articulações feitas pelos psicopedagogos com as demais ciências. O
resultado é o psicopedagogo com uma visão predominantemente psicológica ou
psicanalítica, o psicopedagogo com uma visão predominantemente fonoaudiológica, o
psicopedagogo com uma visão predominantemente psicomotricista, o psicopedagogo
especialista em Matemática, dentre outros.
O terceiro momento, reconhecido por estar ainda ligado ao segundo, é marcado
pela preocupação do ser em processo de construção do conhecimento. A
psicopedagogia no Brasil, há trinta anos, vem desenvolvendo um quadro teórico
próprio. “É uma nova área de conhecimento, que traz em si as origens e contradições
de uma atuação interdisciplinar, necessitando de muita reflexão teórica e pesquisa”
(BOSSA, op. cit, p.13).
A psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, o que adveio de uma
demanda – o problema de aprendizagem, colocando no território pouco explorado,
situado além dos limites da Psicologia e da própria Pedagogia – e evolui devido à
existência de recursos, para atender esta demanda, constituindo-se assim, numa
pratica. Como se preocupa com o problema de aprendizagem, deve ocupar-se
inicialmente do processo de aprendizagem.
Portando vemos que psicopedagogia estuda as características da
aprendizagem humana: como se aprende, como esta aprendizagem varia
evolutivamente e está condicionada por vários fatores, como se produzem as
alterações na aprendizagem, como reconhecê-las, tratá-las e preveni-las. Este objeto
de estudo, que é um sujeito a ser estudado por outro sujeito adquire características
especificas a depender do trabalho clinico ou preventivo (Idem, p. 21).
Assim, de acordo com as pesquisas efetuadas e com estes autores que
descrevem o processo histórico, o fundamento da psicopedagogia é o estudo da
aprendizagem humana, que se constitui a cada momento e em qualquer tempo.
Intrínseca ao ser humano, que se dá em todos os sentidos, em qualquer local e
continuamente.
Na ciência Psicopedagogia, podemos observar que a interdisciplinaridade e a
transdisciplinariedade, aliadas à reflexão da prática profissional, são elos que
contribuem para que a Psicopedagogia se mantenha nessa caminhada junto às
ciências. Sendo assim, o profissional Psicopedagogo, é preparado para atuar com
magnitude, em diversos campos de ação.

3.1 MÉTODOS E CAMPOS DE ATUAÇÃO DA PRATICA PSICOPEDAGÓGICA.

Segundo ANDRADE (2004) a psicopedagogia ainda está buscando a


“autonomia de uma disciplina” e delimitando cientificamente a aprendizagem humana
como sua temática, o sujeito aprendente ou sujeito em situação de aprendizagem como
seu sujeito aprendente ou o sujeito em situação de aprendizagem como seus sujeito e a
pesquisa de intervenção como seu método de investigação da realidade que lhe
interessa - a aprendizagem como todos os seus matizes, alcances e limites.
É consenso entre os autores aprontar a psicopedagogia como uma área de
conhecimento ou de atuação “interdisciplinar nos processos de aprendizagem”
(CASTANHO, 2002, p.30). Há quem afirme que a psicopedagogia constitui-se num
modelo transdisciplinar de ação, que transita entre disciplinas diversas “sem abolir as
fronteiras existentes” (RUBIENSTEIN; CASTANHO; NOFFS, 2004, p.231).

Dada a sua natureza necessariamente multidisciplinar, a


psicopedagogia é chamada a se realizar na convivência com o
outro, com o diferente, com os vários códigos restritos das
ciências. Assim sendo, e uma disciplina convocada a realizar um
movimentos reparatório com relação a impossibilidade de trocar
entre diferente áreas do conhecimento, mas é também solicitada a
reconhecer a singularidade daqueles a quem é chamada a cuidar.
Aliás, reconhecer a singularidade daqueles que aprende, é
condição primeira para que se realize, quer como teoria quer como
‘pratica’ (MELO, 2000, p. 46).]

Segundo STROILI (2001, p. 14), a psicopedagogia – superando o modelo


positivista que se concentrava tão somente nos aspectos orgânicos dos processos
cognitivos, desconsiderando a afetividade e aspectos socioculturais dos sujeitos –
“legitimou-se como área de atuação junto à aprendizagem humana, enfocando em sua
ação a intersecção das dimensões afetiva e cognitiva nesse processo”. Bem por isso, a
psicopedagogia.

[...] constitui-se campo de atuação cujo corpo de conhecimento


está sendo construído com vista a encontrar soluções para os
problemas de aprendizagem, numa aplicação que vai além da
clínica, se quer também preventiva [...] área multidisciplinar,
eminentemente pratica, sem deixa de ser, simultaneamente,
campo de investigação e de saber cientifico (SEVERINO, 1994
apud STROILI, 2001).

No entanto, ainda persistem algumas dificuldades quanto à delimitação da


identidade do profissional psicopedagogo, talvez, por conta do “caráter interdisciplinar
[da psicopedagogia] e por ter sua origem fundamentada em uma pratica, não em um
conjunto conceitual, próprio de um pensamento gerador de modelos de pratica”
(STROILI, 2001, p. 16). Além disso, há também a questão da disputa em torno do
‘capital epistemológico’ (a quem pertence essa saber?) e do ‘capital econômico e
político’ (reserva de mercado profissional).
Para além desses conflitos, a práxis Psicopedagogica no Brasil se desenvolveu
basicamente em dois campos de atuação: como psicopedagogia clínica e como
psicopedagogia institucional. No entanto, segundo PERES (1998, p. 43) “a tendência
atual de formação e ação Psicopedagogica [no Brasil] tem se voltado mais para uma
abordagem institucional preventiva”, uma vez que a maioria dos que procuram essa
especialização são professores, educadores, pessoas envolvidas diretamente com a
dinâmica da sala de aula e com os desafios cotidianos da relação ensino-
aprendizagem.
BOSSA (2000, p. 50) conclui que “muito embora a psicopedagogia tenha, no
seu início, uma tradição clínica, existe atualmente um profundo compromisso com o
aspecto preventivo e, portanto, com a escola”. Mas existem também outras
experiências de atuação Psicopedagogica institucional “em empresas, hospitais,
creches e organizações assistenciais” (IDEM, p. 89).

3.2 A PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL

A Psicopedagogia vem atuando com muito sucesso nas diversas


Instituições, sejam escolas, hospitais e empresas.
Seu papel é analisar e assinalar os fatores que favorecem, intervém ou
prejudicam uma boa aprendizagem em uma instituição. Propõe e ajuda o
desenvolvimento dos projetos favoráveis a mudanças, também psicoprofilaticamente.
A aprendizagem deve ser olhada como a atividade de indivíduos ou grupos
humanos, que mediante a incorporação de informações e o desenvolvimento de
experiências, promovem modificações estáveis na personalidade e na dinâmica grupal
as quais revertem no manejo instrumental da realidade.
Na Argentina e na França (Polos Culturais), este trabalho já vem sendo
desenvolvido há anos, tendo o psicopedagogo papel indispensável nas equipes
multidisciplinares destas instituições.
Ana Maria Muniz, Alicia Fernandez e Sara Pain são grandes exemplos do
quanto a psicopedagogia Institucional vem colaborando dentro destas Instituições.
A aprendizagem não só objetiva a criança ou adolescente, mas também o
adulto, o idoso e os profissionais de diversos segmentos no mercado de trabalho na
integração e reintegração grupal.
Inspirando-nos em Pichon, um dos que se preocupou com a questão "GRUPO",
verificaremos a importância de se trabalhar estas instituições: "a aprendizagem é uma
apropriação instrumental da realidade para transformar-se e transformá-la". Essa
apropriação possibilita uma intervenção que gera mudanças em si, e no contexto que
se dá. Caracteriza-se também, por ser uma adaptação ativa, constante na realidade.
Implica, portanto, em estruturação, desestruturação e reestruturação. Isso gera tensão
a qual necessita não apenas ser descarregada, mas revitalizada, renovada,
enriquecida.
Partindo da Teoria do Vínculo de Pichon-Rivière, a investigação deveria se dar
em três dimensões: individual, grupal, institucional ou sociedade, que nos permitiria três
tipos de análise: Psicossocial - que parte do indivíduo para fora; Sócio dinâmica - que
analisa o grupo como estrutura; e Institucional - que toma todo um grupo, toda uma
instituição ou todo um país como objeto de investigação.
O trabalho do psicopedagogo se dá numa situação de relação entre pessoas.
Não é uma relação qualquer, mas um encontro entre educador e educando, em que o
psicopedagogo precisa assumir sua função de educador, numa postura que se traduz
em interesse pessoal e humano, que permite o desabrochar das energias criadoras,
trazendo de dentro do educando capacidades e possibilidades muitas vezes
desconhecidas dele mesmo e incentivando-o a procurar seu próprio caminho e a
caminhar com seus próprios pés.
O objetivo do psicopedagogo é o de conduzir a criança ou adolescente, o adulto
ou a Instituição a reinserir-se, reciclar-se numa escolaridade/sociedade normal e
saudável, de acordo com as possibilidades e interesses dela.

3.3 A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGOGICA INSTITUCIONAL

Sugere-se ao professor junto com o psicopedagogo organizarem turmas para o


trabalho em grupo, juntando alunos que aprendem com facilidade e alunos que
apresentam dificuldades de aprendizagem, pois as crianças que entendem suas
linguagens podem funcionar como professores uns dos outros. Propõe-se um guia para
uma escuta Psicopedagogica: escutar, olhar, deter-se nas fraturas do discurso,
observar e relacionar com o que aconteceu previamente à fratura, descobrir o esquema
de ação subjacente, ou seja, busca-se a repetição dos esquemas de ação, e interpretar
a operação mais do que o conteúdo.
Averígua-se que a psicopedagogia utiliza os termos “ensinantes e aprendente"
para denominar o par educativo que comumente conhecemos por professor e aluno.
Pensa-se que para a psicopedagogia esses papéis alternam-se o tempo inteiro, no
processo ensino- aprendizagem visto pela psicopedagogia também aprende-se sobre
nós, sobre a nossa forma de ensinar, na qual, o outro nos serve de espelho.
Fala-se de intervenção como uma interferência que um profissional, tanto o
educador, quanto o psicopedagogo realiza sobre o processo de desenvolvimento ou
aprendizagem do sujeito, o qual pode estar apresentando problemas de aprendizagem.
Entende-se que na intervenção o procedimento adotado interfere no processo, com o
objetivo de compreendê-lo, explicitá-lo ou corrigi-lo. Introduzir novos elementos para o
sujeito, pensar poderá levar à quebra de um padrão anterior de relacionamento com o
mundo das pessoas das ideias. Ocorre-se na intervenção terapêutica.
Exemplifica-se como intervenções Psicopedagogica uma fala, um
assinalamento, uma interpretação que o psicopedagogo realiza na escola em crianças
com transtorno de déficit de atenção com a finalidade de desvelar um padrão de
relacionamento, uma relação com o mundo e, portanto, com o conhecimento. Podemos
considerar que um dos objetivos da psicopedagogia é a intervenção, a fim de “colocar-
se no meio", de fazer a mediação entre a criança e seus objetos de conhecimentos.
Compreende-se que as causas do não aprender podem ser diversas.
Em vista dessa necessidade se reconhece que não é tarefa fácil para os
educadores compreenderem essa pluricausalidade. Torna-se comum constatar que as
escolas rotulam e condenam esse grupo de alunos à repetência ou multirepetência,
como também os classificam com adjetivos de alunos " sem solução e vítimas de uma
desigualdade social.
A postura do professor diante das dificuldades de seus alunos com transtorno
de déficit de atenção necessita-se prestar mais atenção às dificuldades, já que
evidenciam mais do que as potencialidades. Pensa-se em dificuldades de
aprendizagem pelos acertos dos alunos. Experimentam-se alguns sucessos que podem
abrir portas para a construção de um vínculo positivo com as demais áreas de
aprendizagem que os alunos necessitam aprimorar.
Um novo Deseja-se como todo professor querer que os alunos acertem sempre,
mas deve-se adquirir olhar sobre o erro na aprendizagem, estuda-se que o erro é um
indicador de como o aluno está pensando e como ele compreendeu o que foi ensinado.
Analisa-se com mais cuidado os erros dos alunos, pode-se elaborar a reformulação e
práticas docentes de modo que elas fiquem perto da necessidade dos alunos e atender
as dificuldades que o mesmo apresenta. Fundamenta-se a importância que o professor
reflita sobre as causas do fracasso escolar não para se culpar, mas para se
responsabilizar. Responsabilizar-se significa abraçar a causa e procurar alternativas
para solucionar o problema.
Procura-se compreender como ocorre o conhecimento, os que interferem na
aprendizagem, seus diferentes estágios, e as diferentes teorias que podem transformar
o trabalho do professor em processo científico e assim ele percorrerá o caminho
prática- teoria- prática.
Recomenda-se que o professor, em conjunto com a equipe da escola e a
intervenção do psicopedagogo, reflita sobre a estrutura curricular que está sendo
oferecida e a compatibilidade deste com a estrutura cognitiva, afetiva e social do aluno
com transtorno de déficit de atenção, afinal para a psicopedagogia a aprendizagem
baseia-se no equilíbrio dessas estruturas. Para Vygotsky (1993, p. 33):Todos os seres
humanos são capazes de aprender, mas é necessário que adaptemos nossa forma de
ensinar.

3.4 O PSICOPEDAGOGO CLÍNICO

É o profissional que atuará no aspecto clínico (terapêutico). No aspecto clínico,


o trabalho do psicopedagogo se constitui em:• Avaliar e diagnosticar as condições da
aprendizagem, identificando as áreas de competência e de insucesso do aprendente.
De acordo com BOSSA (2000, p.102), em geral, no diagnóstico clínico, ademais de
entrevistas e anamnese, utilizam-se provas psicomotoras, provas de linguagem, provas
de nível mental, provas pedagógicas, provas de percepção, provas projetivas e outras,
conforme o referencial teórico adotado pelo profissional.
Realizar devolutivas para os pais ou responsáveis, para a escola e para o
aprendente. Atender o aprendente, estabelecendo um processo corretor
psicopedagógico com o objetivo de superar as dificuldades encontradas na avaliação.
Orientar os pais quanto a suas atitudes para com seus filhos, bem como professores
para com seus alunos. Pesquisar e conhecer a etiologia ou a patologia do aprendente,
com profundidade.

O psicopedagogo deve ser um profissional que tem conhecimentos


multidisciplinares, pois em um processo de avaliação diagnóstica, é necessário
estabelecer e interpretar dados em várias áreas, dentre elas: auditiva e visual, motora,
intelectual, cognitiva, acadêmica e emocional. O conhecimento dessas áreas fará com
que o profissional compreenda o quadro diagnóstico do aprendente e favorecerá a
escolha da metodologia mais adequada, ou seja, o processo corretor, com vistas à
superação das inadequações do aprendente. É necessário ressaltar também que a
atualização profissional é imperiosa, uma vez que trabalhando com tantas áreas, a
descoberta e a produção do conhecimento é bastante.

3.5 DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO CLÍNICO

O diagnóstico psicopedagógico busca identificar as causas do sintoma da não


aprendizagem e seu significado; reconstruir a história pessoal do sujeito, identificando
possíveis fraturas do desenvolvimento; identifica a modalidade de aprendizagem do
sujeito nos níveis epistêmico e do desejo; realiza o diagnóstico operatório e
representações conceituais através do jogo e da representação simbólica.
O diagnóstico contempla as seguintes fases: motivo da consulta (enquadre com
a família); enquadre com o paciente e sessão lúdica; hora do jogo; história vital; visita à
escola para entrevista com a professora; provas projetivas de Jorge Visca, provas
operatórias de Jean Piaget, avaliação corporal, jogo; avaliação da lecto-escrita e
avaliação matemática (intercalando as sessões e fazendo uso de diferentes
instrumentos); devolução para o paciente; devolução para a família; devolução para a
escola. Lembro que não existe uma sequência fixa para os passos do diagnóstico, tudo
vai depender do vínculo e das necessidades do paciente. Entretanto, é importante
lembrar que se deve analisar os dados coletados e considerá-los sempre
contextualizados, nunca de maneira isolada.
Após a conclusão do diagnóstico psicopedagógico, é criado o plano de
intervenção, que é a organização da ação e de um espaço que favoreça a reconstrução
dos aspectos cognitivos do sujeito e de seu vínculo com a aprendizagem, através da
brincadeira, do jogo, do desenho e da busca prazerosa pelo aprender.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante das metas anteriormente apresentadas e que trazem para a escola


novos personagens que se constituem em sua clientela, é que precisamos pensa em
com o atender os diferentes interesses, a partir de uma ação cotidiana.
É importante salientar que cada aluno faz parte de um grupo social e que cada
grupo é regulamentado por usos, costumes, tradições e regras que precisam ser
observados pelos profissionais que irão trabalhar com eles. Mais do que nunca será
necessária à elaboração de um projeto político-pedagógico que dê conta das
necessidades locais, articulando os diversos setores da escola com vista à sustentação
de um plano pedagógico coerente com o compromisso de contribuir para a construção
do processo de consciência e formação da cidadania entendida como exercício pleno e
democrático de seus direitos e deveres.
O princípio da educação inclusiva exige intensificação na formação de recursos
humanos, garantia de recursos financeiros e serviços de apoio pedagógico
especializado para assegurar o desenvolvimento dos alunos.
A formação e a capacitação dos profissionais docentes e ponto fundamental
para p ensino que atende diferentes especificidades educativas especiais e que, para
sua efetivação, necessitam de profissionais comprometidos e competentes na sua ação
pedagógica.
Sabemos que não é tarefa fácil execução, porém é necessário que a escola
pare para discutir urgentemente esta e outras questões, já que a ineficácia de sua ação
tem lhe garantido severas críticas quanto ao seu fazer pedagógico.
Urge um pensamento crítico por parte dos profissionais quanto a função da
escola, já que não é mais possível escamotear a serviço de quem se encontramos
posturas educacionais adotadas. A escola precisa assumir seu compromisso político
junto à sua comunidade. Portanto, pensar criticamente a escola, é ter consciência de
que ela é o espaço da socialização do conhecimento, considerado como um processo
de construção permanente da humanidade, que as dá por meio das relações do homem
com a natureza e com outros homens. É reconhecê-la enquanto instituição socialmente
produtiva, onde as gerações que nela integram, constroem conhecimentos ao longo das
experiências cotidianas.
Caminhar em direção às mudanças necessárias é partir para a análise crítica
da estrutura atual dos sistemas de ensino e da própria escola. Porém, seria muito
importante, neste momento em que novo paradigma educacional se estabelece, que
houvesse um repensar sobre a estrutura universitária, formadora dos profissionais
docentes e não-docentes, que acabam promovendo a individualização e a
desarticulação do currículo.
O primeiro passo está dado! A legislação brasileira já deu conta de garantir a
Educação Inclusiva. E você já se considera também nessa grande tarefa?
A sua pratica pedagógica é um dos caminhos pra o êxito de qualquer proposta
educacional, porque mais importante do que prever a inclusão é manter o aluno na
escola. Por isso, evite o uso de procedimentos que não se relacionam com as
expectativas de vida de sua comunidade, pois acabam trazendo desânimo em nossos
alunos, como causam frustações no campo profissional.
Lembre-se a proposta de escola inclusiva é para todos! Para você também.
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