Você está na página 1de 8

Disciplina: Fundamentos de Genética

Curso: Ciências Biológicas


Professor: Allan Cézar de Azevedo Martins
Aluno(a): Gabriela Cristina de França Mendonça - 1220200761
Aluno(a): Isabelle Walzertudes de Lima Teixeira - 1220106582
Aluno(a): Juliane Vital Mendes Martins - 1220105751
Aluno(a): Patrick Mello Maia - 1220200816
Aluno(a): Sophia Nascimento dos Santos - 1220105319

Aberrações Estruturais em Citogenética: Desvios Genéticos no Nível Cromossômico

Rio de Janeiro
2023
1. Introdução

A grande maioria dos membros de espécies diplóides, contém, em geral,


precisamente dos conjuntos cromossômicos haploides, muitos casos variam desse
padrão. As causas subjacentes a essas modificações incluem não apenas uma
mudança no número total de cromossomos, mas também a ocorrência de deleções
ou duplicações de genes, bem como de segmentos específicos de um cromossomo
(KLUG, W., S. et al., 2010, p.227).
Adicionalmente, rearranjos do material genético, tanto intra quanto inter
cromossômicos, contribuem para essa diversidade. De maneira coletiva, essas
alterações são categorizadas como mutações cromossômicas ou alterações
cromossômicas, sendo assim diferenciadas das mutações gênicas. Em virtude do
cromossomo ser considerado, conforme as leis de Mendel, a unidade fundamental
de transmissão genética, as alterações cromossômicas são hereditárias de maneira
previsível, resultando em uma variedade de resultados genéticos distintos. (KLUG,
W., S. et al., 2010, p.227).
Dado que o componente genético de um organismo é intrinsecamente
equilibrado, até as mínimas alterações no conteúdo ou na localização das
informações genéticas no genoma podem resultar em alguma forma de variação
fenotípica (KLUG, W., S. et al., 2010, p.227).
Sendo assim, o objetivo deste trabalho é pesquisar e investigar a estrutura
cromossômica que pode sofrer cinco tipos de alterações, sendo elas: a Deleção,
Duplicação, Inversão, Translocação Recíprocas e por fim, a Translocação
Robertsoniana.

2. Desenvolvimento

A deleção consiste em um segmento de cromossomo sendo perdido, ou seja,


basicamente para uma deleção ocorrer, é necessário que aconteçam duas quebras
cromossômicas para o rompimento do segmento intermediário. Este segmento
rompido não contém um centrômero (parte de um cromossomo), o que ocasiona na
impossibilidade deste ser puxado para um pólo do fuso na divisão celular e por fim,
acaba sendo perdido. Adicionalmente, os danos da deleção ainda dependem do
tamanho dela, se for pequena dentro de um gene (deleção intragênica), o gene é
Rio de Janeiro
2023
inativado, porém há também casos em que a deleção é mais grave, chamadas de
deleções multigênicas, onde vários genes estão ausentes. Essas deleções podem
ocorrer espontaneamente devido a erros durante a replicação do DNA, exposição
de agentes mutagênicos ou outras razões. Além disso, podem também ser
herdadas se ocorrerem nas células germinativas e, portanto, podem ser transmitidas
para as gerações seguintes. Os danos causados ainda dependerão da função
exercida pelos genes envolvidos, se forem essenciais para o desenvolvimento
embrionário ou para as funções vitais do organismo, resultará em condições
genéticas graves, por outro lado, se os genes tiverem funções menos críticas, os
efeitos podem ser menos agravantes (GRIFFITHS J., F. et al., 2013, p. 566).
Um exemplo dessa perda do segmento de cromossomo é a síndrome de
Williams, que é uma condição genética rara causada por uma deleção na região do
braço longo do cromossomo 7 (7q11.23). Caracteriza-se por atraso no
desenvolvimento cognitivo, características faciais distintivas, como um rosto com
traços delicados, problemas cardíacos congênitos, habilidades sociais
desenvolvidas, hipersensibilidade ao som e baixo peso ao nascer (KLUG, W., S. et al.,
2010, p.506).
De acordo com as considerações de SNUSTAD et al. (2017, p.106), a
eliminação e a duplicação representam dois tipos de irregularidades na estrutura
cromossômica. As grandes irregularidades podem ser identificadas através da
análise de cromossomos mitóticos corados com agentes de bandeamento, como
quinacrina ou Giemsa. No entanto, a detecção de pequenas irregularidades por
esse método é desafiadora, sendo mais comumente identificadas por meio de
outras técnicas genéticas e moleculares. Drosophila é o organismo mais apropriado
para o estudo de eliminações e duplicações, uma vez que seus cromossomos
politênicos proporcionam uma oportunidade única para análises citológicas
detalhadas. Diante da leve separação entre os dois cromossomos, é notável a
ausência de uma pequena região no cromossomo inferior.
Os segmentos duplicados também se evidenciam nos cromossomos
politênicos, onde o emparelhamento entre as cópias consecutivas desse segmento
sugere um entrelaçamento no centro dos cromossomos. A mutação Bar (barra) nos
olhos de Drosophila está associada a uma duplicação sequencial. Essa mutação
dominante ligada ao X provoca alterações no tamanho e na forma dos olhos

Rio de Janeiro
2023
compostos, resultando na transição de estruturas esféricas amplas para barras
estreitas (SNUSTAD et al., 2017).
Segundo SNUSTAD et al. (2017, p.106), na década de 1930, C. B. Bridges
examinou cromossomos X portadores da mutação Bar e constatou que a região
16A, presumivelmente abrigando um gene responsável pelo formato do olho, tinha
passado por uma duplicação sequencial. Adicionalmente, foram identificadas
triplicação consecutivas de 16A, levando à manifestação do fenótipo de olho
composto extremamente diminuto, denominado como "barra dupla".
Portanto, a intensidade do fenótipo mutante do olho está associada ao número
de cópias da região 16A, ressaltando a importância da dosagem gênica na
determinação do fenótipo. Em Drosophila, várias outras duplicações consecutivas
foram observadas, sendo a análise de cromossomos politênicos uma ferramenta
que facilita essa detecção. Atualmente, as técnicas moleculares possibilitam a
identificação de duplicações consecutivas muito pequenas em uma ampla variedade
de organismos. Por exemplo, nos mamíferos, genes que codificam as proteínas da
hemoglobina sofreram duplicação consecutiva. Essas duplicações gênicas parecem
ser relativamente comuns e desempenham um papel significativo na criação da
variabilidade necessária para a evolução (SNUSTAD et al., 2017).
Um exemplo de duplicação é a região cromossômica 15q11-13 abriga um
conjunto de genes cruciais para o desenvolvimento normal do sistema nervoso,
sendo que modificações nessa região resultam em diversas síndromes. Entre as
alterações mais comuns, destacam-se deleções e duplicações cromossômicas. As
duplicações da região cromossômica 15q11q13 manifestam-se na forma de um
cromossomo 15 supernumerário e podem ocorrer como duplicações intersticiais
(GARCIA, T., R., et al, 2022)
As translocações recíprocas são consideradas simples, nelas, dois
cromossomos não homólogos trocam fragmentos acêntricos criados por duas
quebras cromossômicas simultâneas. Isso acontece durante a meiose, quando
ocorre a formação de células reprodutivas, e pode acarretar em implicações
genéticas de significância variável. Dependendo dos genes presentes nos
segmentos cromossômicos envolvidos, os efeitos da translocação recíproca podem
variar desde a ausência de manifestações perceptíveis até o desenvolvimento de
distúrbios genéticos ou anomalias cromossômicas. Em casos mais extremos, a

Rio de Janeiro
2023
translocação recíproca pode contribuir para a ocorrência de infertilidade ou abortos
espontâneos (GRIFFITHS J., F. et al., 2013, p. 571).
Ademais, as translocações recíprocas podem ser herdadas ou surgir
espontaneamente durante a formação dos gametas. Quando uma translocação
recíproca está presente em um indivíduo que procria, existe a possibilidade de que
tal condição genética seja transmitida à descendência. Métodos de análise genética,
como a cariotipagem, são frequentemente empregados para a identificação de
translocações recíprocas e para uma compreensão mais aprofundada de suas
implicações clínicas (GRIFFITHS J., F. et al., 2013, p. 571).
A translocação Robertsoniana é um tipo importante de rearranjo
cromossômico que ocorre nos seres humanos. Esta alteração envolve a fusão
cêntrica de dois cromossomos acro- ou telocêntricos para formar um único
cromossomo metacêntrico. Tal fusão pode ter consequências significativas,
incluindo a mudança no número cromossômico (disploidia), afetando o pareamento
meiótico e a recombinação. Tais eventos são cruciais na evolução cariotípica de
grupos de espécies e podem levar ao isolamento reprodutivo de populações
(SOUZA, 2012).
Existem três mecanismos básicos para a ocorrência de translocações
Robertsonianas. O primeiro envolve o encurtamento gradativo dos telômeros do
braço curto de dois cromossomos acrocêntricos, resultando em uma fusão cêntrica.
O segundo mecanismo começa com uma quebra cromossômica na região
centromérica de dois cromossomos acro- ou telocêntricos, seguida pela fusão
cêntrica dos braços longos, formando um cromossomo metacêntrico e um pequeno
fragmento dos braços curtos. O terceiro tipo é uma simples fusão cêntrica de dois
cromossomos acro- ou telocêntricos, resultando em um cromossomo metacêntrico
dicêntrico com DNA telomérico intercalar entre os dois centrômeros (SOUZA, 2012).
Em relação a condições clínicas, cerca de 20% dos casos de Síndrome de
Patau são decorrentes de translocações, na maioria das vezes Robertsonianas,
resultantes da fusão de dois cromossomos acrocêntricos, especialmente entre os
cromossomos 13 e 14. Nesses casos, o estudo dos cromossomos dos pais é
indicado para avaliar o risco aumentado para a prole (ZEN, P. et al., 2008).
Além disso, um estudo apresentou 7 novos casos de translocação 13;14,
sendo 3 de novo e 4 de origem familiar, discutindo a possível relação dessas
translocações Robertsonianas com a ocorrência de anomalias fenotípicas em seus

Rio de Janeiro
2023
portadores, assim como sua implicação no aconselhamento genético e no
diagnóstico prenatal desses pacientes (VARGAS, T. et al., 1991).
Essas informações destacam a complexidade das translocações
Robertsonianas e a importância do aconselhamento genético e diagnóstico preciso,
especialmente em casos associados a síndromes genéticas como a Síndrome de
Patau.

3. Conclusão

Em virtude dos fatos mencionados acima, compreende-se que as aberrações


cromossômicas, como deleções, duplicações e translocações, são cruciais na
variabilidade genética e podem resultar em condições clínicas diversas. A
compreensão dessas alterações destaca a importância do aconselhamento genético
e diagnóstico preciso, especialmente em síndromes genéticas como a síndrome de
Williams e Síndrome de Patau.
Por fim, a pesquisa molecular desempenha um papel vital na identificação
dessas modificações, evidenciando a complexidade das translocações
Robertsonianas e a necessidade contínua de aprimoramento das técnicas de
diagnóstico.

Rio de Janeiro
2023
Referências

BORTOLHEIRO, T. C.; CHIATTONE, C. S.. Leucemia Mielóide Crônica: história natural e


classificação. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, v. 30, p. 3–7, abr. 2008.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbhh/a/JmqbBTkmz936bZPV8ncdZjN/. Acesso em: 15
nov. 2023.

GARCIA, T. R.; CRUZ, M. C. A. .; NUNES NETO, G. S. X. .; CASTANHEIRA , E. P. .;


NICOLAU, P. N. M. M. .; CARDOSO , E. F. .; TEIXEIRA, T. B. . Interstitial duplication
syndrome in the chromosomic region 15q11q13: a case report . Research, Society and
Development, [S. l.], v. 11, n. 11, p. e35111133348, 2022. DOI: 10.33448/rsd-v11i11.33348.
Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/33348. Acesso em: 16 nov.
2023

GRIFFITHS, Antônio J F.; DOEBLEY, João; PEICHEL, Catarina; Introdução à Genética.


Guanabara Koogan: Grupo GEN, 2022. E-book. ISBN 9788527738682. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527738682/. Acesso em: 15 nov.
2023.

RIBEIRO, Guilherme S.; CUMMINGS, Fábio R.; Oliveira, Adriana A.; Conceitos de
Genética. Artmed: Grupo A, 2010. E-book. ISBN 9788536322148. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536322148/. Acesso em: 15 nov.
2023.

SNUSTAD, D. P.; SIMMONS, Michael J. Fundamentos de Genética, 7ª edição. Guanabara


Koogan: Grupo GEN, 2017. E-book. ISBN 9788527731010. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527731010/. Acesso em: 15 nov.
2023.

SOUZA, Luiz Gustavo Rodriguez. Filogenia molecular, citotaxonomia e evolução


cariotípica da subfamília Gilliesioideae (Alliaceae). Recife, 2012. Disponível em: .
Acesso em: 16 nov. 2023.

VARGAS, T.; FERNÁNDEZ NOVOA, M. C.; GONZÁLEZ, M. V. Translocación


robertsoniana 13; 14: aportación de 7 nuevos casos. Rev. chil. neuro-psiquiatr, p. 67–70,
1991.

ZEN, P. R. G. et al. Apresentações clínicas não usuais de pacientes portadores de


síndrome de Patau e Edwards: um desafio diagnóstico?. Revista Paulista de Pediatria,
v. 26, n. 3, p. 295–299, set. 2008.

Rio de Janeiro
2023
Rio de Janeiro
2023

Você também pode gostar