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As tendências pedagógicas podem ser definidas como um conjunto de pensamentos de filósofos e autores que falam de
como educação é compartilhada. Estas foram formuladas ao longo dos anos por diversos teóricos, baseadas na visão que
tinham sobre o contexto histórico. Podem ser classificadas em duas grandes linhas de pensamento: liberal e progressista.
Ambas as tendências têm a finalidade de preparar os alunos para a vida em sociedade, no entanto, cada uma apresenta uma
forma de organização diferenciada.
Estas tendências estão diretamente ligadas às questões sociais e políticas, enquanto um reflexo dos propósitos
estabelecidos pela escola e pela sociedade. Os principais aspectos que definem cada corrente pedagógica são os conteúdos
abordados, os métodos de ensino, as motivações no processo de aprendizagem, suas manifestações e a relação estabelecida
entre o professor e o aluno. Neste aspecto, conhecer as tendências pedagógicas é um passo importante para a atuação
docente, que deve estar em constante atualização.
Dentre as tendências pedagógicas existentes, as que mais estiveram presentes na minha formação escolar até o
momento foram a: Tradicional, Renovada Progressista e Libertadora e Libertária.
Percebo que no decorrer da minha trajetória escolar (Educação Infantil, Ensino Fundamental (anos iniciais e finais) e o
Ensino Médio) a tendência pedagógica predominante foi a liberal tradicional. Visto que percebia que a transmissão de conteúdo
era feita pelo docente por meio de padrões e modelos dominantes. Tinha a máxima valorização do professor, que era a figura
central, enquanto o aluno recebia o conhecimento que era passado. O estudante era um receptor passivo e o ensino estava
relacionado com a memorização do conteúdo. A aprendizagem era receptiva e mecânica, sem se considerar as características
próprias de cada idade. A avaliação se dava por verificações de curto prazo (interrogatórios orais, exercício de casa) e de prazo
mais longo (provas escritas, trabalhos de casa).
É importante ressaltar que nesta tendência a escola tem a função de fornecer uma formação tanto moral como intelectual,
preparando o aluno para o convívio em sociedade. O compromisso da escola é com a cultura, os problemas sociais pertencem
à sociedade. O caminho cultural em direção ao saber é o mesmo para todos os alunos, desde que se esforcem. Nesta
concepção os conteúdos ensinados são aqueles já consolidados no meio científico, sem que haja espaço para contestações
por parte do aluno. Os conteúdos são separados da experiência do aluno e das realidades sociais, valendo pelo valor intelectual.
No que diz respeito a Metodologia de ensino, esta caracteriza-se por aulas expositivas, isto é, o professor faz uma
exposição verbal do conteúdo, além de passar exercícios para auxiliar o aluno na memorização do que está sendo ensinado.
Assim, há uma dinâmica em que o professor explica o conteúdo, passa exercícios e, ao final, relaciona o tema com outros
assuntos.
Na relação entre o professor e os alunos há uma hierarquia bem definida nessa relação, sendo o professor a autoridade
que deve ensinar. Além disso, o silêncio, imposto pelo docente, deve ser constante na sala de aula. Os alunos devem
obediência ao docente e às regras da escola, sendo punidos caso desobedeçam.
Durante o meu curso de graduação em Licenciatura em Ciências Biológicas na Universidade Estadual de Santa Cruz,
em Ilhéus-BA, identifico a presença da tendência liberal renovada progressista, principalmente quando cursei as disciplinas
pedagógicas, porque observava que a aprendizagem estava baseada na motivação e na estimulação de problemas. A
metodologia utilizada em algumas disciplinas do curso era feita de experiências, pesquisas e método de solução de problemas.
Observava que o enfoque era no aluno, a possibilidade natural no seu aprendizado, mas também no seu momento de ensinar,
de testar, de tentar, de experimentar, de aprender fazendo inferências, modificando o meio, transformando-o.
Esta tendência defende a ideia da autoaprendizagem, basicamente, de que o aluno tem de aprender a aprender, ou
seja, aprender fazendo. O próprio sujeito desenvolve o seu processo de aprendizagem, de acordo com as suas necessidades
e inclinações individuais. Dessa forma, a atuação do professor passa a ser mais de auxiliar do que ensinar, e os alunos, apesar
da autonomia, têm uma orientação prevista nos programas de ensino, que são baseados nas necessidades para viver em
sociedade.
Outra tendência que se fez presente durante o meu curso de graduação foi a Tendência Libertadora, sobretudo nas
disciplinas da área pedagógica do curso. Lembro que a problematização da realidade fazia parte do dia-a-dia dos alunos,
ajudando-os a entender a sua relação e papel social como pessoas tanto na natureza quanto com seus colegas, familiares.
A reflexão crítica e a participação do estudante como protagonista na aquisição de conhecimento são muito bem-trabalhadas.
Ele deixa de ser só um receptor pra disseminar o conteúdo.
Também conhecida como a pedagogia de Paulo Freire, essa tendência vincula a educação à luta e organização de
classe do oprimido. Onde, para esse, o saber mais importante é a de que ele é oprimido, ou seja, ter uma consciência da
realidade em que vive. Nesta tendência o exige uma relação de autêntico diálogo, em que os sujeitos do ato de conhecer se
encontram mediatizados pelo objeto a ser conhecido. A problematização da situação permite aos alunos chegar a uma
compreensão mais crítica da realidade através da troca de experiências em torno da prática social.
Propõe uma educação crítica a serviço das transformações sociais, econômicas e políticas para a superação das
desigualdades existentes no interior da sociedade.
Durante a minha graduação recordo-me da presença da tendência libertária, a qual é contra o autoritarismo e a favor do
autogerenciamento, pois notava que ela dava liberdade para o aluno. Nesta aprendíamos principalmente com base na troca do
grupo. O modelo resiste à ação controladora do estado. Então, não prevê avaliações tradicionais. Na verdade, ele é avaliado
na medida em que vive situações, experimenta coisas novas e coloca isso no seu dia a dia da escola. Nesta tendência o aluno
é colocado no centro do processo e, além disso, coordena a sua aprendizagem. Nela é permitido que o estudante faça as suas
escolhas, em termos de conteúdos a serem aprendidos, conforme as suas necessidades e prioridades. E o mesmo serve para
as escolas, que podem se autogerir sem a interferência de uma autoridade externa. Assim, as decisões sobre os mecanismos
e processos de ensino são tomadas de forma coletiva e democrática com a comunidade escolar.
O fator motivacional dessa pedagogia está no interesse do sujeito de crescer dentro da vivência grupal. E o professor,
por sua vez, assume a postura de conselheiro e catalisador, por vezes sendo um monitor dos grupos de discussão e outras
participando das reflexões em comum.
Penso que as tendências pedagógicas são importantes, visto que servem como apoio para a prática de ensino e devem
ser utilizadas para o aperfeiçoamento da docência, de acordo com cada situação e contexto. Essas tendências pedagógicas
servem pra basear a atuação do professor na prática pedagógica docente. O ideal é mesclar algumas delas pra ter mais eficácia
na prática escolar e se encaixar no projeto pedagógico da instituição de ensino.
Dentre todas as tendências pedagógicas existentes eu me identifico muito com a libertadora, a libertária e a crítico social
dos conteúdos.
Entendo que não devemos usar uma delas de forma isolada durante a nossa prática, mas precisamos analisar cada uma
e ver a que melhor convém ao seu desempenho acadêmico, com maior eficiência e qualidade de atuação. De acordo com cada
nova situação que surge, usa-se a tendência mais adequada. Observo que atualmente, na prática docente, há uma mistura
dessas tendências.
Assim, ter consciência das dimensões da prática docente permite possibilidades mais amplas de superação das
dificuldades presentes no cotidiano escolar. Dessa forma, é possível transpor diversos obstáculos, com criatividade e eficiência,
desenvolvendo um trabalho muito mais qualificado, responsável e significativo.