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Como resultado do trabalho de especialistas em didática e

com a colaboração de professores e alunos tem sido


construído um número significativo de recursos para o
ensino. Tais recursos se constituem de meios concretos que
conjugam, no complexo entramado da didática, os
conhecimentos, as necessidades, os enfoques explicativos
dos conteúdos de ensino e os propósitos da aprendizagem.
Neste sentido, a produção e a operacionalização de
materiais didáticos atualmente são um apoio indispensável
para o desenvolvimento de propostas pedagógicas de
qualidade.
Cabe destacar que os recursos audiovisuais são
sumamente importantes na construção do conhecimento,
pois definem uma metodologia que em substituição a um
ensino descritivo, enunciativo, memorístico contemplam
alunos e professores com aprendizagem e ensino
significativos.
Considerando que os materiais didáticos adequadamente
utilizados podem constituir em excelente apoio, mas sem
critérios coerentes correm o risco de se transformarem em
obstáculos ao desenvolvimento do aluno, elaboramos o
presente instrumento.
Esperamos que sua estrutura organizacional-pedagógica
permita ao educador promover atividades educativas
diferenciadas de acordo com experiências que forem
propiciadas ou que naturalmente surgirem, quer por
sugestão do aluno ou do grupo.
Este livro é, antes de tudo, uma estratégia para partilhar
desafios e oferecer condições favoráveis, com uma proposta
simples, clara, objetiva, mas desafiadora.
Os autores

Ilza Martins Sant’Anna: graduada pela UFRGS em


Pedagogia, em Direito e em Metodologia do Ensino
Superior; doutoranda em Didática e Organização Escolar
pela Universidade de Santiago de Compostela; assessora
pedagógica da Fapa (Faculdade Porto-Alegrense); tem os
seguintes livros publicados: Didática: aprender a ensinar;
Por que planejar? Como planejar?; Por que avaliar? Como
avaliar?
Victor Martins Sant’Anna: graduado em Informática pela
PUC de Porto Alegre; mestre na área; professor na PUC e
na Fapa; tem vários artigos publicados em revistas e
trabalhos apresentados em congressos internacionais.
“A vida é amar, é partilhar, é crescer
e ajudar a crescer, é estender a mão
para erguer, é estimular cada um a
desabrochar segundo sua natureza.”
1. O fato, 1
2. A expectativa, 3
3. Por que audiovisuais?, 6
4. Recursos de ensino: conceitos básicos, 10
5. Seleção de recursos e classificação, 15
6. Como elaborar um plano educativo?, 27
7. Para que os recursos audiovisuais?, 33
À guisa de conclusão, 96
Bibliografia, 101
Tudo no mundo está mudando! É hora, pois, de trabalho
decente também mudar, acompanhando o progresso.
A conscientização, das consequências dessas mudanças,
nos permite prever, como cooperar, para que o futuro que
estas definem, ou determinam, seja de felicidade para todos
que tiverem coragem de assumir o presente.
Como partilhar?
Através de estudos contínuos, aprendendo, reaprendendo e
desaprendendo conforme nos incita Nicolau Schwez.
O professor, através da organização do ambiente, estará
privilegiando as necessidades do educando, desenvolvendo
a autonomia, valorizando a cooperação, encorajando a
criatividade e a comunicação, motivando os alunos.
Para Ariel Kostman “para ensinar não basta conhecer a
matéria. É preciso estudar, reciclar-se e motivar os alunos”
(Revista Veja, 03/09/2001: 50).
O professor necessita fazer de suas aulas um espaço
estimulante, em que todos os alunos sintam desejo de
aprender. Para alcance deste objetivo, precisará estimular
todos os sentidos do educando, de forma a propiciar um
envolvimento completo (total). Os recursos audiovisuais
aliados a práticas adequadas exercem um papel
preponderante neste momento.
A participação passiva bloqueia qualquer tipo de
desenvolvimento, seja individual, psicológico, social ou

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cultural, sendo indispensável uma busca do conhecimento
de forma dinâmica, interativa em que atitudes, hábitos,
habilidades, crenças, sejam definidos como formação
humana.
Para um ensino fundamentado numa abordagem
sociopolítica, formativa dos conteúdos culturais, o processo
docente verdadeiramente pedagógico precisa dos recursos
auditivos, visuais presentes nas novas realidades do mundo
contemporâneo.
É preciso mudar, não necessariamente, abandonando o
passado, e sim, construindo, agora, o futuro,
É preciso mudar, mudando a si mesmo, priorizando a
capacidade produtiva, fazendo algo para recriar, resgatar e
revalorizar a sensibilidade individual e social; enfim, é
importante perder o medo da decisão. O momento é agora.

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A necessidade da utilização dos recursos de ensino é algo
inquestionável. Seja qual for a opção pedagógica, os
recursos utilizados facilitarão o aprendizado. É preciso,
porém, uma certa cautela por parte do professor para não
cometer engano, pensando que ao utilizar um recurso estará
fatalmente fazendo o melhor.
Um professor arcaico, que trabalhe predominantemente com
aulas expositivas, pode supor que, ao introduzir em suas
aulas o uso de um retroprojetor, um filme ou até mesmo um
computador, seja o suficiente para se considerar atualizado
pedagogicamente; no entanto, estará ainda atrelado à
pedagogia da transmissão. Introduzir programas em que o
aluno seja o agente da própria aprendizagem, em que o
incentivo e a recompensa sejam os norteadores do seu
progresso, são elementos insuficientes no processo
educativo baseado numa pedagogia da modelagem e muito
mais numa pedagogia da problematização que desejamos
implantar em nossas escolas.
O educador adepto da pedagogia da problematização irá
elaborar seu programa de aula com estratégias de ação
partindo da realidade do aluno, realidade interna, cultural,
social.
Observar a realidade psicológica do educando, respeitar seu
modo de ser, seu jeito de pensar, falar, comunicar, levar em
consideração a faixa etária em que se encontra serão fatores
indispensáveis para uma adequada escolha do recurso
didático.

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Sérgio Roberto Franco diz: O papel do professor não pode
ser nem de um “expositor”, nem de um “facilitador”, mas sim
de um problematizador. Continua dizendo: “Isto significa que
o professor está ali para organizar as interações do aluno
com o meio”. A verdadeira construção do saber se dá
coletivamente. Piaget fala: “Não há operação sem
cooperação”. Baseados nestes pressupostos, concluímos
que a utilização dos recursos deva se processar de forma
muito diferente da utilizada até então. Os alunos utilizarão
os diferentes recursos não como espectadores, assistindo a
um filme, observando uma lâmina (copiando e decorando),
os recursos serão integrantes do processo de
aprendizagem.
O aluno assistirá a um filme por exemplo, mas este trará
subsídios de sua própria realidade e, em grupo, de forma
interada e integrada, identificará os problemas, fará
reflexões e buscará soluções alternativas. Propiciar-se-á
informação geral e especializada, participação, convivência
(mais do que vivência), responsabilidade, alegria e
criatividade. Tenho presenciado isto em grupo de jovens, nas
igrejas, em grupos de amigos em casa, mas na escola não,
pois o aluno está ali para aprender, por isso deve se
submeter a um massacre individual e grupal (social).
O professor continua entulhando os alunos com apostilas,
onde nem sequer constam a fonte de consulta.
Os recursos de ensino não são somente meios, mas
constituem, muitas vezes, a própria realidade. Ter uma
informação atualizada, através de um jornal ou revista, ouvir
um noticiário, assistir com o grupo a um programa de
televisão, fazer gravações, elaborar textos, fazer
exposições, inventar histórias, contar histórias, ler livros,
planejar gincanas, construir jogos a partir desses contatos
com a realidade é que deve e precisa ser feito. Por que
desenhar no quadro um mamífero, se temos um zoológico

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próximo? Por que explicar verbalmente o que é um museu
histórico, se temos um na cidade? Sempre que possível
vamos trabalhar com a realidade objetiva ou mediana, se
necessário, mas não nos detendo aí e, sim, permitindo ao
aluno confrontar suas percepções individuais com as dessa
realidade e do grupo.
Vamos ouvir Paulo Freire que luta com suas ideias,
alertando-nos: “É preciso acabar com o aprendizado da
dependência. Vamos resgatar nossa capacidade de
trabalhar, de imaginar e de construir alternativas”. Vamos
transformar o mundo. Eu posso, tu podes, nós podemos,
pois somos filhos de Deus.
Miguel G. Arroyo, em sua obra Ofício de Mestre, argumenta:
“Assumir como orientação pedagógica que nós formamos
agindo, praticando, produzindo, pode mudar imagens tão
internalizadas sobre a função da escola”.
A imagem da escola em que o conhecimento é a mercadoria,
alunos e famílias clientes, os mestres, apenas, vendedores,
a direção gestora dessa venda chamada escola, não condiz
com uma matriz educativa, voltada para a formação e
aprendizagem humanas.
As dimensões formadoras decorrentes da utilização de
recursos didáticos mais ativos, na sala de aula, na escola,
na comunidade favorecem a construção de significados,
contribuem para autoestima e produção de um saber
pragmático-teórico, enriquecendo competências e saberes
centrais para suas vidas.

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Segundo John Foulkes, o que vemos e ouvimos tem
acentuada influência sobre o nosso comportamento, aquilo
que os educandos veem e ouvem constitui o principal fator
determinante da efetiva aquisição de conhecimentos. Além
do mais a interação da capacidade de ver e ouvir influencia
significativamente a aprendizagem. Creio, pois, que,
mediante tais argumentos, conhecer os diversos tipos de
materiais audiovisuais e averiguar sua utilização se torna
condição sine qua non (indispensável) por todo aquele
responsável pela organização do ensino.
O panorama histórico das estratégias utilizadas pela escola,
para efetivação da aprendizagem, nos apresenta um quadro
em que o verbalismo ou salivação se encontram no topo da
pirâmide e, quando acompanhados de materiais
complementares, em vez de aumentar o interesse ou
entusiasmo do alunado, dificultam o processo educativo.
A comunicação eficiente e eficaz exige uma ação, não
necessariamente uma ação prática, mas uma ação mental,
mesmo o conhecimento mais teórico é uma ação que o
sujeito exerce sobre o objeto, segundo Piaget, conforme nos
esclarece Sérgio Franco. Ora, assim sendo, o meio pelo qual
uma mensagem é comunicada, seja um canal natural como
é o homem, ou artificial, onde se situam veículos como rádio,
televisão, etc., vai influenciar e determinar o conhecimento.
O decodificador da mensagem, ou seja, aquele que a
decifra, só terá êxito se estiver engajado no contexto e, para
tal, a pessoa (fonte) ou grupo, com um objetivo, que se

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empenha na comunicação, ao tomar as ideias da fonte,
codificando-as em forma de mensagem, deverá traduzir no
mais alto grau uma configuração definitiva.
A clareza, a objetividade e a compreensibilidade das
mensagens trocadas entre professor-aluno dependem da
ausência de bloqueios à comunicação efetiva. Os bloqueios
são fantasmas não visíveis, mas, infelizmente, presentes.
A ausência de materiais reforçadores da aprendizagem
dificultam-na, quando não a impedem.
A inclusão das tecnologias de informação e comunicação
ajudam eficazmente o aprendizado, porém exigem um
planejamento e aplicação competentes; como material de
apoio se constituem de uma extraordinária ferramenta de
ensino.
O aluno tem o direito a oportunidade de viver em contato
direto com a realidade e, quando isto não for possível, os
recursos audiovisuais, utilizados com a participação
operante dos alunos, propiciarão uma aprendizagem mais
rápida, efetiva e duradoura.
Os recursos não são instrumentos de diversão ou dispersão.
Ao contrário, favorecem a atenção, concentração, reflexão,
disciplina, cooperação e educação de maneira espontânea
e consciente.
O uso de recursos é tão velho quanto a humanidade.
Recursos auditivos, visuais, emitir sons, riscar no chão o
itinerário, marcar o local onde se encontrava a caça foram
os primeiros mapas.
Simbolização por meio do desenho chamado pictográfico
não foi um fenômeno evolutivo deste ou daquele povo, mas
do homem. A escrita assumiu, cronologicamente, as
seguintes formas: pictograma, ideograma, hieróglifo e

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alfabeto, este, por sua vez, possibilitou fabulosas invenções
como imprensa, máquina de escrever, computador.
O homem, desde os tempos mais remotos, se valeu de
recursos audiovisuais para representar, esclarecer e
documentar ideias e isto decorreu não somente através de
sons, desenhos, riscos ou pinturas, mas também, por outros
meios mais complexos, como relevos em pedras nos
monumentos mortuários egípcios que constituíam
documentários praticamente indeléveis da história, dos
personagens e do próprio povo.
Atualmente, as crianças veem televisão, usam
computadores, jogos eletrônicos, assistem a filmes no
cinema ou em casa, observam cartazes de propaganda,
leem jornais, livros, histórias em quadrinhos, revistas, jogam
bola, nadam em piscinas públicas, são enfim bombardeadas
por informações não selecionadas. Tudo e todos colaboram
com o conhecimento, com o comportamento, com os valores
que a sociedade está a exigir. Mas a escola continua na
“idade da pedra”, ignorando tudo, sem ver, sem ouvir, sem
sentir. A escola dorme em berço esplêndido; dizem: não há
verba para a educação, o professor é mal pago, o aluno tem
fome, não aprende, o aluno não quer nada com nada e,
assim, com mil desculpas, mil pretextos, provocam-se a
evasão, a repetência, a seleção, a exclusão.
Creio, firmemente, que a escola é a complementação do lar,
que nela é que o aluno do ensino fundamental, médio ou
superior vai questionar a sua realidade, alicerçar valores,
aprender a cuidar da alimentação, da saúde, do divertimento
sadio; é nela que o educando vai de forma mais abrangente
aprender a viver e conviver, a construir opções de vida,
desenvolver e fortalecer o direito à cidadania, mas isto só
será possível se os recursos da comunicação transpuserem
muros, se a salivação der lugar a uma comunicação
consciente, crítica, transformadora, onde a passividade

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receptiva seja substituída pela independência, pela
participação construtiva. A introdução de recursos
audiovisuais servirá para incentivar, motivar, aguçar a
curiosidade, o interesse, propiciando a interação do sujeito
com o objeto e consequentemente com o conhecimento.
É importante destacar que os recursos são parte integrante
das estratégias pedagógicas, são os suportes com o qual a
construção de saberes se concretizará.
As abordagens pedagógicas da atualidade entendem que
todo o ser humano é capaz de aprender desde que lhe sejam
propiciadas condições para tal; é necessário também
ressaltar que os procedimentos didático-metodológicos
devem estar de acordo com a faixa etária e o contexto de
desenvolvimento.
Os recursos, dependendo de como forem utilizados,
poderão agir de forma neutra ou incitadora, favorecendo ou
dificultando o aprendizado; para que funcione como um
mecanismo ativador de interesses internos e incitador
externo se faz necessário que o ambiente seja organizado
com atrações vitais, disponibilizando ações formadoras e
construção de significados.

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Recursos de ensino se constituem por materiais
instrucionais que atuam positivamente na aprendizagem,
são estimuladores e reforçadores da mesma. São elementos
que instrumentalizam o aluno, favorecendo o processo de
assimilação, a criatividade, o desenvolvimento cognitivo,
adaptando-o ao meio e à sua própria realidade.
Os recursos de ensino, quando bem selecionados e
aplicados, permitem aos educandos conhecer a realidade,
desvendá-la de forma crítica.
Todo professor deve respeitar o limiar de atenção do
educando e variar os estímulos, oportunizando um
comportamento produtivo por parte do aluno. Evitando a
rotina, a monotonia e, consequentemente, o processamento
de uma aprendizagem reprodutiva o professor estará
conquistando valores e inserindo-os na ação
transformadora, participando de forma objetiva e, muito
mais, estará, também, favorecendo a formação de uma
consciência crítica em seus alunos.
A utilização adequada de recursos de ensino é incentivo que
faz do aluno um ser pensante, e não um sujeito repositório
do saber do mestre, um escravo de suas ideias, um cão
amestrado. Vamos, pelo menos, tentar eliminar dos bancos
escolares o aluno bonzinho, que não reage nem participa ou
ao menos pensa, para que não precisemos continuar
lamentando da sociedade em que vivemos e que nada mais
são do que frutos de nossas sementes.

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Sigamos Paulo Freire, preparemo-nos para sermos o agente
do processo educativo e não o sujeito, que a experiência
feita, educação “bancária”, que é a do ato de depositar, de
transferir valores e conhecimentos, dê lugar ao de uma
consciência crítica.
O progresso nos tempos atuais ocorre de forma acelerada,
todos os campos têm tido oportunidade de usufruir das
inovações propiciadas pela tecnologia, a lentidão está
superada, a comunicação, a aprendizagem, a descoberta
científica e sua aplicação rápida, o preparo de um
especialista ou profissional pode-se operar em tempo bem
inferior ao de outros séculos, os diferentes meios
apresentam diferenças tanto em termos de tecnologias
como em sistemas de símbolos de que dispõem, acelerando
o processo educativo.
Considerando que, segundo Brunsnowic, “Tecnologia da
Educação não é somente a utilização de um certo número
de máquinas, mas é um modo sistemático de conceber,
realizar e avaliar a totalidade de um processo de
aprendizagem”, levando em conta que não precisamos mais
aguardar 112 anos para usufruirmos de um invento como
ocorreu com a fotografia (1727-1839), 56 anos, como
aguardamos pelo telefone (1820-1876), 35 anos como no
caso do rádio (1867-1902), é indispensável que o educador
procure se inserir neste contexto, fazendo uso dos recursos
à sua disposição, para que a informação ganhe vida, seja
eficiente libertando as forças vivas da pessoa integral e
fazendo de nosso alunado um agente transformador da
realidade social.
A criança nascia de olhos fechados e só os abria após uns
dias, seu grito de liberdade em geral ocorria após uns
tapinhas do médico. Será que nosso professor não vai abrir
os olhos e descortinar o mundo que o rodeia? Está
precisando do que para reagir?

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Sei que muitos dirão que não existem condições financeiras,
que a comunidade não colabora, que o governo é culpado,
não se questiona da validade dos argumentos, mas insiste-
se que, se cada um de nós fizer a sua parte, o resto virá por
acréscimo. O reclamar é fator positivo para que se construa
algo? Penso que não; ouçamos o Irmão Heitor Pedro
Suomazzon que diz:
O homem é ser consciente
E capaz de transcendência
Capaz de, com fé e ciência,
Do mundo ser o senhor;
Pois, por força do batismo,
Vence a transitoriedade,
Tem acesso à divindade,
É filho do Criador.

Respeitaremos a decisão do professor quanto ao uso de um


determinado recurso, pois vai depender, evidentemente, das
possibilidades da comunidade e do próprio professor; é bem
provável que o equipamento tecnológico desejável não
esteja ao seu alcance, porém, isto não deverá impedi-lo de
usar símbolos adequados e o instrumento possível.
Há materiais de baixo custo como gravuras, jornais, revistas,
cartazes, argila, etc. que auxiliarão significativamente a
aprendizagem.
O importante é que haja ensino e, consequentemente,
aprendizagem, e para tal é preciso que os cinco sentidos
sejam estimulados.
Em pesquisa feita nos Estados Unidos pela Secondy-
Vaceium Oil Co, foi demonstrado o seguinte:
Aprendizado Retenção

1% através do gosto 10% do que lemos


1,5% através do tato 30% do que vemos
3,5% através do olfato 50% do que escutamos
11% através do ouvido 70% do que ouvimos e logo discutimos
83% através da vista 90% do que ouvimos e logo realizamos

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Método de ensino Dados retidos 3h depois 3 dias depois
Somente oral 70% 10%
Somente visual 72% 20%
Visual e oral simultaneamente 85% 65%

Concluímos que, sendo os órgãos sensoriais que captam as


mensagens do mundo exterior, tudo o que for feito para
estimular os sentidos provocará a curiosidade e o interesse,
facilitará a compreensão, promovendo o pensamento crítico,
tão necessário para a formação do educando.
A conceituação sobre recursos não encontra denominador
comum entre os autores, muitos consideram como tal até
mesmo o sorriso do professor, alguns o denominam de
meios audiovisuais. Segundo Leslie Brigs, a palavra “meio”
é sinônimo de métodos e meios de instrução, o autor cita
textos extraídos de duas de suas obras: “Como exemplos de
meios podemos citar a voz do professor, um sorriso ou uma
palmada no ombro, os livros, os mapas, os objetos físicos,
as fotografias, as fitas gravadas, a televisão, os filmes
sonoros”. Os meios são recursos físicos utilizados com o fim
de apresentar estímulos ao educando. Aqui o termo meio
inclui todos os seguintes mecanismos e outros quaisquer de
caráter semelhante, como livros, gráficos, gravações,
diapositivos, filmes, a voz e os gestos do docente, textos
programados, máquinas de ensinar, televisão educativa e
registro em videoteipe.
Ele enfatiza a tese de que os “meios” existentes serão úteis
e eficazes, se selecionados com base na análise sistemática
dos objetivos educacionais.
Os “meios” são maneiras de apresentar estímulos e
provocar respostas. Esta posição como vemos é bem
abrangente.

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Para Gagné “os recursos ou meios para o ensino referem-
se aos vários tipos de componentes do ambiente da
aprendizagem que dão origem à estimulação para o aluno”
(Gaga, 1971: 27).
Optamos pelo conceito: Recursos de ensino são o conjunto
de meios materiais, físicos e humanos que auxiliam o
professor e o aluno na interação do processo ensino-
aprendizagem.
O professor, além de possuir conhecimentos teóricos,
habilidades de organizar o contexto, de variar a situação-
estímulo, ilustrar com exemplos, empregar reforços,
propiciar interação verbal e não verbal na sala de aula como
planejador, deve ter competência para saber que
instrumentos usar e quando utilizar.
A seleção alternativa mais adequada será aquela que
permitirá a melhor consecução dos objetivos com a menor
economia de recursos e menor prazo possível (tempo).

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Visando a seleção dos recursos, o professor deverá partir de
uma análise dos objetivos, dos conteúdos, dos
procedimentos e de todas as possibilidades humanas e
materiais que o ambiente escolar pode oferecer em termos
de meios que possam ser manipulados no processo ensino-
aprendizagem. A partir dessa análise, tomar a decisão a
respeito de quais os meios a serem selecionados. Os
objetivos não só determinam os conteúdos e procedimentos,
mas também os recursos. Destes pode depender a
consecução daqueles.
“Os recursos são elementos indispensáveis, que facilitam e
apoiam, em conjugação com os métodos, todos os tipos de
atividades de ensino-aprendizagem” (El curriculum, 1980:
55).
O ensino fundamenta-se na estimulação e esta é favorecida
pelos recursos didáticos, que facilitam a aprendizagem.
Estes são meios que despertam o interesse e provocam a
discussão e debates, desencadeiam perguntas e geram
ideias (Menegolla, 1978: 307)
Fora da escola, as crianças veem TV, ouvem rádio, possuem
o seu som, compram revistas e livros, até fazem programas
simples de computação. Será que as instituições escolares
não poderiam, no mínimo, conseguir algum material
emprestado, trazer algum especialista para uma palestra ou
utilizar um recurso físico de alguma comunidade, talvez da
própria comunidade?

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A educação caminha a passos lentos paralelo ao progresso,
porém, não com o progresso.
Gostaríamos de reforçar a ideia de que maquinaria é apenas
produto da tecnologia, que esta é muito mais abrangente,
sendo, segundo Gagné (1968), “o desenvolvimento de um
conjunto de técnicas sistemáticas e conhecimentos práticos
para planejar, avaliar e dirigir escolas como sistemas
educacionais, sendo aplicável em qualquer área do sistema
educacional”.
Os recursos audiovisuais se constituem por auxiliares do
ensino, que deverão ser selecionados não com base em
máquinas modernas apenas, mas levando-se em
consideração o processa todo de aprendizagem. Por
exemplo, o professor poderá usar a televisão como
instrumento para aquisição do conhecimento e não estar
conforme com uma tecnologia instrucional atualizada; no
entanto, usar um álbum seriado e, através do mesmo, o
aluno sentir-se desafiado para operar sobre a informação,
analisando, comparando, concluindo, respondendo à
mensagem.
O importante é que o professor se conscientize de que os
recursos audiovisuais são fundamentais como elementos de
organização e estruturação do processo ensino-
aprendizagem.
Segundo Brunsnowic, “o papel dos recursos audiovisuais na
nova tecnologia não é mais a utilização de um certo número
de máquinas, mas é um modo sistemático de conceber,
realizar e avaliar a totalidade de um processo de
aprendizagem.
Supõe uma abordagem científica dos problemas educativos.
O êxito no emprego de recursos audiovisuais e tecnológicos
depende de sua incorporação no ensino. Portanto, é
necessário que os recursos já integrados ao ensino sejam

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utilizados, segundo as conquistas no campo da
aprendizagem e da didática; a este campo deve-se prover
de condições a fim de que os observadores possam explorá-
lo suficientemente.
Ao selecionar o recurso acreditamos que, dentre outros, o
professor leve em consideração além dos objetivos do aluno
e do professor:
Qualidade: qualidade do material a ser explorado tanto do
ponto de vista do material em si quanto ao fator de
significação para o educando. É fundamental que o
professor se assegure que a informação vai acrescentar
mais uma experiência qualitativa e quantitativamente eficaz
para o aluno, que os aspectos cognitivo, afetivo e psicomotor
permitam um enriquecimento global do ponto de vista
estrutural do aprendiz, que a experiência modifique
realmente seu potencial.
• Atualidade: deve-se verificar se o assunto é atual,
inovador, desafiador como nova aprendizagem.
• Conteúdo: está de acordo com o desenvolvimento
cronológico e mental do educando?
• Adequabilidade: estão selecionados de acordo com os
objetivos, conteúdo e clientela?
• O som: leva o aluno a educar seu ouvido ou se traduz
apenas por um barulho ensurdecedor que não reforça
nada em termo de retenção da aprendizagem?
• A cor: é apresentada ou usada de forma harmoniosa,
bela, atraente ou leva à dispersão?
• Continuidade: os fatos, quer sejam de interesse cultural e
recreativo ou didático, favorecem a realização de
trabalhos explorativos?
• Criatividade: a renovação, a descoberta, o espírito crítico
em relação aos conteúdos e as mensagens implícitas se
fazem presentes à aprendizagem?

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Ao observar os elementos expostos esperamos que as
experiências educacionais produzam efeitos significativos.
Acreditamos que as situações de comunicação criadas
permitam aos alunos tomar consciência de significações
diferentes em função de vivências pessoais, após uma fase
individual em que, diante de uma imagem visual e/ou
auditiva, cada receptor “constrói um sentido, os vários
sentidos são confrontados”. Essa análise é indispensável se
é que queremos lutar contra o consumo acético das
mensagens com que somos bombardeados diariamente. O
grupo tem um papel importante nessa análise em que se
farão presentes: autocensura, não-censura, autonomia,
opiniões diferentes (justificadas) e autoconfiança.
A seleção dos recursos deverá ocorrer com base em alguma
classificação, pois as mesmas estabelecem critérios que
permitirão uma melhor e mais eficiente operacionalização;
por tal razão é que abordaremos a seguir:
1. Classificação brasileira de recursos audiovisuais

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Na classificação brasileira de recursos audiovisuais temos:
recursos visuais, auditivos e audiovisuais, bem como os
elementos ou códigos dos recursos mencionados.
Segundo Parra, “um código pode ser definido como qualquer
grupo de símbolos capaz de ser estruturado de maneira a
ter significação para alguém”.
Códigos digitais escritos são símbolos como a linguagem e
a matemática. Não apresentam nenhuma semelhança com
a figura simbolizada, os elementos componentes são
complementos e não conservam uma relação direta com os
objetos simbolizados. A codificação analógica pode ser:
a) Icônica: quando constituídas por representações
realísticas de objetos, pessoas, animais ou cenas. Ex.:
fotografias, representações através de desenho, gravuras,
etc.
b) Esquemáticos: dentre estes destacamos mapas gráficos,
diagramas, plantas baixas, etc. São os símbolos que
mantêm uma relação de ordem mais abstrata com o objeto
simbolizado, exigem uma maior reflexão por parte do
espectador ou aprendiz.
c) Abstratos-emocionais: são símbolos que apelam mais
para a área da emoção, explorando cores e desenhos
abstratos, incluindo formas irregulares, indefinidas, com o
objetivo de despertar a motivação, o movimento, a atenção.
Os recursos auditivos incluem, por sua vez, códigos digitais
orais e analógicos orais.
A linguagem oral é o recurso de maior efeito na educação, a
comunicação pela palavra pode construir ou destruir uma
vida; 95% de nossos atos são inconscientes, porém ditados
pela linguagem oral, retida desde mesmo antes do
nascimento. O professor como educador deve cuidar da

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linguagem oral, pois ela é, por seu mau uso, uma das causas
principais da evasão e repetência.
Os códigos analógicos compreendem as formas não verbais
de comunicação, como a música e os efeitos sonoros
(ruídos).
É óbvio que a separação dos recursos audiovisuais em
visuais e auditivos é somente para efeito de análise e não
de realidade; as mensagens do mundo exterior são
percebidas num todo, embora haja predominância sensorial
na captação das mensagens e que varia de pessoa para
pessoa.
O professor desconhecendo o estímulo sensitivo de
predominância em cada um de seus alunos deverá
necessariamente explorar todos os recursos a fim de atingir
a todos e a cada um em particular.
Incluem-se no terceiro item da classificação brasileira os
recursos audiovisuais, isto é, aqueles que
concomitantemente serão ouvidos e vistos como cinema
sonoro, televisão, diapositivos e diafilmes.
Para uma transformação da pedagogia, até então aplicada
nas escolas, se faz necessária uma nova visão das
concepções vigentes. É preciso ousar novas produções,
arriscando novas propostas.
É importante lembrar: “Ensinar é um exercício de
imortalidade. De alguma forma continuamos a viver
naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia
da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais”
(Ruben Alves).

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2. Cone de experiências de Edgar Dale

Mais Abstrata

Símbolos orais
Símbolos visuais
Imagens fixas
Rádio e gravações
Filmes
Televisão
Exposição
Excursão
Demonstração
Dramatização
Experiência simulada
Experiência direta
Mais Concreta

Fonte: Turra et al., 1975: 165.

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Este cone põe numa escala de hierarquia de valores os
vários meios e recursos em função do grau de abstração, da
parte vivencial até o simbolismo abstrato. O autor classifica
os meios por ordem de dificuldades, porém a abstração
crescente nem sempre significa dificuldade crescente.
Esta classificação destaca o ensino verbalístico e deve ser
evitada, pois o uso dos recursos, seja qual for a situação ou
nível, busca a compreensão, a reflexão, a interação e a
internalização do conhecimento.
3. Classificação de Wilbur Seharam
Outra classificação que consideramos significativa é a de
Wilbur Seharam, que considera a evolução através dos
tempos. Sua aplicação é dividida em quatro gerações:
a) Primeira geração: explicação no quadro, mapas
(antigamente).
b) Segunda geração: manuais, livros, teste impresso
(antigamente).
c) Terceira geração: gravações, fotografias, filmes, fixos,
rádio, televisão.
d) Quarta geração: laboratório linguístico, instrução
programada, emprego de computadores.
Na primeira geração houve a utilização da máquina no
processo de educação; na segunda geração, a máquina na
reprodução de textos como substituição da nota e do ouvido;
na terceira geração vemos menor abstração, o aluno vê e
ouve; já na quarta geração é a comunicação estabelecida
entre o homem e a máquina
É óbvio que estas classificações não são imperativas, suas
intenções se constituem por uma necessidade de
favorecimento ao desenvolvimento de aptidões para

22
solucionar problemas, tendo como pressuposto uma
ordenação gradual de dificuldades.
O conhecimento melhor se efetiva quando é introduzido
conforme o nível de maturidade, porém o fundamental é
promover atitudes pelo uso de vivências que tenham
concomitantes emocionais satisfatórios. É importante que se
dê ao aluno a oportunidade de comportar-se da maneira
desejada e obter satisfação disso.
A ênfase atual já ultrapassou a relação homem-máquina,
trata-se de “ver mais além do que alcança a própria vista”.
Após a década de 1980, o tecnicismo passou a dar lugar a
ideias construtivistas de Jean Piaget.
Na prática da sala de aula, sempre houve uma tendência a
valorizar ora o professor, ora o aluno ou as relações entre
professor e aluno. Este fenômeno denuncia concepções
pedagógicas que fazem avançar, retardar ou até mesmo
impedir o processo de construção do conhecimento.
Assim, uma pedagogia, centrada no professor, tende a
valorizar relações hierárquicas que, em nome da
transmissão do conhecimento, acaba de produzir ditadores
de um lado e, do outro, indivíduos subservientes, anulados
em sua capacidade criativa. A pedagogia do oprimido
(1979), de Paulo Freire, descreve, com clareza, tal modelo
pedagógico.
No entanto, uma pedagogia centrada no educando,
atribuindo-lhe qualidades que ele não tem, como capacidade
de abstração suficiente, informações organizadas e tantas
outras mais, do mesmo modo radicaliza um extremismo,
opõe-se ao modelo autoritário anterior, sim, mas é também
um modelo imprudente. São encontrados na Psicologia da
Gestalt, na obra de Carls Rogers, nos mentores da escola
nova o suporte deste modelo.

23
A pedagogia centrada no professor, também chamada de
“Educação domesticadora”, encontra apoio no behaviorismo
e no neobehaviorismo, de Watson a Skinner, em particular.
Negando o autoritarismo do professor, a ignorância absoluta
do aluno, temos o modelo pedagógico que considera o
conhecimento do professor e do aluno, é a pedagogia
centrada na relação. O suporte deste modelo encontra-se na
psicologia genética de Piaget, na obra de Paulo Freire; e em
pedagogias de fundamentação marxista (Gramsci, Wallon e
outros) sua fundamentação epistemológica encontra-se no
interacionismo de tipo construtivista.
A corrente behaviorista afirma que o conhecimento vem da
experiência. Piaget, ao analisar esta posição empirista,
considera que há razão neste aspecto, pois sem contato
com o mundo externo não há como produzir conhecimento.
Por outro lado, Gestalt tem razão em demonstrar a
necessidade de processos internos para que o
conhecimento se torne possível.
Convém esclarecer que a experiência por si só não explica
tal realidade e que os processos internos não podem ser
processos inatos, pois a própria experiência parece
modificá-los.
De acordo com Piaget, o conhecimento não está no sujeito,
nem no objeto, mas ele se constrói na interação do sujeito
com o objeto. É na medida em que o sujeito interage (e,
portanto, age e sofre ação do objeto) que ele vai produzindo
sua capacidade de conhecimento e também o próprio
conhecimento, daí a origem do nome construtivismo
interacionista.
Piaget conclui que o conhecimento surge da ação. Todavia,
ele não só surge da ação, como sempre consistirá numa
ação. Ação esta que é, de fato, uma intenção.

24
Mesmo o conhecimento mais teórico é uma ação que o
sujeito exerce sobre o objeto. Não necessariamente uma
ação prática, todavia uma ação mental que é, na verdade,
um prolongamento daquela.
O fato de o desenvolvimento depender das condições de
interação com o meio deve ser razão suficiente para uma
busca intensiva de transformação das condições de vida e
para a recuperação dos que tiverem problemas no
desenvolvimento devido à baixa qualidade das interações.
Absolutamente nada justifica a alimentação de preconceitos
e exploração de pessoas.
Concluímos que o conhecimento ocorrerá quando houver
um projeto pedagógico globalizador, pois este supõe um alto
grau de envolvimento do aluno, professor, comunidade
escolar e civil, enfim, quando houver uma proposta plena de
interação de todos e de tudo no processo. As palavras de
Bernard Roux, em sua obra La formación permanente,
expressam com maior clareza as ideias que desejo
comunicar:
A variedade dos métodos e a multiplicidade dos meios são
tais que o desperdício de esforços já não é permitido. É
preciso sair rapidamente deste pecado de só se fazerem
experiências dispersas e considerar que, quando estas
têm êxito, tudo está resolvido.
É necessário passar do estágio da experiência e das
alegrias da descoberta à adaptação quotidiana, obstinada
e ingrata dos métodos e meios que só devem servir para
uma coisa: o desenvolvimento pessoal e cultural do maior
número.
Das abordagens, até então analisadas, percebe-se que não
existe uma classificação categórica com relação aos meios
de ensino, quer sejam: material para estudo, por parte do
aluno, ou material de apoio para as aulas expositivas.

25
A classificação mais ampla e também mais conhecida,
embora limitada por sua simplificação, é a que
tradicionalmente usamos em nossas escolas:
a) Recursos humanos: professor, aluno, pessoas-fonte
(direção, pais, convidados para palestra, informações ou
entrevistas).
b) Recursos físicos: sala de aula, pátio da escola, pavilhão
de esportes, comunidade (fábrica, comércio, clubes, etc.).
c) Recursos materiais: materiais de uso comum (lápis,
régua, livros, etc.), televisão, jornais, dicionários, gravuras,
cartazes, álbum seriado, gravador, rádio, etc.

26
Devemos ou podemos partir de uma necessidade
manifestada pelos alunos, de uma ideia, fato interessante
que tenha ocorrido ou de uma situação problemática.
Qualquer um dos fatores citados pode indicar o ponto de
partida para que se concretize a aprendizagem. O
importante é que a informação ou habilidade a ser aprendida
seja apresentada de tal forma que provoque uma resposta
específica, ou seja, a aquisição de uma nova experiência ou
aprendizagem, aquisição do conhecimento.
Uma vez determinado o foco ou ideia central passaremos a
fixar os objetivos gerais, que nada mais são que as ideias
gerais estabelecidas. Estas ideias exigem estudos até
chegarem a ser o motivo do estabelecimento dos objetivos
concretos, que deverão não ser escolhidos pela quantidade,
mas pela qualidade; sugerimos dois ou três, no máximo,
para cada objetivo geral. Para planejar bons materiais
didáticos é essencial que se saiba o que o aluno irá
aprender. O motivo pelo qual formulamos objetivos é
proporcionar uma orientação clara que permita apresentar
ordenadamente um conteúdo. Quando se realiza uma
aprendizagem, o sujeito se comporta de forma diferente de
como agia antes de aprender e evidencia sua aprendizagem,
fazendo o que antes não podia fazer, adquirindo novos
conhecimentos, que é outra manifestação de aprendizagem.
Portanto, mediante a aprendizagem uma pessoa pode
responder com diferentes conceitos, atitudes ou valores.

27
A aprendizagem se constitui por qualquer dessas aquisições
ou pelas três.
Os objetivos de aprendizagem podem ser catalogados em
três grandes áreas: a área psicomotora, que compreende as
habilidades e atitudes; a cognitiva, que compreende a
informação e a conceituação (ideias, princípios); e a área
afetiva, que compreende atitudes éticas e as apreciações
estéticas; nenhuma das três áreas exclui as demais. A
dificuldade consiste em formular objetivos de tal maneira que
as atividades de aprendizagem conduzam à realização
desses objetivos. Questionários ou realizações práticas
manifestam o grau em que se atingiu a aprendizagem.
Devemos ser cuidadosos no uso das palavras para
expressar os objetivos; palavras abertas como entender,
valorizar, desenvolver não são adequadas porque não dizem
de forma concreta qual deverá ser a competência a ser
evidenciada pelo aluno. Palavras como citar, comparar,
concluir, por exemplo, dizem exatamente o que o aluno
deverá fazer ou estar fazendo para que o resultado da
aprendizagem seja ou tenha sido alcançado.
Queremos dizer com isto que objetivos mensuráveis,
observáveis, concretos ajudam a encontrar métodos
idóneos somente quando são formulados em termos de
ações comprováveis, e servindo como guia para um
programa didático, por excelência, ou numa prática
construtiva do conhecimento.
O preparo de materiais audiovisuais pode servir a diferentes
propósitos. Uma vez determinada a ideia ou foco a qual se
traduzirá por um ou mais objetivos gerais, se formularão os
objetivos específicos. Por mais amplo que seja o tema de
estudo, é preciso estabelecer seus limites para evitar que o
material se torne confuso e inútil. Para manter-se dentro dos
limites se podem realizar séries de materiais relacionados,

28
mas cada um deve corresponder a um ponto concreto e
breve dentro de um tema mais amplo.
É fundamental que o aluno conheça o objetivo da
aprendizagem. Deve ser informado sobre o que vai aprender
de um filme, de um programa de rádio ou de um programa
correlacionado.
Sempre obteremos melhores resultados quando os
estudantes forem informados sobre o que se espera deles.
Os objetivos não são elementos isolados do planejamento,
mas intimamente relacionados com o tema e o conteúdo;
com as necessidades, interesses e capacidade do aluno e
do grupo a que são dirigidos.
Ao formular os objetivos, o professor deve ter presente o
alunado a que se destina, levando em consideração faixa
etária, interesses, habilidades a serem desenvolvidas,
informações a serem aprendidas, nível de conhecimento,
diferenças individuais dentro do grupo, bem como abordar o
tema (linguagem) através do uso de material selecionado.
Há possibilidades de um material ser útil para mais de uma
classe de alunos.
Em resumo, o planejamento dos recursos audiovisuais deve
observar as etapas:
1) Começar com uma ideia (objetivo geral).
2) A partir dessa ideia formular os objetivos de acordo com o
alunado e suas características (objetivos específicos).
3) Questionar se os objetivos estão respeitando os critérios
de clareza, simplicidade, concisão, comportamento
observável, precisão, objetividade, atualidade, criatividade,
adequabilidade e finalidade (avaliação).
Um plano educativo para ser bem desenvolvido deve ser
estruturado levando-se em consideração:

29
1) A faixa etária do aluno, seus interesses, pré-requisitos
para uso ou, mais precisamente, aplicação do recurso
selecionado.
2) Período em que será utilizado o material, condição do
ambiente em termos de iluminação, de espaço físico
necessário, de tomadas de luz que serão utilizadas, etc.
3) Que tipo de conhecimento se tem como: objetivos,
desenvolvimento de habilidades motoras, educação da
sensibilidade para a arte (música, dança, desenho, pintura,
etc.), conhecimento do mundo circundante e
desenvolvimento da linguagem ou outro que venha atender
a outras necessidades.
4) Quais tarefas serão realizadas e como serão trabalhadas,
de forma grupal, individual ou mista, enfim como serão
distribuídos os encargos.
5) As atividades selecionadas favorecerão a consolidação
de sentimentos positivos.
6) Caso as atividades programadas ocorram fora da escola
ou mesmo da sala de aula, se faz necessário organizar
adequadamente as condições do ambiente e os cuidados
precisos com o material utilizado.
7) Num plano global os recursos podem situar-se conforme
o quadro a seguir:

30
Ex.: Plano de aula
Data:
Turno: Horário:
Turma:
Sala:
N. de alunos:
Disciplina:
Professor:
I – Foco + tema (ideia central)
II – Objetivos → (Para quê)
III – Conhecimentos →
IV – Estratégias → Técnicas Recursos
(Atividades de aprendiz) ↓ ↓
Procedimentos Humanos:...
↓ Físicos:...
............... Materiais:...
V – Atividades de avaliação
VI – Referências bibliográficas

31
Todo planejamento precisa apoiar-se em uma docência
adequada, integrada na realidade em que está inserida,
interpretando, problematizando, criando, discutindo,
propondo e colaborando com os demais agentes envolvidos
no contexto.
A organização da tarefa pelo professor garante a máxima
circulação de informação possível, além de contribuir de
forma significativa para o aprendizado do aluno.
A atividade didática do professor deverá ajustar-se ao nível
de desafio e possibilidades dos alunos, promover a
socialização, o comprometimento com a ação x reflexão,
além de se constituir de um processo verdadeiramente
transformador e libertador.

32
Para que os recursos audiovisuais?
Acima de tudo para manter um nível elevado e duradouro do
conhecimento pretendido na prática pedagógica.
Para que o saber teórico, para que o aprendizado, não se
limite ao plano das ideias, mas seja um vínculo intensivo,
total, integrado entre estas e a vida.
Os recursos poderão ser os mesmos utilizados há uma ou
duas décadas, assim como o professor, o aluno, o ensino, a
aprendizagem continuam sendo elementos presentes no
espaço da escola. A prática pedagógica é que muda, o palco
da sala de aula permanece no seu devido lugar, os atores é
que ocupam papéis diferentes. Por exemplo, o professor do
futuro tem que estar no presente, disposto a refletir sua
proposta pedagógica, ampliar seus horizontes, questionar-
se sobre sua função. O professor, transmissor do
conhecimento, que se considera matriz desse mesmo
conhecimento e que se satisfaz quando os alunos atuam
como xerox do conteúdo da matéria que lhes conseguiu
introjetar, já está descartado. Quando o aluno repete numa
prova ou teste, exatamente, perfeitamente, tudo o que ouviu
ou leu por determinação do professor pode até agradar, mas
será que este processo de educação provocará
transformação, mudança na vida do aluno e da sociedade?
Creio firmemente, pactuando com Paulo Freire, que
“aprender inclui não só maneiras de encontrar-se entre o
sujeito e o mundo, mas de maneiras de interpretar a si
mesmo aprendendo”.

33
A verdadeira educação é ativa, nela o aluno pensa, reflete,
cria, transforma, aceita, rejeita, discute, se afirma como
pessoa individual e social.
Na educação construtivista o aluno não recebe as coisas
prontas, não é um sujeito passivo, não é recipiente em que
lhe despejam “coisas”, é, ao contrário, um ser pensante,
agente do processo educativo, dando uma organização e
estruturando o seu próprio conhecimento.
Para exemplificar, tive, faz pouco tempo, uma experiência
que muito me valeu: decidi aprender um pouco mais sobre
computação, já que meus conhecimentos limitavam-se a
ligar, desligar, digitar e nada mais. Matriculei-me numa
escola de nível nacional de renome. Desloquei-me de casa
até o local onde um número grande de aprendizes, das mais
variadas faixas etárias, se aglomeravam pelos corredores,
pois só era permitida a permanência na sala de aula durante
o horário estabelecido. Finalmente, abriu-se a porta. Cada
aluno, dentro do possível, escolheu um lugar para sentar-se.
A professora, ao iniciar o trabalho, nem mesmo se
apresenta; começa falando e continua falando. Para quebrar
a monotonia decide apagar a luz e projetar informações no
computador, que só ela manuseia, já que segundo suas
informações é um aparelho muito caro e sensível. Aproveitei,
durante as duas semanas de aula, para cochilar em muitos
momentos e nos outros para apreciar um casalzinho de
jovens que romanticamente aproveitavam o escurinho para
se beijar. Resumindo: que vantagens obtive? Creio que
lamentavelmente nenhuma ou quem sabe tenha sido um
passatempo produtivo, no sentido de tomar conhecimento
das monstruosidades que se encontram por aí para
sobrevivência empregatícia. Uma coisa é certa: tem muita
gente por esse mundo com um belo certificado na mão,
sabendo responder de forma padronizada e precisa: Ábaco
é . . ., Pentium é . . ., e assim por diante. Creio que daria

34
mesmo para se formar um belo coral. Mas sobre o uso de
computador, como processá-lo, quais suas possibilidades
para esferas específicas, etc., o que ficaram conhecendo
estes alunos? A resposta fica para objeto de pesquisa para
cada um dos leitores deste livro e, para que, a partir daí,
façam como eu, se ganharem um limão, façam uma
limonada e tirem sempre proveito das lições que a vida lhes
dá.
Felizmente, em julho de 1998, tive o prazer de conhecer um
projeto que se realizava no Bairro Partenon, na cidade de
Porto Alegre. Uma turma de 25 alunos, jovens entre 14 e 20
anos, recebiam assessoria para iniciarem-se na área de
informática. A comunidade colabora com o espaço físico e
alguns microcomputadores, a prefeitura participa
contribuindo financeiramente e, também, com alguns
microcomputadores. É emocionante e gratificante ver a
pedagogia que está sendo aplicada. Os jovens, por
afinidade, se agrupam, algumas instruções mínimas são
fornecidas pelo professor, sua fala é tranquila, os alunos
fazem tentativas, descobertas e aos poucos vão adquirindo
domínio sobre o uso do aparelho. Cada grupo que encontra
em suas buscas uma nova informação ou conhecimento
colabora com os colegas. Verifiquei que alguns alunos
estavam utilizando a Internet, lhes fiz algumas perguntas e
com entusiasmo me responderam que já haviam feito
amizade com cariocas, paulistas, baianos, etc. Perguntei ao
professor se havia alguma restrição nas escolhas dos
programas e foi-me respondido que não, mas apenas um
acompanhamento. Após o período estabelecido para as
pesquisas na Internet, era feito um debate sobre as
escolhas, valores, etc., inclusive com esclarecimentos e
aconselhamentos. Segundo o professor a proibição
antecipada só serviria para estimular a curiosidade e a não

35
possibilidade de ajuda, dificultando o processo formativo
individual e grupal.
Percebi no trabalho desenvolvido uma organização dos
saberes plenamente vinculados à construção de sujeitos
sociais. Era evidente a presença da função socializadora e
cultural do projeto em questão. Os alunos estavam
presentes, envolvidos não apena como sujeitos cognitivos,
mas também como sujeitos sociais. Foi muito bom ver a
presença do computador como um recurso para ampliar o
contato do aluno com o mundo, no mundo, ajudando a ver
este mundo de forma participativa e construtivista.
Em oposição a minha experiência relatada anteriormente
percebi o respeito ao aluno como um ser pensante e capaz
de aprender por si mesmo, bem como realizar suas próprias
escolhas.
Pretendo retornar a esta comunidade e perguntar aos alunos
de forma despretensiosa: Qual a opinião que têm sobre
multimídia? Já ouviram falar sobre realidade virtual? O que
pensam sobre Windows 98 em relação ao Mark-I? –
Primeiro computador moderno, construído em 1943 com
base em relés eletromecânicos e regido pelos princípios de
Babbage. Tenho certeza que eles estarão capacitados para
responderem, porque realmente terão dominado estes e
outros conhecimentos, uma vez que foram agentes de um
processo reconhecidamente efetivo de aprendizagem e não
meras máquinas registradoras.
Desejamos, através da exposição feita, demonstrar e
enfatizar a importância do uso adequado de um determinado
recurso, no caso o computador, mas esta significação se
aplica ao uso de qualquer outro meio.
A temática exposta é apenas um ponto de apoio para que se
desenvolva uma reflexão crítica e construtiva das diferentes
propostas e realidades com as quais convivemos e das

36
quais precisamos intuir, criar, recriar e dar origem a novas
formas de ensinar
Enfim, para que recursos?
Para simplificar, para enriquecer, para favorecer a
compreensão do conhecimento que está sendo vivenciada,
para melhor ação e intervenção na realidade. Serve ainda
para a consecução de uma aprendizagem proveniente da
ação interativa com o ambiente, além de apropriação de
conteúdos e produção dos novos, consequentemente
enriquecimento dos esquemas psicológicos na organização
mental.
Concluo esta minha justificativa com as palavras de Yves
Bertrand, que diz: “O aparente sucesso de certos alunos,
que respondem exatamente o que os professores desejam,
não corresponde às necessidades do aprendiz nem quanto
ao conhecimento teórico, nem quanto ao conhecimento
prático. O aluno não tem que ser um reprodutor e sim um
transformador do seu meio” (Bertrand, s.d.: 172).
Os recursos audiovisuais proporcionam:
• memorização mais eficiente;
• interpretação mais clara;
• compreensão mais fácil;
• aprendizagem mais rápida, eficaz e duradoura;
• aquisição de novos conhecimentos.

37
1. Alguns tipos, conceitos e objetivos
dos recursos audiovisuais

Tipos Conceitos Objetivos

Álbum seriado: Coleção de páginas Reforçar, intercalar a


presas em um suporte exposição do mestre.
de madeira onde são Motivar e facilitar a
apresentadas as fixação da matéria,
etapas da aula. auxiliando o aluno na
tomada de notas.
Desenvolver no aluno a
vontade de realizá-lo.

Flanelógrafo: É um quadro de feltro Facilitar a apresentação


ou flanela que do assunto através da
possibilita, por simples manipulação do
pressão, a aderência material.
do material visual.
Ilustrar o trabalho do
professor.

Cartazes: São construções que Transmitir uma


usamos para sugerir mensagem clara e
atividades, informar, concisa.
fixar conhecimentos,
dar direção e ajudar a Ilustrar o trabalho do
formar atitude, professor.
desenvolver hábitos e
sistematizar aulas.

Mural didático: É um quadro Motivar a


motivador de grande aprendizagem. Fixar a
significação e valor aprendizagem.
vital que permite uma Despertar a atenção e
exposição agradável, interesse. Resumir um
uma aprendizagem estudo ou tema.
intuitiva e imediata.

38
Ilustrações: Desenhos ou gravuras Despertar a curiosidade
e objetos que reforçam e a atenção e
a exposição do esclarecer as ideias.
professor, aclarando
as ideias e facilitando
a compreensão.

Retroprojetor e São aparelhos que Despertar a curiosidade,


projetor de slides: servem para projetar e o interesse e atenção.
ilustrar os assuntos a Motivar aprendizagem
serem ensinados. visual.

Mapas e globos: São desenhos e Desenvolver a


representações de habilidade, o interesse e
uma parte da atenção. Motivar a
superfície da terra ou aprendizagem visual.
do firmamento.

Quadro-verde: Veículo mais simples e Facilitar o


acessível de uso de desenvolvimento da
mensagens visuais. aprendizagem. Facilitar
a exposição do
professor e o trabalho
do aluno.

39
40
1.1. Álbum seriado
Álbum seriado é um conjunto
de folhas de cartolina ou outro
material semelhante que
permite apresentar em cada
página um contexto
significativo de um
determinado assunto. É
observada a sequência lógica
do tema apresentado, o qual
deverá se constituir por uma
síntese, porém com
introdução, desenvolvimento e
conclusão. Ele permite o
número significativo de
noções, sua organização pode
se fazer com desenhos, gravuras ou escritos, esquemas gráficos,
enfim tudo o que se fizer importante para que, através da
percepção visual e auditiva (explanação), o aluno possa melhor
fixar a aprendizagem.
As cores, no caso da escrita, devem ser sempre contrastantes ao
fundo. A letra deve ser legível e de fácil visualização, devendo
estar de acordo com a dimensão da sala em que será usado. Não
se deve encher a folha de escritos, cada página deve apresentar
um contexto significativo e o assunto não deve ser cortado,
continuando na página seguinte. O aluno sempre deve ter, ao
observá-lo, uma ideia de totalidade. O álbum é um reforço que
deve facilitar a aprendizagem, por isso deve-se primar pela
qualidade e não pela quantidade excessiva de noções.
1.2. Projeção fixa
Episcópio: é um projetor que focaliza diretamente a gravura, a
fotografia, o texto de livro, revista ou jornal ou outra fonte
semelhante.

41
Retroprojetor: é também
um tipo de projetor fixo,
porém, apenas reproduz
lâminas transparentes.
Costuma-se usar papel
celofane ou material de
radiografia que, embebido
em álcool, torna-se
transparente, permitindo-se
desenhar ou escrever
sobre o mesmo com
caneta-nanquim. Este
material é de baixo custo e
oferece a mesma vantagem
da lâmina (diascópia).

Projetor de slides: é um pequeno aparelho que projeta


diapositivos, slides (tipo negativo de fotografia) e diafilmes (film-
strips). Existe ainda o epidiascópio, aparelho de projeção de
figuras opacas e transparentes e o sound-strips (projetor para
diafilmes sonoros).

42
Outros aparelhos projetores projetam transparências que se
constituem por tiras mais ou menos longas de acetato com
desenhos, informações ou gráficos feitos a nanquim, no termo fax
ou em fotocopiadora. As transparências podem ser manipuladas
para frente ou para trás.
As projeções fixas são recomendadas para temas que exigem
explicações mais detalhadas ou prolongadas, permitem com
tranquilidade o uso de desenhos, gráficos, esquemas, mapas,
etc.
1.3. Quadro-verde

O antigo quadro-negro, substituído pelo calmante verde, é dos


melhores recursos de que dispõe o professor. É lamentável que
seja tão mal utilizado. Tudo o que o professor desejar reforçar
deverá registrar no quadro ou solicitar o registro por um aluno. O

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quadro deve ser usado com critério e equilíbrio, não deve o
professor começar num local, após mudar sem sentido para outro
lado, ou escrever uma hora embaixo outra em cima, etc. A
sequência do assunto deve ser respeitada, só o que é importante
deve ser escrito. O quadro, além de facilitar a visualização, pode
ser utilizado para jogos ou respostas a problemas ou inquirições.
O uso do quadro para registro da introdução de um assunto,
síntese, recapitulação, esquematização, etc. torna-se altamente
valioso e pode ser explorado em qualquer disciplina.
O quadro é recurso de que toda escola dispõe, é um meio rápido,
seguro, barato e eficiente para dinamizar o ensino. Hoje algumas
escolas e instituições financeiras possuem um quadro branco,
magnético ou não, o mesmo substitui o quadro-verde. Os
registros são feitos com uma caneta especial.
Recomendamos aos colegas:

• Usar o quadro como complementação ao uso de outros


recursos didáticos.
• Jamais escrever no quadro e falar ao mesmo tempo em que
estiver escrevendo.
• Ao concluir o registro no quadro ler ou solicitar a um ou mais
alunos a efetuação da leitura.
• Considerando a possibilidade de uso do giz colorido
enriquecer o visual dos registros com a utilização dos mesmos.
• Procurar alternar registros no quadro com explicações e não
abusar escrevendo longos textos.
• À medida que for concluindo uma mensagem apague-a para
não superlotar o quadro de informações.
• Lembrar sempre de fazer letras e desenhos visíveis por todos
os elementos do grupo.
• Finalizando as orientações concluímos: o tempo deve ser
controlado de acordo com o processo construtivo que esteja
sendo desenvolvido.

44
1.4. Flanelógrafo
O flanelógrafo se constitui por um quadro cuja superfície de
flanela ou feltro adere ao material que se pretende expor. Por
exemplo: quero trabalhar com conjuntos, os elementos
isoladamente representados apresentam na parte posterior uma
flanela ou feltro.

Podemos, ao fazer uma palestra, usar ideias básicas registradas


em tiras de papel com flanela ou feltro colocadas no verso. Na
medida em que se vai expondo o assunto, vai-se colocando no
flanelógrafo (quadro) as tiras contendo o tema; não é
aconselhável usarmos a exposição de todo o conteúdo antes da
abordagem do assunto, pois desestimularia o interesse.
Para confeccionar o flanelógrafo basta colocarmos feltro ou
flanela em um pedaço de madeira, que apresente uma boa
largura; para evitar despesas maiores, podemos utilizar inclusive
papelão. Nos textos, desenhos, gravuras ou o que for utilizado no

45
quadro, poderá colar-se no verso a flanela, o feltro ou lixa para
que ocorra a fixação.
O material usado poderá ser catalogado e guardado em caixas
separadas por assuntos para uma posterior utilização.
1.5. TV e videocassete
Atualmente quase todas as escolas, pelo menos as de nível
médio, possuem um aparelho de TV e videocassete, permitindo
o enriquecimento do trabalho escolar.

Os professores contam, além dos canais comuns de TV, com a


TV Educativa e filmes que podem ser alugados. Dentre os
maiores motivos para o uso da TV, o principal é a oportunidade
de se trazer o “mundo” para a sala de aula. Já que o aluno não
pode se locomover a certas regiões, isto é, vivenciá-las de forma
direta, estas através da TV são observadas de forma
concentrada, havendo conhecimento dos fatos e locais, com

46
economia de tempo e dinheiro, podemos dizer que, pelo menos,
concerne à autenticidade que os fatos são reais.
Como sugestão para o uso, apresentamos:

• Escolha do que vai ser projetado com os alunos.


• Elaboração de um questionário que oriente a observação.
• Resposta ao questionário.
• Síntese com comentário do que foi visto.
• Críticas, esclarecimento, debates, comentários sobre o tema
central.
• Sugestões para ampliação dos conteúdos abordados.
1.6. Cartaz
O professor deve aproveitar a confecção do cartaz para
desenvolver no aluno, além da aprendizagem do conhecimento,
o gosto pelo belo, fazendo da oportunidade um motivo para
exploração da criatividade e do gosto estético. Temos visto muitos
cartazes, feitos por alunos de 1º, 2º e 3º graus, em geral um
amontoado de recortes de jornal ou revista colados
indistintamente.

O cartaz é um meio de comunicação visual que deve apresentar


mensagem instantânea.
No cartaz, devem-se observar a harmonia das cores, a
distribuição adequada dos recortes ou colagens, além de uma
letra legível. Deve-se sentir curiosidade e prazer em observar um
cartaz. Ele deve ser, embora em outra dimensão, uma obra de
arte. O cartaz pode se constituir por gravuras, recortes de notícias
de revistas, jornal ou de conteúdos escritos, acompanhados ou
não de ilustrações, poderá ser confeccionado individualmente ou
em grupo, dependendo dos objetivos estabelecidos.

47
A cor mais aconselhável é a branca, pois permite maior destaque
do que será exposto. Não se deve usar margem, embora
respeitando-a. As letras podem ser script, imprensa, de forma ou
cursiva, mas escritas com cuidado quanto à clareza, precisão e
objetividade da mensagem ou informação. Os recortes aplicados
podem ser de pano ou papel. Pode-se, ainda, utilizar
superposição, como por exemplo: recortam-se as laterais da
cartolina e na medida em que se vai desenvolvendo um assunto,
vão-se colocando as tiras com os conteúdos informativos. Este
sistema evita a cópia antecipada do texto que está sendo exposto
e comentado. cada etapa será pré-requisito para a totalidade do
assunto. Esta estratégia evita a dispersão, desperta a curiosidade
e consequentemente a atenção, além de propiciar a participação.
É conveniente lembrar que o cartaz deve ter um título, estar de
acordo com o conhecimento específico que seja o objetivo do

48
estudo em questão, tanto quanto ao texto quanto em relação à
ilustração que apresente.
As letras além de serem visíveis devem ser proporcionais ao
tamanho do cartaz e ao local em que for colocado.
As cores das letras devem ser contrastantes com o fundo.
Palavras ou frases que deverão estar em destaque podem ser de
cor diferenciada dos demais registros.
Quando se tratar de um texto, jamais colocar o conteúdo
uniforme, continuado, como uma cópia total de um livro.
Sempre se registram apenas ideias básicas ou fundamentais seja
qual for o tipo de cartaz. Sejam:
• Cartazes didáticos: utilizados em sala de aula, para
apresentação, fixação ou recapitulação de determinado
estudo. Podem ser utilizados para estabelecimento de
relações, esclarecimentos, exemplificação, explicação de um
fato ou conceito.
• Cartazes de incentivo ao estudo: servem como incentivo para
maior e melhor exploração de um determinado conhecimento.
• Cartazes de advertência ou lembrete: são os que permitem a
aquisição de bons hábitos e atitudes.
• Cartazes de divulgação: quando há intenção de comunicar um
determinado evento, realização de um baile de formatura, de
uma reunião, de uma excursão, etc. Tem uma função de
propaganda, focalizando a atenção sobre determinados
assuntos, desencadeando interesse do público em geral para
uma ação ou participação.
• Cartazes de ambientação: devem ajudar a compor ambientes
que favoreçam determinadas atividades. Ex.: ambiente de
leitura, pesquisa, música, etc.
Convém observar na confecção do cartaz:
• O que pretendo informar ou comunicar?
• A quem se dirige a mensagem?

49
• Como farei os registros?
• Qualidade técnica (material utilizado).
• Harmonia nas cores, na distribuição das gravuras, textos,
desenhos.
• Simplicidade e clareza.
Quanto às linhas:
a) A linha vertical nos dá sensação de elevação.
b) A linha horizontal nos dá sensação de repouso.
c) A linha circular nos dá sensação de movimentos.

Educação das crianças.


O filho muda quando mudam os pais.
Os pais educam pelo exemplo, antes que pelo falar.
Criança feliz estuda voluntariamente.

1.7. Filmes (cinema, videocassete, diafilme, slides,


fotografias)
Os filmes oferecem vantagens quanto à observação dos
acontecimentos de uma maneira altamente significativa, pois,
através dos filmes, fatos históricos, sistemas de vida, mensagens,
arte, recreação são oferecidos de forma atraente, constituindo-se
num incentivo visual, sensitivo, auditivo.

50
A imagem cinematográfica se constitui por uma reprodução
objetiva da realidade. Um bom diretor cinematográfico consegue
envolver de tal forma o espectador a ponto deste rir ou chorar,
tomar esta ou aquela posição em relação à mensagem. As
reações e o impacto causado pelas impressões no espírito do
espectador são motivados pelo uso adequado da projeção das
cenas em tempos presente, passado ou futuro, despertando
revoltas, compadecimento ou aprovação.
A presença da linguagem verbal é importante, mas também o é a
expressão corporal, incluindo-se nesta o gesto, a fisionomia.
Destaca-se ainda o cenário e os planos focalizados mais
próximos dos personagens, a emoção do mesmo, o plano geral
(para enfocar onde ocorre a ação), o plano de detalhe, mais
estático, etc.
A movimentação da câmera, tal como na TV, pode ocorrer do alto
para baixo (plongée) para enfatizar uma ação psicológica
(depressiva) ou de baixo para cima – mostra a personagem
superior (dá-lhe força). As câmeras podem também fazer uma
rotação panorâmica. As diversas maneiras como são focalizados
os fatos permitirão um maior ou menor efeito sobre o público
assistente.
• Demonstração: “É uma exemplificação ou exibição prática de
como se deve dirigir um processo, conduzir uma experiência,
utilizar ou manipular um instrumento ou aparelho, realizar uma
operação ou resolver um problema” (Mattos, Luiz Alves.
Sumário de Didática geral).
Podemos destacar três tipos de demonstração: direta ou pessoal,
realizada pelo próprio professor ou instrutor; indireta ou
substitutiva, realizada por monitores, assistentes ou alunos; feita
por processos mecânicos – projeção epidiascópica ou
cinematográfica.
Etapas a serem observadas:

51
a) Fase de preparação: reunir, examinar e dispor conforme
necessidade de utilização todo o equipamento e meios auxiliares
a serem utilizados. Indicar os objetivos e apresentar as vantagens
do aprendizado.
b) Fase de desenvolvimento: ativação – consiste na realização da
demonstração.
c) Fase da conclusão: é quando ocorre o estabelecimento oral ou
escrito dos resultados, processando-se a avaliação.
• Diafilmes e diapositivos: são projeções de fotografias as quais
poderão ou não ser apresentadas conforme uma determinada
sequência.
Film-strip ou diafilmes são fotografias unidas em um só filme
(filme em tiras).
Slides ou diapositivos são fotografias separadas.
Tanto o diafilme como o diapositivo poderão ter acompanhamento
sonoro, ou seja, uma narração do assunto em fita magnética ou
disco e as cenas serão projetadas de forma concomitante,
observando-se o tempo necessário.
• Fotografias: são significativas pela mensagem que trazem em
si. São de baixo custo e podemos tirá-las de acordo com as
nossas necessidades.
A fotografia enfatiza a ideia que queremos ressaltar, pode ser
projetada para um grupo, fala uma linguagem universal, o
equipamento é de fácil operação. A facilidade de obtê-la torna-a
um excelente recurso para o professor, servindo inclusive para
utilizar em uma palestra. Deve, como fator educativo, ser
verdadeira, natural, adequada à idade dos alunos aos quais é
apresentada, deve também representar um conteúdo de
importância. Como qualidade técnica convém ser perfeita na cor,
ser nítida, bem focalizada, deve ser atraente e destacar o ponto
principal em estudo. É muito importante ao fotografar observar a
centralização do que se pretende destacar, bem como a distância;

52
é preciso também observar que a luz esteja sempre atrás e não
na frente da câmera.
As fotografias podem ser utilizadas entre outras oportunidades
em exposições, mural didático, álbum seriado, flanelógrafo, etc.
Para uma boa apresentação devemos observar:
a) Ensaiar a apresentação.
b) Familiarizar-se com o material, roteiro, assunto, etc.
c) Colocar em ordem o local para a projeção (escurecimento,
ventilação, etc.).
d) Assunto em ordem de projeção.
e) Verificar se todos os participantes enxergam a tela.
f) A altura da tela para facilitar a visão.
1.8. Gravador
A vontade de aprender poderá surgir caso
se ofereça à criança um material que lhe
desperte o interesse, por isso
aconselhamos o uso de gravador. As
crianças poderão gravar informações,
canções, entrevistas, obtendo-se assim
uma motivação e, consequentemente, uma
aprendizagem consciente acompanhada
de desejo e prazer.
A gravação favorece a desinibição, educa
a voz, desperta a atenção para a dicção
clara, precisa, eloquente, além de
desenvolver a agilidade intelectual na
organização do pensamento.
O gravador pode ser usado como fundo
musical, para que os alunos realizem suas tarefas com mais
tranquilidade.

53
É uma prática muito aconselhável para qualquer nível de
escolaridade.
Aconselha-se a gravação de textos, poesias, canções,
informações, etc., onde os alunos observarão timbre de voz,
entonação. pontuação, significação do conteúdo, etc.
Pode ser um excelente recurso para o ensino de língua
estrangeira, educar o ouvido, verificar a pronúncia, diferenciar o
que as pessoas falam, distinguir a voz da criança, do homem, da
mulher, o que facilitará muito o aprendizado.
O professor poderá gravar perguntas, exercícios com lacunas,
para serem preenchidas, sendo só registradas as respostas, por
exemplo. O gravador também serve para reproduzir sons, para
ditados, permitindo ao professor melhor observar os alunos,
ajudando-os no desenvolvimento da capacidade auditiva,
perceptiva e de atenção.
Serve, inclusive, para enviar mensagens de um grupo para outro.
Na correção de defeitos da fala tem uma função importante.
Através do gravador o aluno, entre outras vantagens, aprenderá
a ouvir informações específicas, provenientes de entrevistas, por
exemplo; desenvolverá a capacidade de prestar atenção a uma
determinada mensagem ou fato específico. A oportunidade de
poder ouvir mais de uma vez determinado conhecimento
favorecerá a aprendizagem e apreensão de determinado
conteúdo.
Caberá ao professor descobrir outras razões ou objetivos para o
melhor uso do recurso, conforme as necessidades surgidas.
1.9. Excursões (visitas)
As excursões “favorecem a percepção direta no cenário real dos
fatos”.
Para sua realização deve o professor elaborar um planejamento
onde se estude:

54
• A maneira como pedir aos pais autorização, já comunicando o
dia, a hora e o local; a condução, o preço e o objetivo da
excursão.
• Material a ser levado: doce, sanduíche, água, etc.
• O que será observado.
• O que deverá e como deverá ser registrado.
• Quando entregar ao professor o que for registrado.
• Qual o critério de avaliação.
Podemos representar o roteiro da excursão ou visita, dentre
outros, da seguinte forma:
• Que propósitos ou objetivos educacionais pretendemos
alcançar?
• Que experiências de aprendizagem, através das atividades,
serão propiciadas a fim de que os objetivos sejam atingidos?
• Que instrumentos de controle individuais e coletivos serão
utilizados para comprovar a eficiência e eficácia dessas
experiências?
1.10. Exposições
As exposições propiciam uma visão conjunta de elementos
oriundos de diferentes áreas. Cartazes, murais, painéis são meios
utilizados em sua aplicação. Podem ser utilizados como
culminância de uma unidade ou projeto.
1.11. Jornal e revista
O jornal ou revista “funciona, primeiramente, como um reflexo do
que acontece no mundo, oferecendo materiais de natureza
variada para aguçar o desejo de informação do leitor e, num
segundo momento, entendido sob um prisma mais amplo, pode
desempenhar outras funções de significado social e educativo
junto à comunidade em que atua” (Fascículo n. 1, Comunicação
e expressão, Projeto ZH na sala de aula, p. 5).
O jornal pode ser explorado pela crítica às informações
internacionais, nacionais ou locais, pela interpretação das

55
notícias, crônicas ou assuntos que interessem mais
imediatamente ao objetivo das aprendizagens.
Murais podem ser organizados, destacando-se do jornal notícias
atuais; podem também ser destacados mensagens ou aspectos
humorísticos além de informações sobre preços ou até mesmo
empregos, enfim atividades criativas, interessantes e variadas.
Para completar as aulas ou realizar feedback, o professor pode
solicitar resumo de notícias, ilustração de consultas, etc.
Enfim o jornal permite aprofundamento de informações ocorridas
na sala de aula.
É também aconselhável a confecção de um jornal ou revista pelos
próprios alunos, o que poderá ocorrer após consultas ou
entrevistas a especialistas da área.
1.12. Mural (painéis didáticos)
Compensados, isopor, madeira perfurada, papelão grosso, etc.,
com suas bordas com acabamento de tecido ou papel, podem
transformar-se num ótimo quadro para avisos ou exposições. As
ilustrações, gráficos, letreiros, informações podem ser afixados
com fita aderente, percevejo ou cola.
O mural ou painel é um recurso visual que favorece a motivação
do aluno para determinado estudo. Como sugestão para seu uso,
sugerimos:
• Selecionar com os alunos objetivos para montagem do painel.
• Escolha de um título que definirá a ideia central.
• Fixar no painel qualitativa e quantitativamente ilustrações ou
informações relacionadas com a ideia central da unidade em
estudo.
• Oportunizar a participação de todos os alunos estimulando a
integração e a interação entre os conteúdos selecionados.
1.13. Dramatização

56
A reconstituição de um acontecimento ou fato oportuniza a
vivência de situações, pondo em prática o processo de
aprendizagem.
Através da dramatização os alunos têm oportunidade de
aprender fazendo. Na dramatização um dinamizador explica o
procedimento a ser observado pelo grupo e apresenta as
situação-problema. Os autores (alunos) após a dramatização
discutem (conclusão e avaliação) a situação experienciada.
1.14. Rádio
A audição pelo rádio de notícias, músicas ou até de cursos pelo
mesmo oferecidos deveria ser mais utilizada em sala de aula. Por
exemplo: em dez minutos de noticiário o aluno receberá uma
imensidade de informações.
O professor deveria alertá-lo como em tão pouco tempo quantas
coisas podemos obter em termos de informações, quer locais,
quer internacionais; estas deveriam, após sua recepção, ser
analisadas em sala de aula e, em algum momento, elaboradas
pelos próprios alunos. Assim agindo o professor estará não
apenas trabalhando com a informação e atualização, mas
também, e sobretudo, com a formação do educando.
A exortação para ouvirmos não é, está claro, nova. Há milênios,
o Antigo Testamento exorta: “Têm ouvidos, mas não ouvem”.
Continuamos maus ouvintes. O que é novo é a crescente
compreensão de que ouvir não é somente virtude inata, mas uma
habilidade definida que pode ser aprendida.
1.15. Quadro-de-pregas
Este quadro é, em geral, muito usado nas escolas de ensino
fundamental. Pode ser confeccionado em papel resistente,
cartolina ou tecido (encorpado). Este material é dobrado de
maneira a formar pregas e, nestas dobras, se inserem as
ilustrações que poderão ser palavras, frases, gravuras, etc. As
pregas são coladas ou grampeadas nas extremidades para se

57
manterem seguras. Após feitas as dobras, tendo-as fixado nas
laterais, prega-se o quadro com tachinhas ou cola-se numa
superfície dura: papelão, cartolina ou madeira compensada;
pode, se assim desejar, utilizar ripas de madeira para formar uma
moldura.
O quadro pode ser usado encostado no quadro-verde ou na
parede. Ao se confeccionar a gravura ou frases informativas para
usar no quadro devem-se observar as profundidades das pregas,
a fim de evitar prejuízo na visualização da gravura. O quadro de
pregas é um material que permite a apresentação de um
conteúdo por etapas, favorecendo o desenvolvimento
progressivo de um assunto; ele ainda facilita e incentiva a
participação e o interesse do aluno e da classe.
1.16. Dicionário
Além das enciclopédias, é o dicionário o principal livro de
referência que contém informações. Desenvolver no educando
habilidade de localização de informações é fator primordial,
considerando a necessidade básica que temos na vida atual de
nos mantermos atualizados com os conhecimentos existentes.
Não podemos ter o privilégio de conhecermos tudo o que existe
em decorrência da quantidade, mas temos o dever mínimo de
sabermos onde buscar o conhecimento.
O dicionário é a fonte que se constitui por uma coleção de
palavras em ordem alfabética, ou de termos próprios de uma
ciência ou arte, com a explicação sobre seu significado e, com
frequência, com informações adicionais sobre as palavras e/ou
sua tradução para outro idioma. É um instrumento muito valioso.
Toda sala de aula deveria ter para consulta permanente um
dicionário.
Existem diversos tipos de dicionários como:
a) Dicionários gerais: que contêm a coleção de palavras de um
determinado idioma;

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b) Dicionários especializados, também chamados técnicos.
Dentre as diversas espécies, destacamos os dicionários
regionais, de gíria, etimológicos, de verbos, de sinônimos e
antônimos, de abreviaturas e siglas, de música, de geografia,
psicologia, filosofia, etc.;
c) Dicionários enciclopédicos: são os que, além das informações
quanto à língua, apresentam informações de ordem cultural
ligadas aos diversos ramos do conhecimento;
d) Dicionários de línguas: registram informações relativas a dois
idiomas, (p. ex.: português-inglês).
O uso do dicionário pode ocorrer até mesmo em séries iniciais do
nível fundamental, embora o uso sistemático seja aconselhável a
partir da terceira série.
O dicionário é o melhor recurso para resolver dificuldades na
leitura e na escrita.
Localizar as informações requer o desenvolvimento de
habilidades como: conhecer a ordem do alfabeto; alfabetar
palavras; encontrar palavras arranjadas em ordem alfabética,
encontrar uma página específica; encontrar uma palavra
introdutória: decidir, numa questão proposta para consulta, qual a
palavra-chave para a busca da resposta; selecionar as fontes de
consulta.
Como consultar o dicionário?
É conveniente que o professor oriente o aluno sobre regras de
ortografia e pontuação, abreviaturas adotadas, siglas, coletivos,
medidas, etc. O conteúdo do dicionário está em geral disposto em
duas ou mais colunas. Na parte superior de cada página há duas
palavras destacadas: uma à esquerda e outra à direita. A da
esquerda corresponde à primeira palavra que inicia a listagem da
página, o primeiro verbete; a da direita corresponde à última
palavra da página, o último verbete. Estas palavras são
chamadas palavras-guia. Servem de orientação para quem usa o

59
dicionário. Pelas três primeiras letras das duas palavras-guia
verificar-se-á se a palavra procurada está contida na página.
Qualquer palavra dicionarizada que venha por ordem alfabética
entre as duas palavras-guia deve ser encontrada na página. As
palavras estão dispostas em uma ordem alfabética.
É de suma importância que se informe ao aluno que o verbo
estará na forma nominal, infinitivo impessoal. Após encontrar o
significado terá que flexionar, no modo, tempo, pessoa e número,
o verbo procurado.
Chama-se verbete ao conjunto das acepções e dos exemplos
referentes a um vocábulo; em geral, os verbetes informam sobre:
definição de uso, decorrente etimologia, classificação das
palavras, gênero, grau, origem e formação das palavras, grafia e
pronúncia correta dos vocábulos, sinônimos e antônimos,
aplicação, etc.
Para o dicionário chegar a ser usado com desembaraço não
basta o uso frequente, exercícios especiais precisam ser
planejados. Sugerimos exercícios como: Qual a letra que vem
depois do n? Qual a letra que vem antes do s? Qual a letra que
fica entre r e t? Coloque em ordem as letras: b, x, a, z. Quais os
vizinhos de m e x? Coloque em ordem alfabética as palavras: um,
dois, três, seis, etc. Aconselha-se que os exercícios só sejam
aplicados após a memorização do alfabeto e inicialmente o aluno
visualizando-o no quadro-verde ou outro recurso.
Pode-se, no início da aprendizagem, começar a ordenação das
palavras observando apenas a letra inicial e, após vencido este
obstáculo, levá-lo a observar a segunda, terceira letra e assim por
diante sucessivamente até o domínio do objeto previsto.
É interessante que se façam exercícios com as palavras-guia, isto
é, com aquelas que se encontram no alto das páginas.
A observação da organização do dicionário já implica em uma
aprendizagem específica. Muitas atividades podem ser

60
trabalhadas com o aluno para o domínio e despertar do interesse
pelo uso do dicionário. Dentre essas podemos citar:
Consulta ao dicionário para verificar a grafia correta de uma
palavra, procurar um sinônimo, significado de um vocábulo,
consulta ao dicionário para verificar o sentido de palavras
homógrafas, escrever ao lado de cada palavra a forma que ela é
encontrada no dicionário (ex: palmas, xicarazinha...).
Podem os dicionários ser elaborados pelas próprias crianças.
Quando assim ocorrer a utilização, pelas mesmas, do referido
instrumento, torna-se uma experiência pessoal significativa no
contexto vivido.
O professor poderá solicitar a substituição de determinadas
palavras por um sinônimo e que o aluno verifique no dicionário
seu significado. Ele poderá também solicitar uma redação sobre
um texto lido (oral ou escrito), e ainda promover debates sobre
uma palavra nova. Enfim, mil atividades podem ser utilizadas para
a criação do hábito e interesse de consultar o dicionário.
1.17. Oficina pedagógica
Podemos dizer do local onde grandes transformações são
realizadas, local onde se trabalha, realizando análises, fazendo
experiências, descobrindo e criando coisas, manifestando e
desenvolvendo o talento que se aloja em cada ser humano.
A escola de ensino fundamental, médio ou superior deveria ter
uma disciplina intitulada “Oficina Pedagógica” e fosse qual fosse
o nível de ensino ou setor institucional, alunos e professores se
encontrassem num determinado dia e horário prefixados para
compartilharem de sua vitalidade, numa convivência saudável e
produtiva. Ficaria satisfeita que, pelo menos, durante um
semestre, os alunos tivessem oportunidade de pesquisar,
investigar, descobrir, criar enfim. O ideal seria que todas as
disciplinas, todos os professores trabalhassem canalizando a
energia vital do aluno para a plena realização das potencialidades

61
através da ação, da operacionalidade. Como a esperança é algo
que, quando cultivada, permanece como seiva que jorra sem
esmorecer, continuo a tê-la, a alimentá-la, e a esperar que, no
mínimo, as faculdades de educação trabalhem nessa direção.
Por que falar do assunto quando o foco é recurso de ensino?
Porque os recursos de ensino são o material com o qual o
educando, através de seu uso, de sua exploração, vai construir a
sua obra, o seu conhecimento.
Se todos os professores permitissem que a aprendizagem de
seus alunos ocorresse criando filmes sobre os conteúdos
trabalhados, elaborando fichas didáticas, cartazes, slides,
programas de computadores, etc. quão rico seria o ensino e quão
agradável e produtiva seria a aquisição do conhecimento.
Alunos de diferentes cursos poderiam ter financiado o material a
ser utilizado na construção do conhecimento e, posteriormente,
este mesmo material transformado viria a enriquecer o acervo da
instituição, favorecendo a criação de novos trabalhos e
consequentemente novas aprendizagens.
Poderia até haver encontros para exposição de ideias entre as
diferentes escolas da comunidade. Os alunos e/ou professores
apresentariam os trabalhos realizados comunicando como
introduziram, desenvolveram, organizaram, resumiram e
avaliaram as pesquisas realizadas. Os recursos assim utilizados
promoveriam entusiasmo e concomitantemente direcionariam a
aprendizagem.
A oficina pedagógica é um local onde a pesquisa educacional se
realiza, onde o objetivo não é coletar fatos apenas, mas inventar
ou descobrir recursos, métodos, técnicas. Nela está presente a
atividade intelectual de busca, de explicação, através da
formulação de uma teoria expressa por uma forma inteligente e
diferente, porém significativa, do uso de um determinado recurso.

62
Na oficina os elementos de pesquisa estão subordinados a três
obrigações básicas:
1) Proposição de questões adequadas.
2) Arranjo de observações que permitem respostas às questões
propostas.
3) Criação de condições de obtenção de informações de
avaliações e precisão e validade para as respostas obtidas
(Ryans, 1957).
A oficina pedagógica está ligada, não à pesquisa pura, também
chamada de pesquisa básica, com finalidade de construção e
reforma. Computo como essencial o resultado do trabalho de
pesquisa, isto é, estou preocupada em solucionar o problema
específico em oposição à pesquisa pura.
O método ou forma sistemática do procedimento padronizado
para o pesquisador atingir alguns propósitos seria:
1) Fazer observações.
2) Medir variáveis.
3) Analisar dados.
O uso do computador veio facilitar bastante os trabalhos de
pesquisa, porém o privilégio ainda está nas mãos de poucas
instituições, tendo em vista o alto custo do material e o fato de
firmas que poderiam colaborar não estarem com uma linguagem
computacional associada à terminologia educacional.
Contudo, nada impede que procuremos realizar nossos objetivos
dentro das alternativas coerentes com nossas condições
financeiras e realidade de nossas escolas. Nenhum motivo é
suficientemente forte para impedir que construamos algo em prol
de um bem maior: a educação
Um “arquivo de materiais didáticos” contendo fichas sobre textos,
jogos didáticos, jornais, revistas, cartazes, além dos já

63
componentes de qualquer áudio e videoteca, facilita a consulta
do acervo.
A oficina propicia participação efetiva de estudantes no processo
de aprendizagem, os quais, em alguns momentos, são
“fazedores” do ensino através da construção de materiais e
envolvimento no processo educacional. Devemos permitir e
propiciar ensejos aos alunos de funcionarem como mestre. Com
isto eles poderão desenvolver a compreensão dos dois lados do
processo ensino-aprendizagem e o aluno terá oportunidade de
controlar o seu próprio comportamento, apreciar seu progresso,
bem como o do grupo a que pertence, além de contribuir para o
ensino-aprendizagem de outros colegas.
Como organizar a oficina?
É importante ressaltar que a oficina é de dinâmica constante,
nenhum material permanece sem uso, nenhum aluno fica inativo,
todos analisam, estudam, redescobrem, criam, crescem, enfim,
na direção da aquisição do conhecimento, ou melhor, da
formação integral da personalidade.
A característica fundamental ou mais significativa da oficina é que
o professor pode ter a certeza de que ocorre no aluno a motivação
para a realização. O aluno sempre estabelece, na função, altos
níveis de expectativa em relação ao próprio desempenho e se
satisfaz apenas com o melhor.
A oficina didática tem duas funções: uma de propiciar exploração
de materiais, outra de criação (confecção) de materiais. Tanto
uma como a outra envolvem motivação. A motivação para a
realização tem sido muito investigada nos últimos anos. A nossa
cultura é intensamente competitiva e as investigações sobre a
tendência à realização têm sido numerosas. A motivação para a
realização, por si só, pode resultar de vários outros motivos
adquiridos durante o curso de existência. Tais motivos, como os
que envolvem prestígio, afeição e estima, estão, sem dúvida,
envolvidos na complexa tendência à realização. A motivação para

64
a realização relaciona-se com a nossa tendência de definir as
nossas metas e aspirações de acordo com algum modelo de
excelência.
Diz Thomas Brown (Lectures on the Philosophy of the Human
Mind, 1822): “É graças ao prazer da atividade, e ao penoso da
inércia, que somos despertados da indolência, na qual
poderíamos, não fosse isso, afundar; ao sermos despertados, de
modo análogo, pelos prazeres da comida, e a dor da fome,
tomamos o alimento que é necessário ao nosso sustento
individual; e embora o alimento seja, com efeito, mais importante
para a vida, não é mais importante para a felicidade do que o
prazer da atividade que nos chama e nos livra do repouso
preguiçoso”.
Sugerimos que, com a liderança do professor, uma vez verificado
o conteúdo a ser trabalhado, os alunos comecem a colher
materiais como: revistas, jornais, gravuras, textos, etc. Após, os
professores, juntamente com os alunos, começariam a
classificação dos materiais por assuntos, os quais poderiam
atender a uma taxinomia.
Exemplo:
Geografia física: relevo, clima, hidrografia, etc.
Geografia humana: aspectos que demonstrem a influência do
homem sobre a terra (habilitação, exploração mineral, forma de
povoação, localização, composição e variação da população,
natalidade, alimentação, o homem e a água, etc.).
Geografia econômica: países, continentes, oceanos, etc.
É aconselhável que o registro dos materiais, construídos ou
selecionados, seja organizado através de fichas, constituindo um
fichário do arquivo. Para cada tipo de material deverá haver um
fichário, que poderá ser estruturado conforme a sugestão:
1.18. Arquivo didático

65
66
Caso a escola não possua recursos financeiros, poderá utilizar
folhas de ofício recortadas em tamanho de fichas. O fichário
poderá ser caixa de sapatos e as estantes para a colocação do
material – tábuas rústicas forradas com papel e separadas por
tijolos. O importante é que haja qualidade e quantidade de
materiais para uso pelos professores e alunos, enriquecendo e
facilitando a aprendizagem.
A oficina pedagógica, além do arquivo, em que conste o acervo
disponível aos educandos e educadores, deve ter um registro de
todas as técnicas materiais e ferramentas constantes da mesma.
Deverá ser feita, também, uma documentação contábil das
aquisições.
Para facilitar a consulta ou manuseio, enfocamos como sugestão
à classificação:
Recursos de ensino:
1) Reais ou reálias:
Conceito: aqueles que documentam fatos significativos no
contexto histórico de um país, estado, cidade ou vida de uma
pessoa, como: documentos, medalhas, objetos, instrumentos,
adornos, utensílios, armas, coleções, vestimentas, selos,
miniaturas, peças autênticas.
2) Ilustrativos
Conceito: todo recurso que tenha por objetivo ilustrar e esclarecer
uma determinada situação, um fato importante na vida de uma
pessoa, região ou mesmo de uma instituição como: gravura,
cartaz, quadro mural, fotografia, esboço, oliorama (quadro com
iluminação), gráfico, desenho, panorama (quadro circular ou
cilíndrico).
3) Simbólicos:
Conceito: qualquer que se utilize de um símbolo para sua
interpretação. Ex.: globos, mapas, maquetes, plantas.

67
4) Projetivos
Conceito: aquele material utilizado para projetar algo ou cujo
efeito é a projeção de alguma coisa.
Dentre os mesmos termos: filmes, slides, diapositivos, fitas para
videocassete ou disquetes para computador.
5) Auditivos
Conceito: recurso utilizado para que, através da audição, as
pessoas possam obter informações educativas, recreativas ou
culturais. Destacamos nesta área: rádios, discos, fitas gravadas,
etc.
6) Instrumentais
Conceito: aqueles através dos quais outros instrumentos são
utilizados para o processamento do conhecimento. Ex.: toca-
discos, computador, videocassete, álbuns seriados, gravadores,
quadro-verde, flanelógrafo, projetor, pantógrafo (instrumento
constituído por um paralelogramo articulado e com que se podem
copiar figuras, modificando-se à vontade a escala do desenho.
Epidiascópio: aparelho de projeção de imagens, que pode
funcionar por transparência (diascópio) e por reflexão (episcópio),
hectógrafo (duplicador que, por meio de umedecimento a álcool,
transfere para o papel com que é alimentado o escrito ou o
desenho da matriz obtida por meio de papel hectográfico,
duplicador a álcool).
7) Mistos
Conceito: recursos que exigem a participação de outros no seu
emprego, como: televisão, filmes, teatro (local onde se vai ver ou
se apresentam obras dramáticas, óperas, etc.) ou teatro de
revista (musical), de fantoches, marionetes, dramatização (ato ou
efeito de dramatizar, ex.: dramatizar uma narrativa, de forma
interessante ou comovente).

68
Em suma, existe uma infinidade de diapositivos para auxiliar o
educador a ampliar o âmbito de conhecimento do aluno e
consequentemente aliviando suas atribuições.
Fora de dúvida, no entanto, é que o papel do professor no ensino
é inquestionável e que este é e sempre será o principal “recurso”.
Na escola é o professor quem convive com o aluno.
O aluno depende do professor e o professor do aluno.
Essencialmente, cada ser humano é um com os outros, ninguém
vive só, cada criatura vive em uma comunidade, seja esta familiar,
profissional, religiosa, escolar, etc. Portanto cada ser humano
estará sempre influenciando e sendo influenciado pelo grupo
social a que pertence. “O professor é uma figura com a qual os
alunos podem identificar-se e comparar-se” (Bruner). O professor
pode construir ou destruir sonhos, ele é um símbolo pessoal,
imediato do processo educativo. Sendo o professor um agente da
educação, sua harmonia, sua fé, seu respeito pelo aluno e por si
próprio, sua habilidade em escolher de forma adequada os
recursos de ensino x aprendizagem, sua vivificação
(reconhecimento ao “eu” perfeito, digno, fonte de amor, luz,
conhecimento, dos que com eles convivem e crescem) a todos
que o cercam determinará com certeza um mundo melhor.
Quando o professor se conscientizar da necessidade de valorizar
a si próprio como profissional e como pessoa, quando acreditar
na capacidade inata do aluno e empenhar seus esforços em
estimular a manifestação dessa perfeição, quando a
personalidade do aluno for respeitada, deixando-se fluir sua
vontade e for permitida sua participação no processo educativo,
o professor, principal recurso na obra da educação, verá sua
obra-prima concretizada e com alegria poderá dizer: Sou o melhor
e maior recurso de ensino.
Cumpri minha missão.
Obrigado.

69
2. Programas de computador e seu uso nas escolas
2.1. Programas educativos
Os programas de computador
criados para serem utilizados
na Educação, os “programas
educativos” são inúmeros e
diferenciados, sendo uma
“extensão” da maneira do
professor trabalhar.

Existem programas nas


áreas de Ortografia, História
e Geografia, por exemplo,
que são apenas testes de
múltipla escolha, mas
também existem programas
que realmente são ótimas
ferramentas de ensino.

2.2. Enciclopédias, livros e programas multimídia


Dentro da categoria de
programas educativos,
ainda poderíamos incluir
livros e dicionários
eletrônicos, enciclopédias,
e diversos programas
“multimídia” (com sons e
imagens em movimento)
de valor indiscutível, mas
que só terão validade caso

70
os alunos trabalhem em um ambiente em que sejam incentivados
à consulta e à elaboração de pesquisas escolares. A intervenção
direta do professor, orientando o aluno, será fundamental para
que a riqueza desse tipo de material possa ser aproveitada da
melhor maneira.
Softwares multimídia, enciclopédias eletrônicas e almanaques
eletrônicos são programas de consulta e pesquisa, portanto, o
local mais adequado para eles deve ser a biblioteca da escola
(junto a computadores de acesso à Internet, por exemplo), onde
poderiam ser utilizados livremente por alunos e professores.

2.3. Programas profissionais


1) Programas profissionais de uso geral
São os mesmos programas usados nos cursos de treinamento.
Existe uma grande atração por esse tipo de programa dentro do
ambiente escolar porque esses aplicativos podem também ser
usados por professores e funcionários nas tarefas administrativas

71
e na preparação de aulas, provas ou lâminas de retroprojetor, por
exemplo.
Esses programas podem ser usados de maneira mais rica se
deixarem de ser o objetivo do aprendizado e passarem a ser um
meio: programas dessa categoria podem ser usados para
canalizar a criatividade do aluno ou, pelo menos, servir de meio
de armazenamento coletivo de informações. A partir do
intercâmbio de conhecimentos gerado pela divisão participativa
da tarefa de armazenar as informações escolares de maneira
organizada, a construção do conhecimento poderia ser alcançada
de uma maneira diferente do padrão repetitivo atualmente
encontrado em nossas instituições.
O uso mais apropriado de aplicativos de uso geral significa, como
sugestão, usar programas de “banco de dados” para armazenar
informações históricas ou sociais retiradas do cotidiano do aluno;
programas de “planilhas de cálculos” para trabalhar com
informações geográficas, matemáticas ou estatísticas e, a partir
de gráficos e dados levantados pelos alunos, levar o aluno a criar
hipóteses e chegar a conclusões por si mesmo; “editores de
textos” para publicar o resultado das pesquisas em grupo para o
resto da classe e assim por diante. Podem ser impressos cartazes
e jornais através da união dos programas acima citados, por
exemplo. A chave para a utilização criativa destes programas
geralmente utiliza o conceito de trabalho “multidisciplinar” para
alcançar um objetivo maior dentro do ambiente de estudos de
informática.
2) Programas profissionais de uso específico
Existem programas reservados a áreas específicas de desenho,
engenharia, robótica e que poderiam ser utilizados em aulas
muito produtivas. Em instituições que possuam esses programas
(para treinamento nos cursos técnicos de 2º grau, por exemplo)
seria possível sua utilização também com turmas do nível
fundamental. Programas de desenho permitem ao aluno

72
defrontar-se com problemas específicos que requerem uma
utilização diferenciada do raciocínio espacial e um envolvimento
criativo que normalmente não é encontrado nas aulas comuns.
2.4. Linguagens de programação e robótica
A linguagem de programação
Logo (criada por Seymour
Papert e equipe no MIT
[Massachusetts Institute of
Technology] em 1968) é a
única linguagem recomendada
para utilização na educação
tanto de adultos quanto de
crianças. Para quem tem um
contato superficial com o Logo,
a tendência inevitável é
considerar o Logo apenas uma
linguagem de programação
simplificada, cujo objetivo seria
ensinar noções de geometria.
Essa impressão é totalmente incompleta e inadequada.
Conceitos teóricos (como o “construtivismo”) são indispensáveis
para quem deseja trabalhar corretamente com a linguagem Logo.
Logo ensina conceitos como planejamento, resolução de
problemas e experimentação. “Aprender como se aprende”, a
partir da interação do aluno com a máquina. Noções de conceitos
matemáticos complexos também são aquisições importantes
durante o aprendizado da linguagem, além de noções de
geometria. Provavelmente o Logo é a atividade mais rica que uma
escola poderia oferecer aos seus alunos atualmente.
A programação de robôs e a automação, matérias muito ricas e
anteriormente impensáveis dentro de uma escola, podem, a partir
de kits educativos de preço convidativo, ser usados dentro de
uma aula de informática. A automação, ciência multidisciplinar por
natureza, pode ser uma opção muito barata para trazer de volta

73
às escolas o prazer à tarefa de ensinar e, é claro, o prazer pela
atividade de aprender. O Logo é a linguagem mais apropriada
para lidar com robótica para estudantes, mas outras linguagens
específicas aos produtos adquiridos podem ser usadas com
relativa facilidade.
2.5. Programas de entretenimento
Diversas formas novas
de comunicação ou de
arte, como “histórias
em quadrinhos” e
“televisão”, já fizeram
parte de uma lista de
“dispensáveis” ou
mesmo “proibidos” à
“boa educação” e, com
o tempo, passaram a
ser incorporados como
“aceitáveis”. Dentro da
informática escolar, a
palavra “proibido” está
ligada a “jogo de computador”. Nenhuma análise séria foi feita
antes de inserir uma categoria inteira de programas, os jogos,
dentro de uma restrição tão rigorosa quanto a que enfrenta.
Considerando que a maioria das escolas não considera incorreta
a utilização dos tradicionais jogos de memória, labirinto, forca e
alguns outros que podem ser aplicados em uma lousa, discriminar
esses mesmos jogos por estarem na forma de programas de
computador é uma atitude um tanto incoerente.
Jogos tendem a imitar diversas situações reais (simulação) que
poderiam ser usadas em aulas de física, matemática ou história.
Grandes jogos são baseados em roteiros (muitos deles retirados
da literatura), o que poderia ser um ótimo ponto para aulas de
línguas (estruturação de um texto) e pequenos jogos são quase
todos baseados em estratégias de diversos graus de dificuldade,

74
o que poderia ser usado em disciplinas como a matemática. Além
do mais, os jogos podem ser usados para exercícios de
criatividade (a criação, desenvolvimento e a confecção de um
jogo são tarefas difíceis e que exigem grande originalidade e alto
grau de inventividade) ou mesmo como atividades sociais.

2.6. Internet
A palavra que melhor define o que a Internet significa é
“comunicação”. Um indivíduo com acesso à Internet tem à
disposição comunicação imediata com outro indivíduo, grupo de
indivíduos ou instituições, em qualquer lugar do planeta, que
também estejam conectados. A “grande rede’, como é conhecida,
tem um potencial enorme, mas tem sido explorada timidamente.
Os serviços mais conhecidos que a Internet pode fornecer são a
correspondência eletrônica (“e-mail”), as listas e grupos de
discussão (“News”) e a “navegação” pela rede de páginas
(“WWW”). Além desses, qualquer tipo de comunicação é
possível, salvo algumas limitações de velocidade das conexões
atuais. Isso significa que duas pessoas podem trocar informações

75
não apenas escrevendo (situação mais comum), mas, através de
recursos extras, também falando (em tempo real, como
estivessem conversando por telefone) ou ainda contatando
visualmente uma a outra (através de conexão de câmeras ao
computador e programas especiais). Um professor de Física
poderia fazer uma experiência no laboratório de uma
universidade de qualquer lugar do mundo e mostrá-la para
qualquer pessoa que desejasse se conectar naquele instante.
Conferências com personalidades importantes podem ser
agendadas sem que o palestrante tenha de sair de sua casa, local
de trabalho ou país e pesquisas escolares podem ser realizadas
em grupos de alunos que nunca tenham estado na mesma
cidade. As possibilidades são tantas que lembram o início da
computação e o otimismo que a invenção do microcomputador
trouxe às escolas. Basta alguém tomar a iniciativa e organizar
suas aulas em torno dessa nova era! Se um professor não sabe
o que fazer com intercâmbio de informações, então vai ter
grandes dificuldades em achar alguma utilidade para a Internet.
O correio eletrônico (“e-mail”), a atividade mais básica da Internet,
pode ser utilizado (e já é há muito tempo entre as universidades)
para troca de informações entre professores ou aluno de escolas
diferentes. Ao invés de limitar o intercâmbio entre professores de
uma matéria da mesma escola, por que não permitir a troca de
informações entre professores de toda a cidade, estado ou país?
Os chamados “grupos de discussão” são grandes “fóruns” de
troca de informações sobre questões de uma mesma área.
Grupos internacionais de discussão (livres para quem quiser
participar escrevendo ou apenas lendo) na área da Educação são
diversos, com temas também diversos, e podem receber
centenas de mensagens (chamadas de “artigos”) por semana!
Grupos nacionais são mais raros, mas também existem. Ao
“publicar um artigo”, o mesmo fica à disposição de todos os que
quiserem opinar, gerando, frequentemente, mensagens por
semanas seguidas dentro do mesmo tema. Alguns temas mais

76
polêmicos podem durar meses e receberem contribuições de
pessoas que sequer tenham participado da discussão inicial.
Uma das grandes vantagens dos grupos de discussão é que
todos os participantes ficam nivelados e um estudante pode
participar ativamente tanto quanto um profissional com vários
anos de experiência no tema, o que seria muito constrangedor e
pouco provável se os debatedores estivessem fisicamente na
presença um do outro. A troca de informações pelos grupos de
discussão é uma das atividades mais ricas dentro da Internet e
uma das melhores maneiras de se encontrar fontes bibliográficas
e conhecer outras pessoas que estejam pesquisando (ou que já
tenham pesquisado) dentro de nossa área de interesse.

A “navegação” pelas páginas WWW (“World Wide Web”) da


Internet é uma das atividades mais conhecidas e permite que
pessoas consultem livros e outras obras (pelo menos as obras
que estejam em domínio público), catálogos das grandes
bibliotecas e as principais notícias de jornais do mundo inteiro,
além das “páginas pessoais”.

77
A publicação de trabalhos escolares como páginas da Internet é
uma das possibilidades de intercâmbio entre alunos de todas as
escolas. A confecção de uma página pode ser tão simples quanto
a criação de um texto em um editor, ou seja, está disponível assim
que o aluno domine as noções básicas de computação.
Apesar do imenso potencial que novas tecnologias podem trazer,
a Internet sofre dos mesmos problemas que outras inovações
enfrentaram ao ser introduzidas na Educação. O professor que
nunca esteve interessado em trocar informações com outros
colegas ou as escolas que nunca fizeram tentativas de
intercâmbio com outras instituições da mesma cidade (ou até do
mesmo bairro), certamente cometerão o mesmo erro em esperar
que a Internet faça milagres e provoque situações educativas que
eles próprios nunca foram capazes de provocar. A utilização de
qualquer tecnologia depende de atitudes muito mais do que a
simples aquisição de aparelhos, programas ou conexões com o
mundo exterior.
3. Suplementos
3.1. Oficina pedagógica – Ativação construtivista
Apresentamos, a seguir, para contribuir com a construção do
conhecimento, algumas sugestões de atividades para a oficina
pedagógica.
Exemplo: Matemática
Na disciplina de matemática, bem como em outras disciplinas, o
professor, juntamente com seus alunos, elaborará um plano de
ação.
Supondo que a ideia central seja a construção de um shopping,
serão realizados estudos em torno da mesma.
Individualmente ou em equipe, far-se-á um registro de tudo o que
se necessita para atingir a meta final. O ponto de partida poderá
ser:

78
• Visita a um shopping.
• Anotações sobre atribuições de pessoas que aí trabalham.
• Tipos de lojas existentes.
• Registro de produtos e respectivas secções.
• Observação sobre preços, quantidade de material estocado,
etc.
Dentro da escola, far-se-ão consultas bibliográficas, elaboração
de exercícios, construção de situações-problema, etc.
O tema escolhido poderá ser menos amplo, como, por exemplo,
a criação de um supermercado, de uma loja de calçados, de uma
farmácia, de uma boutique, de uma livraria, de uma floricultura ou
outro pelo qual a classe demonstrar interesse. O importante é o
contato do aluno com a realidade e a construção do
conhecimento a partir dessa realidade.
Dependendo do nível socioeconômico dos alunos, eles poderão
organizar uma feira (ou gincana) com produtos não perecíveis e,
posteriormente, doarem para alguma instituição carente.
Acredito que as noções de preços, lucros, prejuízos, capital, juros,
câmbios, taxas, salários, verbas, recursos, subsídios,
investimentos, comércio, indústria e tantas outras, adquiridas
pela estratégia proposta, contribuirão também para um processo
de crescimento afetivo e social. Prática e teoria se fazem
presentes e, implicitamente, crítica à transformação da realidade.
Exemplo: Português
• Os alunos poderão escolher livremente um tema. Ex.:
Gastronomia brasileira, italiana ou outra origem, após
elaborarem fundamentação e construírem um livro de receitas,
podendo inclusive em canal de rádio ou TV demonstrarem
praticamente (linguagem oral, escrita, voz, dicção).
• Os alunos recebem uma tarefa para trabalharem em equipe.
Ex.: Como funciona um canal de TV ou Rádio? Documentarão
com roteiro de visitas, entrevistas, relatórios.

79
• O professor sugere um trabalho intitulado: Quem é quem?
• Os alunos farão um levantamento dos monumentos históricos
de sua cidade e, após, um estudo dos respectivos
monumentos.
Considerando que todo professor é um bandeirante
(desbravador), acreditando em seu potencial, esperamos que
construa com seus alunos novas oficinas, novos rumos e
melhores mundos para a geração de agora e das que virão.
Ficha de avaliação
Sugestão para elaboração de uma ficha de avaliação sobre
trabalhos de oficina pedagógica:
Disciplina: ....................................................................
Série: ...........................................................................
Hora: Início: .........................Término: .........................
Tema central: ...............................................................
Local: ...........................................................................
1) Houve um planejamento inicial das atividades a serem
realizadas?
Sim ( ) Não ( )
2) Participaram do planejamento?
( ) Alunos
( ) Professores
( ) Alunos e professores
3) O plano de ação já elaborado foi entregue aos alunos:
Sim ( ) Não ( )
4) Os objetivos foram claramente definidos:
( ) em termos de metas estabelecidas.

80
( ) em termos de recursos.
( ) em termos de informações e divulgação dos resultados.
( ) em termos de transformações, tendo em vista as vivências dos
alunos e o seu enriquecimento pelo contato permanente com a
realidade.
5) No desenvolvimento das atividades foram previstos
procedimentos que favorecem:
( ) observação.
( ) experimentação (aplicação de material).
( ) participação auxiliar.
( ) participação dirigida.
( ) participação autônoma.
( ) participação grupal.
6) Os procedimentos favorecem:
( ) Desenvolvimento de habilidades mentais.
( ) Desenvolvimento de habilidades motoras.
( ) Identificação de alunos que necessitam de atendimento
especial.
( ) Manutenção de um clima emocional de entusiasmo, alegria.
( ) Manutenção de um clima emocional de cooperação e respeito.
Espírito de responsabilidade e a sensibilidade no uso de
conhecimentos científicos adquiridos.
( ) Foram adequadas ao desenvolvimento dos alunos as fontes
de consulta.
7) O trabalho depois de pronto será útil para:
Escola ( ) Comunidade ( )
8) Aspectos significativos detectados: ...........................................

81
3.2. Uma experiência de oficina em sala de aula
Os alunos assim documentaram:
A aula será dividida em 10 grupos, cada grupo receberá um cartaz
com um desenho e respectiva explicação.
Cada grupo formará uma única frase relacionada com a
pontuação indicada no cartaz recebido.
Representantes dos grupos na presença do grande grupo lerão a
frase feita.
O professor da turma juntamente com 4 alunos de outra classe
paralela formarão o júri.
O sinal de pontuação que mais vezes surgir na frase será o
vencedor do concurso.
As frases deverão ser claras, precisas e originais, além de serem
registradas em folha de cartolina.
O cartaz vencedor será colocado no mural da escola.
Atividade de reforço
Exercício: Com os sinais de pontuação que aprendeste escreve
uma frase para cada um deles.
Gincana da pontuação
Hoje, o Sr. Período, animador do programa “Pontuação em
destaque”, está promovendo uma gincana entre os mágicos
sinais que realçam as ideias nas frases. Eis a regra do jogo: Será
vencedor o sinal de pontuação que aparecer mais vezes nas
frases que apresentar. O vencedor terá a honra de aparecer no
mural da escola.


82
A todos, nossos cumprimentos, somos as Aspas. Servimos
para indicar citações ou para chamar a atenção sobre uma
palavra ou expressão.
No para-choque de um caminhão estava escrito “Devagar se vai
ao longe”.

_
– Bom-dia, respeitável público.
– Sou o travessão. Sirvo para indicar o diálogo entre as
pessoas e destacar uma palavra ou expressão.
– Vocês já me viram muito nos diálogos por aí, não é mesmo?

;
Nós formamos um casalzinho simpático. Somos o Ponto e
Vírgula. Indicamos uma pausa maior que a da Dona Vírgula.
Para uns a liberdade é um direito; para outros, a liberdade é um
sonho.

:
Somos gêmeos: Somos os Dois Pontos. Indicamos uma
pausa maior que a do Ponto e Vírgula. Somos empregados
antes de uma citação ou enumeração.
Disse Rui Barbosa:

83
“Não há justiça onde não há Deus”.

( )
Somos os Parênteses. Servimos para separar palavras (ou
expressões) na frase, para chamar a atenção ou dar uma
explicação.
O petróleo (também chamado ouro negro) está ficando cada vez
mais escasso.

!
Oh! Ah! Viva! Bravo!
Que público maravilhoso! Sras. e Srs. Sou o Ponto de
Exclamação. Gosto de admirar tudo. Mas sirvo também para
indicar medo, espanto, surpresa.
Vejam só que frase!
É o fim da picada!

?
Como vão? Tudo bem? Vocês me conhecem? Sou o Ponto
de Interrogação. Alguma pergunta a fazer? Pergunta é
comigo mesmo.
Minha frase?
Quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?

84
,
Eu sou a vírgula. Minha função é indicar uma pequena pausa
na leitura, ou separar palavras, frases ou expressões.
Fofoca, o repórter maluco, entrevistou o prefeito, o governador,
vários deputados e um secretário.

.
Diante de mim todos abaixam a voz. Sou o Ponto Final. Venho
no fim do período para indicar que ele acabou.
Tudo acabou.
O júri, após breve reunião, apresentou o resultado:
Todos os sinais de pontuação foram considerados importantes na
frase, porém, venceu a Vírgula por se apresentar mais vezes na
frase que arranjou. Parabéns à Vírgula e a todos pelo bom
desempenho na frase.
Nota: Enquanto o pequeno grupo da gincana estiver envolvido
com a organização do trabalho, isto é, com a estrutura do plano
– objetivos, conteúdos (sinais de pontuação), situações de
experiência (seleção de livros sobre o tema, elaboração de
cartazes, convite aos jurados), avaliação (instrumentos e
critérios), cronograma, etc. – , os demais colegas do grande grupo
atuam em outras oficinas paralelamente.
3.3. História resumida da informática na Educação
A história da informática na Educação inicia no momento em que
computadores de grande porte passaram a ser utilizados pelas

85
universidades. Inicialmente, apenas na correção de testes, logo
foram usados também como instrumento de ensino. Isto
aconteceu de maneira mais aguda ao fim da década de 1970.
As primeiras aplicações práticas eram muito simples. Informando
imediatamente dos enganos cometidos durante um teste,
permitia que o aluno reformulasse seu pensamento e aprendesse
com seus erros. A próxima evolução foi a criação de testes que
forneciam explicações detalhadas sobre o assunto sempre que o
aluno digitasse a opção errada. A interação com o aluno era muito
limitada e as explicações eram apresentadas depois que o aluno
já tinha respondido à questão, não permitindo verificar se o aluno
compreendera a explicação.
Imaginando que um dia o computador poderia vir a substituir o
professor numa sala de aula, muitos programas para ministrar
aulas foram criados. Apresentadas como num livro, as lições
continham perguntas que precisavam ser respondidas pelo aluno.
Caso as respostas não fossem satisfatórias o aluno precisaria ler
a lição novamente. Sua utilização foi diminuindo, apesar da fama
que obteve nessa época. Aulas baseadas no computador “CAI”
(Computer Assisted Instruction – Instrução Assistida por
Computador”) e o desenvolvimento de novas ideias foram
testados, mas sem o sucesso esperado. A “revolução” no ensino
pela utilização dos computadores não chegou a acontecer, mas
muitas conclusões baseadas nessas tentativas foram utilizadas
na década seguinte, a década da “microinformática”.
As zebras têm estas listras para confundir seus predadores, pois
à distância ficam parecidas com a vegetação africana.

86
Na década de 1980, com a explosão do comércio dos
“computadores pessoais” (criados em meados da década de
1970), já era possível a utilização de computadores em escolas,
antes privilégio das grandes universidades. Professores
passaram a ter contato com o computador e aprenderam a
desenvolver seus próprios programas. Programas imitavam as
“aulas expositivas”, o professor apenas passava o conteúdo de
suas aulas do quadro-negro para o computador e exibia o
resultado para os alunos. Como o número de computadores nas
escolas era limitado, geralmente essas aulas eram feitas em
sessões com diversos alunos usando o mesmo computador.
Nada muito inovador, mas a maioria dos programas educativos
que existem à disposição nos dias de hoje tem algum parentesco
com os programas feitos nessa época. Apesar da curiosidade que
o microcomputador despertava nos alunos que tinham acesso a
ele, nada muito criativo foi desenvolvido para aproveitar essa
curiosidade.
Muitas escolas seguiram a moda de “adquirir um computador” e
ficaram com os computadores parados, sem ter alguém que
soubesse o que fazer com eles... Nem todo professor tinha
habilidades de programador e a ferramenta “poderosa” acabava
esquecida em algum canto ou, quando muito, era usada como
máquina de escrever. Escolas que tentaram colocar “a carreta na
frente dos bois” tropeçaram no seguinte problema: a maioria dos
professores tinha “medo” ou “vergonha” de não saber utilizar o
computador (principalmente na frente dos alunos) ou não se
dispunha a “perder seu tempo” aprendendo sua utilização.
Outras escolas, usando uma estratégia diferente, contrataram
profissionais da área de computação e passaram a ministrar
cursos de “programação de computadores” para crianças:
segundo eles, crianças e adultos precisariam, cedo ou tarde,
saber programar computadores e era dever das escolas introduzir
essa prática o mais cedo possível... A moda era aprender Basic,
uma linguagem de computação atualmente em desuso. Também

87
muitos cursos de Logo, uma linguagem de programação
desenvolvida especialmente para crianças, foram ministrados.
Criada após pesquisas sérias, a linguagem Logo, que deveria ser
utilizada para “aprender a aprender”, era ensinada como se fosse
uma linguagem de programação comum ou, simplesmente, como
método de ensino de geometria.
Ensinar programação desta maneira indiscriminada, pela
inadequação, falta de critério e falta de resultados palpáveis era
algo difícil de levar adiante. Com o tempo, essas práticas
“inovadoras” e sem sentido foram abandonadas. Aos poucos, as
escolas foram substituindo o ensino de programação pelo ensino
de “aplicativos” (programas usados na área profissional): editor
de textos, planilhas de cálculo e banco de dados. Essa
característica aparece pela década de 1990, os chamados
“cursos de treinamento”, onde programas criados para uso
profissional são ministrados tanto para adultos quanto para
crianças. Esses programas ficam rapidamente defasados e
requerem novo treinamento a cada dois ou três anos; portanto
seriam inadequados para crianças, mas algumas escolas
encontraram soluções criativas para essa situação: o
aprendizado de aplicativos profissionais não é utilizado como um
objetivo em si, mas como um elo de ligação entre diversas
disciplinas e como instrumentos de desenvolvimento de tarefas
mais criativas, mostrando que o mais importante não é a
ferramenta à disposição, mas criatividade para usar os recursos
de forma adequada ao ensino.

88
No final da década de 1980 e início da década de 1990 a
“Indústria do software” passa a lançar, lado a lado aos programas
de entretenimento, os chamados “programas educativos”.
Programas cobrindo alguma parte do currículo escolar começam
a ser confeccionados de forma mais elaborada e lançados para
uso doméstico. Os pais adquirem e usam computadores em casa
e é natural que comecem a se interessar pela educação dos filhos
em casa, cobrindo uma deficiência que as escolas não
conseguem sanar. No Brasil essa fase entra com grande atraso e
com muitas dificuldades, pois a maioria esmagadora de
programas são em inglês.
Em meados da década de 1990, entra em foco a “Internet” e é,
atualmente, o que chama a atenção na área da Educação. Será
que esse recurso está sendo utilizado corretamente ou é apenas
mais uma “fase” a ser passada pelas escolas? O potencial da
Internet é tão grande que qualquer iniciativa nessa área precisa
ser levada a sério, mesmo que as promessas sejam maiores do
que os resultados obtidos até agora.
3.4. Lâminas
A utilização das lâminas, aqui sugeridas, como proposta para
participação coletiva e consequente aprofundamento teórico
prático, permite uma discussão reflexiva na busca de uma
conscientização e transformação da realidade circundante.
Como o foco é a utilização dos meios audiovisuais e no caso o
material sendo retroprojetor ou computador é preciso observar a
localização adequada do aparelho, a presença de tomada de luz,
a iluminação correta, a visibilidade das imagens, testar
antecipadamente o sistema a ser utilizado e prever a segurança
quanto às instalações.
É indispensável lembrar que o professor competente é aquele
que desperta, dialoga, problematiza, conscientiza, facilita o
pensamento, a tomada de decisões e se comunica.

89
“O professor fala, mas a palavra docente não é apenas uma
palavra diante da turma, é uma palavra na, com e para a turma”
(Gusdorf).
Ao serem programados os materiais é preciso dar muita atenção
aos processos mentais que entrarão em jogo para que conhecer
e pensar sejam vistos como dois processos estreitamente ligados
entre si (Bergmann, 1975).
O reconhecimento destas verdades, expressas por Gusdorf e
Bergmann, ocasionarão uma transformação radical das práticas
educativas e a operacionalização do ato pedagógico contribuirá
pela ação ampla e eficaz para uma nova realidade, mais justa,
mais humana, mais solidária.
Todos os recursos que permitirem novas estruturas de ação, que
aumentem a percepção, favoreçam a atenção, que evitem as
mesmices, as certezas, que deem lugar para dúvidas quanto à
maneira de conhecer a realidade, enfim, que rompam com
esquematismos preconcebidos, estarão favorecendo uma
pedagogia de inclusão onde homem-meio-mensagem se tornam
polos geradores de uma real prática educativa.
Para concluir registramos alguns questionamentos:
1) Qual seria o melhor professor para este momento da sua vida?
2) Para que um professor possa ser alguém que desperta
consciência, qual deve ser a sua visão de mundo, de pessoa, de
valores?
3) Você sabe questionar, ou tudo que lhe é ensinado é aceito
passivamente?
4) Você acredita na possibilidade de um ensino conscientizador?
Por quê?
5) Será o pensamento uma consequência do ensino?
6) Qual seria, propriamente, a diferença entre perguntar o que o
aluno pensa e perguntar o que ele é capaz de se lembrar?

90
7) Você toma decisões na sala de aula? Você é capaz de
escolher? O que é que você faz antes de tomar qualquer decisão
ou de escolher?
8) Quais seriam, para você, os maiores obstáculos que o
professor encontra, na sala de aula, para uma boa comunicação
com os alunos?
9) Quais são os maiores obstáculos que você encontra, na sala
de aula, para se comunicar com os seus professores?
10) A ideia de formar um novo professor, como se associa às
palavras de Robert Kennedy: “Algumas pessoas concordam com
as coisas como são e perguntam por que, outras sonham as
coisas que nunca existiram e perguntam porque não?”
Sugestões:

Todos são iguais perante a lei.


...a transformação da igualdade formal em igualdade real está
associada à transformação dos conteúdos formais, fixos e
abstratos em conteúdos reais, dinâmicos e concretos.
(Demerval Saviani. Escola e Democracia.
Editora Cortez, 11. ed., p. 67, 1986).

A competência mais importante do cidadão constitui-se na


capacidade de intervir eticamente com base no conhecimento
mais inovador possível. De um lado, é preciso educar o
conhecimento, do outro, inovar a educação.
(Pedro Demo. ABC – Iniciação à competência, reconstruída do
professor básico. Papirus, p. 119, 1995).

91
A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo
de construção do significado do texto a partir do que está
buscando nele, do conhecimento que já possui a respeito do
assunto, do autor e do que sabe sobre a língua.
Uma estratégia de leitura é um amplo esquema para obter, avaliar
e utilizar informação.
BRASIL. Programa de Desenvolvimento profissional continuado:
alfabetização. Secretaria de Ensino Fundamental. Brasília: A
Secretaria, 136 p., 1999. In: Módulo alfabetizar com textos.

A aprendizagem ocorre quando o aluno modifica o seu modo de


perceber a realidade, o que o conduz a novos modos de pensar,
sentir e agir.
Juracy C. Marques. A aula como processo. Editora Globo, MEC,
p. 139, 1988.

Características facilitadoras ao correto exercício do magistério


segundo Kertész e Lorenzoni (1991).
Comunicabilidade, comportamento ético, equilíbrio emocional,
criatividade, boa expressão verbal, bom relacionamento
interpessoal, comportamento funcional adequado.
Maria Lúcia M. Carvalho Vasconcelos.
A formação do professor de terceiro grau.
Editora Pioneira, 1994.

3.5. Inteligências múltiplas x recursos


Nossa apologia consiste em afastar definitivamente, a salivação
do professor, e introduzir, efetivamente (a rima é proposital), uma
estratégia de construção do conhecimento pelo aluno que se
processe através de um instrumental desencadeador de

92
percepções, capacitação de elaboração, comunicação e
socialização dos envolvidos no processo.
Celso Antunes, em sua obra Como transformar informações em
conhecimento, alerta para a imprescindível nova postura do
professor como mediador entre a informação e sua construção e
referencia, também, a importância do espaço escolar,
simbolizado pelo ato pedagógico.
A riqueza dos meios de comunicação, aliada à popularização dos
saberes, juntamente com o conhecimento existente sobre a
mente humana, exige um professor capacitado a orientar melhor
e com eficácia seus alunos. Para tanto, faz-se indispensável
práticas estimuladoras voltadas para as inteligências múltiplas,
isto é, recursos apropriados para o desenvolvimento do
pensamento lógico-matemático, espacial, sonoro, cinestésico-
corporal, naturalista, interpessoal, intrapessoal, existencial e
pictográfico.
A função do professor como mediador, em especial em áreas que
envolvem competências linguísticas, é de fundamental
importância, pois a educação da mente se processa a partir dos
desafios que incitam os alunos a buscarem novas competências
e, consequentemente, aperfeiçoamento da comunicação
interpessoal.
Seja para tocar piano, seja para jogar futebol, a presença do
orientador (tutor-técnico) é imprescindível, da mesma forma a
presença do professor é necessária como apoio e incentivo na
tomada de decisão de aprender, bem como para transformar o
desejo de saber na alegria de conhecer.
Uma sala de aula sem qualquer recurso se assemelha a um fogão
apagado com panelas cheias de deliciosas iguarias a serem
cozidas. É preciso que a operacionalização do ensino-
aprendizagem conte com materiais de apoio, para que se
processe o melhor possível a transformação de saberes em
conhecimento, numa abordagem participativa prazerosa.

93
O professor como mediador, animador, gerador da interação do
sujeito com o objeto, ocupa lugar de destaque, sua ajuda permite
que o pensamento do aluno vá gradativamente se modificando,
em direção a tarefas progressivamente mais complexas.
Diferenciando algumas das competências prioritárias
estabelecidas por Philippe Perrenoud, a serem adotadas pelo
professor dos novos tempos, temos:
• Organizar e dirigir situações de aprendizagem.
• Administrar a progressão das aprendizagens.
• Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho.
• Trabalhar em equipe.
• Utilizar novas tecnologias.
Acreditamos que a Teoria das Inteligências Múltiplas,
desenvolvida na década de 1980 por Howard Gardner e adotada
por muitas escolas do mundo inteiro, que coloca em pauta as
novas descobertas neurológicas ocorridas em Harvard,
priorizando questões que envolvem a memória, a aprendizagem,
as consciências, as emoções e as inteligências em geral, indica
um novo paradigma para o campo da educação e exige do
profissional do ensino uma nova postura, acentuando, sem
dúvida, a necessidade de um aprimoramento quanto às
estratégias estimuladoras.
O sistema educacional não obriga o professor a adotar
instrumentos para o ensino, cabe ao mestre observar os setores
que o rodeiam e procurar explorar os recursos disponíveis.
A ajuda do professor criará condições para que se efetivem
aprendizagens significativas, não alicerçadas em meros
estímulos reflexivos.
Lev Semyonovitch Vygotsky, psicólogo de renome, e seus
discípulos, ao pesquisarem a mente humana, concluíram que não
mais o comportamento e sim a ação dos neurônios e suas
sinapses fornecerão elementos capazes de elucidar os mistérios

94
da mente humana. Com este posicionamento processou-se
verdadeira revolução na área educacional.
Graças a Paulo Freire, Maria Montessori, Howard Gardner,
Sócrates, São Francisco de Assis, Vygotsky, Piaget e tantos
outros sábios e/ou idealistas novos rumos, novo sentido, nova
visão, novos horizontes são vislumbrados, o aprender passa a ser
conquista e realização e os saberes, alicerçados no
conhecimento, cooperadores para um novo mundo pessoal e
social, verdadeiramente humano.
Amigo professor, professor parceiro, você é uma realidade, não
virtual! Levante-se e ande!

95
O professor é o maior componente estimulativo da aprendizagem.
Sua fala tem não apenas poder estimulativo, mas atua inclusive
como força geradora, para a manifestação e desenvolvimento de
uma atitude crítica, inquisidora e realizadora por parte do aluno.
A teia (rede) de comunicações, estabelecida pelo professor,
facilitará o fluxo de ideias entre os participantes do discurso, além
de suscitar colaboração, integração, criatividade e sugestões
práticas.
No papel de dirigente, o mestre como líder será eficiente se
respeitar as regras psicológicas e sociais do grupo. Para tanto
deverá estabelecer objetivos com o grupo, registrando-os no
quadro-verde, utilizando o recurso que mais se adapte à situação.
Uma vez definidas as metas e o grau de participação individual e
coletiva, no processo decisório, o grupo será cientificado dos
fatos ou conhecimentos vinculados que estarão definindo a
aprendizagem.
Conforme Vygotsky, a “boa aprendizagem é aquela que precede
ao desenvolvimento”, isto é, “os processos evolutivos não
coincidem com os processos de aprendizagem”, mas “o processo
evolutivo é puxado pelo processo de aprendizagem” (1984: 139).
Com isto se percebe, conforme o autor, a “unidade” entre o
processo de desenvolvimento e o de aprendizagem.
Considerando como fator básico a autoconstrução da pessoa,
respeitando o posicionamento de Vygotsky, e ainda, segundo o
mesmo autor, a definição de internalização como “a reconstrução
interna de uma operação externa” (1984: 92), situamos o
professor como o agente cultural que imediatiza o contato do
aluno com a realidade e que como mediador externo sintetiza,
avalia e interpreta a informação a transmitir.

96
Por sua vez o aluno recebe a informação, relaciona-a e interpreta-
a através de estratégias de processamento que atuam como
mediadores internos, ocorrendo a significação da informação, a
extração do princípio da estrutura contida na mesma, além de
contribuir com suas experiências e aprendizagens anteriores que
recriam e geram nova informação.
As perguntas – O que? Quando? Como? Onde? Quem? Por quê?
Para que? – podem ser úteis como roteiro informativo para que
nenhum elemento relevante seja omitido na expectativa de que
as informações sejam seguras e completas e a estrutura cognitiva
obtenha sucesso.
É indubitável a importância do adulto (professor ou não) na
aprendizagem, pois é na interação com este que a linguagem do
educando se enriquecerá e se construirão as estruturas
cognitivas que possibilitarão o controle da conduta.
A palavra do professor é um signo mediador entre as pessoas na
medida em que se internaliza e contribui com intensidade na
formação das funções psicológicas superiores, através da
mediação externa, a qual implica uma interação social, e na
mediação interna, por meio da qual vai construindo a estrutura
cognitiva.
É bom lembrar que o processo de internalização localiza-se em
um contexto sociocultural determinado, pois a atividade cognitiva
da pessoa se realiza dentro de um contexto que proporciona
informação e ferramentas para desenvolver-se no mundo e,
também, atua como controladora do processo de acesso a esta
informação e a estas ferramentas cognitivas.
É necessário, ainda, esclarecer que o professor, como líder, ao
expor os fatos, deve já ter previsto as informações e os dados
indispensáveis para o desenvolvimento das atividades. Neste
contexto está previsto a coleta de opiniões do grupo quanto às
atribuições e lideranças para identificação dos aspectos básicos
vinculados ao problema.

97
É aconselhável não manifestar seu ponto de vista inicialmente,
para evitar qualquer constrangimento aos alunos partícipes na
construção do conhecimento, isto é, do fazer educativo.
O ponto-chave é que a palavra é um signo cujos efeitos
produzidos na mente podem guiar o educando em direção à fonte
da verdadeira educação.
Para concluir registraremos dez itens que permeiam o universo
educacional e que podem ser considerados como reveladores de
uma prática metodológica de qualidade:
1) Acreditar na capacidade do aluno de investigar, de criar e no
espírito de pesquisa.
2) Aceitar que não existem fórmulas de educar e sim caminhos.
3) Reconhecer que a fala do professor vai ajudar o aluno a
adquirir consciência de sua força e responsabilidade na
construção de sua história e da história do seu grupo.
4) Assumir o papel de companheiro de jornada no processo de
formação e capacitação do educando.
5) Manifestar responsabilidade individual que significa que “toda
a ação gera consequências que o ator, eventualmente,
enfrentará” (Naisbitt & Aberdene, 1990: 298).
6) Utilizar critérios lógicos na seleção de materiais e organização
dos espaços, visto que os mesmos possuem uma intensa
influência no nível de compromisso dos alunos e nas atividades
de aprendizagem. “A disposição dos materiais é causa de
acontecimentos muito diferentes na sala de aula, alguns
relacionados com a gestão e a conduta e outros com a amplitude
e a profundidade da aprendizagem no ambiente” (Zabalza, 1998:
266).
7) Utilizar estratégias em que o sujeito para dominar a situação
precise refletir, ter tempo e investir a energia necessária para

98
recombinar, diferenciar e coordenar os recursos existentes
(Perrenoud, 2001: 172).
8) Indicar bibliografia e fonte de informações além da que utilizar
em sua exposição oral ou escrita.
9) Empregar recursos audiovisuais de forma adequada, tanto
quanto à quantidade, como à qualidade dos materiais didáticos.
10) Incentivar e propiciar a criação de bibliotecas (em sala de
aula), laboratórios de línguas, ciências, materiais didáticos, etc.
Ao lado desses preceitos recomendamos:
Leia, leia, leia... e aguce no aluno o sabor da leitura, pois a
verdadeira formação ou educação se encontra nesta fonte
saciadora da sede de cultura, fé, alegria, paz e perfeição.
Foi num livro que li: “O espírito que se eleva na direção do céu é
antena viva, captando potenciais da natureza superior, podendo
distribuí-los em benefício de todos os que lhe seguem a marcha”
(F.C. Xavier).
Seja você, educador, esta antena viva. Muito obrigada!
Ilza Sant’Anna

99
MENSAGEM
Querer é poder!
O que queremos afinal!
Queremos:
Eliminar a dependência do aluno.
Eliminar a cópia dos exemplos do professor.
Propor uma caminhada sem muletas.
Despertar uma consciência crítica.
Uma avaliação do próprio agir.
Uma avaliação participativa.
Decisões individuais.
Decisões coletivas.
Disciplina consciente.
Autoestima
Autorrealização
Criatividade
Conhecimento.
Ação.
Felicidade.
Para quem?
Para mim, para ti, para nós!
Por quê?
Porque a vida é partilhar, é crescer, é ajudar a crescer, é estender
a mão para erguer, é estimular cada um a desabrochar segundo
sua natureza, é em suma: amor.
Obrigada por nos darmos as mãos nesta caminhada.

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