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1 INTRODUÇÃO
1.1 Considerações Iniciais
As empresas em todo o mundo discutem cotidianamente as novas exigências dos mercados
consumidores, a globalização, o aumento da competividade, a evolução tecnológica e escassez de
recursos e como isto tem exigido mudanças significativas no modo de gestão dos negócios.
Buscam, ao longo do tempo, a melhoria dos seus processos e resultados por meio de diversas
ferramentas, visando tornarem-se cada vez mais competitivas.
No contexto da manufatura, o OEE (“Overall Equipment Effectiveness”) ou Eficácia Global
dos Equipamentos ajuda a entender melhor como está o desempenho da área de produtiva e a
identificar qual a máxima eficácia possível. (HANSEN, 2006). É uma abordagem quantitativa e
uma referência como indicador sistêmico de produção para medir as principais perdas de
equipamentos/sistemas e faz medição sob três aspectos:
1.2 Objetivos
O objetivo principal deste artigo é apresentar um estudo de caso sobre a aplicação do OTE,
contribuindo para a incorporação de uma cultura estratégica, baseada na formulação de
indicadores de desempenho que, de certa forma, contribuem para identificar o valor dos recursos
humanos nos resultados da empresa sob o aspecto do pensamento “lean” aplicado dentro do
processo de manutenção industrial, destacando a produtividade do maior ativo deste processo –
recursos humanos – através de uma nova linguagem de medição, expressa por valores numéricos
que quantificam a eficácia da gestão.
1.3 Justificativas
A ausência de um indicador estratégico que defina com clareza a situação da produção da
equipe de manutenção, que possa ser um parâmetro e que quando analisado possa responder
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questionamentos constantes dos gestores de “Como estou trabalhando?”, “Onde posso melhorar?”
ou “Como está minha performance?” e “Porque a produtividade não aumenta?”.
1.5 Metodologia
Realizaram-se pesquisas bibliográficas em vários meios diferentes, como livros, revistas,
boletins, informativos de empresas, sites, monografias, permitindo extrair muitas informações
sobre a referida metodologia, enriquecendo o corpo principal deste trabalho.
A pesquisa quantitativa baseada na utilização das ferramentas OEE foi a abordagem adotada
neste estudo. Sua natureza aplicada decorre a possibilidade de utilização imediata dos
conhecimentos gerados sobre a aplicação da ferramenta para auxiliar os setores de manutenção,
no âmbito medir a eficácia da mão de obra. Do ponto de vista dos procedimentos, a pesquisa
desenvolvida pode ser classificada como um estudo de caso.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Estratégia Empresarial
Segundo Silbiger (1996), o pensamento estratégico envolve uma análise abrangente de uma
empresa em relação ao seu setor, seus concorrentes e o ambiente empresarial a curto e a longos
prazos. Em ultima análise, estratégia é o plano de uma empresa para atingir suas metas, porém
planos estratégicos não podem ser formados no vácuo.
O Modelo McKinsey 7S desenvolvido por Tom Peters e Robert Waterman, na época que
ambos trabalhavam como consultores na Mckinsey & Co., oferece uma estrutura com a qual se
pode fazer uma análise da empresa como um todo, composta de 7 variáveis-chave que podem
afetar o desempenho da instituição e são necessários para uma organização operar de modo mais
eficiente possível:
“Structure” (Estrutura): Como a organização planeja e divide seus negócios?
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O modelo dos 7S é uma ferramenta valiosa para organizar os pensamentos (SILBIGER, 1996),
empresas somente terão sucesso quando alcançarem uma integração entre todos eles.
Destacando o fator “Staff” (Pessoas) foco deste artigo, percebe-se muitas vezes que alta
administração não acha muito importante atribuindo ao departamento de recursos humanos as
tratativas de gestão de pessoas, experiências e competências, modo de recrutamento, treinamento e
avaliação de desempenho.
Neste contexto, destaca-se que acompanhamento do desempenho da equipe através de
indicadore s que possibilitam um sentimento de participação sobre as ações tomadas, além
disso, permite a busca de melhor qualidade e contínuo aprimoramento, Rezende (2003).
Destaca-se desta forma que “a importância do fator humano como agente de transformação e
de sustentação da competitividade e da performance assume seu contorno mais
significativo”, Rezende (2003, p.200).
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Hansen (2006) destaca que o elemento mais importante de uma fábrica são seus recursos
humanos, desta forma a avaliação da gestão com pessoas numa organização industrial a é
importante como diferencial competitivo tanto externo como interno no mercado globalizado e se
aplicados em sintonia, os indicadores vão revelar se esforços e resultados estão sendo alcançados.
E apesar da relação causa efeito ser algo complicado para medir e algumas avaliações aparentam
caráter subjetivo, esse tipo de ferramenta pode ser a única opção disponível e que apresente algum
resultado real.
Existem centenas de indicadores que são utilizados pela área de RH, além da possibilidade da
customização de indicadores para demandas específicas das organizações. Os dados mais comuns
utilizados na construção de indicadores são:
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8) Desperdícios de Subutilização
2.4 OEE
A análise da eficiência dos sistemas produtivos é considerada um tema de relevância para as
empresas industriais. Pelo cálculo e monitoramento da eficiência produtiva dos recursos físicos,
podem-se conhecer as suas reais eficiências, tendo como objetivo elaborar planos de ação e
soluções para os principais motivos de ineficiência da produção. Como as informações para o
cálculo correto da eficiência dos recursos nem sempre estão disponíveis nos sistemas corporativos
das empresas, faz-se necessário coletar e analisar os dados dos recursos produtivos (PASSOS
et al, 2004).
A adoção de um sistema de medição correto e o gerenciamento de parâmetros-chave é
capaz de contribuir para o aumento da produtividade tanto das áreas multifuncionais quanto da
planta (HANSEN, 2006).
Uma das ferramentas mais importantes na filosofia TPM é a Eficiência Global do
Equipamento (OEE). O indicador OEE é resultado da multiplicação de três parâmetros que têm
um papel relevante na filosofia TPM (FUENTES, 2006). Bariani & Del’Arco Júnior (2006)
definem os parâmetros como:
Disponibilidade: É a quantidade de tempo em que um equipamento esteve disponível para
trabalhar comparado com a quantidade de tempo em que foi programado para trabalhar.
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Qualidade: É o número total de peças boas produzidas, comparado com o número total de
peças produzidas.
A Figura 1 e a Quadro 1 apresentam cada índice e as principais falhas que interferem no
seu desempenho:
A medição da eficiência global dos equipamentos pode ser aplicada de diferentes formas e
objetivos. Segundo Jonsson e Lesshmmar (1999), o indicador OEE permite indicar áreas onde
devem ser desenvolvidas melhorias bem como pode ser utilizado como “benchmark”,
permitindo quantificar as melhorias desenvolvidas nos equipamentos, células ou linhas de
produção ao longo do tempo. A análise do OEE e da produção de um grupo de máquinas de uma
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linha de produção ou de uma célula de manufatura permitem identificar o recurso com menor
eficiência, possibilitando, desta forma, focalizar esforços nesses recursos.
3 ESTUDO DE CASO
3.1 Descrição do Projeto
Este projeto teve como objetivo o desenvolvimento de um indicador nos moldes do OEE para
equipamentos, que verifique ao mesmo tempo a eficiência, performance e qualidade da equipe de
manutenção. Esta equipe composta de 4 (quatro) profissionais que atuavam na manutenção de
meios produtivos: usinagem, teste de turbinas, teste de motores e utilidades. Os dados coletados se
referem aos meses de Fevereiro a Julho de 2012 e foram aplicados de imediato gerando os planos
de ação para os meses seguintes.
3.2 OTE
META
Hs Ativ.Programadas Horas
EFICIÊNCIA = EFICIÊNCIA = Disponíveis - Ativ.Não Programadas + Extras 75%
Hs Disponíveis
25
R e n a to M a r q u e s
G e b e r M e is s n e r
W agner R am os
23,00
J o ã o G a b r ie l
20
17,83
16,00
15
Horas
9
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700
600
500
400
300
200
100
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Hs Disponíveis 528,00 736,00 496,00 748,00 714,00 450,50
Hs Reais Trabalhadas 454,58 654,03 426,33 615,67 661,17 418,67
Ativ.Programadas 86,92 46,47 46,17 154,83 24,33 38,83
Ativ. Não Programadas 0 35,50 23,50 12,00 57,00 16,00
Horas Extras 13,50 0,00 0,00 34,50 28,50 23,00
748,00
714,00
800 100%
661,17
654,03
615,67
700
90%
80%
528,00
496,00
600
70%
454,58
450,50
426,33
418,67
500
60%
400 50%
300
40%
30%
200
20%
100
10%
0 0%
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
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M ET A
PER F O R M A N C E = H s A p o n ta d a s 75%
PERFORMANCE = H s R e a is T r a b a lh a d a s
3500 100%
97,0%
92,9%
88,5% 90,4% 90%
3000 86,8% 84,9%
80%
2500 73,3%
70%
60%
2000
50%
1500
40%
1000 30%
20%
500
10%
0 0%
Acumula
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
do
Hs Reais Trabalhadas 3230,45 454,58 654,03 426,33 615,67 661,17 418,67
Hs Apontadas 2802,53 402,53 479,37 413,57 556,82 561,32 388,92
Performance 86,8% 88,5% 73,3% 97,0% 90,4% 84,9% 92,9%
Meta 75% 75% 75% 75% 75% 75% 75% 75% 75% 75% 75% 75%
As Horas Reais Trabalhadas foram estratificadas por tipo de atendimento e por funcionário,
permitindo ao Planejamento e Controle de Manutenção uma melhor análise:
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168:00
144:00
120:00
Tempo (Horas)
96:00
72:00
48:00
24:00
00:00
Geber Meissner João Gabriel Renato Marques Wagner Ramos
Preventiva 78:45 111:00 05:30 00:00
Preditiva 00:00 00:00 00:00 00:00
Pesquisa e Desenvolvimento 00:00 00:00 00:00 00:00
Novas Instalações 00:00 00:00 00:00 00:00
Melhoria 00:00 00:00 03:00 00:00
Corretiva Programada 44:20 24:20 50:00 00:00
Corretiva Não Programada 39:40 27:10 04:40 00:00
* Utilização de equipamentos de
2.1 Causou ocorrência ambiental 0 ou -15 0
1.10 Nota: 15 5 X
prevenção de incêndios
2.2 Cumprimento dos padrões do SGA 0 à 20 20
1.11 * Limpeza de peças 5 X
4
fluxos
ATENDIMENTO
30 à 49 - Ruim EXCELENTE
4.1 Prazo Cumprimento dos prazos acordados Nota: 0 0 X 50 à 69 - Regular
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O resultado, com suas estratificações, (Figura 8) foi demonstrado em um único indicador como
está a equipe analisada e suas possibilidades de melhoria.
OTE =
A Figura 9 destaca que em Abril o indicador alcançou 76,7%, atingindo a meta em 2 (dois)
meses após o início da medição mantendo-se estável até o mês de julho indicando, numa
primeira estratificação possibilidades de melhoria no indicador de Performance – a maior
dificuldade encontrada – mostrar a importância do apontamento das Horas Trabalhadas.
Acompanhamento Anual
100%
Janeiro 90%
68% Fevereiro 80%
57% Março 70%
77% Abril
60%
71% Maio
50%
71% Junho
40%
83% Julho
Agosto 30%
Setembro 20%
Outubro 10%
Novembro 0%
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Dezembro OTE 67,9% 57,3% 76,7% 70,7% 70,8% 82,9%
71% Média Meta 70% 70% 70% 70% 70% 70% 70% 70% 70% 70% 70% 70%
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Buscando garantir o sucesso do projeto de OTE, foram implementadas reuniões mensais para
avaliação dos resultados, juntos com os envolvidos, onde eram apontados e corrigidos os
principais problemas e vários fatores determinantes foram identificados durante o processo de
implementação. Dentre eles, destacam-se aspectos críticos e positivos:
Fatores críticos: os relacionamentos interpessoais e as crises pessoais, devido à quebra de
paradigmas culturais e comportamentais;
Fatores positivos: a valorização de todos os envolvidos, a adequação da equipe as
necessidades de buscar ‘ser’ e ‘estar’ cada vez melhor (em face de meta de fazer sempre
mais com menos).
Em muitos momentos, o caminho mais simples parecia ser retornar ou abandonar o ‘novo’ e,
na verdade as dificuldades foram encontradas no ‘desaprender o velho’. Certos de que uma grande
mudança normalmente é impossível a menos que todos os funcionários entendem o porquê mudar,
investiu-se maciçamente em treinamentos voltados ao trabalho em equipe e motivação.
Ainda assim, nem todos os envolvidos chegaram o ideal ao mesmo tempo, porém, outros
conseguiram enxergar o futuro e projetar-se nele buscando a melhoria contínua de forma
incansável, confirmando que mais do que mudar a equipe o fundamental foi a modificação das
pessoas, pois nestas sustenta-se o sucesso de qualquer programa/ metodologia.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMARAL, A; PERCIBALLI, M.A. Utilizando os conceitos do OEE para medir a eficácia de uma
equipe. Anais do 24º Congresso Brasileiro de Manutenção, Recife, 2009.
ARAUJO, M.A., Administração de Produção e Operações: uma abordagem prática. Rio de
Janeiro: Brasport, 2009.
BARIANI, L.& DEL’ARCO JÚNIOR, A.P. Utilização da tecnologia da informação por grupos
integrados de manufatura para o controle de indicadores de produção enxuta. Revista de
Ciências Humanas, Taubaté, v.12, n.1, p. 67-79, jan./jun, 2006.
CASTRO, F.P.; ARAUJO, F.O. Medição de Eficiencia Operacional através do Indicador OEE
(Overall Equipment Efectiveness): Uma Proposta de Implantação no Segmento de Bebidas. Anais
do VI Congresso Nacional de Excelencia em Gestão, Niteroi. 2010.
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