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Atendimento de Emergência em Cães

A intervenção deve se basear no ABC do trauma, que hoje em dia pode ser adicionado mais
um A, o AABC.
A = Anestesia
A = Vias Aéreas
B = Boa Respiração
C = Circulação

Mais recentemente se institui a necessidade de Anestesiar o animal antes do


procedimento, para diminuir o estresse da contenção e facilitar o manejo. Um bom protocolo a se
empregar é com opioide associado a benzodiazepínicos.
No tópico Vias Áreas é necessário uma inspeção e garantir que está havendo 100% de
inalação de oxigênio. Na Boa Respiração, se garante que o animal está oxigenado, está ventilando
(fornecer com ambu quando não), e está sendo possível a expansão torácica.
Em relação a Circulação, é nessa etapa que se controla as hemorragias, se estabelece a
perfusão e faz-se o acesso venoso e reposição volêmica.

Anestesia

Na tabela a seguir é possível encontrar protocolos para obter diferentes níveis de sedação:

• Xilazina + dexmedetomodina: xilazina é seguro em doses mais baixas. Pode ser aplicado
também por via transmucosa.
• Midazolam: estimula o apetite e pode gerar excitação paradoxal em animais hígidos
quando feita sozinha, sem associação a outro fármaco.
• Em animais muito excitados pode ser feito protocolo de opioide + midazolam 0,5mg/kg +
cetamina 5mg/kg. Com isso o animal será tranquilizado e será possível pegar acesso
venoso e instituir propofol a 1mg/kg.

O protocolo anestésico deve se basear em qual das seguintes etapas se deseja obter:
Analgesia → qual deverá ser dependendo da DOR do procedimento.
Sedação → qual grau de RELAXAMENTO se deseja obter do paciente.
Dissociativa → permite uma melhor manipulação do paciente. Ex.: Ketamina e Zoletil.
Anestesia → promove INCONSCIÊNCIA. Ex.: Propofol.

Insuficiência Cardíaca Congestiva

A principal doença que leva a insuficiência cardíaca congestiva (ICC) é a endocardiose da


valva mitral, com prevalência de 85% na clínica de pequenos. Ocorre quando há uma degeneração
da estrutural da valva mitral, gerando um refluxo de sangue.
Fisiopatogenia: a deficiência degenerativa da válvula causa diminuição de débito cardíaco,
oque ativa mecanismos compensatórios que aumenta frequência cardíaca e faz vasoconstrição. O
retorno de sangue para o átrio provoca remodelamento atrial para comportar o volume sanguíneo
e consequentemente é necessário também aumentar a força de ejeção. Esse remodelamento
comprime o brônquio pulmonar esquerdo o que provoca a tosse. Além disso há também retorno
de sangue para o pulmão gerando edema pulmonar.
A ACVIM (American College of Veterinary Internal Medicine) lançou em 2009 um estudo
contendo um consenso sugerindo classificações do paciente com endocardiose de mitral.

Há presentes 2 tipos de genótipos nos pacientes que chegam a emergência com


cardiopatias: quente e úmido ou frio e úmido.

QUENTE E ÚMIDO ↑Pré-Carga e ↑Pós-Carga


Apresenta PA normal a alta, nível de consciência bom e extremidade aquecidas. Responde bem a
diuréticos e produz urina. Como conduta é necessário minimizar seu esforço respiratório,
oferecer oxigênio, e quando necessário (cerca de 5%) oferecer suporte ventilação. Como protocolo
anestésico se pode utilizar acepram ou midazolam com opioide, juntamente ao propofol para
manter inconsciência. Para tratar essa urgência é importante diminuir a pré-carga com diuréticos
(furosemida 2-4mg/kg ou 1mg/kg/h) e diminuir a pós-carga com vasodilatadores (Nitroprussiato
de Sódio 0,5mg/kg/min; Hidralazina 0,5-2 mg/kg/VO; Anlodipino 0,05-0,1mg/kg/VO).
FRIO E ÚMIDO ↓Pré-carga e ↓Pós-carga
Possuem padrões hemodinâmicos baixos. Paciente mais grave. Não há mais perfusão nas periferias.
Prioridade NÃO é fazer furosemida pois não há perfusão renal e não fará efeito. Nesse paciente
também NÃO É RECOMENDANDO fazer acepram.
É necessário melhorar a temperatura e perfusão com fármacos inotrópicos (Dobutamina 1-20
mcg/kg/min) e quando melhorar a temperatura instituir Pimobendam (0,25-0,3 mg/kg/VO).

Trauma Crânioencefálico

Como protocolo anestésico pode se instituir benzodiazepínicos (evitar convulsões) com propofol,
além de claro providenciar analgesia adequada (evitar morfina).
O animal com trauma crânioencefálico pode estar com hemorragia, edema, inchaço, hipercapnia e
hiperglicemia (↑ índices de mortalidade). Pode apresentar com PA elevada, que não pode ser muito
diminuída para não haver comprometimento da perfusão cerebral.
Para diminuir o edema se institui a terapia hiperosmolar. Corticoides não são preconizados e
aumentam a mortalidade.
Animal em crise e agitado se faz benzodiazepínicos por via retal. Pacientes refratários aos bzdps
podem ser colocados em anestesia geral e se ainda sim continuar entrar com Ketamina.
Atendimento de Emergência em Cães

Segue os mesmos preceitos do atendimento emergencial de cães com algumas


especificidades:

A = Anestesia
A = Vias Aéreas
B = Boa Respiração
C = Circulação

A seguinte sequência pode ser seguida quando atender um felino:


Reduzir ansiedade → fornecer oxigênio → garantir expansão do tórax (centeses, dreno do
tórax) → suporte ventilação

Anestesia

Tranquilizante:
 GABAPENTINA (50 ou 150 mg/gato VO)
→ Pode ser utilizada pré-hospitalar para o paciente já chegar tranquilo a clínica.

Sedação leve:
 MEPERIDINA (5 mg/kg IM) + MIDAZOLAM (0,25 mg/kg IM)

Sedação moderada:
 METADONA (0,15-0,3 mg/kg IM, OTM) ou BUPRENORFINA (20μg/KgIM) + MIDAZOLAM
(0,5 mg/kg IM)

Sedação pesada:
 FENTANIL (2,5-5mcg/kg IV, IM) + MIDAZOLAM (0,5 mg/kg IV, IM) + CETAMINA (3-10 mg/kg
IV, IM)
 DEXMEDETOMIDINA (IV→ 1-2mcg/kg; IM→ 5-10mcg/kg; OTM→ 20-40mcg/kg*) +
XILAZINA (IV→ 0,1-0,5 mg/kg; IM→ 0,5-1mg/kg; OTM→ 2mg/kg)
*Dexmedetomidina (preferencialmente) ou Ketamina (10-20 mg/kg) podem ser espirradas em
doses maiores a longa distância (através de cateter sem agulha e seringa) por via oral transmucosa.

Boa Respiração

A forma mais eficiente e prático é através da incubadora quando não é possível sondar a
traqueia. Tomar cuidado para não abrir toda hora a incubadora.
Em casos que a expansão torácica esteja comprometida como, por exemplo, efusão pleural,
é necessário primeiramente anestesiar o paciente.

Obstrução Uretral

Principal emergência na clínica de felinos. É gerado uma ausência de fluxo urinário


provocada por obstrução do canal urinário. Com o acúmulo de urina na bexiga e retorno de fluxo
ao rim, é gerada uma insuficiência renal aguda de caráter pós-renal.
Gera hipercalcemia e esse excesso de potássio pode ser letal por causar insuficiência
cardíaca. O uso de glicose estimula insulina endógena que induz ao potássio circulante a entrar nas
células. Pode ser feito diretamente insulina também. O gluconato de cálcio pode ser instituído
quando já há alteração no eletrocardiograma.
Como conduta anestésica pode se utilizar:
 Meperidina (5 mg/kg IM ou Metadona 0,3 mg/kg IM) + Midazolam (0,25 mg/kg IV) +
Propofol (1 mg/kg IV) + Anestesia Local

Primeira conduta clínica deve ser fazer a cistocentese (há risco de romper mas deve ser feita
mesmo assim) para aliviar a pressão e só depois entrar com analgesia. Somente depois da
cistocentecese de alívio se entra com a retrohidropropulsão.

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