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VOTO

O SENHOR MINISTRO EDSON FACHIN (RELATOR): Não assiste razão à


Plenário Virtual - minuta de voto - 16/02/2018 00:00

parte Embargante.
Nos termos do artigo 1.022 do Código de Processo Civil, os
embargos de declaração são cabíveis nos casos de obscuridade,
contradição ou omissão da decisão impugnada, bem como para corrigir
eventual erro material. Na hipótese, não se constata nenhum dos
referidos vícios na decisão impugnada.
No particular, a parte Embargante busca esclarecimento sobre o
marco temporal de observância da orientação jurisprudencial firmada
pela Corte. Noutras palavras, busca rediscutir o já esclarecido na decisão
impugnada. A despeito da relevância transcendental do recurso-
paradigma de repercussão geral, não se configura hipótese de oposição
de embargos declaratórios na espécie.
Por outro lado, ainda nos requisitos de admissibilidade, constata-se
que a legitimidade da parte Embargante mostra-se ausente, sob as luzes
da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, segundo a qual
colaboradores admitidos na condição de amici curiae em processos
objetivos e causas com repercussão geral não detém legitimidade para
recorrer de decisões de mérito.
Cito os seguintes precedentes: ADPF-MC-ED-segundos 77, de
relatoria do Ministro Teori Zavascki, TRibunal Pleno, j. 16.04.2015, DJe
08.05.2015; e RE-ED 598.099, de relatoria do Ministro Gilmar Mendes,
Tribunal Pleno, j. 16.04.2015, DJe 08.05.2015, assim ementados,
respectivamente:

“CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL.


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM FACE DE DECISÃO
CAUTELAR DEFERIDA EM ARGUIÇÃO DE
DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
(ADPF). OPOSIÇÃO POR AMICUS CURIAE. AUSÊNCIA DE
LEGITIMAÇÃO. EMBARGOS DECLARATÓRIOS NÃO
CONHECIDOS. 1. Segundo jurisprudência consolidada no
Supremo Tribunal Federal, colaboradores admitidos em
processos objetivos e causas com repercussão geral na condição
de amicus curiae não detém legitimidade para recorrer de
decisões de mérito, ainda que tenham participado do
julgamento mediante a oferta de elementos de informação. 2.
Embargos de declaração não conhecidos.”
“Embargos de declaração em recurso extraordinário. 1.
Embargos de declaração opostos por amicus curiae. Ausência de
Plenário Virtual - minuta de voto - 16/02/2018 00:00
legitimidade. Recurso não conhecido. 2. Embargos de
declaração opostos pelo recorrente. Omissão, contradição ou
obscuridade. Não ocorrência. Ausência dos pressupostos
necessário à modulação de efeitos. Embargos de declaração
rejeitados.”

Igualmente, colhem-se manifestações do STF posteriores ao advento


e entrada em vigor do Código de Processo Civil de 2015 no sentido de
que os feitos submetidos à sistemática da repercussão geral gozam do
mesmo tratamento, no que tange à manifestação de terceiros, conferido
aos amici curiae no âmbito do controle abstrato de constitucionalidade.
Isso porque ambos se notabilizam pela objetivação da demanda.
O Código de Processo Civil vigente admite a manifestação de
terceiros no âmbito de processos submetidos à sistemática da repercussão
geral nos seguintes termos: “Art. 1.035 (...) § 4º O relator poderá admitir, na
análise da repercussão geral, a manifestação de terceiros, subscrita por
procurador habilitado, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal
Federal.”
Por sua vez, o Regimento Interno do STF estabelece: “Art. 323. § 2º
Mediante decisão irrecorrível, poderá o Relator admitir de ofício ou a
requerimento, em prazo que fixar, a manifestação de terceiros, subscrita por
procurador habilitado, sobre a questão da repercussão geral”.
Nesse sentido, extrai-se excerto de decisão tomada no RE-RG
638.115, de relatoria do Ministro Gilmar Mendes, j. 26.09.2017, DJE
29.09.2017:

“Tendo em vista o caráter objetivo dos processos


submetidos à sistemática da repercussão geral, esta Corte
firmou orientação no sentido de que deve ser aplicado a eles, no
que se refere à manifestação de terceiros, o mesmo
entendimento dispensado aos amici curiae no âmbito do
controle concentrado.
A Lei 9.868/99, em seu art. 7º, § 2º, permite ao relator,
considerando a relevância da matéria e a representatividade
dos postulantes, admitir a manifestação de outros órgãos ou
entidades, no prazo deferido para a apresentação de
informações pelas autoridades das quais emanou a lei ou o ato
normativo impugnado.”

Portanto, o presente recurso não merece conhecimento também em


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razão da ausência de legitimidade.
Na verdade, observa-se nítido caráter infringente nas alegações
recursais, porquanto se busca a revisão da decisão embargada, embora a
omissão alegada pela parte Embargante não possua, sequer em plano
hipotético, aptidão a atribuir efeito modificativo na espécie. No caso, o
Supremo Tribunal Federal possui entendimento reiterado no sentido de
que os embargos de declaração não se prestam à rediscussão do
assentado no julgado, em decorrência de inconformismo da parte
Embargante.
Desse modo, podem ser citados os seguintes julgamentos: ARE
906.026 AgR-ED, rel. Min. Cármen Lúcia, DJe 03.11.2015; AI 768.149 AgR-
ED, rel. Min. Teori Zavascki, DJe 05.11.2015; Recl 20.061 AgR-ED-ED, rel.
Min. Luiz Fux, DJe 28.10.2015.

Ante o exposto, rejeito os embargos declaratórios.

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