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DISPOSITIVOS INALATÓRIOS

Nome: Luciana Tonette Zavarize


7º período de Medicina - Unimontes

A via inalatória é a via de eleição para a adm de fármacos no tto das doenças respiratórias, contribuindo para a
melhoria da qualidade de vida dos doentes, principalmente nas patologias crônicas, como asma e DPOC.
Quando comparada à VO e parenteral, a via inalatória permite ação terapêutica mais rápida e com maior eficácia,
utilizando doses ↓ de terapêutica, associando-se a ↓ efeitos adversos.
Objetivo dos dispositivos inalatórios: deposição do fármaco nas vias áreas inferiores (VAI) → efeitos terapêuticos.

• lnaladores pressurizados (IP)


Os IPs são dispositivos de pequenas dimensões, pressurizados, que liberam uma dose fixa de fármaco (1 ou 2 fármacos)
e propelente através de uma válvula de dose calibrada. São os dispositivos inalatórios mais prescritos em todo o
mundo e os mais utilizados em contexto hospitalar e no domicílio.
Estes dispositivos contêm um fármaco em suspensão ou dissolvido numa mistura de propelentes (antes era utilizado
CFC, mas hoje só se fabrica com HFA halofluoralcanos -134 e 227 desde 2005) e aditivos (solventes, aromatizantes)
pressurizados, dentro de uma pequena embalagem contentora cilíndrica (canister) estanque e inviolável, impedindo
a contaminação e a oxidação.
Obs: o propelente HFA não causa depleção da camada de ozônio, tem rápida absorção e eliminação pulmonar. A
substituição do CFC pelo HFA resultou na alteração das propriedades aerodinâmicas dos aerossóis gerados. Nos IP-
HFA há uma deposição pulmonar entre 55-60% enquanto nos IP-CFC a deposição é < 20%.
Dispositivos e Técnica de uso

Obs: IP é a mesma coisa que pMDI (pressurised metered dose inhaler).


O doente deve estar de pé, sentado ou semissentado para permitir a máxima expansão torácica
− Retirar a tampa e agitar o dispositivo quando a formulação for de suspensão.
− Posicionar o IP verticalmente e seu bocal a 3-5 cm da boca (acionar dentro da boca não é erro). Isso ↓ a
velocidade e o tamanho aerossol (evaporação de gás), aumentando a deposição pulmonar, e ↓ o risco de
disparo no queixo e nariz.
− Manter a boca aberta (quando disparo for longe da boca) e expirar normalmente. (A expiração forçada pode
provocar broncoespasmo e maior deposição em VAS.
− Acionar no início de inspiração lenta e profunda (< 30 L/min). Isso ↓ o fluxo turbilhonado de ar e ↑ a
deposição periférica do aerossol.
− Fazer pausa pós-inspiratória de, no mínimo, 10 s (isso facilita a deposição por sedimentação das partículas a
nível intrabrônquico).
− Repetir a técnica quando orientado, sem a necessidade de aguardar 30 s entre acionamentos (SBPT).
Recomendações:
− Se tiver sido prescrito mais de um puff, aguardar 30 segundos a 1 minuto para nova inalação (Revista
Portuguesa de Imunoalergologia).
− Não esquecer de lavar a cavidade bucal sem deglutir água se forem inalados corticosteroides.
− Antes da 1ª utilização: alguns autores referem ser necessário desperdiçar 1-4 puffs para o “ar ambiente”
quando se utiliza pela primeira vez o inalador
Alguns dispositivos têm indicador de doses, mas outros têm apenas referência ao nº total de doses, o que pode
dificultar saber quando está acabando. Nesse caso, o paciente deve anotar o dia em que inicia a embalagem e a data
calculada de término. O cálculo é feito da seguinte forma:
contagem do nº de doses
dias de duração =
nº de inalações diárias
O IP de nova geração é um dispositivo mais recente, compacto, com contador de doses (120 doses) e código de cores.
Apresenta uma nuvem de aerossol mais prolongada, com menor velocidade e força, traduzindo-se numa ↑ deposição
pulmonar e ↓ deposição orofaríngea. Permite uma deposição pulmonar até 44%. A técnica de inalação e os
procedimentos de limpeza do inalador são os mesmos dos restantes IPs supracitados.
Higienização do IP
Limpeza com um pano húmido do bucal, de forma a remover os resíduos e lavar 2-3x/semana a embalagem plástica
(atuador) com água morna e detergente suave e, posteriormente, secar bem.
Espaçadores
Um dos problemas na utilização dos inaladores IPs está relacionado com a dificuldade na coordenação entre a ativação
do inalador e a inalação. A utilização de espaçadores proporciona ↓ da velocidade do aerossol antes de atingir a boca,
permitindo que os propelentes se evaporem e as partículas de maior calibre se depositem nas paredes da câmara e
não na orofaringe, atingindo as partículas de menor calibre as vias aéreas intratorácicas.
Uma câmara expansora é constituída por uma câmara, um bucal ou máscara facial e válvulas inspiratórias e
expiratórias (dependendo do modelo). Os espaçadores caseiros não valvulados, feitos de garrafa plástica de 500 mL,
são tão eficientes quanto os industrializados para o tratamento da crise de asma moderada em pronto-socorros. A
máscara facial deve ser confortável e firmemente adaptada à face para reduzir o escape de aerossol.
Os espaçadores podem ser de plástico ou de metal. Isso condiciona a quantidade de deposição do fármaco.
• Plástico: tem eletricidade estática → o fármaco é atraído para as paredes da câmara → ↓ da quantidade de
dose disponível para inalação.
• Metal: material antiestético → ↑ quantidade de dose disponível para inalação.
Válvula inspiratória: permite que o aerossol permaneça no interior do espaçador até à inalação total.
Válvula expiratória: permite ao profissional de saúde, ou familiar (como caso dos pais), visualizar o ciclo respiratório
e, desta forma, coordenar a ativação do IP com a inspiração.
Técnica de uso do IP com espaçador
− Retirar a tampa do IP e agitar o dispositivo.
− Acoplar o IP ao espaçador e posicionar a saída do bocal verticalmente.
− Expirar normalmente e introduzir o bocal do espaçador na boca.
− Disparar o IP e inspirar pela boca, lenta e profundamente (fluxo inspiratório < 30 L/min).
− Tampar o nariz para evitar inspiração nasal; evitar iniciar inspiração > 2 s após o disparo, pois isso ↓ a deposição
pulmonar.
− Fazer pausa pós-inspiratória de no mínimo 10 s.
Higienização do espaçador
− Quando possível, desmontar todas as peças.
− Lavar o espaçador 1 vez por semana, colocando-o em recipiente com água quente e detergente neutro, durante
15 minutos; passá-lo primeiro por água limpa e depois por água com detergente, sacudir e deixar secar ao ar
ambiente sem limpar, ↓ a carga eletrostática.
− Não é recomendável “esfregar” as paredes do espaçador, nem fazer higienização muito frequente (intervalos < 1
semana), pois pode favorecer a formação de carga eletrostática.
− Não guardar os espaçadores em locais que permitam a deposição de poeira e gordura.

• lnaladores de pó (IPo)
Os DPI são dispositivos pequenos, discretos, facilmente transportáveis e ativados pela inspiração.
A inspiração deve ser profunda e a inalação rápida, forçada e constante, desde o início. Este fator é um dos mais
importantes, pois uma inalação pouco vigorosa e lenta compromete a eficácia da medicação (pouca deposição no
pulmão e maior na orofaringe).
Eles são considerados ecologicamente corretos, uma vez que o medicamento encontra-se em estado puro ou
misturado a carreadores, como a lactose, não dependendo de propelente para ser inalado.
Existem dois tipos básicos de DPI:
• Unidose: o fármaco está armazenado em cápsulas de pó com uma única dose. A cápsula é perfurada ou partida
antes da inalação. É necessário recarregar o dispositivo. Tem partículas de pó maiores, o que permite que o
doente sinta o fármaco. Exemplos: Aerolizer®, Breezhaler® e HandiHaler®.
• Multidose: o fármaco se encontra num reservatório com múltiplas doses. Podem ter o fármaco em doses
individualizadas, como, p.ex., o Diskus®, cujas doses estão em discos de alumínio ou, num depósito, como,
p.ex., o Turbohaler® e o Novolizer®.
Apesar da técnica e do uso serem mais simples, muitos pacientes cometem erros graves durante o uso dos IPo. Os
mais comuns são: preparo inadequado da dose, expiração dentro do dispositivo após o preparo da dose (↑ a umidade
e pode ↓ a deposição) e falta de inspiração vigorosa.
Dispositivos e Técnica de uso
Unidose:
Multidose:
Higienização
Os DPI são de utilização individual, exclusiva, pois não podem ser submetidos a nenhum processo de lavagem. A
limpeza dos DPI nunca deve ser efetuada com água, pois a humidade degrada o pó, comprometendo a desagregação
de partículas. Pode-se usar um lenço ou guardanapo de papel para limpar o bucal.

• Nebulizadores
Os nebulizadores são aparelhos capazes de converter soluções e/ou suspensões aquosas em forma de aerossol de
partículas de diferentes dimensões.
− Nebulizador a jato (NJ)
Quando os NJ funcionam adequadamente, 80% da solução é nebulizada em 5 min → não é aconselhável realizar
nebulizações por mais 10 min.
vantagens, como possibilidade de nebulização de uma mistura de medicamentos, uso com respiração em volume
corrente, facilidade de uso em qualquer idade e uso em crises graves de asma, inclusive se há a necessidade de uso
de oxigênio contínuo.
− Nebulizadores ultrassônicos (NU)
Nos NUs, a energia gerada pela vibração de um cristal piezoelétrico é transmitida à superfície da solução de um líquido
misturado ao medicamento, gerando gotículas que são liberadas da crista da onda líquida na forma de aerossóis.
Os aerossóis gerados pelos Nus geralmente são maiores que os gerados pelos NJ.
Os NUs fazem menos ruído, promovem nebulizações mais rapidamente, mas são mais caros que os NJ. Os NUs não
devem ser utilizados para a nebulização de suspensões, como budesonida.
Vantagens e Desvantagens dos dispositivos
Dispositivo Vantagens Desvantagens
Compactos, portáteis e com multidoses
Exige coordenação entre disparo e inalação
Menor custo do que IPo
se usados sem espaçador
Disponíveis para maioria dos medicamentos
Temores infundados entre leigos
Não causam depleção da camada de ozônio (taquicardia e droga-adição)
IP Ciclesonida e beclometasona com HFA, quando Deposição orofaríngea de corticoides
formulados em solução que não necessita agitação contribui para candidíase, pigarro e tosse se
antes do acionamento, têm maior deposição usados sem espaçador
pulmonar por partículas extrafinas
Ausência de contador de doses impede
Quando providos de contador de dose, permitem conhecimento do número de doses restantes
o conhecimento do número de doses restantes
Essencial gerar fluxo inspiratório de no
mínimo 30 L/min
Poucos IPo contêm b2-agonistas de curta
ação
Custo mais elevado que IPs
Uma parcela de asmáticos tem dificuldade
Droga pura ou carreada com lactose no preparo da dose

Exceto em crianças menores de 5-6 anos, podem Turbuhaler® e Pulvinal®: dúvida se droga foi
ser mais fáceis de usar do que IPs realmente inalada
IPo
Dispõem de marcador de dose Problemas com umidade do ar e
temperatura ↑
Certeza que inalou a dose (inaladores de cápsula)
Uso otimizado apenas com ↑ fluxo
inspiratório: Turbuhaler (60L/min) e
Aerolizer (120L/min)
Crianças < 5 anos, pacientes com obstruções
graves e idosos têm dificuldades no uso
Débito menos acurado e menos reprodutível
que IPs
Oneroso: compressores ou uso de oxigênio 6
L/min
Permitem uso em volume corrente Requerem fonte de energia e produz muito
ruído
Uso em pacientes com obstrução grave
Débito variável devido a deficiências na
Uso de mistura de medicamentos
NJ fabricação
Podem ser usados em qualquer idade
Baixa adesão: transporte e maior tempo na
Baixa deposição na orofaringe inalação
Elevada porcentagem de partículas respiráveis Maiores riscos de doses excessivas e
contaminação
Necessitam de manutenção e limpeza
Facilitam o uso do IPs
Reduzem deposição de corticoides na Tamanho pode dificultar transporte
Orofaringe Necessitam de manutenção e limpeza
Aumentam a deposição pulmonar Deposição pulmonar varia com cada
conjunto de dispositivo, medicamento e
Permitem o uso de IPs contendo
Espaçadores técnica de uso
broncodilatadores nas exacerbações, que leva a
ganho de tempo com menor custo e mesma Custo de aquisição
eficácia que nebulizadores e IPo
Carga eletrostática é reduzida se a limpeza é
Facilitam o uso de IPs em qualquer idade e feita com detergentes caseiros e é nula nos
gravidade da asma espaçadores de metal
Permitem o uso em volume corrente

Escolha do dispositivo ideal


Não existe dispositivo inalatório ideal. Os principais fundamentos para o inalador próximo do ideal são:
− Liberar dose efetiva, uniforme, reprodutível, completa e com ↓ fluxo
− Ter desenho otimizado
− Ser multidose, compacto, portátil e com proteção contra umidade
− Não conter aditivos ou conservantes e não apresentar risco de degradação ou de contaminação do medicamento
− Causar pouca deposição de aerossol na orofaringe e grande deposição pulmonar periférica
− Apresentar facilidade de uso
− Ser fácil para o médico ensinar como usá-lo e para o paciente aprender
− Ter contador de doses e mecanismo de proteção contra liberação de múltiplas doses
− Possibilitar que o paciente sinta a dose na garganta
− Estar disponível para muitos medicamentos
− Ser custo-efetivo
Bases para a escolha do dispositivo:
Os erros de técnica de uso dos dispositivos são muito comuns e são subestimados por pacientes e médicos. O uso de
mais de um tipo de dispositivo confunde o paciente e piora sua técnica inalatória.
A escolha do dispositivo inalatório é dinâmica e baseada em suas vantagens e desvantagens, custos, facilidade de
assimilação e manutenção da técnica de uso, assim como na avaliação criteriosa de fatores relacionados ao paciente,
ao medicamento e ao próprio dispositivo. Os principais fatores relacionados aos pacientes que interferem na escolha
do dispositivo são:
− Idade: idosos com ↓ de capacidade cognitiva ou debilitados e crianças < 6 anos têm maior dificuldade de usar IP
sem espaçador e IPo de alta resistência
− Grau de obstrução: pacientes com obstrução grave têm maior dificuldade de usar IPo sem espaçador e podem
não obter efeito máximo com IPo de alta resistência
− Doenças associadas: pacientes com ↓ acuidade visual ou com déficits de cognição têm maior dificuldade para
usar dispositivos com disparo manual, como IP, ou que necessitam de preparo de dose, como certos IPo, NJ e NU
− Preferência pessoal: é de fundamental importância respeitar, dentro do possível, a preferência do paciente por
determinados dispositivos, inclusive devido aos custos de aquisição

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