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Feira de Santana - BA
2022
JACINEI LIMA RIBEIRO SOARES
YASMIN ANNA PEREIRA SANTOS
Feira de Santana - BA
2022
DISSÍDIO COLETIVO
FORMAS DE SOLUÇÃO DOS CONFLITOS COLETIVOS
No que tange aos conflitos coletivos podemos destacar as formas:
Nas formas auto compositivas, as normas coletivas que irão solucionar o conflito
são criadas pelos próprios atores sociais interessados, como nos casos de
convenção ou acordo coletivo, ou com o auxílio de um terceiro cuja tarefa é
apenas aconselhar as partes para a solução do impasse.
Para nós, portanto, o dissídio coletivo é uma espécie de ação coletiva de matriz
constitucional conferida a determinados entes coletivos, geralmente os
sindicatos, para a defesa de interesses cujos titulares materiais não são pessoas
individualmente consideradas, mas sim grupos ou categorias econômicas,
profissionais ou diferenciadas, visando à criação ou interpretação de normas que
irão incidir no âmbito dessas mesmas categorias.
CLASSIFICAÇÃO
de acordo com o art. 220 do RITST, os dissídios coletivos podem ser:
I – de natureza econômica, para a instituição de normas e condições de trabalho;
• originário ou inaugural – quando não há norma coletiva anterior (CLT, art. 867,
parágrafo único,
a); • revisional – objetiva à revisão de norma coletiva anterior (CLT, arts. 873 a
875); • de extensão – visa estender a toda a categoria as normas ou condições
que tiveram como destinatários apenas parte dela (CLT, arts. 868 a 871).
O dissídio coletivo de greve (Lei n. 7.783/89, art. 8º) pode ter natureza
meramente declaratória, se seu objeto residir apenas na declaração de
abusividade ou não do movimento paredista. Se, todavia, o tribunal apreciar e
julgar os pedidos versados nas cláusulas constantes da pauta de reivindicações,
o dissídio coletivo de greve terá natureza mista, pois, a um só tempo, a sentença
normativa correspondente declarará a abusividade (ou não) do movimento
paredista e constituirá (ou não) novas relações coletivas de trabalho (CF, art.
114, § 3º; Lei n. 7.783/89, art. 8º).
PODER NORMATIVO
PRESSUPOSTOS DE CABIMENTO
Os requisitos subjetivos dizem respeito à forma pela qual deve ser articulada a
pretensão do suscitante (CLT, arts. 857 e 858), a saber:
a) designação da autoridade competente
b) qualificação dos suscitantes e suscitados
c) bases da conciliação
d) fundamentos da demanda.
Por ser o dissídio coletivo uma ação, o seu exercício encontra-se condicionado
à satisfação de todos os requisitos exigidos para as demais ações civis, como a
legitimação ad causam e o interesse processual, já estudados.
A conjugação das normas acima transcritas permite-nos dizer que são partes
legítimas ad causam nos dissídios coletivos, de um lado, obrigatoriamente, o
sindicato da categoria profissional, que geralmente atua no polo ativo da
demanda, e, do outro lado, o sindicato da categoria econômica ou empresa(s)
isoladamente considerada(s).
Embora alguns autores sustentem que, quando o sindicato obreiro figura como
demandante, seria o caso de substituição processual, pensamos que se trata
efetivamente de representação legal. É que, a nosso ver, a substituição
processual concerne apenas à legitimação ad causam conferida a alguns entes
coletivos (MPT, sindicatos, associações etc.) para, independentemente de
autorização dos substituídos, defender interesses individuais homogêneos (ou
individuais da categoria, segundo a dicção do art. 8º, III, da CF). Na substituição
processual, portanto, o substituto atua em nome próprio defendendo interesse
alheio.
INTERESSE PROCESSUAL
O dissídio coletivo tem seu procedimento especial regulado nos arts. 856 a 875
da CLT, admitindo, como não poderia deixar de ser, a aplicação subsidiária do
direito processual comum, a teor do art. 769 da CLT, desde que omissa a
legislação processual obreira e a migração normativa não seja incompatível com
os princípios e com os procedimentos dessa espécie de demanda coletiva. A
conciliação nos autos do dissídio coletivo é tentada numa única audiência, que
é designada exclusivamente para tal fim, presidida pelo Presidente do Tribunal
(CLT, art. 860), que, in casu, detém a competência funcional.
De modo que não há lugar para revelia ou confissão, uma vez que está em
debate o interesse abstrato de toda uma categoria profissional ou econômica,
razão pela qual a decisão a ser proferida transcende a iniciativa das partes, já
que nela se busca o exercício do poder normativo, manifestado pela criação de
regras jurídicas, instituídas em dado contexto jurídico, político, econômico e
social. As sentenças normativas produzem coisa julgada com eficácia ultra
partes, com relação aos integrantes das categorias profissional e econômica que
figuraram como partes na demanda coletiva, por aplicação analógica do art. 103,
II, do CDC.
O art. 789 e seus parágrafos da CLT dispõem, in verbis: Art. 789. Nos dissídios
individuais e nos dissídios coletivos do trabalho, nas ações e procedimentos de
competência da Justiça do Trabalho, bem como nas demandas propostas
perante a Justiça Estadual, no exercício da jurisdição trabalhista, as custas
relativas ao processo de conhecimento incidirão à base de 2% (dois por cento),
observado o mínimo de R$ 10,64 (dez reais e sessenta e quatro centavos) e o
máximo de quatro vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social.
No caso de recurso ordinário, as custas serão pagas e comprovado o respectivo
recolhimento pelo vencido (total ou parcialmente) dentro do prazo recursal (oito
dias), sob pena de deserção. Não há obrigatoriedade de intimação da parte para
o recolhimento das custas, pois cabe ao interessado obter os cálculos para o
respectivo preparo. Na hipótese de omissão da sentença normativa a respeito
das custas, a parte interessada poderá interpor embargos de declaração (CLT,
art. 897-A; CPC, art. 1.022).
Em caso de dissídio coletivo que tenha por objeto estabelecer novas condições
de trabalho e no qual figure como parte apenas uma fração de empregados de
uma empresa, poderá o tribunal competente, na própria decisão, estender tais
condições, se julgar justo e conveniente, aos demais empregados da empresa
que forem da mesma profissão dos destinatários originais do DC. Trata-se do
juízo de equidade conferido ao tribunal, por força do art. 868 da CLT.
A validade da extensão dos efeitos da sentença normativa a todos os
empregados da mesma categoria profissional, segundo o art. 870 da CLT,
depende de concordância dos sindicatos que figurarem nos polos ativo e passivo
da lide coletiva ou, se o dissídio coletivo decorrer de acordo coletivo frustrado,
de pelo menos três quartos dos empregadores e três quartos dos empregados.
Essa norma, a nosso ver, está em harmonia com a nova redação dada pela EC
n. 45/2004 ao art. 114, § 2º, da CF. Os interessados terão prazo não inferior a
trinta nem superior a sessenta dias, para que se manifestem sobre a extensão
dos efeitos da sentença normativa.
O dissídio coletivo revisional, que está disciplinado nos arts. 873 a 875 da CLT,
tem lugar quando decorrido mais de um ano da vigência da sentença normativa.
Trata-se de um dissídio derivado do dissídio coletivo de natureza constitutiva (de
interesse), quando a sentença normativa respectiva tiver fixado condições de
trabalho que se tenham modificado em função de circunstâncias alheias à
vontade das partes, como as condições que se hajam tornado injustas ou
inaplicáveis.