Você está na página 1de 4

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DO

JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE PORTO


VELHO

Valdineia Barreto Coelho, brasileira, professora, portadora da identidade n. 929063 SSP-


RO e do CPF n.º 899.869.972-91, residente e domiciliada na Rua Joacaba 5953, Bairro
Aeroclube, CEP 76811-158, Porto Velho, por meio de sua procuradora signatária, conforme
procuração anexa vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, ajuizar a presente

AÇÃO DE COBRANÇA DE HORAS EXTRAS


em face do

MUNICÍPIO DE PORTO VELHO/RO, pessoa jurídica de direito público interno,


devidamente inscrita no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas no 05.903.125/0001-45, com
sede no Palácio Presidente Vargas, Av. Dom Pedro II, no 826, Bairro Centro CEP no 76801-
066, nesta capital, onde poderá ser citado por intermédio do Sr. Procurador Geral do
Município, pelos motivos fáticos e jurídicos a seguir aduzidos.

1. Fatos:
A Autora é professora municipal com jornada de 40 horas semanais. A
jornada diária é de 08 horas, sendo 04 horas no período matutino e 04 horas no período
vespertino.
A Autora permanece 04h e 15min à disposição do Estado por turno, o que faz
com que a sua jornada diária seja de 08h30min. Isso porque, durante os intervalos, os
professores continuam na escola à disposição do empregador, atendendo os alunos.
As 08 horas de jornada são devidamente pagas pelo Estado e os 30 min
diários são horas extras, que não são pagas, razão pela qual ingressou-se com a presente ação.

2. Direito:
2.1. Recreio como período à disposição do empregador:
Durante o recreio o professor não pode sair da escola e continua atendendo os
alunos com dúvidas e resolvendo problemas administrativos. O recreio constitui período de
trabalho efetivamente prestado, devendo o Estado arcar com a contraprestação do serviço, na
qualidade de extraordinário, no patamar de 15min por turno de serviço.
Esse é o entendimento da Turma Recursal deste Estado:
Recurso Inominado. Administrativo. Servidor Público. Professor.
Horas Extras. Intervalo. Cômputo na Jornada de Trabalho. Recurso
Improvido. Sentença Mantida. O tempo destinado ao intervalo
entre aulas (recreio), embora seja facultado ao professor que o
utilize para outras atividades, bem como alimentação e afins, é
considerado tempo à disposição do empregador, ensejando seu
reconhecimento como efetivo serviço prestado. (RECURSO
INOMINADO CÍVEL 7001104-90.2017.822.0011, Rel. Juiz
José
Augusto Alves Martins, Tribunal de Justiça do Estado de
Rondônia: Turma Recursal - Porto Velho, julgado em 10/10/2019.).
2.2. Cálculo das horas extras:
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) determina que os
dias letivos devem ser, no mínimo, 200.
O art. 7º, XVI, da CF prevê que a hora extra deve ser remunerada da seguinte
forma:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros


que visem à melhoria de sua condição social:
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo,
em cinqüenta por cento à do normal;
A súmula 421 do TST, por sua vez, prevê que:
SÚMULA N.º 431 - SALÁRIO-HORA. EMPREGADO SUJEITO
AO REGIME GERAL DE TRABALHO (ART. 58, CAPUT, DA
CLT). 40 HORAS SEMANAIS. CÁLCULO. APLICAÇÃO DO
DIVISOR 200 - Para os empregados a que alude o art. 58, caput, da
CLT, quando sujeitos a 40 horas semanais de trabalho, aplica-se o
divisor 200 (duzentos) para o cálculo do valor do salário-hora.
Assim, o cálculo das horas extraordinárias deverá ser realizado da
forma descrita abaixo, conforme entendimento jurisprudencial: 200 dias no ano X meia hora
extra por dia = 100 horas por ano. O Valor da hora deve ser acrescido de 50%, por se tratar de
período extra.
2.3. As horas extras devem ser calculadas sobre todas as verbas de natureza
remuneratória e não apenas sobre o vencimento. Reflexo sobre férias e décimo terceiro.
As horas extras devem incidir sobre a remuneração e as verbas de natureza
remuneratória, excluindo-se as verbas de natureza indenizatória.
Por meio das fichas financeiras da Autora é possível verificar que esse recebe
as seguintes verbas de natureza remuneratória.
A base de cálculo das horas extras coincide com a base de cálculo do
IPAM, uma vez que essas são as verbas que o próprio Estado reconhece que serão
incorporadas.
O valor do cálculo consta na tabela anexa.
Assim conforme cálculo acima a Autora tem direito a receber o valor total de
R$
2.6814,71.
2.4. Valor da causa:
O Art. 2º da Lei 12153/2009 prevê que:
Art. 2o É de competência dos Juizados Especiais da Fazenda Pública
processar, conciliar e julgar causas cíveis de interesse dos Estados, do
Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, até o valor de 60
(sessenta) salários mínimos.
§ 2o Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas, para fins
de competência do Juizado Especial, a soma de 12 (doze) parcelas
vincendas e de eventuais parcelas vencidas não poderá exceder o valor
referido no caput deste artigo.
O valor atual mensal das horas extras é de R$ 551,33. Doze parcelas, portanto,
totalizam o valor de R$ 6.615,96.
O valor do montante retroativo (R$ 26.814,71) mais as parcelas vincendas (R$
6.615,96) é de R$ 33.430,67.

3. Pedidos:
Diante do exposto, a Autora pleiteia:
(a) a citação do Município de Porto Velho para que esse, caso queira, conteste o presente
feito;
(b) a condenação do Município de Porto Velho à implementação do pagamento de
horas extras mensalmente, no total de 30min por dia, com pagamento extra de 50%;
(c) ao pagamento das horas extras vincendas e vencidas, com reflexos em décimo terceiro
e férias. As relativas aos últimos cinco anos totalizam o montante de R$ 26.814,81;
(d) a correção monetária deve ser feita pelo INPC e os juros de mora pelo índice de
remuneração da caderneta de poupança.
(d) protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos.

Dá-se a causa o valor de R$ 33.430,67.

Espera Deferimento.
Porto Velho, 13 de setembro de 2023.

HUGO
REGUEIRA
OABRO 11231

Você também pode gostar