Em 2023, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou procedente o tema
1130 de repercussão geral do Recurso Extraordinário 1293453/RS. A referida tese discutia a titularidade do imposto de renda retido na fonte pelos municípios, alegando que este seria de titularidade destes. Nesse sentido, a tese firmada foi a seguinte:
Titularidade das receitas arrecadadas a título de
imposto de renda retido na fonte incidente sobre valores pagos pelos Municípios, suas autarquias e fundações a pessoas físicas ou jurídicas contratadas para a prestação de bens ou serviços.
Desse modo, a União ficou impedida de lançar ou cobrar o produto da
arrecadação do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, pelo Município a quaisquer pessoas físicas ou jurídicas, referentes a quaisquer contratações de bens ou serviços, bem como a suspensão da exigibilidade do crédito tributário de imposto de renda retido na fonte.
Com esse entendimento emitido pelo Supremo, a retenção do IR se tornou
não só uma opção dos entes, mas também uma obrigação. Portanto, deve-se realizar a retenção do tributo nas hipóteses acima expostas. Sendo assim, todo produto/bem adquirido, assim como os serviços consumidos pelos municípios, terão o Imposto de Renda retido na fonte. Para tal executividade, a IN. 1234 da Receita Federal do Brasil disciplinará as regras gerais de retenção do tributo, assim como trará as alíquotas aplicadas de acordo com a atividade específica.
Uma questão que surge é em relação ao Simples Nacional, um regime de
tributação simplificado regulado pela Lei Complementar nº 123 de 2006, que estabelece tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte, implicando na apuração e recolhimento dos impostos e contribuições dos entes mediante regime único de arrecadação, inclusive obrigações acessórias.
Ocorre que surge a seguinte questão: o recolhimento duplicado do
Imposto de Renda do Simples Nacional, uma vez que este já é recolhido na Guia DAS e outra vez retido na fonte do município. Além disso, também é retido o Imposto sobre Serviço, sendo que ambos os impostos já são pagos conforme o regime escolhido pelo contribuinte.
Para essa controvérsia, os municípios adotam a solução de zerar a alíquota
no momento de realizar a retenção do Imposto de Renda. Já em relação ao ISS, o município o retém, mesmo que já tenha sido pago na guia DAS, fornecendo, contudo, o extrato da retenção, permitindo que o contribuinte faça a dedução do tributo em questão.
Por fim, o município sempre fornece as informações necessárias para os
fornecedores e prestadores de serviços a fim de auxiliar nas obrigações acessórias, como, por exemplo, o memorial de cálculo e o extrato da retenção. Ademais, tais informações também são enviadas à Receita Federal.
Uma segunda questão sobre a retenção na fonte é que o ISS é retido em
conjunto com o IR, mesmo que o contribuinte seja optante do Simples Nacional. No entanto, o que causa dúvida é o local do fato gerador, pois atualmente existem dois entendimentos a respeito de onde ocorre o fato gerador.
O primeiro é o da LC 116/03, onde o tributo é devido no local onde o
prestador tem sede, salvo as exceções de serviços elencados no art. 3º da referida lei. O segundo é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre essa mesma lei, cujo entendimento é que o tributo é devido no local onde o serviço é prestado. No caso dos municípios de Miguel Alves, São Miguel do Tapúio, Altos, Pedro II, adota-se a segunda hipótese, sendo, portanto, devido o tributo no município tomador.
681 - Iss Responsabilidade Tributária - Atividades Cujo Iss Deve Ser Retido Na Fonte Por Todas As Pessoas Jurídicas Do Município de São Paulo - Roteiro