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O reflexo inato

Disciplina: Análise Experimental do Comportamento


Professor: Mateus Lopes de Carvalho
Definição de “reflexo” no
cotidiano

• “Aquela pessoa tem reflexos rápidos”.

• “O lutador tem ótimos reflexos, pois conseguiu


desviar-se com facilidade do seu oponente”.

• Com estes exemplos, observa-se que o termo


“estímulo” sugere um conjunto de habilidades.

• Sugere, ainda, uma ação que ocorre


temporalmente muito próxima de um evento
antecedente.

(MOREIRA e MEDEIROS, 2019)


Definição de “reflexo” em psicologia
comportamental

• Relação entre uma ação e o que aconteceu


antes dela.

• A ação neste caso é chamada de “resposta”.

• O que aconteceu antes da ação é nomeado


como “estímulo”.

• Assim, o reflexo pode ser basicamente


conceituado como uma relação entre estímulo e
resposta.

(MOREIRA e MEDEIROS, 2019)


Definição “estímulo” e “resposta”
• Estímulo: mudança no ambiente.

• Resposta: mudança no organismo.

• Tecnicamente, o reflexo é a relação na qual um


estímulo elicia (produz) um resposta

• Exemplos:

(MOREIRA e MEDEIROS, 2019)


Exemplos:

(MOREIRA e MEDEIROS, 2019)


Símbolos:
S = Estímulo (do inglês Stimulus).

R = Resposta (do inglês Response).

= Relação que significa elicia.

Ainda é comum utilizar índices quando se


refere a mais de um reflexo.

Exemplo: S₁ R₁

Luz em direção aos olhos (S₁) Piscar (R₁)

(MOREIRA e MEDEIROS, 2019)


Exemplos/exercícios

(MOREIRA e MEDEIROS, 2019)


Contingências

• Este termo é utilizado para descrever como o


ambiente e o organismo se interagem de forma
condicional.

• Tecnicamente, contingência significa a relação


condicional entre eventos (ex.: se... então...).

• Exemplo: Se um cisco toca o olho, então o olho


começa a lacrimejar.

(MOREIRA e MEDEIROS, 2019)


Intensidade do estímulo e
magnitude da resposta
• Tanto o termo “intensidade” quanto o termo
“magnitude” remetem a força ou ao “quanto
de”.

• Assim, a intensidade do estímulo seria a força


ou o quanto do estímulo.

• Da mesma forma, a força da resposta ou o


quanto da resposta.

(MOREIRA e MEDEIROS, 2019)


Exemplificando...

• Vamos pensar no reflexo patelar.

• Quando se bate o martelo na patela do joelho,


a perna se movimenta.

• Assim, a intensidade do estímulo (bater o


martelo) seria a força da batida e a magnitude
da resposta seria o ângulo da extensão do
movimento da perna.

(MOREIRA e MEDEIROS, 2019)


Exemplificando...

(MOREIRA e MEDEIROS, 2019)


Exemplos de estímulos/respostas e
como medi-los

(MOREIRA e MEDEIROS, 2019)


Por que medir?
• Os analistas do comportamento constantemente
estão fazendo observações do comportamento
e, para isso, utilizando instrumentos de medida.

• Até mesmo no cotidiano, estamos preocupados


com “formas de medir”, embora de forma não
muito precisa.

• Por exemplo, perguntamos “Naquela situação


X, você sentiu muito medo?”.

• Ou ainda, “Você gosta muito dele?”, entre


outros exemplos.

(MOREIRA e MEDEIROS, 2019)


Leis ou propriedades do reflexo

• O cientistas do comportamento buscaram


estudar os reflexos inatos buscando entender os
padrões de ocorrência: regularidades.

• Um dos objetivos da ciência é buscar relações


regulares entre eventos (o que possibilita a
previsão e controle).

• Essas regularidades na relação entre estímulos


e respostas são chamadas leis ou propriedades
do reflexo.

(MOREIRA e MEDEIROS, 2019)


Leis ou propriedades do reflexo

1. Lei da intensidade-magnitude

2. Lei do limiar

3. Lei da latência

(MOREIRA e MEDEIROS, 2019)


Lei da intensidade-magnitude
• Esta lei indica que a
intensidade do
estímulo é
proporcional a
magnitude da
resposta.

(MOREIRA e MEDEIROS, 2019)


Lei do limiar
• Esta lei estabelece que
para todo o reflexo é
necessária uma
intensidade mínima do
estímulo para que a
resposta seja produzida
(eliciada).

(MOREIRA e MEDEIROS, 2019)


Lei da latência

• Latência: intervalo entre dois eventos.

• Esta lei estabelece que quanto maior a


intensidade do estímulo, menor o intervalo
entre estímulo-resposta.

• Em outras palavras, a intensidade do estímulo


e a latência são inversamente proporcionais.

(MOREIRA e MEDEIROS, 2019)


Lei da latência
• É importante destacar que a duração da
resposta também tem a ver com a intensidade
do estímulo, quanto maior a intensidade do
estímulo, maior a duração da resposta.

• Por exemplo, em tempos frios é possível


observar que temos arrepios mais demorados
que outros.

• Apesar destas leis, há um limite para


modificações no organismo.

(MOREIRA e MEDEIROS, 2019)


Lei da latência (exemplo)

(MOREIRA e MEDEIROS, 2019)


Eliciações sucessivas de uma
resposta

Apresentado várias
Estímulo vezes ao organismo
(sucessivamente)

Em curtos Respostas
intervalos sucessivas

(MOREIRA e MEDEIROS, 2019)


Efeitos das eliciações sucessivas
• Quando isso ocorre, há uma alteração nas leis
do reflexo.

• Por exemplo, um ajudante de obra pode se


assustar com um forte barulho de uma
martelada em uma viga de ferro. Quando isso
ocorre repetidamente, pode ser que a pessoa
não se assuste mais como da primeira vez ou se
assuste cada vez mais.

(MOREIRA e MEDEIROS, 2019)


Efeitos das eliciações sucessivas

• Habituação da resposta ou habituação.

• Sensibilização da resposta ou sensibilização


(observação: em algumas obras este conceito
pode aparecer como potenciação).

(MOREIRA e MEDEIROS, 2019)


Habituação da resposta ou
simplesmente habituação
• Ocorre quando, em decorrência das eliciações
sucessivas, a mesma intensidade do estímulo
produz respostas com magnitude cada vez
menor e latências cada vez maiores.

• Exemplo: o barulho já não provoca mais tanto


susto, apesar de sua intensidade.

(MOREIRA e MEDEIROS, 2019)


Sensibilização da resposta ou
sensibilização
• Ocorre quando, em decorrência das eliciações
sucessivas, a mesma intensidade do estímulo
produz respostas com magnitude cada vez
maiores e latências cada vez menores.

• Exemplo: a mesma intensidade do barulho


provoca uma reação de susto cada vez maior e
intervalos de tempo entre estímulo-resposta
cada vez menor.

(MOREIRA e MEDEIROS, 2019)


Habituação e sensibilização

Habituação Sensibilização

Menor magnitude da MAIOR magnitude da


resposta resposta

MAIOR latência Menor latência

(MOREIRA e MEDEIROS, 2019)


Observações
• Se haverá habituação ou sensibilização do
organismo em função das eliciações sucessivas
isso vai depender de uma séries de variáveis
experimentais.

• Habituação ou sensibilização possuem efeitos


temporários. Por exemplo, se as eliciações
sucessivas forem interrompidas, o organismo
voltará a apresentar níveis de magnitude e
latência como inicialmente.

(MOREIRA e MEDEIROS, 2019)


Reflexos e emoções
• Exemplos de emoções: medo, alegria, raiva,
tristeza, nojo, surpresa e etc.

• Parte do que conceituamos como emoções


envolve respostas reflexas a estímulos do
ambiente.

• Por isso, “controlar” emoções pode ser uma


tarefa um tanto complexa.

• Exemplo: “Medo de falar em público”.

(MOREIRA e MEDEIROS, 2019)


Reflexos e emoções
• Respostas emocionais fazem parte do
organismo.
• Emoções não surgem do “nada”.
• Elas surgem em função de eventos ambientais.
• As emoções também estão relacionadas às
respostas fisiológicas do organismo.
• Na emoção de medo, por exemplo, as
glândulas suprarrenais produzem adrenalina, o
coração bate mais rápido, o sangue se
concentra nos músculos, entre outras reações.

(MOREIRA e MEDEIROS, 2019)


Exemplo da relação
estímulo-resposta
na emoção de
medo

(MOREIRA e MEDEIROS, 2019)


Reflexos e emoções
• É devido ao aspecto fisiológico das emoções que
os medicamentos psicotrópicos (ansiolíticos,
antidepressivos...) são utilizados.

• De acordo com a Teoria da Evolução de Darwin,


as respostas emocionais frente a determinados
estímulos tem valor de sobrevivência.

(MOREIRA e MEDEIROS, 2019)


Exemplo de como as respostas emocionais
tem valor de sobrevivência para as espécies

(MOREIRA e MEDEIROS, 2019)


REFERÊNCIA
• MOREIRA, M. B.; MEDEIROS, C. A. O reflexo inato. In:
MOREIRA, M. B.; MEDEIROS, C. A. Princípios básicos
de análise do comportamento. 2. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2019. cap. 1.

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