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INTERPELAÇÃO JUDICIAL
em desfavor de OSX BRASIL – PORTO DO AÇU S.A. (“OSX”), atual denominação de OSX
Construção Naval S.A., sociedade anônima inscrita no CNPJ/ME sob o nº 11.198.242/0001-
58, com sede na Rua Lauro Müller nº 116, sala nº 2.405, Botafogo, Rio de Janeiro/RJ, CEP:
22.290-906, titular do endereço eletrônico faturamento@osx.com.br, pelos fundamentos
adiante expostos.
I. A INTERPELAÇÃO JUDICIAL
1. Esta interpelação tem como objetivo resolver, com efeitos imediatos, nos termos dos
artigos 4742 e 4753 do Código Civil Brasileiro (“CCB”), o Instrumento Particular para Cessão
do Direito de Uso e Futura Concessão do Direito Real de Superfície (“Contrato de Cessão”;
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Atual denominação de LLX Açu Operações Portuárias S.A.
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“Artigo 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial”.
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“Artigo 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe
o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos”.
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documento 3), celebrado entre a Porto do Açu e a OSX, em razão do inadimplemento contratual
perpetrado pela OSX.
2. A presente interpelação se faz neste momento, sem prejuízo da adoção das medidas
legais cabíveis para cobrança dos valores devidos pela OSX em decorrência do Contrato de
Cessão.
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“1.1. Pelo presente Acordo, a LLX ratifica a cessão e transferência à OSX o direito obrigacional de uso sobre a
Área do Projeto, conforme descrita no Anexo I (‘Cessão de Uso’) e compromete-se a conceder à OSX o direito
real de superfície sobre a Área do Projeto, a partir da sua aquisição da propriedade da Área do Projeto (‘Direito
de Superfície’). A OSX, por sua vez, compromete-se a utilizar a Área do Projeto para fins de instalação da UCN
Açu, conforme projeto aprovado pelos órgãos competentes e observadas as condições estipuladas neste Acordo
(o ‘Projeto’)”.
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“4.1 Como contraprestação pela Cessão de Uso, bem como pela concessão do Direito de Superfície, conforme
o caso, caberá à OSX pagar à LLX, mensalmente, R$ 2.363.426,67 (dois milhões, trezentos e sessenta e três mil,
quatrocentos e vinte e seis reais e sessenta e sete centavos), relativo à totalidade da Área do Projeto, ainda que
venham a acumular-se os dois regimes previstos pelo uso do bem (Cessão do Uso ou Concessão do Direito de
Superfície) em frações distintas da Área do Projeto (‘Preço’), respeitados os termos deste Acordo”.
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7. A Porto do Açu e os demais credores (“Credores”) aprovaram o Plano de Recuperação
Judicial da OSX, que, dentre outras medidas, estabeleceu (i) a suspensão da exigibilidade da
cobrança das Contraprestações até dezembro de 2016 (“Período de Carência”); e (ii) que
determinados Credores – dentre eles a Porto do Açu – poderiam subscrever os seus créditos
concursais e/ou extraconcursais em debêntures. Essas medidas tinham o intuito de permitir o
soerguimento da OSX.
9. Ainda no ano de 2016, pouco antes do fim do Período de Carência, a Porto do Açu e a
OSX celebraram o Instrumento Particular de Transação e Outras Avenças (“Transação”). Na
Transação, as partes convencionaram que a exigibilidade da cobrança das Contraprestações
devidas a partir de agosto de 2015, que possuem natureza de crédito extraconcursal,
permaneceria suspensa por um período de 2 (dois) anos contados da data da homologação
judicial do referido instrumento, nos autos do processo nº 0244175-34.2016.8.19.0001.
10. Em setembro de 2018, a Porto do Açu, por mera liberalidade, celebrou com a OSX o
Termo de Compromisso e Standstill (“Standstill”), por meio do qual, nos termos de sua
Cláusula 2.16, foi estabelecido que a exigibilidade da cobrança das Contraprestações
permaneceria suspensa enquanto o Standstill estivesse em vigor.
11. Na Cláusula 2.2 do Standstill7, a Porto do Açu e a OSX estabeleceram que o período
de vigência do referido instrumento seria “automaticamente prorrogado por períodos
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“2.1. Durante o Período de Standstill (conforme abaixo definido), e enquanto houver o cumprimento, por ambas
as Partes, dos termos do presente Standstill, a Porto do Açu abster-se-á de adotar qualquer medida, judicial ou
extrajudicial, para exigir do Grupo OSX qualquer das Obrigações Grupo OSX Perante a Porto do Açu, inclusive,
sem a tanto se limitar, requerer o vencimento antecipado das Debêntures ou a falência do Grupo OSX, requerer
a excussão de garantias, exigir o pagamento de Alugueis Diferidos ou de alugueis da Área ou outras obrigações
pecuniárias que venham a se vencer durante o Período de Standstill. Adicionalmente, a Porto do Açu se
compromete a não ceder ou transferir qualquer de seus direitos relativamente às Obrigações Grupo OSX Perante
a Porto do Açu durante o Período de Standstill”.
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“2.2. O Período de Standstill perdurará entre 15 de setembro de 2018 até 14 de dezembro de 2018, ficando o
Período de Standstill aqui estabelecido automaticamente prorrogado por períodos adicionais e sucessivos de 30
(trinta) dias cada, na ausência do recebimento pelo Grupo OSX de manifestação da Porto do Açu, por escrito, em
sentido contrário, até 5 (cinco) dias antes do encerramento de cada período. Fica esclarecido que a não
prorrogação do Período de Standstill prevista nesta Cláusula independe de justificativa, ficando ao exclusivo
critério da Porto do Açu”.
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adicionais e sucessivos de 30 (trinta) dias cada” (“Período Contratual”), desde que a Porto do
Açu não manifestasse por escrito a sua intenção de não renovar ao menos 5 (cinco) dias antes
do encerramento de cada Período Contratual.
14. Conforme destacado no item 5 acima, na Cláusula 4.1 do Contrato de Cessão a OSX
se obrigou a pagar as Contraprestações pelo uso da Área. Contudo, após ser notificada a pagar
as Contraprestações, a OSX não efetuou o pagamento das Contraprestações vencidas devidas à
Porto do Açu no prazo devido, que totalizavam, naquele momento, o valor de R$
403.359.071,30 (quatrocentos e três milhões, trezentos e cinquenta e nove mil, setenta e um
reais e trinta centavos), estando, a partir de então, em mora em relação à obrigação assumida
no Contrato de Cessão.
16. Partindo dessa premissa, a Porto do Açu está autorizada a resolver imediatamente o
Contrato de Cessão por meio desta interpelação judicial, nos exatos termos do artigo 474 do
CCB, que dispõe que “a cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende
de interpelação judicial”.
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II. CONCLUSÃO
17. Por todo o exposto, a Porto do Açu requer, nos termos dos artigos 474 e 475 do CCB,
que esse MM. Juízo determine a intimação da OSX para que esta fique interpelada acerca da
resolução do Contrato de Cessão em virtude do inadimplemento da obrigação de pagar as
Contraprestações estabelecidas no Contrato de Cessão.
FELIPE LOUREIRO
OAB/RJ 179.132
THALITA RIBEIRO
OAB/RJ 246.665