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UERJ – Notas de Aula: Pontes de Concreto Armado - Superestrutura Profa Regina H. F.

Souza

AULA 2 - Sistemas Estruturais


As pontes podem assumir diversos sistemas estruturais:
laje, viga, treliça, arco, pórtico, tabuleiros suspensos.

1. Pontes em Laje:
 Podem ser moldadas no local ou constituídas de elementos pré-moldados;
 São indicadas para vãos curtos, baixa altura de construção e pequenas relações
altura/vão.
 Apresentam grandes vantagens construtivas já que os detalhes de fôrmas,
armaduras e concretagem são mais simples, resultando em velocidade e facilidade
de construção.

Exemplo de pontes com tabuleiro em lajes maciças e vazada [2].

Lajes maciças:
 em concreto armado convencional em vãos de até 15 metros, com relação
altura/vão da ordem de 1/15 se isostáticos e 1/20 e 1/24 se contínuos;
 em concreto protendido, em vãos de até 24 metros, quando a altura da laje é
constante e vãos de até 36 metros, quando são introduzidas mísulas nos apoios,
relação altura/vão de 1/30.

Quando o vão da estrutura aumenta, o peso próprio da laje maciça torna-se excessivo,
podendo-se usar lajes vazadas, dotadas de aberturas longitudinais, em geral circulares.

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2. Pontes em Vigas de Alma Cheia:


 O sistema em viga de alma cheia é uma solução econômica para vãos médios,
de 20 a 50m.

a) Vigas bi-apoiadas:
 dimensionadas para o momento máximo no meio do vão;
 exigem juntas em cada extremidade;
 os apoios são constituídos por encontros;
 vãos econômicos entre 10 e 20m para concreto armado e 20 e 40m para concreto
protendido.

b) Vigas bi-apoiadas com balanços:


 sistema econômico para pontes rodoviárias com comprimento total de até 65m,
pois dispensa os encontros e produz equilíbrio de momentos fletores no
vigamento principal.
 o comprimento do balanço não deve exceder 7,5m, de modo a não provocar
vibrações excessivas.
 este tipo de solução não é usual fora do Brasil.

c) associação de vigas bi-apoiadas pré-moldadas


 dispensam o escoramento e economizam em fôrmas.
 vigas pré-moldadas protendidas, sendo o vão econômico de 30 m. O vão máximo é
de 45 m, condicionado pela capacidade do equipamento de lançamento da viga.
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 Com o objetivo de diminuir o número de juntas esta solução deve prever a


continuidade sobre as juntas de pelo menos 3 a 4 vãos.
 apenas um apoio do conjunto deve ser fixo; todos os outros devem ser deslocáveis
longitudinalmente.

d) associação de vigas bi-apoiadas à vigas gerber apoiadas em seus balanços


 permite a execução de obras isostáticas de grande comprimento, porém com
muitas juntas.
 este sistema apresenta muitas desvantagens em relação ao de vigas contínuas
sem juntas, uma vez que os dentes gerber exigem manutenção constante para
manter a durabilidade do mesmo.

 o dente gerber é a materialização de uma rótula, isto é, a transmissão do


momento fletor é liberada e a transmissão do esforço cortante se dá em apenas
uma direção. O dente gerber possui grande densidade de armadura e
concentração de tensões; constitui-se em uma junta do tabuleiro por onde pode
haver penetração de água.

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e) vigas contínuas

De modo geral, os sistemas contínuos de pontes possuem de 2 a 5 vãos, com ou sem


balanços. Para haver um equilíbrio de solicitações no vigamento principal, a relação entre
vãos adjacentes deve situar-se entre 0,80 e 1,20. Os momentos são repartidos entre
os momentos no vão e no apoio, o que possibilita ter maior esbeltez do que as vigas de
um só vão. Apoios hiperestáticos aumentam a segurança e impedem um desmoronamento,
caso ocorra colapso de alguma seção da viga.

 Vãos econômicos [1]:

Em concreto armado altura constante → L ≤ 22 m


altura variável → L ≤ 30 m

Em concreto protendido altura constante → L ≤ 80 m


altura variável → L ≤ 150 m

Juntas móveis no tabuleiro são caras, exigem manutenção e causam transtorno ao


trânsito. Assim, os sistemas em vigas contínuas são vantajosos por reduzirem o uso de
juntas ao longo de extensos trechos de ponte.

 Comprimento total máximo para dispensa de juntas de dilatação [1]:


 em concreto armado – 100 m
 em concreto protendido – 250 m , executadas sobre escoramento direto
 em concreto protendido – 600 m , executadas em balanços sucessivos

Para comprimentos superiores, deve-se prever juntas de dilatação no vigamento, a fim


de evitar fissuras de retração no tabuleiro e minimizar as solicitações horizontais nos
pilares; pode-se associar vigas contínuas à vigas isostáticas ou vigas contínuas à vigas
contínuas.

Associação de viga contínua com viga gerber.

Associação de viga contínua com viga contínua.

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Detalhe da junta.

Quando se tem a necessidade de vencer grandes vãos, como é o caso de pontes fluviais,
em geral usa-se uma viga contínua de três vãos, com um grande vão central. Neste caso,
o peso próprio no trecho médio do vão principal, e o correspondente momento fletor no
vão, podem ser reduzidos adotando-se mísulas junto aos apoios e a redução da altura
estrutural. Conforme Leonhardt [2], mísulas retas combinam bem com perfis retilíneos,
enquanto que mísulas curvas combinam com curvas de concordância vertical. As vigas
com mísulas são especialmente indicadas na construção com balanços sucessivos.

Vigas contínuas, com altura variável e mísulas [2].

Exemplo de ponte em viga contínua em concreto protendido, Alemanha.

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Resumo:
 As vigas contínuas apresentam a vantagem de um tabuleiro sem juntas.

 No caso de vigas contínuas muito longas, é conveniente “abrir a continuidade”


intercalando-se um vão simplesmente apoiado (que pode ser constituído por um
apoio simples e um móvel ou por apoios neoprene), a fim de permitir a dilatação
da obra.

 Em concreto armado deve-se preferir as soluções contínuas, que são em geral


mais rígidas e mais econômicas. A interposição de rótulas é feita, quando
necessário, para reduzir solicitações produzidas por retração e temperatura.

 Em casos especiais, onde as fundações possam estar sujeitas a recalques ou


movimentos de certa importância, adota-se estrutura isostática para eliminar os
esforços causados por estes movimentos. Nos casos correntes, as fundações são
projetadas para terem recalques diferenciais moderados que podem ser
absorvidos pela estrutura.

3. Pontes em Vigas de Alma Vazada: Treliças

Vigas em treliças isostáticas ou hiperestáticas em aço são muito comuns em pontes


ferroviárias. Como os sistemas em treliça exigem grande altura de construção é comum
a utilização de treliças invertidas, com tabuleiro inferior.

O princípio de funcionamento de uma treliça é simples. A estrutura é composta de


cordas superiores e inferiores trianguladas com diagonais e/ou verticais nas almas, de
modo que cada membro fica submetido a carregamento axial puro, como mostrado na
Figura. Os momentos fletores são dissipados por forças de tração e compressão nas
cordas e o cisalhamento é dissipado por forças de tração ou compressão nos membros
diagonais e verticais. No caso simplificado, onde as juntas são consideradas fixas e as
cargas são aplicadas nos nós, o carregamento não cria nenhum momento de flexão, de

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cisalhamento ou de torção de qualquer membro. Cargas aplicadas de modo a provocar


flexão, corte, ou torção geralmente resultam em má utilização do material.

Viga Warren com tabuleiro inferior, vãos de 30 a 150m.


(T = tração ; C = compressão)

Vigas Warren modificadas, vãos de 30 a 150m.

Viga Pratt.

Viga Howe.

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Ponte férrea em Pelotas - liga Rio Grande à Pelotas, sobre o Canal São Gonçalo.
Construída no século XIX, tem 600 metros de extensão, vão central móvel; utilizada no
transporte de grãos, cointêineres e combustíveis.

4. Pontes em Pórticos
Os pórticos podem apresentar as formas mais variadas, com pequenas ou elevadas
alturas.

Ponte em pórtico de pequena altura sobre via férrea, 21m de vão [2].

Ponte em pórtico de pequena altura, 28m de vão [2].

Ponte em pórtico com tramos adjacentes [2].


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Ponte em pórtico escorado em encosta [2].

Os pórticos podem fazer a ligação da viga da ponte com os encontros ou com os pilares.
Quando a extremidade da viga é engastada na parede do encontro, o momento no meio
do vão fica diminuído pela parcela do momento negativo de engastamento, o que conduz
à redução da altura necessária ao vão. A adoção de rigidezes diferentes influi
favoravelmente na distribuição de momentos fletores; no caso de viadutos ferroviários,
por exemplo, pode-se conseguir alturas estruturais extraordinariamente baixas.

Pórticos com pilares rígidos levam a momentos pequenos no vão; pilares mais flexíveis
levam a momentos grandes no vão do pórtico [2].

Estruturas em pórtico dispensam aparelhos de apoio. A estrutura é mais rígida e,


portanto, menos deformável. Absorvem melhor os esforços horizontais.

Pórticos são também apropriados para construção em balanços sucessivos, solução em


que os pilares possuem mais de 12m de altura; nestes casos, os pilares devem ser altos
o suficiente para serem flexíveis, ou seja, para não absorverem momentos fletores
importantes provenientes das cargas verticais e dos movimentos horizontais do
tabuleiro.

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Ponte em viga contínua aporticada, construída pelo método dos balanços sucessivos,
França.

5. Pontes em Arco
As pontes em arco caracterizam-se pela predominância de esforços de compressão, que
permitem vencer grandes vãos. Devido ao alto custo do escoramento esta solução está
em desuso.

Esforços primodiais de compressão nos arcos.

Estruturalmente, os arcos são mais eficientes que as vigas, uma vez que a solicitação
axial de compressão favorece o trabalho do concreto. Com arcos de concreto armado
consegue-se atingir vãos de 300 a 500m enquanto as vigas ficam limitadas a vãos de 40
a 50m.

Os arcos podem ser tri-articulados e isostáticos; bi-articulados e uma vez


hiperestáticos; ou engastados, conforme indica a figura:

Sistemas estruturais dos arcos.


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O tabuleiro das pontes em arco pode ser superior, inferior ou intermediário.

Tabuleiro superior [1;8]:

Tabuleiro intermediário [1;8]:

Tabuleiro inferior [1;8]:

Exemplo de ponte em arco em madeira laminada, Veneza, 1993.

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Exemplo de ponte em arco em pedras, França 1900.

Exemplo de ponte em arco com tijolinhos, França,Pirineus, 1867.

Exemplo de ponte em arco de concreto armado, França.

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Ponte da Amizade sobre o Rio Paraná em Foz do Iguaçu, fronteira Brasil-Paraguai 1950-
1960.

Ponte do Rio das Antas, RS (http://www.cariocaengenharia.com.br)

6. Pontes em tabuleiros suspensos


As pontes podem ser suspensas por cabos (ou tirantes ou estais) que são elementos
estruturais unidimensionais, utilizados quando se deseja transmitir apenas esforços
normais de tração.

O cabo, por ter rigidez à flexão desprezível frente à sua rigidez axial, assume a forma
em função das forças que lhe são aplicadas. Assim, quando suspenso pelas extremidades
e sob a ação de forças concentradas apresenta forma poligonal denominada polígono
funicular; sob peso próprio toma uma forma denominada catenária e sob ação vertical
uniformemente distribuída assume forma parabólica. Quando apenas tracionado em
suas extremidades fica retilíneo e recebe o nome de tirante ou estai (SORIANO,
2007).

Cabos suspensos pelas extremidades (SORIANO, 2007)


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Dependendo do modelo estrutural as pontes suspensas são ditas: Pênseis ou Estaiadas.

a) Pontes Pênseis
As pontes pênseis caracterizam-se por terem usualmente duas torres que sustentam
cabos principais, nos quais são fixados pendurais (ou tirantes) a intervalos regulares
que suportam verticalmente o tabuleiro.

Cada torre é equilibrada em um dos lados pelos esforços dos cabos principais em forma
parabólica e no outro lado pelos esforços dos cabos ancorados nos encontros, como
mostra a Figura abaixo (SORIANO, H. L., 2007).

A ponte pênsil clássica, com cabos dispostos parabolicamente e pendurais verticais, não
é apropriada para pontes de concreto [2].

Esquema estrutural de uma ponte pênsil (SORIANO, 2007)

Este sistema é utilizado para vencer vãos excepcionais (de 600 a 2100m) (SORIANO,
2007) como o da Ponte de Akashi-Kaikyou no Japão com vão de 1991m, recorde mundial.

Ponte Akashi Kaikyo, Japão, inaugurada em 1998


(http://en.structurae.de).

O sistema pênsil exige grande resistência à torção do tabuleiro para minimizar os


movimentos vibratórios transversais provocados pela ação do vento. A rigidez do
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tabuleiro foi durante muitos anos negligenciada, o que provocou inúmeros acidentes
neste tipo de ponte, principalmente nos Estados Unidos, ficando famoso o acidente da
Ponte de Tacoma, cujo tabuleiro foi colapsado pela ação do vento entrando em
ressonância com uma das frequências naturais da estrutura que era muito baixa.

A relação entre a altura das torres e o vão principal é da ordem de 15%. Assim, em
função da elevada altura das torres, muitas vezes esta solução é descartada quando
existe a proximidade de aeroportos. As figuras a seguir ilustram pontes pênseis
notáveis.

Ponte Golden Gate, São Francisco, inaugurada em 1937.

Ponte 25 de Abril, sobre o rio Tejo, Lisboa, inaugurada em 1966.

Ponte Hercílio Luz, em Florianópolis, Brasil, inaugurada em 1926.

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Ponte Great belt East na Dinamarca com 1624 m de vão


[http://en.structurae.de].

Figura 1.1 -
Figura 1.2 -
Figura 1.3 -
Figura 1.4 -
Figura 1.5 -
Figura 1.6 -
Figura 1.7 -
Figura 1.8 -

Ponte sobre o estreito de Bósforo na Turquia


[http://en.structurae.de].

b) Pontes Estaiadas
Designa-se por ponte estaiada (denominação brasileira) ou ponte atirantada
(denominação portuguesa) a um tipo de ponte suspensa por cabos constituída de uma ou
mais torres (mastros ou pilones), de onde partem cabos de sustentação para os
tabuleiros da ponte.

A ponte estaiada costuma ser a solução intermediária ideal entre uma ponte fixa e uma
ponte pênsil.

As pontes estaiadas são de elevado valor estético devido à leveza e elegância, e


econômicas para vãos situados na faixa de 200 a 600 m, embora haja realizações neste

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sistema para vãos de até 900 m. A limitação dos vãos das pontes estaiadas está
atualmente limitada a 1500 m, principalmente pelas elevadas forças de compressão
transmitidas ao tabuleiro pelas componentes horizontais das forças dos estais, o que
não ocorre nas Pontes Pênseis.

As estruturas estaiadas são mais econômicas que as vigas contínuas de alma cheia para
vãos superiores a 200 m, principalmente por minimizarem o peso próprio do tabuleiro
que fica submetido a momentos fletores bem menores. O projeto destas pontes, em
função de seu alto custo, só se justifica quando o vão a vencer é superior a 250 m ou
por razões estéticas.

As pontes estaiadas constituem-se de um tabuleiro (constituído por vigas e laje) apoiado


ou não em pilares, de encontros e de um sistema de cabos inclinados que partem de
torres (pilones ou mastros) e ancoram-se em um ou vários pontos do vão, proporcionando
apoios elásticos.

O conceito estrutural básico das pontes estaiadas constitui-se numa série de triângulos
sobrepostos, como uma treliça, formados pela torre, estai e tabuleiro, onde os esforços
gerados pelos carregamentos móveis e permanentes são transmitidos a estes
principalmente por forças axiais, sendo os estais tracionados e a torre e o tabuleiro
comprimidos, conforme pode-se observar na figura.

Esquema Estrutural Básico

A interação entre tabuleiro, torre e estais é intrínseca e é necessário considerá-los em


conjunto desde o início do projeto, pois cada um desses três elementos contribui de
modo definitivo no comportamento estrutural do todo.

As primeiras pontes projetadas e executadas possuíam reduzido número de estais muito


espaçados, atuando como apoios elásticos intermediários em locais onde não era possível
dispor de pilares. Isto se devia porque quanto maior o número de estais, maior o grau
de hiperestaticidade da estrutura e, em se tratando de estruturas com apoios elásticos,
o cálculo manual era impraticável quando haviam muitos estais.
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Estas pontes apresentavam enorme dificuldade construtiva, pois requeriam


escoramento direto do tabuleiro. O custo desse tipo de projeto é proibitivo nos dias
atuais.

Ponte Strömsund, Suécia, 1956. http://en.structurae.de

Ponte de Maracaibo (vãos de 235m, 1962), Venezuela. http://en.structurae.de.

Com o avanço da análise computacional para o cálculo de estruturas reticuladas, passou-


se a projetar pontes com número maior de estais no vão, simplificando a execução e
tornando os tabuleiros mais esbeltos e econômicos.

A 2ª geração de pontes estaiadas é caracterizada por múltiplos estais, pouco espaçados,


com início a uma certa distância das torres (“suspensão parcial”). O tabuleiro é
rigidamente suportado pela torre. O uso de múltiplos estais permite o uso de tabuleiro
com rigidez moderada à flexão devido aos apoios elásticos.

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Ponte Friedrich Ebert, 1967, Alemanha. http://en.structurae.de.

Na 3ª geração das pontes estaiadas, os estais atuam como os elementos determinantes


da estabilidade da estrutura, suportando o tabuleiro ao longo de toda a sua extensão,
inclusive próximo às torres. Este arranjo estrutural leva a mastros e tabuleiros
relativamente esbeltos. O comportamento mecânico pode ser associado ao de uma
treliça espacial, onde o tabuleiro é o elemento comprimido e os estais são as diagonais
tracionadas.

Ponte Pasco-Kennewick (vão central de 300m, 1978), EUA. http://en.structurae.de.

Ponte Barrios de Luna (vão central de 440m, 1983), Espanha. http://en.structurae.de.

Nas pontes estaiadas modernas, a tendência é a utilização de um grande número de


estais no vão, pois além de minimizar os momentos fletores no vigamento do tabuleiro,
tornando-o mais econômico, possibilita a sua execução pelo método dos balanços
sucessivos. A proximidade das ancoragens dos estais no tabuleiro conduz a aduelas
menores e, portanto, mais leves [4].

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Disposição longitudinal dos estais:


Quanto ao arranjo ou disposição dos cabos em vista lateral, as pontes estaiadas podem
ser em Leque, em Harpa, Semi-Harpa ou Assimétrico.

No arranjo em Leque os cabos ou estais dirigem-se a um único ponto (sela) no topo da


torre, enquanto que no arranjo em Harpa os cabos são paralelos e ancoram-se em vários
pontos ao longo da altura da torre. Embora a forma de harpa não seja a melhor dos
pontos de vista estático e econômico, é atrativa devido à sua inegável vantagem
estética, pois os cabos paralelos cruzam em um ângulo constante aos olhos do
observador, dando à estrutura uma aparência mais aceitável.

Uma solução intermediária, entre os extremos das formas em harpa e em leque,


possibilita combinar de modo satisfatório, as vantagens dos dois sistemas e ainda evitar
suas desvantagens. A configuração semi-harpa tem-se mostrado ideal e um grande
número de pontes estaiadas modernas que vêm sendo construídas segundo este modelo.

Disposição longitudinal dos estais [4].

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Disposição transversal:
Transversalmente, a estruturação pode ser feita por um ou mais planos de estais, como
se vê na figura.
 Um único plano de estais ancorados no centro do tabuleiro.
 Dois planos de estais paralelos ancorados nos bordos do tabuleiro.
 Dois planos de estais partindo o eixo da torre (torre em forma de A) e ancorando-se
nos bordos do tabuleiro.

Configuração transversal dos estais (TROITSKY, 1977).

Suspensão Central:
A suspensão com apenas um plano central de estais é esteticamente mais vantajosa,
pois evita o cruzamento do ponto de vista ótico dos cabos, porém não é a melhor solução
estrutural. Cabos dispostos em um único plano, com suspensão no eixo da ponte exige
uma viga em seção celular, rígida à torção, para absorver as cargas móveis que podem
atuar em um só lado e as ações do vento [2].

A maior rigidez à torção do tabuleiro, por outro lado, contribui para a redução dos
momentos de 2ª ordem, para a estabilidade dinâmica e aerodinâmica do conjunto, assim
como pela baixa fadiga dos cabos, uma vez que os tabuleiros rígidos à torção possuem
grande capacidade de distribuição das cargas concentradas, o que reduz a variação de
tensão nos cabos.

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Suspensão Lateral:
É o sistema mais adotado, principalmente em pontes com tabuleiros muito largos.
Neste sistema, os momentos torsores podem ser totalmente equilibrados na seção
transversal do tabuleiro, permitindo assim seções transversais esbeltas. Os momentos
fletores máximos ocorrem no meio da seção transversal, enquanto os esforços
cortantes máximos ocorrem nas laterais, onde se localizam as ancoragens dos estais.

Distribuição dos esforços na seção transversal (WALTHER, 1985)

Esta é a única disposição que permite a análise através de modelo plano, as demais
exigem a análise espacial da estrutura.

Estais
O ângulo de inclinação dos estais em relação ao tabuleiro não deve ser inferior a 20 o
nos arranjos em Leque nem a 25o nos arranjos em Harpa, pois se tornam quase ineficazes
e antieconômicos.

O espaçamento máximo dos estais depende de vários parâmetros, primordialmente do


equipamento de içamento e em particular da largura e forma do tabuleiro. Como regra
geral, adota-se espaçamentos entre 15m e 25m em tabuleiros metálicos ou mistos (aço-
concreto) e espaçamentos entre 5m e 10m em tabuleiros de concreto.

Características dos Estais


Os estais são constituídos por um conjunto de cordoalhas de sete fios trançados de aço
galvanizado. Estas cordoalhas são protegidas por uma película de cera e revestidas com
PEHD (polietileno de alta densidade) estrudado. O aço destas cordoalhas deve ser de
muito baixa relaxação. As bainhas que revestem os estais são constituídas por peças de
tubo retilíneo de PEHD, estanques e resistentes aos raios ultravioletas. Tubo Forma e
Tubo Antivandalismo, como indica a figura.

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Esquema dos estais.

Tabuleiros
De modo geral, são utilizadas seções celulares em caixão ou quadros fechados
metálicos, em concreto protendido (pré-fabricados ou moldados no local) ou mistos com
vigas de aço e laje em concreto armado.
As seções transversais destas pontes apresentam elevada esbeltez, portanto,
quase sempre são necessárias análises dinâmicas para a avaliação dos efeitos do vento
e das ações das cargas móveis. É comum a realização de modelos reduzidos para o estudo
em túneis de vento.

2270
ESTAI
375 727 66 727 375

335 40 40 335
TUBO ANTIVANDALISMO

p=2.0% p=2.0%
30
50

39
25
116

116
200

CABO DE PROTENSÃO VIGA PRÉ-MOLDADA


79

62 313 1520 313 62

Seção transversal com duas linhas de estais (Viaduto Mário Covas na chegada à
cidade de Santos/SP)

3430
1715 1715
450

140 411 400 400 411

Seção transversal com viga caixão e uma linha central de estais (Nova ponte
sobre o canal do Panamá)
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Seção transversal com duas vigas isoladas e duas torres com as respectivas
linhas de estais (Ponte sobre o Rio Guamá)

Tabuleiros metálicos são os mais econômicos, pois permitem reduzir o peso próprio do
tabuleiro em 1/5 em relação ao uso de concreto. Por outro lado, apesar do uso de
métodos avançados de racionalização e automação, em particular com lajes
ortotrópicas, os tabuleiros metálicos são de 2 a 4 vezes mais caros do que os
equivalentes em concreto. Então, para que os tabuleiros metálicos sejam competitivos,
a redução do peso próprio da laje deve resultar em apreciável economia nos outros
elementos (estais, mastros e fundações).

Tipos de Torres ou Pilones


As torres podem ser únicas em seção transversal, quando se tem um único plano de
estais no centro do tabuleiro ou duplas, quando a suspensão é feita por dois planos de
cabos paralelos, que se ancoram nos bordos do tabuleiro por fora dos guarda-rodas.

Quando a relação altura da torre/vão permite, adota-se a torre em forma de A que traz
benefícios estéticos e econômicos.

Torre dupla e torre em forma de A [8].

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Modulação de Vãos das Pontes Estaiadas


O sistema mais comum e racional estaticamente é o de três vãos.
O sistema de vão único exige pesadas estruturas de ancoragem externas que devem ser
ligadas à torre para que não haja movimentos relativos entre o tabuleiro e a estrutura
de ancoragem.
Os sistemas de dois vãos, assim como o de um vão conduzem a relações altura da
torre/vão elevadas.

Ponte de Porto Alencastro sobre o rio Paranaíba – MS/MG

Ponte sobre o rio Guamá (http://www.skyscrapercity.com).

Ponte Juscelino Kubitschek (http://www.skyscrapercity.com).

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Ponte sobre o rio Negro (http://www.skyscrapercity.com).

Referências Bibliográficas:
[1] Almeida, S.F. – Notas de aula da Universidade Federal Fluminense
[2] Leonhardt, F. – Construções de Concreto, vol 6, Ed. Interciência, 1979.
[3] Andrade Neto, J.S. ; Contribuição ao Estudo de Pontes Estaiadas – Uma Revisão
Atualizada, Projeto Final de Graduação em Engenharia Civil, FEN, 2011.
[4] Soriano, H. L. – Estática das Estruturas, Ed Ciência Moderna, 2007.
[5] René Walther, R. et al. – Cable stayed bridges, London, Thomas Telford, 2 nd Edition,
2007.
[6] Torneri, P. – Comportamento estrutural de pontes estaiadas – comparação de
alternativas, Dissertação de Mestrado, USP, 2002.
[7] Cable vibrations in cable-stayed bridges, Elsa de Sá Caetano, Structural
Engineering
[8] DNER, Manual de Projeto de Obras-de-Arte Especiais, 1996

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