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PROJETOS

INTEGRADORES
CIÊNCIAS HUMANAS, MATEMÁTICA,
CIÊNCIAS DA NATUREZA E LINGUAGENS
GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
ASSESSORIA ESPECIAL DE EDUCAÇÃO EM TEMPO INTEGRAL

ASSESSORA ESPECIAL
ALESSANDRA TRABACH GOBETTI BURINI

EQUIPE
DOUGLAS SAAR PAULINO

ERILDA RODRIGUES DOS SANTOS AMORIM

EDIMAR BARCELOS

FERNANDO FIOROTTI POLTRONIERI

GIOVANNA LOUZADA

GLEDSON FIGUEIREDO

IZABELLA CAPUCHO C. GUIMARÃES

KLEIDIANA CASSIA SILVA BORGES

MICARLA ROMUALDO COUTO

MICHEL DAL COL COSTA

COLABORAÇÃO
MARCO ANTONIO MORGADO DA SILVA
Sumário
APRESENTAÇÃO 3
O QUE SÃO OS PROJETOS INTEGRADORES? 4
O QUE É O PRODUTO FINAL DO PROJETO INTEGRADOR? 5
COMO SÃO ORGANIZADOS OS PROJETOS INTEGRADORES? 8
OBJETIVOS E DESENVOLVIMENTO 12

APRENDIZAGEM BASEADA EM PROJETOS: planejamento


pedagógico 14
1. Princípios da Aprendizagem Baseada em Projetos 15
2. Orientações para a estruturação de um projeto 17
2.1. Protagonismo e autonomia dos estudantes 17
2.2. Definição do tema, dos conteúdos e formulação
das perguntas geradoras 18
2.3.Elaboração do planejamento pelos estudantes 21
2.4.Organização dos grupos de trabalho 22
2.5.Investigação e sistematização do conhecimento 23
2.6.Elaboração e apresentação do produto final 24
2.7.A avaliação na Aprendizagem Baseada em Projetos 25

Referências bibliográficas 27
APRESENTAÇÃO
Em 2022, as Escolas Estaduais do Espírito Santo passam a oferecer
o chamado Novo Ensino Médio (Lei 13.415/17). Com ele, da mes-
ma forma, um novo Currículo Estadual passará a ser oferecido aos
estudantes. Esta, entre outras medidas, amplia a carga horária total,
reorganiza os componentes da formação geral básica e disponibili-
za novos itinerários formativos. Tais mudanças afetam, igualmente,
as Escolas de Tempo Integral. Entre as novidades que buscam am-
pliar o diálogo disciplinar, o papel ativo e protagonista do estudan-
te foram criados quatro novos componentes curriculares: Projetos
Integradores de Ciências Humanas, Projetos Integradores de Ma-
temática, Projetos Integradores de Ciências da Natureza e Projetos
Integradores de Linguagens. Como pode ser percebido, o eixo que
organiza essas novas disciplinas é o do projeto integrador. Suscin-
tamente, isso significa que a relação entre professores e estudantes
é orientada pela construção de um projeto de caráter interdiscipli-
nar que, findado o trimestre, se realiza na entrega/apresentação de
um produto/resultado. Como delineado, é no encontro das discipli-
nas – com os seus conceitos, pressupostos e protocolos – com os
contextos sociais, políticos e econômicos contemporâneos, que esse
componente buscará potencializar a aprendizagem dos estudantes.
Esses serão motivados intencionalmente a participarem da constru-
ção de um projeto que substantiva e dá significado contextual aos
conhecimentos aprendidos.

4 PROJETOS INTEGRADORES
O QUE SÃO OS
PROJETOS
INTEGRADORES?
O s PROJETOS INTEGRADORES das 4 áreas de conhecimento
(Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, Ciências da Na-
tureza e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias e
Linguagens e suas Tecnologias) foram desenhados para articular
a Base Nacional Comum Curricular e os Componentes Integradores
do currículo das Escolas Estaduais de Ensino Médio em Tempo Inte-
gral. O elemento chave será o planejamento, a organização e a apre-
sentação, sob a mediação do professor, de um produto pedagógico
que culmine e expresse o percurso formativo dos estudantes ao longo
de um trimestre. Tal projeto, de características interdisciplinares, an-
corado em problemáticas contemporâneas, objetiva ser exercício de
intervenção e reflexão coletiva que amplie horizontes culturais e con-
solide aprendizagens significativas. Pretende-se, através desses proje-
tos, que os saberes e experiências dos educandos sejam acolhidos na
escola e (re)pensados através de conhecimentos formalmente instituí-
dos, também reconsiderados pelo prisma da interdisciplinaridade.

A constituição desses quatro novos componentes ancora-se forte-


mente na práxis dos professores das escolas de Tempo Integral do
Espírito Santo em organizarem e alinharem projetos pedagógicos
que mobilizem competências e habilidades acadêmicas e socioe-
mocionais. Essa oferta didática será reforçada no fluxo das rotinas
pedagógicas da Educação em Tempo Integral, tais quais, reuniões
de área e geral, centralidade do projeto de vida dos estudantes, pro-
moção do autodidatismo no Estudo Orientado, além das diversifica-
ções curriculares das eletivas.

5 PROJETOS INTEGRADORES
O QUE SÃO OS PROJETOS INTEGRADORES?

Outro aspecto importante na configuração desses componentes é o seu


compromisso com uma aprendizagem ativa, potencializadora do pro-
tagonismo juvenil e da construção do seu projeto de vida. Além disso,
ressalte-se que as aulas desses componentes, poderão ser enriquecidas
pelos objetos de conhecimento que, identificados como essenciais para
a consecução do projeto, serão ministrados tanto para remediarem defa-
sagens de aprendizagem quanto para nivelarem conhecimentos prévios.

O QUE É O PRODUTO FINAL


DO PROJETO INTEGRADOR?
Dessa maneira, o que viria a ser o produto final do componente projetos
integradores? Destaque-se que poderá ser realizado de várias formas:
feira de ciências; experiência científica-observacional; laboratório, apre-
sentação artística e cultural, sarau ou café literário; show musical, tea-
tro ou exposição; fórum de discussões, observatórios, núcleos de estudo
ou outro espaço de discussão coletiva; uma página ou conta em rede
social, entre muitas outras opções. Em geral, o resultado será alcança-
do pelo esforço dialógico do educador e do educando em conceberem
uma reflexão-prática formalmente orientada sobre determinado assunto
ou tema. Por sua vez, a definição desse produto caberá ao professor
em diálogo com os seus estudantes. No entanto, deverá estar abrigada,
obrigatoriamente, sob quatro grandes temas integradores, sendo eles:
Steam (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Arte e Matemática), dedicado a
estimular intervenções criativas em problemas reais; Protagonismo, que
mobiliza as culturas juvenis em direção a uma cidadania ativa; Media-
ção de Conflitos Juvenis, que busca, através da reflexão dos estudantes,
repensar os modos como lidam com os conflitos ao mesmo tempo que
promove uma cultura de paz; e Mídiaeducação, pretende desenvolver o
letramento digital e a criticidade na produção, na circulação e no consu-
mo de informações na sociedade.

6 PROJETOS INTEGRADORES
O QUE SÃO OS PROJETOS INTEGRADORES?

Tais temas – formulados como proposta didática no PLANO NACIO-


NAL DO LIVRO DIDÁTICO (PNLD)1, tendo como baliza as perspectivas
pedagógicas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) – objetivam
colocar em movimento, sobretudo, as DEZ COMPETÊNCIAS GERAIS
DA BNCC 2.

Assim, o Steam seria focado nas competências

7 1 2
(argumentação) (pensamento científico,
(conhecimento) crítico e criativo)

o Protagonismo, nas de números

7 3 8
(argumentação) (autoconhecimento
(repertório cultural) e autocuidado)

Mídiaeducação, nos quesitos

7 4 5
(argumentação) (cultura digital)
(comunicação)

1 BRASIL. Ministério da Educação. Edital de convocação Nº 03/2019. Disponível em:


https://www.gov.br/fnde/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/programas/programas-do-livro/con-
sultas-editais/editais/edital-pnld-2021/EDITAL PNLD_2021_CONSOLIDADO_13_RETIFICACAO _07.04.2021.pdf.
Acesso em: 20 jun. 2021.
2 Para escolas que realizaram a escolha dos livros junto à Secretaria Estadual de Educação.

7 PROJETOS INTEGRADORES
O QUE SÃO OS PROJETOS INTEGRADORES?

e Mediação de Conflitos nos

7 3 8
(argumentação) (responsabilidade
(empatia e cooperação) e cidadania)

Depreende-se a importância dada à competência 7, o que reforça o


objetivo de que os estudantes sejam capazes de argumentar, base-
ados em fatos e informações confiáveis, para defenderem pontos de
vistas e ideias, posicionando-se de forma ética frente às questões
individuais e coletivas.

A opção por se amparar, prioritariamente, nesses quatro grandes temas


dá-se pela existência de um novo e diversificado material didático, dis-
ponibilizado pela implantação do Novo Ensino Médio. Tal material for-
ma-se por livros de Projetos Integradores, sendo um para cada ÁREA
DE CONHECIMENTO3. Tais obras trazem, obrigatoriamente, seis pro-
jetos integradores, sendo, no mínimo, um de cada um dos quatro temas
já citados: Steam, Mídiaeducação, Protagonismo Juvenil e Mediação de
Conflitos. Assim, trazem um planejamento aula a aula sobre como ope-
racionalizar a disciplina, com cronograma, textos de apoio, atividades,
sugestões e encaminhamentos para executarem todas as fases do proje-
to. Os livros foram disponibilizados às escolas em 2021 e fazem parte do
primeiro edital de obras para o novo Ensino Médio.

Além desses quatro grandes temas, os projetos poderão abordar, direta


ou indiretamente, os 19 temas integradores do Currículo Estadual do
Espírito Santo. Eles são, em certa medida, desdobramentos qualificados
dos antigos Temas Transversais, convertendo-se em mais uma possibi-
lidade de desenvolvimento dos projetos pedagógicos do componente.
De um lado, podem ser tema central dos projetos pedagógicos; de ou-

3 Para maiores informações conferir o Guia Digital do PNLD 2021: https://pnld.nees.ufal.br

8 PROJETOS INTEGRADORES
O QUE SÃO OS PROJETOS INTEGRADORES?

tro, podem complementar as contextualizações e problematizações que


enriquecem e aprofundam o percurso formativo dos discentes. Dessa
forma, se o professor optar por utilizar o tema protagonismo juvenil, dos
quatro já citados, poderá inserir em seu planejamento, como temas sub-
sidiários: Vida Familiar e Social e Diversidade Cultural, Religiosa e Étnica.
Desse modo, fica a cargo do diagnóstico do docente, em sintonia com
as expectativas dos estudantes, incrementar a trilha formativa, alinhando
o projeto com subtemas que potencializem o projeto escolhido.

COMO SÃO ORGANIZADOS OS PROJETOS


INTEGRADORES?
Como salientado teremos quatro novos componentes: Projetos Integra-
dores de Ciências Humanas, Projetos Integradores de Matemática, Pro-
jetos Integradores de Ciências da Natureza e Projetos Integradores de
Linguagens. Cada um deles conecta-se às respectivas áreas de conhe-
cimento, tais quais Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, Matemática e
suas tecnologias, Ciências da Natureza e suas tecnologias, Linguagens e
suas tecnologias. Os projetos serão seriados e ofertados tanto nas escolas
de Tempo Integral de 9H30 quanto de 7H, alterando-se somente a carga
horária semanal. Nas primeiras, serão ofertadas duas aulas semanais de
50 minutos (Quadro 1); nas últimas, 1 hora-aula por semana (Quadro 2).

As aulas poderão ser ministradas por um ou dois professores simulta-


neamente, assim como ocorre nas eletivas. Essa decisão caberá à ges-
tão escolar, tendo como premissa a distribuição de carga horária dos
docentes. Os professores responsáveis por ministrarem os Projetos In-
tegradores serão aqueles titulados e habilitados nos componentes de
suas respectivas áreas de conhecimento. Assim, Projetos Integradores de
Ciências Humanas poderão ser lecionados pelos professores de Histó-
ria, Geografia, Sociologia e Filosofia; Projetos Integradores de Ciências
da Natureza, pelos docentes de Química, Ciências Biológicas e Física;
Projetos Integradores de Linguagens, pelos professores de Língua Por-
tuguesa, Língua Inglesa, Língua Espanhola (quando houver), Educação

9 PROJETOS INTEGRADORES
O QUE SÃO OS PROJETOS INTEGRADORES?

Quadro 1 - Escolas de 9H30 *


Projetos 1ª série 2 ª série 3ª série Total
Integradores

Ciências
Humanas 2 aulas 2 aulas 2 aulas 240 aulas
e Sociais semanais semanais semanais anuais
Aplicadas

Matemática
2 aulas 2 aulas 2 aulas 240 aulas
e suas
semanais semanais semanais anuais
Tecnologias
Ciências
da Natureza 2 aulas 2 aulas 2 aulas 240 aulas
e suas semanais semanais semanais anuais
Tecnologias

Linguagens
2 aulas 2 aulas 2 aulas 240 aulas
e suas
semanais semanais semanais anuais
Tecnologias

FONTE: ORGANIZAÇÃO CURRICULAR 2022 TI


*Valor total aproximado, dependendo do calendário letivo anual.

Quadro 2 - Escolas de 7H **
Projetos 1ª série 2 ª série 3ª série Total
Integradores

Ciências
Humanas 1 aulas 1 aulas 1 aulas 120 aulas
e Sociais semanal semanal semanal anuais
Aplicadas

Matemática
1 aulas 1 aulas 1 aulas 120 aulas
e suas
semanal semanal semanal anuais
Tecnologias
Ciências
da Natureza 1 aulas 1 aulas 1 aulas 120 aulas
e suas semanal semanal semanal anuais
Tecnologias

Linguagens
1 aulas 1 aulas 1 aulas 120 aulas
e suas
semanal semanal semanal anuais
Tecnologias
FONTE: ORGANIZAÇÃO CURRICULAR 2022 TI
*Valor total aproximado, dependendo do calendário letivo anual.

10 PROJETOS INTEGRADORES
O QUE SÃO OS PROJETOS INTEGRADORES?

Física e Arte; e os Projetos Integradores de Matemática, pelos professo-


res desta mesma disciplina.

QUE TAL?
Como sugestão, os projetos integradores de Matemática
e Ciências da Natureza podem ser compartilhados. Isto é,
poderão definir o mesmo planejamento, a mesma avalia-
ção e o produto final. Tal opção justifica-se pelo planeja-
mento compartilhado e pela possibilidade de fortalecer a
interdisciplinaridade entre essas áreas. Igualmente, se a
gestão definir que os projetos integradores ofertados serão
ministrados por dois professores, sugere-se que o segundo
docente do projeto integrador de Matemática seja da área
de Ciências da Natureza.

Como parte dos componentes integradores (antiga parte diversificada),


a disciplina será avaliada como cursada ou não-cursada ao fim do tri-
mestre. Ressalte-se, no entanto, que isso não impede que o tra-
balho docente na disciplina de Projetos seja parte de uma ava-
liação formativa mais globalizada, que leve em consideração
as competências e habilidades da área. Caberá aos docentes
definirem se essa avaliação será realizada e como a mesma
poderá ser aproveitada. Por sua vez, a frequência será utilizada para
a integralização da carga horária anual do discente. Logo, a infrequência
poderá acarretar prejuízos ao mesmo.

Ressalte-se que, pela característica dos componentes curriculares de


Matemática e da área de Ciências da Natureza e com o objetivo de po-
tencializar a interdisciplinaridade entres essas disciplinas, eles poderão
alinhar a realização dos seus projetos integradores tanto por meio de
parceria entre os seus docentes quanto pelos projetos planejados.

11 PROJETOS INTEGRADORES
Temas integradores TI 10
novo currículo Educação T I1 5
para o Ética
do Espírito Santo Consumo Consciente e Cidadania

TI 05
Processo de
Envelhecimento,
TI 11 TI16
Educação Financeira
Respeito e Valorização Gênero,
e Fiscal Sexualidade,
do Idoso
Poder e Sociedade
TI 01
Direito
da Criança TI 06 T I1 2
Educação em Direitos
e do
Adolescente Humanos
Trabalho,
Ciência TI17
Povos e Comun
e Tecnologia. idades
Tradicionais.

TI 02 T I0 7
Educação das
Educação para
o Trânsito
Relações
Étnico-Raciais
TI13
Diversidade Cu TI18
e Ensinode História ltural,
e Cultura Afro-Brasil Religiosa e Étn Educação
eira, ica Patrimonia
Africana e Indígena l

TI 03
Educação TI 08 TI14
Ambiental Saúde Trabalho e
Relações
TI19
Diálogo int
de Poder ercultural
e inter-rel
igioso

TI 04 T I0 9
Educação Alimentar Vida
e Nutricional Familiar
e Social

FONTE: FORMAÇÃO TEMAS INTEGRADORES

12 PROJETOS INTEGRADORES
O QUE SÃO OS PROJETOS INTEGRADORES?

OBJETIVOS E DESENVOLVIMENTO
Objetiva exercitar, juntamente com o jovem, as habilidades e competên-
cias gerais e específicas, contextualizando-as à resolução de problemas
da realidade que desafiem a sociedade contemporânea. Tal proposta
será mais rica caso a escola selecione, no mesmo trimestre, um único
tema a ser trabalhado em todos os Projetos Integradores (Imagem 1).

Desse modo, a ação pedagógica ganha potência para integrar dimensões


diversas da vida do estudante ao espaço de aprendizagem, mediado e in-
tencionalmente orientado pelo professor. Como estratégia curricular da edu-
cação em tempo integral, essa opção pedagógica reforça as possibilidades
de se alcançar uma formação integral através da integração curricular. A
coparticipação de professores e estudantes no planejamento, na execução
e na avaliação de um projeto não só reforça as competências e habilidades
das áreas de conhecimento, como também propicia o amadurecimento de
atitudes cooperativas e propositivas, reforçando a possibilidade de soluções
coletivas dialogadas com os problemas sociais contemporâneos. Nesse sen-
tido, destaque-se que o processo dialógico de construção do projeto reforça,

Imagem 1 - Exemplo de alinhamento dos Projetos Integradores por


área de conhecimento no trimestre

P.I. Ciências Humanas


P.I. Matemática

Protagonismo
P.I. Ciências da
P.I. Linguagens Natureza

FONTE: ELABORADO PELO AUTOR

13 PROJETOS INTEGRADORES
O QUE SÃO OS PROJETOS INTEGRADORES?

junto ao educando, que escolhas e tomadas de decisões sejam mais eficazes,


na medida em que forem mais bem informadas e orientadas por evidências,
dados e fontes confiáveis de informação.

Além desses pressupostos, podemos destacar que a opção por uma


oferta curricular calcada no protagonismo, na interdisciplinaridade e na
participação ativa do estudante reforça as premissas de uma educação
integral que, como salienta a BNCC, “[...] deve visar à formação e ao
desenvolvimento humano global, o que implica compreender a com-
plexidade e a não linearidade desse desenvolvimento, rompendo com
visões reducionistas que privilegiam ou a dimensão intelectual (cogni-
tiva) ou a dimensão afetiva” *** .

Tendo em vista esses pressupostos, segue-se uma seção dedicada espe-


cialmente aos docentes. Nela, pretende-se explicitar os fundamentos pe-
dagógicos, os encaminhamentos didáticos e os instrumentos avaliativos
que poderão ser empregados pelo professor no ensino desse componente.

FOTO: THIAGO COUTINHO

*** BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/#introducao. Acesso em: 19 jul. 2021.

14 PROJETOS INTEGRADORES
APRENDIZAGEM
BASEADA EM PROJETOS:
planejamento
pedagógico
O s projetos didáticos são uma abordagem de ensino-aprendi-
zagem que passou a se difundir progressivamente a partir da
década de 90 e atualmente está largamente presente no vocabu-
lário e no cotidiano das escolas, podendo receber diferentes deno-
minações, tais como projetos de trabalho, pedagogia de projetos e
Aprendizagem Baseada em Projetos – termo adotado no presente
texto. Tratam-se de denominações diferentes, mas que se referem a
uma mesma modalidade de organização de práticas pedagógicas,
as quais possuem alguns princípios comuns.

Apesar de muitos profissionais da educação terem alguma fami-


liaridade com a modalidade de projetos, nem sempre as práticas
a que se atribui o conceito de projeto atendem às bases teóricas e
aos princípios que fundamentam essa abordagem em suas variadas
possibilidades de implementação. Além disso, é um tema que gera
muitas dúvidas em relação as suas possibilidades práticas: o que
diferencia um projeto de outras metodologias ativas de aprendi-
zagem? Quais aspectos devem ser considerados no planejamento
de um projeto? Como fomentar o protagonismo dos estudantes e
auxiliá-los a organizar um projeto com autonomia? Como avaliar os
aprendizados em um projeto?

Neste texto, busca-se responder a essas e a outras perguntas de


modo a ampliar o conhecimento de educadores e educadoras so-
bre a Aprendizagem Baseada em Projetos e oferecer diretrizes que

15 PROJETOS INTEGRADORES
APRENDIZAGEM BASEADA EM PROJETOS: PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO

possam auxiliá-los no desenvolvimento de projetos adaptados às parti-


cularidades do contexto onde atuam.

1 Princípios da Aprendizagem
Baseada em Projetos
Apesar de ser possível conceituar e estruturar os projetos de diferentes
maneiras (HERNÁNDEZ; VENTURA, 1998; ARAÚJO, 2003; MARTÍN, 2006; BORDENAVE;
PEREIRA, 2011), há alguns princípios fundamentais que possibilitam for-
mular uma definição geral e estabelecer os contornos dentro dos quais
diferentes tipos de projeto poderão ser desenvolvidos. Vejamos quais
são eles.

Em primeiro lugar, um projeto deve partir de uma ou mais perguntas ge-


radoras sobre um tema ou uma situação-problema relacionada ao projeto.
Idealmente, as perguntas geradoras devem ser formuladas pelos estudan-
tes, mas é possível que sejam propostas pelo educador. Seja como for, a
pergunta deve ser produzida mediante um processo de problematização,
no qual os alunos são provocados a refletirem sobre o tema do projeto
com base em suas concepções prévias, a fazerem questionamentos, a ela-
borarem hipóteses e a manifestarem seus interesses. A pergunta geradora
representa o eixo condutor do projeto, pois todas as etapas visam a auxiliar
os estudantes a respondê-la.

Nesse sentido, uma prática na qual é o professor quem define todas as


perguntas, assim como todo o percurso que os alunos irão trilhar, não
pode ser considerada um projeto. E isso nos leva ao segundo princípio.

De acordo com o antropólogo Pierre Boutinet (2002), o projeto é uma


forma de antecipação do futuro, através da qual lançamos mão de meios
para alcançar metas e objetivos. Contudo, por ser o futuro um tempo
incerto e em construção, que pode ser atravessado por novidades e im-
previstos, um projeto também se define pela abertura ao novo, pela

16 PROJETOS INTEGRADORES
APRENDIZAGEM BASEADA EM PROJETOS: PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO

exploração de oportunidades e pela criação de possibilidades em um


ambiente aberto, capaz de ser modificado pela ação do sujeito.

Disso resulta o segundo princípio da Aprendizagem Baseada em Proje-


tos: um projeto pressupõe a exploração pelo desconhecido, a des-
coberta e a abertura a mudanças, que ocorrerão em decorrência
da introdução de novos dados, perguntas, desafios e imprevistos no cur-
so do seu desenvolvimento. Isso significa que uma prática pedagógica
cujas etapas e o produto final são todos pré-determinados, também não
pode ser considerada um projeto.

Além disso, a Aprendizagem Baseada em Projetos requer o papel ativo


dos estudantes na elaboração de um planejamento de estudos e in-
vestigações, de estratégias de ação e na tomada de decisões.

A terminologia Aprendizagem Baseada em Projetos tem


sido empregada com a intenção de enfatizar o papel ativo
dos alunos em seu processo de aprendizagem, como con-
traponto a práticas centradas na figura do educador e pau-
tadas na transmissão de conteúdos.

Finalmente, um projeto deve culminar na elaboração de um produto


final. O produto final é a meta do projeto e deve sintetizar a resposta
dos estudantes à pergunta geradora. O tipo de produto final pode ser
definido pelo educador ou pelos estudantes, mas é necessário que a sua
forma e o seu conteúdo sejam definidos pelos estudantes, pois nisso re-
side a coerência deste princípio com os demais.

17 PROJETOS INTEGRADORES
APRENDIZAGEM BASEADA EM PROJETOS: PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO

2 Orientações para a estruturação


de um projeto
Embora haja diversas possibilidades de configurar um projeto, há al-
guns componentes que servem de diretrizes para o desenvolvimento de
diferentes tipos de projetos e que merecem uma atenção especial dos
educadores, pois possibilitam contemplar os princípios fundamentais da
Aprendizagem Baseada em Projetos e auxiliam na elaboração de proje-
tos adaptados às particularidades do contexto onde atuam.

2.1. Protagonismo e autonomia


dos estudantes

Um dos princípios centrais da Aprendizagem Baseada em Projetos é o


papel ativo dos estudantes nas diferentes etapas do projeto: na
formulação das perguntas geradoras; no planejamento, nos estudos e
investigações; e na elaboração e apresentação do produto final. Ao invés
de os estudantes serem um receptáculo passivo do conhecimento trans-
mitido pelo educador, são eles que buscam ativamente respostas para
as suas próprias perguntas. O conhecimento é construído mediante uma
experiência de exploração e descoberta, marcada por experimentações,
erros e acertos, bem como pela formulação de estratégias de aprendiza-
gem.

Mas, para que essa experiência de protagonismo e autonomia aconteça,


é importante que o educador reconheça que os conhecimentos prévios,
as hipóteses, as perguntas e os interesses dos estudantes são a maté-
ria-prima do aprendizado, pois é na conexão com eles que novos
conhecimentos são construídos.

A consequência prática disso é dar voz aos estudantes e provocar o ten-


sionamento entre esses elementos, bem como novos conhecimentos.
Nesse sentido, o educador deve priorizar problematizar as indaga-
ções e hipóteses dos estudantes ao invés de respondê-las; e
18 PROJETOS INTEGRADORES
APRENDIZAGEM BASEADA EM PROJETOS: PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO

priorizar oferecer recursos para que os alunos definam conceitos


e desenvolvam procedimentos ao invés de apresentar concei-
tos, fatos e procedimentos prontos, através de explicações. Isso pos-
sibilitará que a autonomia e o protagonismo não sejam apenas objetivos
a serem alcançados ao final da escolaridade, mas uma experiência vivida
pelos estudantes.

2.2. Definição do tema, dos conteúdos e formulação das


perguntas geradoras

A definição do tema do projeto pode ser feita pelo educador, pelos


estudantes ou por ambos. Quando o projeto precisa contemplar deter-
minados conteúdos curriculares (conhecimentos, habilidades e compe-
tências), é o educador quem define o tema do projeto, mas a definição
também pode partir de uma problemática que ganhou visibilidade pú-
blica e despertou o interesse dos estudantes. Seja qual for o caminho
adotado pelo educador para a escolha do tema, é importante que
seja relevante – do ponto de vista social e acadêmico – e que
dialogue com as necessidades pedagógicas dos estudantes.

Ao adotar temas de relevância social, ética e política, o educador possi-


bilita que os TEMAS INTEGRADORES preconizados pela Currículo do
Espírito Santo (2020) deixem de serem trabalhados de forma esporádica
e espontânea e ganhem centralidade no currículo escolar. Como con-
sequência, conceitos e procedimentos curriculares passam a ser traba-
lhados sob a mediação de valores morais, de práticas de cidadania e de
questões relacionadas à vida psíquica e social dos alunos, dando maior
sentido pessoal e social ao aprendizado (ARAÚJO, 2003).

Além disso, a adoção dos TEMAS INTEGRADORES como eixo de um


projeto constitui uma valiosa oportunidade para a articulação entre di-
ferentes áreas do conhecimento e componentes curriculares, seja de
modo multidisciplinar ou interdisciplinar. Com isso, os alunos aprendem
a identificar o caráter multidimensional dos fenômenos naturais e sociais

19 PROJETOS INTEGRADORES
APRENDIZAGEM BASEADA EM PROJETOS: PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO

e a compreenderem, explicarem e agirem sobre temas complexos, mo-


bilizando e integrando diferentes áreas do conhecimento (ARAÚJO, 2003;
MORIN, 2007).

Já a formulação das perguntas geradoras deve, idealmente, ser fei-


ta pelos estudantes, pois as perguntas são a força propulsora de um
projeto, e seu processo de elaboração possibilita aos alunos fazerem
uma exploração preliminar do tema, clarificarem seus conheci-
mentos prévios e interesses, bem como elaborarem hipóteses e
identificarem os desafios de aprendizagem. Por isso, mesmo que
a estrutura do projeto tenha sido pensada a partir de uma questão cen-
tral previamente estabelecida, é importante proporcionar um momento
para que os estudantes formulem perguntas adicionais.

O processo de problematização que irá culminar na definição de uma ou


mais perguntas pode ser feito de diferentes maneiras. Uma possibilidade
consiste em colocar os alunos em contato com materiais textuais, visuais
ou audiovisuais que abordem o tema do projeto e possibilitem reflexões
em uma perspectiva problematizadora. O mesmo pode ser feito tendo
como ponto de partida um estudo de campo a um ambiente no qual o
tema se manifeste, momento em que os alunos podem fazer observa-
ções, entrevistas e registros.

Em um segundo momento, os alunos podem registrar o que sabem so-


bre o tema, suas hipóteses e, na forma de perguntas, o que precisam e
gostariam de saber. Isso pode ser feito mediante a confecção de uma
tabela ou quadro dividido em duas partes:

“O que eu sei sobre esse tema?”

“O que eu preciso/gostaria de saber sobre esse tema?”.

20 PROJETOS INTEGRADORES
APRENDIZAGEM BASEADA EM PROJETOS: PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO

Recomenda-se que isso seja feito primeiramente de modo individual, a


fim de garantir que todos os alunos reflitam e expressem seus questiona-
mentos. A socialização das perguntas geradoras pode ser feita utilizando
aplicativos como o Mentimenter e o Padlet.

Um projeto interdisciplinar é aquele que articula diferen-


tes áreas do conhecimento ou disciplinas para descrever,
explicar ou intervir sobre um fenômeno. O que distingue
a abordagem interdisciplinar da multidisciplinar é que, na
segunda, cada uma das áreas ou disciplinas trabalha de
forma isolada, sem influir sobre as outras ou dialogar dire-
tamente com elas.

FOTO: THIAGO COUTINHO

21 PROJETOS INTEGRADORES
APRENDIZAGEM BASEADA EM PROJETOS: PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO

2.3. Elaboração do planejamento


pelos estudantes

As atividades que possibilitarão aos estudantes responderem às pergun-


tas geradoras devem ser pensadas a partir da elaboração de um plane-
jamento, o qual deve contar com a participação deles. Algumas
atividades podem ser propostas pelo educador, porém é fundamental
que seja reservado um momento para que os estudantes elaborem um
planejamento, indicando como pretendem responder às perguntas ge-
radoras e qual será o produto final do projeto – caso este ainda não
tenha sido definido.

Para auxiliar os estudantes na elaboração do planejamento, pode-se es-


truturar uma tabela com os seguintes itens:

Fontes de informação

Estratégias de coleta de dados


Tarefas e metas a serem
cumpridas em cada etapa do
projeto
Recursos humanos e materiais
necessários
Outros aspectos de caráter
organizativo.

Tal tabela pode integrar uma ficha de organização do projeto, junto


aos itens

“O que eu sei sobre esse “O que eu preciso/ “O que eu aprendi?”


tema?” gostaria de saber sobre
esse tema?”

22 PROJETOS INTEGRADORES
APRENDIZAGEM BASEADA EM PROJETOS: PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO

que servirá para a sistematização dos aprendizados. A ficha ajuda os


alunos a se organizarem e também serve como um instrumen-
to de registro e avaliação. Tanto a tabela quanto a ficha podem ser
feitas de forma analógica (em material impresso ou no caderno) ou em
plataforma digital, como o Google Drive.

Vale mencionar que o planejamento é um ponto de partida importante


para o desenvolvimento do projeto, porém deve ser concebido como
um processo dinâmico, que pode ir se atualizando ao longo do projeto,
em função da construção de conhecimentos, descobertas e novos desa-
fios que se apresentem.

FOTO: THIAGO COUTINHO

2.4. Organização dos grupos


de trabalho
Um projeto pode ser desenvolvido com o conjunto da turma, em gru-
pos ou até mesmo individualmente – embora seja pouco comum. No
caso da primeira opção, a turma deve definir as perguntas geradoras e
o planejamento, podendo-se desenvolver atividades de forma individual

23 PROJETOS INTEGRADORES
APRENDIZAGEM BASEADA EM PROJETOS: PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO

ou em grupos. O mais recomendável, contudo, é que um projeto seja


realizado em grupos, pois isso permitirá uma maior personalização e
aprofundamento nos processos de ensino-aprendizagem.

A formação dos grupos de trabalho pode ser feita em conso-


nância com a definição das perguntas geradoras, de modo que
os integrantes do grupo estejam vinculados a elas. Caso o educador opte
por trabalhar diferentes temas em uma mesma turma, os grupos serão
formados de acordo com a afinidade aos temas. Se a opção for por de-
senvolver um projeto em que o grupo-classe aborde um mesmo tema (o
que é mais comum), é possível formar grupos aleatoriamente, que irão
formular as suas perguntas geradoras e desenvolver seu próprio projeto,
ou solicitar que cada grupo compartilhe suas perguntas e que a turma
eleja aquelas que orientarão o projeto. Se esta for a opção do educador,
os estudantes deverão indicar aquelas pelas quais mais se interessam e,
a partir daí, serem formados os grupos de trabalho do projeto.

Para auxiliar o grupo a se organizar, cumprir com as suas responsabilida-


des e trabalhar de forma cooperativa, pode-se elaborar uma tabela,
na qual, a cada aula ou etapa do projeto, os estudantes deverão
definir as tarefas ou metas e as pessoas responsáveis. Ao final de
cada aula ou etapa, eles devem registrar se a tarefa ou meta foi cumpri-
da e podem elaborar uma justificativa. A tabela pode ser utilizada como
recurso complementar à tabela e à ficha de planejamento – mencionadas
na seção anterior –, podendo também ser usada para o educador acom-
panhar o desempenho do grupo.

2.5. Investigação e sistematização


do conhecimento

A investigação de respostas às perguntas geradoras pode ser feita através


de diversos tipos de atividades, que podem se apoiar em diferentes
materiais (livros, vídeos, reportagens, artigos científicos etc.) e recorre-
rem a diferentes procedimentos (pesquisas, entrevistas, experimen-

24 PROJETOS INTEGRADORES
APRENDIZAGEM BASEADA EM PROJETOS: PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO

tos, jogos, debates etc.). Juntas, as atividades permitirão aos estudantes


trabalhar com diferentes linguagens, bem como mobilizar e construir
conhecimentos e habilidades que se articulem ao redor das perguntas e
hipóteses que organizam o projeto.

No que diz respeito à pesquisa de informações e dados em diferentes


fontes, é necessário que os estudantes mobilizem e desenvol-
vam a capacidade de selecionar dados e validar a fonte de for-
ma crítica. Isso supõe observar algumas orientações:
Diferenciar a fonte quanto a sua natureza: se trata-se de um artigo
de opinião, de um artigo científico ou matéria jornalística. Nos dois
últimos casos, deve-se verificar a existência da fundamentação teórica
ou fonte dos dados utilizados;

Identificar se a fonte registra a autoria do texto, se trata-se de uma


instituição com trabalho consolidado na área e se possui uma política
editorial ou conselho editorial;

Verificar uma mesma informação ou dado em mais de uma fonte, a


fim de checar sua veracidade e identificar possíveis conflitos de ponto
de vista.

Os conhecimentos advindos do processo de investigação devem ser re-


gistrados e sistematizados, tendo em vista a necessidade de responder, de
forma consistente e fundamentada, às perguntas geradoras.

2.6. Elaboração e apresentação


do produto final

Na quinta etapa do projeto, os alunos assumem o desafio de concluir


e apresentar o produto final, o qual sintetiza as respostas às perguntas
geradoras. O processo de elaboração e comunicação do produto cos-
tuma acontecer paralelamente à etapa anterior e exige um trabalho de
organização do conhecimento, em que é necessário sistematizar os

25 PROJETOS INTEGRADORES
APRENDIZAGEM BASEADA EM PROJETOS: PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO

aprendizados, selecionar os conhecimentos mais significativos


(conceitos, procedimentos, atitudes e valores), relacioná-los e produ-
zir uma síntese coerente e capaz de responder às perguntas
geradoras com clareza. Além disso, nesta etapa, os alunos devem
se ocupar da reflexão sobre como o produto final será apresentado aos
colegas, ao educador ou à comunidade escolar.

FOTO: THIAGO COUTINHO

2.7. A avaliação na Aprendizagem


Baseada em Projetos
Organizar uma situação de autoavaliação é muito importante para
que os alunos reflitam sobre o seu desempenho ao longo do projeto: se
foram proativos e autônomos, se responsabilizaram-se pelas tarefas, se
trabalharam de modo cooperativo, como lidaram com os conflitos e difi-
culdades, quais aprendizados foram adquiridos e em que medida alcan-
çaram os objetivos a que se propuseram. Em diversas etapas do projeto,
deve-se convidar os alunos a refletirem sobre esses aspectos para que
a relação deles com o projeto e com seus aprendizados seja mais ativa,
consciente e autônoma.

26 PROJETOS INTEGRADORES
APRENDIZAGEM BASEADA EM PROJETOS: PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO

Apesar de a importância da avaliação e da autoavaliação permear todo o


projeto, é fundamental que haja um momento destinado a uma
avaliação sistemática e estruturada ao final do projeto. A autoava-
liação pode ser feita antes da apresentação final, para que esta contem-
ple as reflexões que dela resultaram. Já a avaliação feita pelo educador
pode ser realizada após as apresentações finais e contemplar diferentes
parâmetros e expectativas de aprendizagem. O educador pode adotar,
como objeto de avaliação, os registros dos alunos ao longo das etapas do
projeto, o produto final, além da apresentação, devendo se atentar para a
capacidade dos alunos de responderem às perguntas geradoras de forma
clara, consistente e fundamentada.

Para avaliar os conhecimentos e habilidades construídos pelos alunos


ao longo de um projeto, é possível recorrer às rubricas como ins-
trumento de avaliação. Resumidamente, as rubricas são ferramentas
que estabelecem critérios e indicadores bem definidos para classificarem
o desempenho dos alunos em relação a uma ou mais expectativas de
aprendizagem de referência. É especialmente recomendada quando se
trata de avaliar habilidades mais difíceis de mensuração, através de co-
nhecimentos conceitos ou procedimentos, como é o caso da autonomia
e do trabalho cooperativo.

Seja qual for a opção de avaliação escolhida pelo educador, é impor-


tante que os alunos saibam desde o início do projeto quais são as ex-
pectativas de aprendizagem e por quais instrumentos, parâmetros e
critérios serão avaliados.

27 PROJETOS INTEGRADORES
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