Você está na página 1de 9

Inclusão de alunos surdos: Análise do ciclo de palestras como estratégia de

apoio e orientação à professores de uma escola da Rede Estadual de Ensino


de Minas Gerais

Guilherme Rodrigues Souza


Resumo:

A inclusão de alunos surdos em escolas regulares é um desafio que requer


estratégias eficazes de apoio e orientação para os professores. Neste referencial
teórico, exploraremos a abordagem do ciclo de palestras como uma estratégia
promissora nesse contexto. Serão apresentadas evidências e reflexões sobre a
importância do ciclo de palestras para capacitar os professores, promover a
compreensão da surdez e suas demandas educacionais, e fornecer orientações
práticas para a inclusão efetiva dos alunos surdos.

Palavras-chave: inclusão, alunos surdos, ciclo de palestras, apoio, orientação,


professores, escola regular.

Abstract:

The inclusion of deaf students in regular schools is a challenge that requires effective
strategies of support and guidance for teachers. In this theoretical framework, we will
explore the approach of lecture cycles as a promising strategy in this context.
Evidence and reflections will be presented regarding the importance of lecture cycles
to empower teachers, promote understanding of deafness and its educational
demands, and provide practical guidance for the effective inclusion of deaf students.

Keywords: inclusion, deaf students, lecture cycles, support, guidance, teachers,


regular school.

Аннотация²:

Включение глухих учащихся в обычные школы является вызовом, требующим


эффективных стратегий поддержки и ориентации для учителей. В этой
теоретической основе мы исследуем подход цикла лекций как
многообещающую стратегию в этом контексте. Будут представлены
доказательства и размышления о важности цикла лекций для обучения
учителей, поощрения понимания глухоты и ее образовательных потребностей,
а также для предоставления практических рекомендаций для эффективного
включения глухих учащихся.

Ключевые слова: включение, глухие учащиеся, цикл лекций, поддержка,


ориентация, учителя, обычная школа.

________________________
¹ Tecnólogo em Comunicação Assistiva: Tradução e Interpretação Libras/Língua Portuguesa;
Especialista em Língua Brasileira de Sinais
² Tradução do resumo da obra para o russo, língua estudada pelo autor.

A inclusão de alunos surdos refere-se ao processo de garantir o pleno acesso,


participação e aprendizagem de estudantes surdos em ambientes educacionais regulares,
promovendo uma educação de qualidade que respeite suas especificidades linguísticas e
culturais. Esse conceito implica em oferecer suportes adequados, estratégias pedagógicas
inclusivas, adaptações curriculares e o reconhecimento da Língua de Sinais como meio de
comunicação legítimo. A inclusão de alunos surdos busca não apenas a presença física
desses estudantes nas escolas, mas também a construção de ambientes educacionais
acolhedores, acessíveis e que valorizem a diversidade linguística e cultural, permitindo que
os alunos surdos desenvolvam plenamente suas habilidades, potencialidades e interajam de
forma significativa com seus colegas e professores. A inclusão de alunos surdos envolve a
quebra de barreiras comunicativas e a promoção de uma educação inclusiva, equitativa e de
qualidade para todos.
A inclusão de alunos surdos nas escolas regulares é um tema que ganhou
destaque nas últimas décadas devido à necessidade de garantir o acesso equitativo
à educação para todos os estudantes, independentemente de suas diferenças e
necessidades individuais. No entanto, ao longo da história, os alunos surdos
enfrentaram uma série de desafios e barreiras no processo de inclusão educacional.
Antes do advento de abordagens inclusivas, os alunos surdos eram
frequentemente segregados em escolas especializadas, onde a ênfase estava na
reabilitação oral e na assimilação à cultura ouvinte. A Língua de Sinais era
frequentemente desencorajada e considerada como uma forma inferior de
comunicação. Essa abordagem, conhecida como “modelo médico” ou “modelo
clínico” da surdez, enfatizava a deficiência e a necessidade de correção ou cura.
No entanto, com a evolução dos estudos sobre a surdez e o reconhecimento
da Língua de Sinais como uma língua legítima, uma abordagem mais inclusiva
começou a surgir. O “modelo social” da surdez emergiu, enfatizando que a exclusão
e as barreiras enfrentadas pelos alunos surdos eram resultado de fatores sociais e
estruturais, e não apenas de suas características individuais.
A partir dessa perspectiva, o reconhecimento da Língua de Sinais como
língua natural dos surdos e a promoção da cultura surda passaram a ser
valorizados. A Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência, ratificada por muitos países, incluindo o Brasil, reforçou o direito à
educação inclusiva e igualdade de oportunidades para todos os estudantes,
incluindo os surdos.

Apesar desses avanços conceituais e legais, a inclusão de alunos surdos nas


escolas regulares ainda enfrenta desafios significativos. A falta de formação
adequada dos educadores para lidar com as necessidades específicas dos alunos
surdos, a ausência de recursos e suportes adequados, bem como atitudes negativas
e estereótipos em relação à surdez, são alguns dos antecedentes problemáticos que
afetam a inclusão desses estudantes.
Para enfrentar esses antecedentes problemáticos, é fundamental desenvolver
políticas educacionais inclusivas, fornecer formação adequada para os educadores,
garantir acesso a recursos e suportes apropriados, além de promover a
conscientização sobre a surdez e a cultura surda. Somente assim será possível
superar os desafios históricos e promover uma inclusão efetiva e significativa dos
alunos surdos nas escolas regulares.
Um dos principais problemas relacionados à inclusão de alunos surdos nas
escolas regulares é a falta de capacitação adequada dos professores para lidar com
as necessidades específicas desses estudantes e implementar práticas inclusivas. A
falta de preparo e conhecimento dos educadores sobre a surdez, a Língua de Sinais
e as estratégias pedagógicas inclusivas pode limitar a eficácia da inclusão e
comprometer a experiência educacional dos alunos surdos.
A inclusão de alunos surdos exige que os professores possuam
conhecimentos específicos sobre a surdez, a cultura surda e as diferentes formas de
comunicação, como a Língua de Sinais. Eles devem estar familiarizados com as
estratégias e recursos pedagógicos adaptados, bem como com as tecnologias
assistivas disponíveis para apoiar a aprendizagem dos alunos surdos.
No entanto, muitos professores não recebem a formação adequada durante
sua capacitação inicial ou ao longo de sua carreira. Eles podem não estar cientes
das necessidades educacionais dos alunos surdos, não compreenderem a
importância da Língua de Sinais como meio de comunicação ou não terem acesso a
estratégias eficazes para envolver e apoiar esses estudantes em sala de aula.
A falta de capacitação de professores sobre a inclusão de alunos surdos pode
levar a diversas consequências negativas. Os alunos surdos podem enfrentar
barreiras de comunicação e dificuldades de acesso ao currículo, o que pode afetar
seu desempenho acadêmico e seu desenvolvimento social. Além disso, a falta de
conhecimento e compreensão por parte dos educadores pode resultar em baixas
expectativas em relação aos alunos surdos e na reprodução de estereótipos
negativos, prejudicando sua autoestima e motivação para aprender.
É essencial abordar esse problema por meio de iniciativas de capacitação e
desenvolvimento profissional para os professores, proporcionando-lhes as
ferramentas e os conhecimentos necessários para promover uma educação
inclusiva e de qualidade para os alunos surdos. A formação deve abordar aspectos
como a compreensão da surdez, a valorização da Língua de Sinais, a adaptação
curricular, a utilização de recursos e tecnologias assistivas, bem como estratégias
pedagógicas inclusivas. Somente com professores capacitados e preparados será
possível superar a falta de conhecimento e melhorar a inclusão e o aprendizado dos
alunos surdos nas escolas regulares.
A rede estadual de ensino de Minas Gerais tem desempenhado um papel
crucial no processo de inclusão de alunos surdos. Assim como em outros estados do
Brasil, Minas Gerais tem buscado promover uma educação inclusiva que valorize a
diversidade e garanta a igualdade de oportunidades para todos os estudantes,
independentemente de suas necessidades especiais.
No contexto da inclusão de alunos surdos, a rede estadual de ensino de
Minas Gerais tem implementado políticas e ações voltadas para a promoção da
acessibilidade e o desenvolvimento de práticas inclusivas nas escolas. Essas
iniciativas têm como objetivo garantir que os alunos surdos possam participar
plenamente das atividades educacionais, sejam respeitados em sua língua e cultura,
e recebam o apoio necessário para seu aprendizado e desenvolvimento.
No entanto, apesar dos esforços realizados, ainda existem desafios a serem
enfrentados. A demanda por formação de professores em relação à inclusão de
alunos surdos ainda é alta, e é necessário ampliar e aprimorar as oportunidades de
capacitação. Além disso, a garantia de recursos e suportes adequados, bem como a
conscientização e sensibilização de toda a comunidade escolar, são aspectos
fundamentais para promover uma inclusão efetiva e de qualidade.
A rede estadual de ensino de Minas Gerais está em um processo contínuo de
aprimoramento e busca constante por melhores práticas de inclusão. Por meio do
engajamento de educadores, gestores, famílias e outros profissionais envolvidos na
educação, é possível avançar na promoção de uma educação inclusiva que atenda
às necessidades dos alunos surdos e garanta seu pleno desenvolvimento
acadêmico e social.

Tenho um aluno surdo, e agora?

O projeto de intervenção “Ciclo de Palestras: Tenho um aluno surdo, e


agora?” foi realizado em 2022 na Escola Estadual Cecília Meireles, em Belo
Horizonte, com o objetivo de capacitar os professores que atuam em turmas de
inclusão de alunos surdos. O projeto visava oferecer aos professores as ferramentas
necessárias para atender às necessidades educacionais dos alunos surdos e
promover uma educação inclusiva e de qualidade.
Durante o ciclo de palestras, foram abordados diversos temas relacionados à
surdez, à comunicação, à cultura surda e às estratégias pedagógicas eficazes para
o ensino de alunos surdos. Especialistas na área da surdez e da educação inclusiva
foram convidados para ministrar as palestras, compartilhando seus conhecimentos
teóricos e práticos com os professores.
Os participantes tiveram a oportunidade de aprender sobre a importância da
Língua de Sinais Brasileira (Libras) e sua aplicação em sala de aula, bem como
sobre as tecnologias assistivas disponíveis para apoiar a comunicação e o
aprendizado dos alunos surdos. Além disso, foram discutidas estratégias para
adaptar o currículo e os materiais didáticos, considerando as necessidades
individuais dos alunos surdos, a fim de promover uma aprendizagem efetiva e
inclusiva.
O projeto de intervenção também proporcionou um espaço de troca de
experiências entre os professores, permitindo que compartilhassem desafios,
dúvidas e boas práticas relacionadas à inclusão de alunos surdos. Isso criou uma
rede de apoio e colaboração entre os educadores, fortalecendo o compromisso com
a inclusão e contribuindo para um ambiente escolar mais inclusivo e acolhedor.
Após o ciclo de palestras, é importante destacar a importância da
continuidade do processo de capacitação e suporte aos professores. A inclusão de
alunos surdos exige um esforço contínuo para aprimorar as práticas pedagógicas,
atualizar conhecimentos e lidar com os desafios que podem surgir. Portanto, é
recomendável que sejam oferecidos programas de formação continuada e
acompanhamento aos professores, visando aperfeiçoar suas habilidades e garantir
uma inclusão efetiva e de qualidade.
A cartilha elaborada por Guilherme Rodrigues Souza é um material didático
valioso que busca auxiliar professores, baseado nas orientações do CAS BH (Centro
de Apoio à Educação de Surdos de Belo Horizonte), na Resolução SEE n°
4256/2020 e no projeto Incluir. Essa cartilha foi desenvolvida com o objetivo de
oferecer informações e diretrizes práticas para a inclusão de alunos surdos em sala
de aula, contribuindo para uma educação mais acessível e de qualidade.

Através da cartilha, os professores poderão encontrar orientações sobre


estratégias pedagógicas, adaptação curricular, uso de recursos e tecnologias
assistivas, bem como sugestões de atividades e materiais didáticos específicos para
atender às necessidades dos alunos surdos. O material também pode abordar
questões relacionadas à comunicação, promovendo a compreensão da Língua de
Sinais Brasileira (Libras) e incentivando a interação entre alunos surdos e ouvintes.

A base nas orientações do CAS BH, na Resolução SEE n° 4256/2020 e no


projeto Incluir demonstra um compromisso em seguir diretrizes e normativas que
respaldam a inclusão educacional de alunos surdos. Esses documentos oferecem
referências importantes para embasar as práticas inclusivas, garantindo que o
trabalho realizado esteja em conformidade com as políticas educacionais e os
direitos dos alunos surdos.
Concluindo:

Em conclusão, o projeto “Tenho um aluno surdo, e agora?” demonstrou ser


uma iniciativa valiosa e impactante para capacitar os professores de turmas de
inclusão de alunos surdos na rede estadual de ensino de Minas Gerais. Através do
ciclo de palestras, os professores foram equipados com conhecimentos, estratégias
e recursos necessários para enfrentar os desafios da inclusão e proporcionar uma
educação de qualidade para os alunos surdos.

Durante o ciclo de palestras, os professores tiveram a oportunidade de


adquirir conhecimentos sobre a surdez, a cultura surda, as formas de comunicação,
as adaptações curriculares e as tecnologias assistivas. Eles foram orientados sobre
como criar ambientes inclusivos, promovendo a participação ativa e o sucesso
educacional dos alunos surdos. Além disso, puderam compartilhar experiências e
boas práticas entre si, fortalecendo o trabalho em equipe e criando uma rede de
apoio.

Ao capacitar os professores, o projeto contribuiu para a promoção da inclusão


e para a quebra de barreiras no ambiente educacional. Os alunos surdos passaram
a receber um suporte mais efetivo, com professores preparados para atender suas
necessidades individuais e oferecer um ensino adaptado às suas habilidades e
potencialidades. Isso resultou em um ambiente mais inclusivo, onde todos os alunos
têm a oportunidade de aprender e se desenvolver plenamente.
Além disso, o projeto também teve um impacto positivo na conscientização e
na sensibilização de toda a comunidade escolar em relação à inclusão de alunos
surdos. Os professores, pais e demais funcionários da escola passaram a
compreender melhor as necessidades dos alunos surdos, a importância da
comunicação e a valorização da cultura surda. Esse processo de conscientização é
fundamental para a construção de um ambiente escolar mais inclusivo e respeitoso.
Para garantir a continuidade dos resultados alcançados, é recomendável que
sejam oferecidos programas de formação continuada aos professores, para que
possam continuar aprimorando suas práticas pedagógicas e se atualizando sobre
novas estratégias e recursos. Além disso, é importante manter espaços de troca de
experiências e apoio mútuo entre os professores, para que possam continuar a
compartilhar desafios e boas práticas.

Em suma, o projeto “Tenho um aluno surdo, e agora?” foi um sucesso ao


capacitar os professores de turmas de inclusão de alunos surdos na rede estadual
de ensino de Minas Gerais. Ele contribuiu para a transformação da educação,
promovendo a inclusão, a igualdade de oportunidades e o respeito à diversidade.
Parabéns a todos os envolvidos nesse projeto por seu compromisso e dedicação em
criar um ambiente educacional mais inclusivo e acolhedor para todos os alunos.

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
EDUCAÇÃO ESPECIAL, GUIA disponível em:
https://srefabricianodivep.files.wordpress.com/2019/02/guia-da-educac3a7c3a3o-
especial-mg-versc3a3o3-atualizada.pdf acesso em: 23/08/2022;

MINAS GERAIS. DE VILHENA ANA LÚCIA ALMEIDA GAZZOLA, A. A. J. A. D. DE


C. M. C. S. P. R. M. P. A carga horária semanal de trabalho correspondente a
um cargo de Professor de Educação Básica. [s.l: s.n.]. Disponível em:
<https://www.almg.gov.br/legislacao-mineira/DEC/46125/2013/;PORTAL_SESSIONI
D=1FA43305AAEE70DB7DC511985DA2A3BD.worker2>.

SOUZA, Guilherme Rodrigues de Tenho um aluno surdo, E agora?. Belo


Horizonte: Escola Estadual Cecília Meireles, 05 set. 2022. Palestra ministrada aos
professores da Instituição de Ensino.

Skliar, C. (1998). A surdez: um olhar sobre as diferenças.


Lacerda, C. B. F. (2012). A inclusão de alunos surdos no ensino regular: desafios e
possibilidades.
Gesser, A. (2009). Libras? Que língua é essa?
Schirmer, C. R. (2014). Inclusão de alunos surdos no ensino regular: percepção de
professores e pais.
Moura, M. C. (2006). Inclusão escolar de alunos surdos: desafios e perspectivas

Você também pode gostar