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Necessidades coletivas

As necessidades coletivas são aquelas que são satisfeitas em prol da coletividade, os


cidadãos; são de natureza passiva, dado que o Estado as assegura sem que os cidadãos
tenham de fazer algo.
As necessidades que o Estado satisfaz não são necessidades dele próprio, mas de uma
coletividade de indivíduos, dizendo-se que, apesar de essas necessidades serem
satisfeitas pelo Estado, são necessidades de indivíduos.

Necessidades de satisfação ativa

As necessidades de satisfação ativa, exigem para a sua satisfação de uma certa atividade
do consumidor, vigorando o princípio da exclusão, uma vez que para a utilização delas
o produtor dos bens exige um preço.
Conclui-se que as necessidades ativas são satisfeitas com bens cujo consumo é excluível,
podendo ser rival ou irrival, podendo a estas chamar-se necessidades individuais.

Necessidades individuas

As necessidades individuas são as necessidades de satisfação ativa, uma vez que se pode
exigir um preço aos que individualmente as utilizam, pelo seu consumo, podendo
acontecer casos em que há satisfação gratuita das necessidades individuas, como
acontece no caso do serviço básico de ensino.

Bens públicos

Os bens públicos são os bens produzidos pelo Estado e que satisfazem necessidades
coletivas. Os bens públicos propriamente ditos são os que se limitam a satisfazer
necessidades coletivas, e os bens semipúblicos, que são os que satisfazem as duas
ordens de necessidades.
Necessidades de satisfação passiva

As necessidades de satisfação passiva, satisfazem-se pela mera existência dos bens, não
exigindo para a sua satisfação de qualquer atividade do consumidor, não podendo o
produtor de bens exigir pela sua utilização preço nenhum, não vigorando o princípio da
exclusão.
Os bens de satisfação passiva têm a característica de serem utilizáveis por todos
independentemente da procura, é a passividade no consumo, a qual se traduz na
impossibilidade de exclusão.
Conclui-se que as necessidades passivas são satisfeitas com bens cujo consumo é
inexcluível e irrival, podendo a estas necessidades chamar-se coletivas, uma vez que a
produção destes bens é quase sempre empreendida por uma coletividade.

Passividade no consumo

A passividade no consumo traduz-se na impossibilidade de exclusão, na inexcluibilidade,


havendo por força desta indivisibilidade no consumo e irrivalidade.
Com efeito, se o consumo de um bem é inexcluível, não se pode dividir pelos cidadãos
o consumo que cada um faz e, sendo o consumo indivisível e igualmente não rival, a
utilização do bem por A não impede ou não prejudica a sua utilização por B.
A passividade no consumo leva o Estado a produzir bens que só satisfazem necessidades
coletivas, bens que satisfazem, além de necessidades coletivas, necessidades individuais
gratuitamente ou com preço inferior ao custo e bens que satisfazem, tanto necessidades
coletivas, como individuas a preço igual ao custo ou a preço superior ao custo, mas
inferior ao que no mercado se estabeleceria caso a oferta coubesse a empresas privadas.

Meios de financiamento do Estado

Os meios de financiamento são os preços, os empréstimos e os impostos.


Os primeiros são os preços dos próprios bens que o Estado produz, oferece e vende. O
Estado produz bens semipúblicos e cobra preços pela sua utilização individual, porém,
tais recursos são mínimos em relação aos gastos com a produção de bens públicos e ao
défice na produção dos bens semipúblicos, pelo que existem outros meios de
financiamento.
O Estado tem também os empréstimos, mas se o Estado recorre ao crédito tem de lançar
mão de outro meio de financiamento para pagar não só os juros como os empréstimos
contraídos, como o capital desses empréstimos, pelo que o crédito não é um meio
definitivo de financiamento.
Assim, o principal meio de financiamento do Estado são os impostos, uma vez que o
Estado goza do poder de império, constrangendo os cidadãos a contribuir para a
satisfação das necessidades coletivas, exigindo-lhes unilateralmente, sem nada dar em
troca.
Finanças neutras ou neutrais

Correspondem ao liberalismo económico do séc. XIX, início do século XX, em que o


Estado não devia produzir receitas nem pagar despesas, a fim de alterar a procura e a
oferta.
Estão ligadas a economistas como Bean Baptiste ou Adam Smith, que consideravam que
o Estado devia abster-se de intervir no domínio económico, permitindo que as iniciativas
individuais, a concorrência e as leis de mercado se desenvolvessem livremente.
A atividade do Estado devia confinar-se à segurança, ordem publica, justiça e à
diplomacia.
As finanças neutrais caracterizavam-se por quatro princípios: a privatização da
economia, onde o estado devia simplesmente criar as condições para manter a
sociedade organizada, defendendo a iniciativa e a propriedade privada; um setor
público reduzido, onde o Estado devia abandonar as atividades produtivas alienando
boa parte do seu património, uma vez que viam o estado como mau administrador; o
princípio do mínimo, devendo o Estado intervir o mínimo possível, devendo a atividade
financeira absorver a menor parcela de rendimento nacional; e a simplicidade das
finanças públicas, sendo os impostos as receitas típicas do período liberal, segundo o
princípio do equilíbrio orçamental, as despesas totais deviam ser iguais às receitas
normais.

Finanças intervencionistas

São finanças que pretendem modificar as condições da economia privada, pretendendo


o Estado através delas três grandes objetivos: a redistribuição do rendimento e da
riqueza a favor daqueles que têm os rendimentos mais pequenos, transferindo o Estado
rendimentos para os mais desfavorecidos e organizando serviços que esses mais
desfavorecidos beneficiam; a estabilidade económica, ou seja, a estabilidade dos preços
e do emprego, procurando o Estado atenuar as fases de depressão ou recessão que
eram vícios do sistema capitalista; e o desenvolvimento económico, isto é, o rendimento
potencial a longo prazo de modo que s possa aumentar o mais possível o rendimento
per capita.
Estas finanças foram fortemente influenciadas por Keynes, para tentar corrigir os
desequilíbrios económicos.
Atualmente, fala-se em finanças funcionais para traduzir a ideia de que a escolha destes
instrumentos, a escolha das despesas e receitas publicas devem basear-se na maneira
como cada uma delas funciona, nos efeitos que exerce sobre a economia nacional, ao
contrário das finanças neutras.
Orçamento do Estado

O orçamento é um documento onde as receitas e as despesas se encontram previstas,


competentemente autorizado pela Assembleia da República.
Trata-se de uma previsão anual das despesas a realizar pelo Estado e das receitas que
as hão de cobrir, incorporando a autorização concedida à administração financeira para
cobrar receitas e realizar despesas, limitando os poderes financeiros da administração a
cada ano.

Orçamento de gerência

É aquele onde se preveem as receitas que o estado irá cobrar e as despesas que irá pagar
durante o período financeiro. É, portanto, uma previsão de receitas e de despesas na
sua fase terminal de cobranças e pagamentos.
Neste orçamento entra apenas o valor que é despendido num determinado ano em
questão.
É o critério adotado em Portugal.

Orçamento de exercício

É aquele em que se preveem as recitas que o Estado irá cobrar e as despesas que irá
pagar em virtude dos créditos e das dividas que irão surgir a seu favor e contra si durante
o período financeiro. É, deste modo, uma previsão de receitas e de despesas na sua fase
inicial de créditos e de dívidas.
Neste tipo de orçamento coloca-se a totalidade da dívida.
Funções do orçamento

Relacionação das receitas com as despesas, mas dado que as receitas têm de cobrir as
despesas, tem de se fixar o limite das últimas, pois de que serviria prever receitas, se o
montante das despesas pudesse variar, pelo que as despesas de cada serviço do Estado
têm de estar fixadas, fixando o total da despesa. É através do orçamento que a cada um
dos serviços são atribuídas verbas, autorizações de gastar, ou seja, os créditos.

Fixação das despesas, dado que o orçamento das despesas é uma série de aberturas de
créditos aos serviços e, como estes têm de confinar as suas despesas aos créditos que
lhes foram assinados, o total da despesa é dado pela soma dos créditos orçamentais.

Exposição no plano financeiro, o orçamento representa o próprio plano financeiro sendo


nele que se concretiza o plano da administração, o desenvolvimento que vai dar-se ou
as restrições que se irão colocar às atividades dos serviços, bem como a importância dos
recursos que vão transferir-se do setor privado para o público.

Regras do orçamento

Universalidade e unidade – artigo 9º LEO

Regra da especificação – as receitas e as despesas podem ser escritas no mesmo


documento, mas de forma discriminada, porque se as receitas e as despesas fossem
escritas de uma forma global e não de forma discriminada, o orçamento não nos
indicaria as diversas fontes onde o Estado tira os seus recursos, nem os gastos que cada
serviço público à de realizar (artigo 17º LEO e artigo 105º/3 CRP)

Regra da não compensação – as receitas e despesas devem ser inscritas no orçamento


sem qualquer compensação ou desconto, o que traduz que as receitas e despesas
devem ser todas orçamentadas, pois se as receitas fossem compensadas pelas despesas,
não era possível fixar o montante exato das despesas (artigo 15º LEO)

Regra da não consignação – todas as receitas devem servir para cobrir todas as
despesas. As receitas devem ser destinadas à cobertura das despesas e não qualquer
receita afetada à cobertura de despesas em especial (artigo 16º LEO)
Despesas correntes

São as despesas que o Estado faz em bens consumíveis durante o período financeiro, ou
que se vão traduzir na compra de bens consumíveis, como também são despesas
correntes as despesas com os vencimentos dos funcionários públicos e com a aquisição
de objetos cujo uso se esgota no decurso do ano.

Despesas de capital

São as despesas que o Estado faz em bens duradouros ou que contribuem para a
formação de aforro. Despesas em bens duradouros são, por exemplo, despesas em
edifícios públicos, estradas e pontes, entre outras.

Receitas correntes

São as receitas que provêm do rendimento do próprio período, como o caso das receitas
patrimoniais, das taxas e de todo o tipo de impostos.

Receitas de capital

São as receitas que provêm do aforro, como o caso dos empréstimos que os capitalistas
concedem ao estado com o dinheiro que pouparam, como por exemplo, os certificados
de aforro.
Despesas públicas

Consistem no gasto, nas despesas dos bens por parte das entidades públicas para criar
bens que satisfaçam as necessidades públicas, como por exemplo, a construção de uma
escola, hospital ou qualquer obra pública.

Despesas de investimento – são todas aas despesas públicas efetuadas na formação de


capital técnico.

Despesas de funcionamento – são as despesas necessárias a garantir o normal


funcionamento da máquina administrativa estadual.

Lei de Wagner

Wagner referia que as sociedades tinham uma tendência natural para o aumento das
despesas públicas, pois os povos progressivos verificam um aumento do
desenvolvimento regular da atividade do Estado e das administrações locais,
aumentando não só a importância absoluta, bem como a importância relativa dessa
atividade.
Havendo uma tendência natural do aumento das despesas públicas nas sociedades
modernas, o Estado alarga as suas atividades e consequentemente todas as funções do
Estado, tornando-se num Estado social mais preocupado com os desfavorecidos e com
maiores preocupações de justiça social que conduzia, consequentemente, a um
aumento das funções do Estado, sendo esse aumento mais proporcional nas despesas
públicas, em relação às despesas privadas, aumentando, assim, a atividade do Estado
que alargou a sua área de atuação.
Despesas compra

São despesas públicas. São as despesas feitas na aquisição de produtos e serviços, as


quais na generalidade dos casos criam rendimento, isto é, contribuem para o
rendimento nacional do período em que são realizadas, como é o caso das despesas em
vencimentos dos funcionários, das despesas em equipamentos, em edifícios, ou seja, as
despesas que criam rendimentos e asseguram a criação de utilidades. São aquelas
despesas em material de consumo dos serviços públicos.

Despesas transferência ou despesas de transferências

São despesas públicas. São as despesas que não criam rendimentos, limitando-se a
transferir poderes de compra, como acontece no caso dos subsídios e ajudas aos
empresários e agricultores.
Limitam-se a proceder a uma transferência de recursos, transferindo poderes de compra
para novas entidades, tanto públicas como privadas.

Despesas produtivas

O Estado produz bens através dos serviços que presta e que visam a satisfaçam de
necessidades coletivas, referindo-se a qualquer tipo de bens que o Estado produza.

Despesas reprodutivas

São despesas públicas que representam investimentos económicos em capital fixo,


como capital humano na educação, saúde, e que aumentam a capacidade produtiva do
país, gerando utilidades acrescidas no futuro.
Contribuem decisivamente para o aumento do equipamento material e humano da
economia.

Multiplicador candesiano

É o quoficiente que mede o aumento do rendimento, imputável à realização de um


investimento inicial.
O acelerador é o quoficiente que mede o aumento do investimento resultante de
despesas iniciais de consumo.
O efeito de propulsão é maior quando as despesas publicas são cobertas com
empréstimos particulares.
Este efeito multiplicador surgiu numa altura de crise e de recessão, em que mesmo que
as taxas de juro fossem baixas, essa baixa não vai traduzir-se num aumento do
investimento por parte dos particulares.
Recurso ao crédito

O Estado recorre ao crédito por:

Défice de tesouraria – o Estado recorre ao crédito por défice de tesouraria quando esta
se encontra numa situação deficitária. Ao longo do período financeiro os montantes das
cobranças não coincidem com o montante dos pagamentos, havendo momentos em
que nos cofres públicos as receitas serão superiores, e outros em que as receitas serão
inferiores, aos pagamentos que nesses momentos se terão de efetuar.
Em determinadas alturas o Estado recorre ao crédito porque os seus fundos são
insuficientes para ocorrer aos pagamentos em situações de défice, tratando-se de um
défice transitório, passageiro, daí que o Estado recorre ao crédito para contrariar o
défice de tesouraria.

Défice orçamental – ocorre quando há um excesso de despesas efetivas sobre as


receitas efetivas. Quando o orçamento apresenta défice o Estado recorre a empréstimos
que são por mais de um ano, ou seja, a médio e alongo prazo, para preencher essa
diferença.
Como o défice foi previsto tem de se presumir que os empréstimos contraídos para lhe
fazer face não poderão ser reembolsados dentro desse período financeiro, tendo de ser
pago em períodos financeiros subsequentes, sendo empréstimos por vários anos, daí o
Estado recorrer ao crédito a médio e a longo prazo.

Esterilização do poder de compra – o Estado não recorre só ao crédito para financiar a


despesa pública, mas também para impedir despesas privadas. Ocorre quando se
desenvolve um processo inflacionista e, com o fim de reduzir a subida dos preços o
estado absorve através de empréstimos, de poupanças dos capitalistas, que de outro
modo seriam gastos, vidando estes empréstimos a redução do poder de compra.
Empréstimos perpétuos

São aqueles que são para sempre, em que o Estado fica obrigado a pagar um
determinado juro anual, não estando obrigado a proceder ao reembolso do capital,
ficando com a faculdade de efetuar o reembolso quando quiser.
Nos casos em que o Estado reembolsa quando quiser, estamos perante empréstimos
perpétuos remíveis; quando o estado não goza da faculdade de efetuar o reembolso,
mas está a pagar os juros anuais, estamos perante empréstimos perpétuos irremíveis.

Empréstimos temporários

São aqueles em que o Estado além de pagar um juro assume a obrigação de reembolsar
o capital emprestado. Atendendo ao momento em que ocorre o reembolso, estes
empréstimos poder ser de quatro modalidades.

Empréstimos reembolsáveis à vista

São empréstimos em que o Estado se compromete a pagar quando o credor o pretenda.


Pode parecer estranho que o Estado contraia um empréstimo em tais condições, pois
fica sujeito a que lhe venham exigir o capital logo no dia seguinte ou passado pouco
tempo desse empréstimo. Porém, o estado só os contrai quando tem a certeza prática
de que a maioria dos credores não vai exigir o reembolso antes de decorrido bastante
tempo.

Rendas vitalícias

Como o nome indica são empréstimos em que o Estado se obriga a pagar uma renda
anual ao seu credor enquanto este for vivo e é através da renda que o reembolso se
efetua. Se alguém empresta 100 milhões ao Estado, com a obrigação de lhe pagar por
toda a vida uma renda anual que compreenda, além do juro, a quota de amortização do
capital, por conseguinte, a renda será maior ou menor consoante for a duração do
credor.

Empréstimos amortizáveis por sorteio

Estes tipos de empréstimos são sorteados e amortizados ao fim de um determinado


prazo. O Estado reembolsa todos os anos um número constante ou variável de títulos
tirados à sorte, de modo que o empréstimo se encontre inteiramente amortizado ao fim
de certo prazo.
Empréstimos reembolsáveis em data fixa

O Estado obriga-se a reembolsar todo o capital do empréstimo em certa data.


O reembolso simultâneo de todos os títulos, se se trata de empréstimos de grande
montante pode colocar a tesouraria em dificuldades, podendo obrigá-la a depender de
uma vez dezenas ou centenas de milhões de euros, e se o Estado não dispõe de receitas
efetivas suficientes, então terá de lançar mão de receitas não efetivas, ou seja, tem de
contrair um novo empréstimo, nada garantindo que o novo empréstimo não será
contraído em condições mais onerosas que o primeiro. É por isso que os empréstimos
reembolsáveis em data fixa costumam ser de pequeno montante ou a curto prazo,
emitidos para fazer face a défice transitório e reembolsáveis dentro do mesmo período
financeiro.

Empréstimos voluntário

Estes tipos de empréstimos dependem de um ato livre de vontade do credor, que adere
ao pedido formulado pelo Estado. Nestes empréstimos empresta quem quer e não
empresta quem não quer.

Empréstimos forçados

Caracterizam-se pela prática unilateral por parte do Estado que exige que os particulares
lhe emprestem dinheiro.
Em alguns casos o Estado exige, e quando o Estado exige até empresta quem não quer,
estamos perante empréstimos forçados.
Taxa de juro

Os empréstimos públicos são representados por títulos e esses mesmos títulos têm de
ser emitidos.
Emitir títulos de empréstimos públicos é emitir documentos de onde consta uma
promessa de pagar uma certa importância por um ano, o rendimento dos títulos, e de
pagar uma certa e determinada importância, numa determinada data, atendendo ao
prazo, se o empréstimo for temporário, ou quando o estado decidir o reembolso, se o
empréstimo for perpétuo e remível.
Essa outra importância é o valor nominal, o valor que se encontra inscrito no título que
o Estado se obriga a entregar quando tiver ou quando quiser reembolsá-lo.

Emissão ao par e abaixo do par

O juro, dado que os empréstimos são emitidos, pode ser igual ou inferior ao juro
corrente no mercado. O juro corrente no mercado é de 5%, sendo que quando falamos
em juro corrente no mercado referimo-nos ao juro corrente para empréstimos que
ofereçam garantias equivalentes àquelas que o Estado dá aos seus credores.
O Estado tendo por detrás de si a coletividade de contribuintes merece mais confiança
do que a quase totalidade dos particulares e como um dos elementos determinantes do
juro é o risco de não pagamento, acontece em regra que a taxa de juro corrente para a
generalidade dos empréstimos privados é mais alta que a taxa de juro para os
empréstimos com as mesmas garantias e condições contraídos pelo Estado.

O Estado quase obriga os capitalistas a lhe emprestarem dinheiro por dois motivos:
porque pretende obter dinheiro mais barato do que o juro corrente no mercado e
porque apesar de o Estado se dispor a pagar o juro corrente aos capitalistas, esses
capitalistas discordam com a orientação política do Governo, mas mesmo assim o
Estado consegue esses empréstimos porque raras as vezes os contribuintes o fazem por
sentimentos patrióticos.
Vantagens de emissão desses empréstimos

Prémios de reembolso – são títulos emitidos por valor inferior ao valor nominal e que
os credores ficam com o direito a receber mais no futuro do que aquilo que pagam no
presente, sendo essa diferença o prémio de reembolso.

Prémios de amortização – o Estado paga todos os anos alguns dos títulos a um valor
superior ao seu respetivo valor nominal, sendo essa diferença que constitui o prémio de
amortização.

Garantias de pagamento – o Estado é o mais solvente de todos os devedores, mas isso


não significa que o Governo pague sempre, sendo que por vezes se duvida que o
Governo pague, sendo que quando isso acontece os credores exigem garantias de
pagamento.

Garantias em relação à desvalorização – liga-se o empréstimo ao índice dos títulos da


sua respetiva cotação, ao índice dos preços por grosso. Temos a indexação dos
empréstimos ou é dado uma garantia de câmbio ao valor do ouro, o que se chama de
cláusula-ouro.

Isenção do imposto sobre o rendimento – alguns credores do Estado beneficiam em


alguns países de isenção de imposto sobre o rendimento dos títulos, algumas vezes, mas
raras, porque essa não é uma verdadeira isenção, é uma situação de privilégio face aos
credores privados.

Dívida fundada e dívida flutuante

Dívida fundada é aquela que resulta dos empréstimos perpétuos e dos temporários, a
médio e a longo prazo. Se os empréstimos são perpétuos a dívida diz-se consolidada; se
os empréstimos são temporários, mas contraídos a médio e alongo prazo, então a dívida
diz-se amortizável.

Dívida flutuante é a que resulta dos empréstimos temporários a curto prazo. São
contraídos para suprir défices momentâneos de tesouraria e a sua amortização ocorre
durante o período orçamental em que foram contraídos.
Sistemas de amortização

Sistema de anuidades obrigatórias – este sistema de amortização faz-se gradualmente


através da afetação de uma verba anual a inscrever, obrigatoriamente, no orçamento
de estado, destinado ao pagamento de encargos com a dívida pública. O Estado inscreve
todos os anos no orçamento uma determinada verba para amortização da dívida.

Caixas de amortização ou caixas price – o Estado cria uma caixa, dá-lhe autonomia
financeira e atribuí-lhe dotação para proceder à compra de títulos da dívida pública. Os
títulos comprados pela caixa podem ficar na mão dela a render ou podem ser por ela
destruídos. O Estado atribui uma dotação a essa mesmo caixa que irá utilizar na compra
de títulos da dívida pública.

Saldos orçamentais – o Estado reembolsa todos os anos dívida mediante os saldos que
a execução do orçamento lhe proporciona, ou seja, mediante o excedente das receitas
efetivas cobradas sobre as despesas efetivas pagas, o que significa renunciar à
regularidade da amortização, uma vez que não há excedentes todos os anos. O
excedente tem acontecido nos últimos anos, mas a regra é não haver excedente
orçamental.

Receitas efetivas do Estado

O Estado recolher receitas com os impostos, sendo que no caso de o Estado precisar vai
recorrer aos cidadãos e empresas.
Nos impostos obrigacionistas o Estado tem o papel de devedor, está na posição de dever
a quem lhe emprestou, os credores. O Estado para pagar o juro e o reembolso paga com
o dinheiro dos contribuintes através dos impostos, dendo que o maior volume das
receitas efetivas que qualquer Estado tem deriva dos impostos.
Imposto

Os impostos são uma prestação patrimonial definitiva e unilateral, não conferindo o seu
pagamento o direito a qualquer contrapartida específica ao contribuinte.
É estabelecido por lei a favor de uma pessoa coletiva de direito público sem o caracter
de sanção para atingir os fins públicos, o sujeito ativo é um ente publico e a sua
repartição obedece ao princípio da igualdade tributária, que se caracteriza na
generalidade e na uniformidade dos impostos.
As receitas dos impostos criam serviços públicos que satisfazem necessidades coletivas.

Uniformidade dos impostos

A uniformidade dos impostos traduz-se na igualdade horizontal, ou seja, os indivíduos


nas mesmas condições devem pagar o mesmo imposto; e na igualdade vertical, os
indivíduos em condições diferentes devem pagar diferentes impostos na medida da
diferença.

Impostos estaduais e impostos não estaduais

São estaduais os impostos que tenham como sujeito ativo o Estado. Em contrapartida
os impostos não estaduais são todos aqueles em que o credor é uma pessoa coletiva de
direito público, mas não o Estado.

Impostos gerais e impostos locais

Atendendo ao seu campo de aplicação, são impostos gerias aqueles que são de
aplicação nacional, e serão impostos locais aqueles que são de aplicação, por exemplo,
numa autarquia.

Impostos pessoais e impostos reais

São impostos pessoais aqueles que tributam a riqueza, o rendimento, levando em conta
a situação do contribuinte, ou seja, atendem às condições particulares, à
particularidade, das pessoas.
Já os impostos reais são aqueles que incidem sobre a matéria coletável, objetivamente
determinada, abstraindo-se dos condicionalismos económicos do sujeito que vai pagar
esse mesmo imposto.

Impostos periódicos e impostos de obrigação única

Os impostos periódicos são aqueles que são proprietários do bem, são impostos
duradouros, como por exemplo o proprietário de um imóvel.
Os impostos de obrigação única são por exemplo a importação de uma mercadoria ou
o consumo/compra de um determinado bem.
Momentos da técnica tributária

Incidência do imposto – a norma tributária desdobra-se numa previsão e numa


estatuição.
A previsão é o facto ou conjunto de factos de cuja verificação depende da constituição
da obrigação de imposto. A estatuição traduz-se na própria criação de uma obrigação a
cargo do sujeito a quem respeita o facto previsto na mesma, os sujeitos que devem
pagar o imposto e as formas de riqueza a atingir pelo imposto.

Lançamento do imposto – é o conjunto dos atos jurídicos ou materiais que permitem a


determinação em concreto dos elementos abstratamente previstos na norma de
incidência. É através deste que se verifica o facto tributário, que se fixa o sujeito ativo e
se determina o sujeito passivo do imposto e se determina a matéria coletável.

Determinação da matéria coletável – surge como objeto essencial do lançamento.


Apurar em concreto a matéria tributável, fixar a parte da riqueza que há-de servir de
base à definição do imposto a pagar pelo contribuinte.

Liquidação do imposto - o montante individual da dívida do imposto é apurado por


aplicação do correspondente taxa à matéria coletável que tenha sido determinada, fixa-
se então a coleta, o imposto devido.

Cobrança do imposto - é o pagamento da dívida, é o último momento da aplicação do


imposto. Temos a cobrança voluntária (sabemos o que temos a pagar e voluntariamente
pagamos) e a cobrança coerciva (caso não a paguemos o Estado detém de meios para
fazer o pagamento).

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