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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO VARA CÍVEL DA

COMARCA DE MARIALVA – ESTADO DO PARANÁ.

Fernando de Pieri Prando, brasileiro, casado, engenheiro


agrônomo, portador da identidade nº , expedida pelo SSP/……. inscrito no CPF de
nº361.594.718-56, com endereço na Rua Rui Barbosa nº 1316, casa 22,Centro, Marialva
- Estado do Paraná, vem, perante Vossa Excelência, por meio de seu advogado que a
esta subscreve, com endereço profissional na Rua Atílio Ferri, nº 348-A, Centro,
Marialva/PR, CEP: 86.990-000, e endereço eletrônico: bavatifraga@hotmail.com, local
que indica para receber as intimações e notificações de praxe, conforme artigo 39, I do
CPC, propor a presente:

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZATÓRIA POR DANOS


MATERIAIS E MORAIS
em face de BOMBOX ESQUADRIAS LTDA, pessoa jurídica
de direito privado, inscrita no CNPJ 20.341.700/0001-57, com sede na Rua Rodolfo
Cremm, nº 5028, Jd. Colina Verde, CEP, Maringá – Estado do Paraná; e
PROJECTA CONSTRUÇÃO CIVIL LTDA, pessoa jurídica de
direito privado inscrita no CNPJ 10.400.012/0001-67, com sede na Rua Papa João XIII,
nº 303, CEP 86.990-0000 - Marialva - Estado do Paraná, pelos motivos abaixo
aduzidos.

1 – BREVE SÍNTESE
Trata-se de ação indenizatória, tendo em vista contrato de
compromisso de compra e venda e mão de obra, firmado entre as partes, que conforme
contrato em anexo, o Autor figurava como comprador e de outro lado, o Réu I figurava
como vendedor, tendo a Ré II intermediado o negócio entre os demais, através desse
contrato, (contrato esse ADITIVO EXTRACONTRATUAL ao contrato realizado com a
Ré II), em virtude do Contrato original de Execução de construção residencial.

Em 16 de Julho de 2020, o Autor contratou a Ré I para a entrega


de materiais (esquadrias e revestimentos) e também sua instalação. Neste contrato foi
acordado entre as partes o fornecimento de materiais, acessórios e mão de obra, o qual
teria o prazo de entrega na data de 30 de setembro de 2020.
Vejamos, o contrato em anexo, clausula 2.1 fica estipulado que
o prazo seria de 35 dias para a entrega dos materiais bem como sua devida instalação,
no entanto não foi cumprido a entrega dos materiais, muito menos sua instalação.
Assim, a entrega da Obra da construção residencial a qual esse
contrato faz parte, também atrasou, gerando inúmeros aborrecimentos e gastos, sendo
prorrogadas por mais 04 meses a data prevista para que o Autor seja emitido na posse de
sua residência.
O Autor por diversas vezes procurou entrar em contato com a
Ré I, através de inúmeras ligações e mensagens via WhatsApp.
A Ré I veio se esquivando, dando inúmeras desculpas,
conforme doc. anexo das conversas, uma das últimas escusas foi de que não houve a
reposição do estoque da matéria prima, devido a Pandemia do Corona Vírus.
Contudo, o Autor aguardou uma semana após o término do
prazo da entrega do produto para obter uma última resposta da Ré I, o que reiterou o
mesmo posicionamento de que não seria possível a entrega do material pela falta de
estoque em virtude da pandemia.
Ora M. M. Como pode a Ré I pactuar a entrega com o Autor
e demorar mais de 70 (setenta) dias para informar ao mesmo de que está em falta o
produto que vendeu? Nota-se, portanto, a nítida falha de prestação de serviços da
Ré I, conclui-se que, no mínimo a mesma deveria ter no estoque o produto que
vendeu e pactuou através de contrato a entrega com o Autor. Tendo plena
consciência de que todo o material seria para o acabamento da obra residencial do
Autor, e que este necessitava de urgência no término da obra para que não mais
pagasse aluguel.
Agora Ex. o Autor precisará comprar todo esse material de outra
empresa, o que hoje acarretará em um acréscimo de R$ 8.000,00 (oito mil reais) a mais
do valor pactuado com a Re I, gerando um dano material do qual o Autor não possui
condições de suportar.
Assim, como também ao pagamento de xxxx alugueis a mais do
que o planejado em seu orçamento no valor de R$........................................., em virtude
do acréscimo de dias até o término da obra, ultrapassando o mero aborrecimento, pois
não vai conseguir cumprir com o pagamento concomitante do aluguel e prestação da
casa.
Igualmente não terá condições de arcar com os juros do
financiamento através da caixa econômica federal..no importe de .R$......... , devido ao
atraso na entrega do imóvel.

São inúmeros fatores alterados devido a imprudência e descaso


da Ré I que acarretam em um Dano Material e Moral ao Autor.
O presente litígio trazido à apreciação de V. Exa., está gerando
inúmeros desconfortos e transtornos ao Autor, por isso vem através desta via judicial
buscar a justa reparação pelo dano moral e material sofrido e pleitear a medida
necessária para dar fim ao indevido abalo de crédito promovido pela Ré I.

2- DO DIREITO
Conforme demonstrado, o perigo da demora acarretou ao Autor
enorme prejuízos financeiros, tendo em vista os alugueis a mais que terá que pagar, os
juros do financiamento mediante a caixa econômica, a diferença de valores dos
materiais não entregue, conforme planilha abaixo:

Aluguel

Juros do
financiamento

materiais

Total

2.1- DA VIOLAÇÃO À CONSTITUIÇÃO FEDERAL


O primeiro fundamento jurídico para a propositura desta ação
encontra-se fulcro na Carta da Republica, onde prevê expressamente em seu artigo 5º,
XXXV:
“À lei não poderá excluir da apreciação do
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. ”

Em seguida, a dignidade da pessoa humana é um dos corolários


mais importante a ser resguardado.
Art. 1º A República Federativa do Brasil,
formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:

III - a dignidade da pessoa humana;


Ocorre que a Ré I, negligenciou os direitos do Autor em
viabilizar, da melhor maneira possível, omitindo-se com relação aos danos materiais e
morais.
2.2 DA VIOLAÇÃO AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Fica nítida a relação de consumo no caso em tela, haja vista, o
Autor ser o destinatário final, ficando, portanto nos moldes do disposto nos artigos 2º e
3º, § 1º e § 2º, do CDC, fato pelo qual deve ser utilizado o Código de Defesa do
Consumidor:
Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou
jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.

Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou


jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem,
criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição
ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel,


material ou imaterial.

§ 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo,


mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de
crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter
trabalhista.

Contudo, a Ré I violou os Princípios que regem as relações de


consumo, constantes do art. 4º, I, e III do CDC, quais sejam a Boa-fé, Equidade, o
Equilíbrio Contratual.
Art. 4º A Política Nacional das Relações de
Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos
consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de
seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem
como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os
seguintes princípios: (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)

III - harmonização dos interesses dos


participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do
consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e
tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem
econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé
e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;

Ademais, a Ré I violou, ainda, o art. 6º, III, do CDC, já que


somente informou ao Autor de que o produto não havia no estoque após 70 dias, depois
do mesmo ter entrado em contato por diversas vezes, foi somente no dia da data da
entrega, que a Ré I se posicionou dizendo a verdade, de que não poderia fazer a
entrega pois não tinha em estoque os materiais.

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos
e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição,
qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a
inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for
verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências;
2.3 - DA FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO E DA RESPONSABILIDADE
CIVIL OBJETIVA:
Dessa sorte não restam dúvidas que a situação em tela geraram
transtornos ao Autor que ultrapassam o mero aborrecimento, quando não há boa fé por
parte das empresas Rés (art. 4º da lei 8.078/90) devendo ser aplicado o disposto no art.
6º, VI, do CDC., que prevê como direito básico do consumidor, a prevenção e a efetiva
reparação pelos danos morais sofridos, sendo a responsabilidade civil nas relações de
consumo OBJETIVA, desse modo, basta apenas a existência do dano e do nexo causal.
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;

A Carta Política da República, no seu art. 37, § 6º, levante o


Princípio da Responsabilidade Objetiva, pelo qual o dever de indenizar encontra amparo
no risco que o exercício da atividade do agente causa a terceiros, em função do proveito
econômico daí resultante, senão vejamos:
Art. 37, § 6º. As pessoas jurídicas de direito
público e as de direitos privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos
de dolo ou culpa. (grifei).

Neste sentido, estabelece o art. 14 do Código de Defesa do


Consumidor que:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores
por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

Assim, é insofismável que as Rés feriram os direitos do Autor,


ao agir com total descaso, desrespeito e negligência, configurando má prestação no
atendimento como também na prestação de serviços o que ocasionou danos de ordem
material e moral.
Deste modo, amparado pela lei, doutrina e jurisprudência pátria,
o Autor, deverá ser indenizado pelos danos que lhe forem causados.
4 – DO DANO MORAL
Não se pode aceitar que a má prestação dos serviços de forma
contínua seja um mero aborrecimento do cotidiano como a Ré I tende a argumentar. A
realidade é que a situação apresentada na presente ação já transcendeu esta barreira,
razão pela qual a parte Autora busca uma devida reparação por todos os danos,
aborrecimentos, transtornos causados pelas Rés, que agem com total descaso com seu
cliente.
A caracterização do nexo de causalidade e a conduta ilícita das
Rés se mostram plausíveis, eis que estão sem enviar o produto adquirido pelo Autor,
qual seja (esquadrias e revestimento e sua devida instalação).
Diante dos fatos acima relatados, mostra-se patente a
configuração dos danos morais sofridos pelo Autor, no qual está sendo privado de
usufruir de sua nova moradia.
A Magna Carta em seu art. 5º consagra a tutela do direito à
indenização por dano material ou moral decorrente da violação de direitos
fundamentais, tais como a intimidade, a vida privada e a honra das pessoas:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:

V - é assegurado o direito de resposta,


proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral
ou à imagem;

X - são invioláveis a intimidade, a vida


privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

Outrossim, o art. 186 e o art. 927, do Código Civil de 2002,


assim estabelecem:
“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.”

Também, o Código de Defesa do Consumidor, no seu art. 6º,


protege a integridade moral dos consumidores:
Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:

VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,


individuais, coletivos e difusos.

Assim sendo, o Autor é o consumidor final da efetiva relação,


dada a sua natureza ser de consumo. As Rés respondem objetivamente pelo risco,
devendo arcar como os danos morais causados ao Autor que teve o dissabor de
experimentar problemas e falhas na prestação de serviços das Rés.
5 - DO QUANTUM INDENIZATÓRIO:
No que concerne ao quantum indenizatório, forma-se o
entendimento jurisprudencial, mormente em sede de dano moral, no sentido de que a
indenização pecuniária não tem apenas cunho de reparação de prejuízo, MAS
TAMBÉM CARÁTER PUNITIVO OU SANCIONATÓRIO, PEDAGÓGICO,
PREVENTIVO E REPRESSOR: a indenização não apenas repara o dano, repondo o
patrimônio abalado, mas também atua como forma educativa ou pedagógica para o
ofensor e a sociedade e intimidativa para evitar perdas e danos futuros.
Impende destacar ainda, que tendo em vista serem os direitos
atingidos muito mais valiosos que os bens e interesses econômicos, pois reportam à
dignidade humana, a intimidade, a intangibilidade dos direitos da personalidade, pois
abrange toda e qualquer proteção à pessoa, seja física, seja psicológica. As situações de
angústia, paz de espírito abalada, de mal-estar e amargura devem somar-se nas
conclusões do juiz para que este saiba dosar com justiça a condenação do ofensor.
Conforme se constata, a obrigação de indenizar a partir do dano
que o Autor sofreu no âmbito do seu convívio domiciliar, social e profissional, encontra
amparo na doutrina, legislação e jurisprudência de nossos Tribunais, restando sem
dúvidas à obrigação de indenizar da Promovida.
Assim sendo, deve-se verificar o grau de censurabilidade da
conduta, a proporção entre o dano moral e material e a média dessa condenação,
cuidando-se para não se arbitrar tão pouco, para que não se perca o caráter sancionador,
ou muito, que caracterize o enriquecimento ilícito.
Portanto, diante do caráter disciplinar e desestimulador da
indenização, do poderio econômico da empresa promovida, das circunstancias do
evento e da gravidade do dano causado ao autor, mostra-se justo e razoável a
condenação por danos morais das Rés num quantum indenizatório de R$ 000,00 (mil
reais).
6 - DOS PEDIDOS:
Diante do exposto, requer a Vossa Excelência que se digne em:
a) Determinar a citação das requeridas no endereço supracitado, na pessoa de seu
representante legal na forma dos artigos 18 e 19 da Lei 9.099 de 1995, sob pena de
revelia;
b) Seja julgado procedente o pedido para condenar as Rés no pagamento de indenização
pelos danos morais causados ao Autor, em face do atraso da entrega do imóvel
adquirido, em valor a ser arbitrado por V. Exa., considerando a condição
socioeconômica das partes, a gravidade do dano e sua repercussão, em valor não
inferior a R$20.000,00 (vinte mil reais);
c) Seja julgado procedente o pedido para condenar as Rés ao pagamento de indenização
pelos danos materiais causados ao Autor, em face da diferença hoje do produto no
mercado em R$ ;
d) Seja julgado procedente o pedido para condenar as Rés ao pagamento de 3(três)
meses de aluguel devido ao atraso da entrega do imóvel;
e) Seja julgado procedente o pedido para condenar as Rés ao pagamento dos juros do
financiamento da caixa econômica federal, devido ao atraso da entrega do imóvel no
valor de R$
Seja julgado procedente o pedido para condenar as Rés no pagamento da multa
de 20% pelo atraso da Obra, incidente sobre o valor pago pelo imóvel, apurado com a
correção de cada uma das parcelas contratuais pelo IGP-M a partir do efetivo
pagamento e acrescida de juros de 1% ao mês, ambos até a data do pagamento da
mesma, multa prevista no Parágrafo Segundo da Cláusula Quinze do contrato que, por
equidade deve-se garantir a reciprocidade de direitos entre fornecedores e consumidores
para o caso de inadimplência contratual, aplicando-se a referida multa ao caso, ou, não
sendo este o entendimento de V. Exa; Seja julgado procedente o pedido para condenar
as Rés no pagamento da multa de 10% pelo atraso da Obra de Infraestrutura do Lote,
incidente sobre o valor atualizado do preço de aquisição do lote pagos pelo Autor às
Rés, apurado com a correção de cada uma das parcelas contratuais pelo IGP-M a partir
do efetivo pagamento e acrescida de juros de 1% ao mês, ambos até a data do
pagamento da mesma, multa prevista na Cláusula Dezenove do contrato;

f) a inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6º, inciso VIII, do Código de Defesa
do Consumidor, que deve ser aplicado ao caso em concreto.
h) seja a Ré condenada nos ônus da sucumbência, fixando-se os honorários advocatícios
com base no valor da causa;
i)Protesta por todos os meios de prova admitidas em direitos, documental, testemunhal,
depoimento pessoal da requerida, sob pena de confesso.
8 - DO VALOR DA CAUSA.
Dá-se a causa o valor de R$

Nestes termos,
P. Deferimento.

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