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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS – UEG

CÂMPUS SUL
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE MORRINHOS
BACHARELADO EM DIREITO

ATIVIDADE AVALIATIVA

MORRINHOS
2023
GEOVANA TEIXEIRA DA SILVA NAVES
HEMILLY DA COSTA SILVA
IZADORA LOPES OLIVEIRA
JEAN APARECIDO DOS SANTOS
LARA JÚLIA DE BARROS SILVA
MURYHELLEN KAMILE MATIAS ALVES
RAFAEL PAULA DE SOUZA
RAFAELA FAGUNDES DE JESUS
THAMIRIS MARQUES NASCIMENTO

Trabalho apresentado como requisito de avaliação


parcial da disciplina de Direito Processual Civil I do
Bacharelado em Direito pela Universidade Estadual de
Goiás, Câmpus Sul, UnU Morrinhos, sob a orientação do
Prof. Rodrigo Pereira Moreira.

MORRINHOS
2023
Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de seus
procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma participem do processo:

I - expor os fatos em juízo conforme a verdade;

II - não formular pretensão ou de apresentar defesa quando cientes de que são


destituídas de fundamento;

III - não produzir provas e não praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração
ou à defesa do direito;

IV - cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final,


e não criar embaraços à sua efetivação;

V - declinar, no primeiro momento que lhes couber falar nos autos, o endereço
residencial ou profissional onde receberão intimações, atualizando essa informação
sempre que ocorrer qualquer modificação temporária ou definitiva;

VI - não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso.

VII - informar e manter atualizados seus dados cadastrais perante os órgãos do


Poder Judiciário e, no caso do § 6º do art. 246 deste Código, da Administração
Tributária, para recebimento de citações e intimações. (Incluído pela Lei nº 14.195,
de 2021)

§ 1º Nas hipóteses dos incisos IV e VI, o juiz advertirá qualquer das pessoas
mencionadas no caput de que sua conduta poderá ser punida como ato atentatório à
dignidade da justiça.

§ 2º A violação ao disposto nos incisos IV e VI constitui ato atentatório à dignidade


da justiça, devendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais
cabíveis, aplicar ao responsável multa de até vinte por cento do valor da causa, de
acordo com a gravidade da conduta.

§ 3 o Não sendo paga no prazo a ser fixado pelo juiz, a multa prevista no § 2º será
inscrita como dívida ativa da União ou do Estado após o trânsito em julgado da
decisão que a fixou, e sua execução observará o procedimento da execução fiscal,
revertendo-se aos fundos previstos no art. 97 .

§ 4º A multa estabelecida no § 2º poderá ser fixada independentemente da incidência


das previstas nos arts. 523, § 1º , e 536, § 1º .

§ 5º Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa prevista no § 2º


poderá ser fixada em até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo.

§ 6º Aos advogados públicos ou privados e aos membros da Defensoria Pública e do


Ministério Público não se aplica o disposto nos §§ 2º a 5º, devendo eventual
responsabilidade disciplinar ser apurada pelo respectivo órgão de classe ou
corregedoria, ao qual o juiz oficiará.

§ 7º Reconhecida violação ao disposto no inciso VI, o juiz determinará o


restabelecimento do estado anterior, podendo, ainda, proibir a parte de falar nos
autos até a purgação do atentado, sem prejuízo da aplicação do § 2º.
§ 6º Aos advogados públicos ou privados e aos membros da Defensoria Pública e do
Ministério Público não se aplica o disposto nos §§ 2º a 5º, devendo eventual
responsabilidade disciplinar ser apurada pelo respectivo órgão de classe ou
corregedoria, ao qual o juiz oficiará.
§ 7º Reconhecida violação ao disposto no inciso VI, o juiz determinará o
restabelecimento do estado anterior, podendo, ainda, proibir a parte de falar nos
autos até a purgação do atentado, sem prejuízo da aplicação do § 2º.
§ 8º O representante judicial da parte não pode ser compelido a cumprir decisão em
seu lugar.

Primeiramente é necessário esclarecer que o artigo 77 expõe que existem outros deveres das
partes e de seus procuradores previstos pelo novo Código de Processo Civil, além daqueles
listados naquela seção. Os deveres impostos nos incisos I, II, III e V se aplicam notadamente
as partes e aos seus procuradores, no sentido de que seus comportamentos no processo devem
ser pautados pela ética, espera-se que atuem seguindo o princípio da boa-fé processual. Já as
disposições impostas nos incisos IV e VI implicam em consequências previstas nos
parágrafos desse mesmo artigo. Quanto ao inciso IV, garante a autoridade do juiz, ou seja,
uma vez que ele tenha proferido a decisão é possível que a parte que não se conformar com
ela, busque os meios processuais cabíveis para sua reforma ou até mesmo anulação, por meio
do recurso, mas em caso de decisão definitiva ou que o recurso não tenha efeito suspensivo a
parte precisa cumprir a decisão. Já o inciso VI trata de uma disposição que a doutrina
denomina como “atentado”, disciplinando que é dever da parte ou de qualquer pessoa que
participar do processo, não praticar inovação legal de fato do bem ou direito litigioso, é
vedado qualquer inovação ilegal no estado desse bem ou objeto. Nessas duas hipóteses dos
incisos IV e VI, o juiz advertirá qualquer das pessoas mencionadas no caput de que sua
conduta poderá ser punida como ato atentatório a dignidade da justiça. Em relação ao inciso
V, trata como dever a necessidade de informação e atualização do endereço residencial ou
profissional para o recebimento de intimações, enaltecendo que, no caso de não observância a
tal exigência, a responsabilidade será das partes ou dos procuradores, que arcarão com as
respectivas consequências. O § 1° dispõe quanto ao papel do juiz perante a conduta prevista
nos incisos IV e VI, impondo um dever de atenção, de alertar qualquer das partes,
procuradores ou qualquer pessoa envolvida no processo, quanto as punições. O § 2° trata da
previsão da multa por ato atentatório à dignidade da justiça, da qual cabe ao juiz, sem prejuízo
das sanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao responsável multa de até 20%
do valor da causa, de acordo com a gravidade da conduta e dos efeitos prejudiciais que essa
conduta gerou no processo, enquanto o § 3° clarifica o procedimento cabível e a destinação do
valor da multa, ainda se tratando da multa prevista no § 2°, o §4° ressalta que essa multa
poderá ser fixada independentemente da incidência das previstas nos artigos 523, § 1° e 536,
§ 1°. O § 5° tem como objetivo concretizar uma efetividade para penalidade que vai ser
imposta, visando que essa multa cumpra sua finalidade, que é impor penalidade para quem
cometeu condutas atentatórias consideradas graves e desestimular esse tipo de conduta, o que
não acontece quando o valor da causa é baixo. O § 6° faz uma reserva, isto é, essas
penalidades são consequências que se aplicam a parte, mas não vão se aplicar ao advogado,
defensor público ou membro do Ministério Público quando atuarem no processo, ou seja,
sempre que esses praticarem qualquer conduta descrita no inciso IV ou VI não será aplicada a
multa, mas o órgão de classe desse profissional será comunicado e será o responsável pelas
providências disciplinares cabíveis. O § 7° prevê sanção para quem incorrer em tal prática e
ressalta que o juiz determinará o restabelecimento do estado anterior, podendo proibir a parte
de falar nos autos até a purgação do atentado. Por fim, o § 8° trata que determinada obrigação
imposta exclusivamente para parte, ou seja, não pode ser cumprida por seu representante
judicial.

Art. 78. É vedado às partes, a seus procuradores, aos juízes, aos membros do
Ministério Público e da Defensoria Pública e a qualquer pessoa que participe do
processo empregar expressões ofensivas nos escritos apresentados.

§ 1º Quando expressões ou condutas ofensivas forem manifestadas oral ou


presencialmente, o juiz advertirá o ofensor de que não as deve usar ou repetir, sob
pena de lhe ser cassada a palavra.

§ 2º De ofício ou a requerimento do ofendido, o juiz determinará que as expressões


ofensivas sejam riscadas e, a requerimento do ofendido, determinará a expedição de
certidão com inteiro teor das expressões ofensivas e a colocará à disposição da parte
interessada.

O artigo 78 deixa explicito que os participantes do processo devem seguir o princípio da boa-
fé e da colaboração processual, nesse sentido, o conteúdo do artigo em questão trata da
proibição de se empregar expressões ofensivas nos escritos apresentados a qualquer pessoa
que esteja participando do processo. Resultando na possibilidade do ajuizamento da ação de
indenização por perdas e danos em decorrência do uso de expressões injuriosas por exemplo,
no caso de a vítima comprovar a conduta em questão.

Art. 79. Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como autor, réu ou
interveniente.

Litigância de má-fé se dirige às partes do processo e aos terceiros, não atingindo os


advogados, defensor público, magistrado e membros do Ministério Público que seguem regras
próprias e específicas, se refere a um dos possíveis casos onde uma das partes de um
processo, autor, réu, interveniente, litiga intencionalmente com deslealdade e/ou corrupção,
prejudicando intencionalmente a parte adversa ou o próprio sistema judiciário.
Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:

I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;

II - alterar a verdade dos fatos;

III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;

IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;

V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;

VI - provocar incidente manifestamente infundado;

VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.

O inciso I infere que a conduta de deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei
seja uma conduta decorrente de um erro grave na interpretação do texto legal ou uma conduta
dolosa, isto é, quando se tem conhecimento que aquela manipulação interpretativa da lei é
completamente inadequada e mesmo assim a pessoa insiste em formular a pretensão ou defesa
naqueles termos. Já o inciso II trata da alteração da verdade dos fatos, que consiste em uma
conduta contraditória em relação ao fato visando destorcer a realidade com o intuito de
convencer o juiz sobre sua tese. O inciso III retrata um comportamento que visa conseguir um
objetivo ilegal, em relação a esse objetivo deve se verificar se no âmbito do qual é debatida a
ação, se trata de direito público ou privado, pois se for de direito privado vai ser ilegal aquilo
que estiver expressamente proibido em lei, mas se for direito público vai ser aquilo que a lei
não permite expressamente. No inciso IV é abordado a resistência injustificada ao andamento
do processo, ou seja, quando a parte abusa dos seus direitos processuais, impondo obstáculos
indevidos com a finalidade de atrasar o andamento do processo. O inciso V traz como
conteúdo o ato de proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo, quer
dizer, praticar atos fora da normalidade, que não tem previsão legal. Já o inciso posterior, que
é o VI trata de incidente manifestamente infundado, um tipo de incidente evidentemente
incabível naquela situação concreta e basicamente seu intuito é apenas atrasar o andamento do
processo. Por fim o inciso VII expressa sobre a interposição de recurso com intuito
manifestamente protelatório, trata especificamente da interposição de recursos quando se
verifica que esses recursos não servem mais para rever a decisão e só servem para atrasar o
trânsito em julgado.
Art. 81. De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de má-fé a pagar
multa, que deverá ser superior a um por cento e inferior a dez por cento do valor
corrigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a
arcar com os honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou.

§ 1º Quando forem 2 (dois) ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um


na proporção de seu respectivo interesse na causa ou solidariamente aqueles que se
coligaram para lesar a parte contrária.

§ 2º Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá ser fixada
em até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo.

§ 3º O valor da indenização será fixado pelo juiz ou, caso não seja possível mensurá-
lo, liquidado por arbitramento ou pelo procedimento comum, nos próprios autos.

O artigo em questão esclarece que a multa quanto ao litigante de má-fé não necessita de
requerimento da parte contrária, o juiz pode agir de ofício, ou seja, sem a necessidade da
iniciativa de terceiros e determina que essa multa segue um parâmetro de valor embasado no
valor atualizado da causa. Nos casos em que o valor da causa é muito baixo o preço da multa
é fixado em até dez vezes o valor do salário-mínimo, pois se a penalidade for aplicada
seguindo esse baixo valor ela não surtirá efeito nenhum com relação ao litigante de má-fé, não
alcançará seu objetivo de desestimular tal conduta. É possível ocorrer pluralidade de litigantes
de má-fé, dentre as diversas possibilidades é possível que em um mesmo processo o autor e o
réu sejam litigantes de má-fé, pode haver também dois litigantes no mesmo polo processual e
assim sucessivamente. Além da multa, se ocorrer danos efetivos decorrentes da conduta de
litigância de má-fé existe a possiblidade desses danos também serem indenizados com valor
fixado pelo juiz, porém se tratando de não ser possível mensurar esse dano, o juiz irá
estabelecer que houve litigância de má-fé e estabelecerá uma condenação de indenização que
posteriormente passará por um processo de liquidação de sentença, nesse procedimento a
discussão fica em torno do montante, o quanto de dano sofreu a parte que foi vítima do
litigante de má-fé, sendo assim, o valor da condenação fica para uma fase seguinte de
liquidação de sentença. Por fim, se essa conduta gerou outras despesas processuais, inclusive
honorários advocatícios contratuais o litigante fica responsável por arcar com esses honorários
e ressarcir todas as demais despesas que efetuou.
Art. 82. Salvo as disposições concernentes à gratuidade da justiça, incumbe às partes
prover as despesas dos atos que realizarem ou requererem no processo, antecipando-
lhes o pagamento, desde o início até a sentença final ou, na execução, até a plena
satisfação do direito reconhecido no título.

§ 1º Incumbe ao autor adiantar as despesas relativas a ato cuja realização o juiz


determinar de ofício ou a requerimento do Ministério Público, quando sua
intervenção ocorrer como fiscal da ordem jurídica.

§ 2º A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou.

Entende-se despesa processual como as custas necessárias para tramitação regular do


processo, dentre elas a remuneração de peritos, intérpretes, mandados judiciais, custas
recursais e demais gastos derivados da causa, entre as despesas algumas podem ser pagas nos
autos do processo e outras fora dele, essas custas possuem natureza jurídica de taxa,
contraprestação por serviço público específico e divisível (serviço jurisdicional), salvo em
contrário as disposições dos beneficiários da justiça gratuita. O § 1° expressa uma regra
específica dirigida ao autor, em regra geral o autor vai suportar as despesas referentes aos atos
que ele tenha requerido, os atos determinados de ofício feitos pelo juiz que consequentemente
geraram despesas processuais, ou por requerimento do Ministério Público, porém no caso de
o Ministério Público ser parte no processo, isto é, quando ele propõe a ação as custas
processuais não serão cobradas por se tratar de órgão público. Por fim, o § 2° estabelece que
ao final do processo haverá uma parte sucumbente ou até mais de uma, que suportará as
despesas que a parte vencedora antecipou.

Art. 83. O autor, brasileiro ou estrangeiro, que residir fora do Brasil ou deixar de
residir no país ao longo da tramitação de processo prestará caução suficiente ao
pagamento das custas e dos honorários de advogado da parte contrária nas ações que
propuser, se não tiver no Brasil bens imóveis que lhes assegurem o pagamento.

§ 1º Não se exigirá a caução de que trata o caput :

I - quando houver dispensa prevista em acordo ou tratado internacional de que o


Brasil faz parte;

II - na execução fundada em título extrajudicial e no cumprimento de sentença;

III - na reconvenção.

§ 2º Verificando-se no trâmite do processo que se desfalcou a garantia, poderá o


interessado exigir reforço da caução, justificando seu pedido com a indicação da
depreciação do bem dado em garantia e a importância do reforço que pretende
obter.
Esse artigo traz especificamente uma exigência de prestação de garantia pelo autor da
demanda, que é a caução, servindo como garantia para o réu no caso de o autor sucumbir. A
prestação dessa caução pode se dar logo no início do processo, independente da nacionalidade
do autor, brasileiro ou estrangeiro, se ele não residir no Brasil ou se ao longo do processo
deixar de residir no Brasil e não possuir bens imóveis no país que possam garantir o
pagamento de custas de sucumbência no processo, ou até mesmo ao longo do processo, ou
seja, o autor residia no Brasil e possuía bens imóveis, mas se desfez desses bens e está se
mudando para outro país, nessa situação incumbe ao réu requerer ao juiz que exija do autor a
prestação de uma caução, com objetivo do processo seguir sem prejuízo. Já o § 1° trata das
situações em que não se exigirá a caução, quando houver acordo do Brasil com outro país,
esse protocolo possibilita a jurisdição brasileira requerer que o Poder Judiciário do país
estrangeiro determine a penhora de bens que o autor eventualmente tenha no país em questão
no caso de sucumbência no processo. Também se exclui a prestação de caução nos
procedimentos executivos, até porque o autor da execução já tem, em tese um título executivo
judicial ou extrajudicial em seu favor que garante a existência de uma obrigação do devedor
com ele. Assim como na reconvenção, que é um tipo de ação proposta pelo réu da ação
principal contra o autor da ação principal, se o autor da reconvenção não residir no Brasil nem
possuir bens imóveis no país, ainda assim não irá precisar prestar a caução. O § 2° disciplina
sobre a hipótese em que há desfalque da garantia no decorrer do processo, o qual cabe ao réu
denunciar por petição avulsa, demonstrando que aquele bem que foi dado como garantia no
processo não possui mais capacidade de suportar um eventual reembolso ao final do processo
caso o autor seja vencido na demanda.

Art. 84. As despesas abrangem as custas dos atos do processo, a indenização de


viagem, a remuneração do assistente técnico e a diária de testemunha.

O artigo redigido apresenta um rol exemplificativo, citando apenas algumas das custas do
processo, referente ao que a parte desembolsa no início do processo, as custas estabelecidas
por cada tribunal por meio de legislação específica para se alcançar o acesso à justiça no caso
de não ser beneficiário da justiça gratuita. Nesse sentido, cabe ao vencido arcar com toda e
qualquer despesa legítima resultante do processo, sendo necessário a comprovação dessas
custas pelo vencedor por meio de documentos constantes dos autos da prolação da sentença
ou na fase de liquidação.
Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do
vencedor.

§ 1º São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de


sentença, provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos
interpostos, cumulativamente.

§ 2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por


cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo
possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos:

I - o grau de zelo do profissional;

II - o lugar de prestação do serviço;

III - a natureza e a importância da causa;

IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

§ 3º Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, a fixação dos honorários
observará os critérios estabelecidos nos incisos I a IV do § 2º e os seguintes
percentuais:

I - mínimo de dez e máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação ou do


proveito econômico obtido até 200 (duzentos) salários-mínimos;

II - mínimo de oito e máximo de dez por cento sobre o valor da condenação ou do


proveito econômico obtido acima de 200 (duzentos) salários-mínimos até 2.000 (dois
mil) salários-mínimos;

III - mínimo de cinco e máximo de oito por cento sobre o valor da condenação ou do
proveito econômico obtido acima de 2.000 (dois mil) salários-mínimos até 20.000
(vinte mil) salários-mínimos;

IV - mínimo de três e máximo de cinco por cento sobre o valor da condenação ou do


proveito econômico obtido acima de 20.000 (vinte mil) salários-mínimos até 100.000
(cem mil) salários-mínimos;

V - mínimo de um e máximo de três por cento sobre o valor da condenação ou do


proveito econômico obtido acima de 100.000 (cem mil) salários-mínimos.

§ 4º Em qualquer das hipóteses do § 3º :

I - os percentuais previstos nos incisos I a V devem ser aplicados desde logo, quando
for líquida a sentença;

II - não sendo líquida a sentença, a definição do percentual, nos termos previstos nos
incisos I a V, somente ocorrerá quando liquidado o julgado;
III - não havendo condenação principal ou não sendo possível mensurar o proveito
econômico obtido, a condenação em honorários dar-se-á sobre o valor atualizado da
causa;

IV - será considerado o salário-mínimo vigente quando prolatada sentença líquida ou


o que estiver em vigor na data da decisão de liquidação.

§ 5º Quando, conforme o caso, a condenação contra a Fazenda Pública ou o benefício


econômico obtido pelo vencedor ou o valor da causa for superior ao valor previsto no
inciso I do § 3º, a fixação do percentual de honorários deve observar a faixa inicial e,
naquilo que a exceder, a faixa subsequente, e assim sucessivamente.

§ 6º Os limites e critérios previstos nos §§ 2º e 3º aplicam-se independentemente de


qual seja o conteúdo da decisão, inclusive aos casos de improcedência ou de sentença
sem resolução de mérito.

§ 6º-A. Quando o valor da condenação ou do proveito econômico obtido ou o valor


atualizado da causa for líquido ou liquidável, para fins de fixação dos honorários
advocatícios, nos termos dos §§ 2º e 3º, é proibida a apreciação equitativa, salvo nas
hipóteses expressamente previstas no § 8º deste artigo. (Incluído pela Lei nº
14.365, de 2022)

§ 7º Não serão devidos honorários no cumprimento de sentença contra a Fazenda


Pública que enseje expedição de precatório, desde que não tenha sido impugnada.

§ 8º Nas causas em que for inestimável ou irrisório o proveito econômico ou, ainda,
quando o valor da causa for muito baixo, o juiz fixará o valor dos honorários por
apreciação equitativa, observando o disposto nos incisos do § 2º.

§ 8º-A. Na hipótese do § 8º deste artigo, para fins de fixação equitativa de honorários


sucumbenciais, o juiz deverá observar os valores recomendados pelo Conselho
Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil a título de honorários advocatícios ou o
limite mínimo de 10% (dez por cento) estabelecido no § 2º deste artigo, aplicando-se
o que for maior. (Incluído pela Lei nº 14.365, de 2022)

§ 9º Na ação de indenização por ato ilícito contra pessoa, o percentual de honorários


incidirá sobre a soma das prestações vencidas acrescida de 12 (doze) prestações
vincendas.

§ 10. Nos casos de perda do objeto, os honorários serão devidos por quem deu causa
ao processo.

§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente


levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando,
conforme o caso, o disposto nos §§ 2º a 6º, sendo vedado ao tribunal, no cômputo
geral da fixação de honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os
respectivos limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de conhecimento.

§ 12. Os honorários referidos no § 11 são cumuláveis com multas e outras sanções


processuais, inclusive as previstas no art. 77 .
§ 13. As verbas de sucumbência arbitradas em embargos à execução rejeitados ou
julgados improcedentes e em fase de cumprimento de sentença serão acrescidas no
valor do débito principal, para todos os efeitos legais.
§ 14. Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com os
mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a
compensação em caso de sucumbência parcial.
§ 15. O advogado pode requerer que o pagamento dos honorários que lhe caibam seja
efetuado em favor da sociedade de advogados que integra na qualidade de sócio,
aplicando-se à hipótese o disposto no § 14.
§ 16. Quando os honorários forem fixados em quantia certa, os juros moratórios
incidirão a partir da data do trânsito em julgado da decisão.
§ 17. Os honorários serão devidos quando o advogado atuar em causa própria.
§ 18. Caso a decisão transitada em julgado seja omissa quanto ao direito aos
honorários ou ao seu valor, é cabível ação autônoma para sua definição e cobrança.
§ 19. Os advogados públicos perceberão honorários de sucumbência, nos termos da
lei.
§ 20. O disposto nos §§ 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 6º-A, 8º, 8º-A, 9º e 10 deste artigo aplica-se aos
honorários fixados por arbitramento judicial. (Incluído pela Lei nº 14.365, de
2022)

O artigo em questão trata de uma norma cogente, ou seja, que possui caráter obrigatório,
nesse caso em relação ao pagamento pela parte vencida, respeitando a regra geral do princípio
da sucumbência, juntamente com as demais despesas e custas processuais, não somente na
fase de conhecimento, como também na reconvenção, no cumprimento da sentença, na ação
executiva fundada em título extrajudicial e nos recursos. Eventualmente quando não couber a
aplicação da regra da sucumbência vai se aplicar a regra da causalidade, isto é, aquele que deu
causa a ação ou a um determinado incidente processual será obrigado a suportar o pagamento
dos honorários de sucumbência. Nesse sentido, a obrigação desses pagamentos representa um
tipo de pedido implícito pois apesar do autor não ter solicitado a condenação cabe ao
Magistrado fazê-lo de ofício. Seguindo a linha de raciocínio que trata dos pedidos implícitos
se tem a condenação ao pagamento de juros, correção monetária e parcelas vincendas. O
credor desses honorários de sucumbência é o advogado da parte vencedora ou o advogado da
parte que não deu causa a propositura da ação, demonstrando que esses honorários não são se
destinam a parte e sim ao advogado vencedor, possuindo natureza alimentar, com os mesmos
privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a compensação em
caso de sucumbência parcial e se tratando dos casos em que o advogado atuar em causa
própria ele também tem o direito de receber os honorários de sucumbência no caso de ser o
vencedor, o fato de atuar em causa própria não anula o direito de receber honorários
sucumbenciais, o mesmo acontece em relação aos advogados públicos, mas nesse caso, não
pode ultrapassar o teto remuneratório do funcionalismo público previsto na Constituição. O
pagamento desses honorários de sucumbência pode ser solicitado pelo advogado com a
possibilidade de não ser pago diretamente para ele como pessoa física e sim para uma pessoa
jurídica, para a sociedade de advogados ele pertence e mesmo assim, não perderá a sua
natureza alimentar, permanecendo os mesmos créditos de natureza trabalhista. Também é
garantido ao advogado a possibilidade de propor uma ação autônoma para fixar honorários de
sucumbência nas hipóteses em que por esquecimento dos envolvidos no processo não tenham
sido fixados os honorários na ação principal. São estabelecidos critérios para que o juiz fixe a
verba relativa aos honorários de sucumbência pois não é permitido que ele faça isso
livremente, seguindo esses critérios expostos no § 2° do presente artigo, já no caso de uma
ação que a Fazenda Pública seja parte os critérios estão estabelecidos no § 3° do artigo em
questão. É dado ao juiz em determinados casos a possibilidade de estabelecer o valor dos
honorários seguindo um juízo de equidade, observando o disposto nos incisos do § 2°, nas
causas que for inestimável ou irrisório o proveito econômico, ou ainda quando o valor da
causa for muito baixo. Se tratando do termo “inestimável”, sua colocação é utilizada para se
referir à valores baixos, ou seja, não se aplica quando o valor da causa for muito alto, até
porque nesse último caso é uma consequência natural, se o valor da causa for muito alto
consequentemente os honorários também serão. Por fim, tendo como referência a
sucumbência recursal, se estabelece que não pode ultrapassar o limite máximo previsto nos
parágrafos 2° e 3°, importante ressaltar que não há estabelecimento imediato de honorários na
fase recursal, o que é existe uma majoração, isto é um aumento de valor, seguindo a
Jurisprudência que surgiu desde a vigência do novo Código de Processo Civil, ocorre a
majoração uma única vez por cada instância.

Art. 86. Se cada litigante for, em parte, vencedor e vencido, serão proporcionalmente
distribuídas entre eles as despesas.

Parágrafo único. Se um litigante sucumbir em parte mínima do pedido, o outro


responderá, por inteiro, pelas despesas e pelos honorários.

O presente artigo trata da sucumbência recíproca, quando ambas as partes adquirem vitória e
derrota, nesse caso o juiz irá distribuir igualmente as verbas de sucumbência, analisando qual
foi o percentual de êxito da parte autora e o percentual de perda, estabelecendo o ônus de
sucumbência em cima dessa proporcionalidade de vitória e derrota. Seguindo o parágrafo
único, no caso de sucumbência mínima o ônus não será imposto conforme o caput, como por
exemplo, em um caso que o juiz verifica que o autor venceu em 95% do seu pedido, ou seja,
ocorreu uma sucumbência mínima do autor, nesse caso não se distribui a sucumbência de
forma proporcional, o juiz irá estabelecer os ônus de sucumbência inteiramente a favor do
autor e em desfavor do réu. Seguindo os critérios da doutrina, deve se considerar o valor da
causa estabelecido pelo autor na petição inicial, qual era o bem jurídico pretendido pelo autor
naquela demanda e qual a vitória que o autor obteve, analisando esses três critérios
doutrinários o juiz justificará a aplicação do parágrafo único, demonstrando que ocorreu uma
sucumbência mínima como resultado da demanda.
Art. 87. Concorrendo diversos autores ou diversos réus, os vencidos respondem
proporcionalmente pelas despesas e pelos honorários.

§ 1º A sentença deverá distribuir entre os litisconsortes, de forma expressa, a


responsabilidade proporcional pelo pagamento das verbas previstas no caput .

§ 2 o Se a distribuição de que trata o § 1º não for feita, os vencidos responderão


solidariamente pelas despesas e pelos honorários.

O presente artigo trata da sucumbência quando existe litisconsórcio ( pluralidade das partes na
mesma lide ), estabelecendo que deve ser feita a distribuição proporcional da sucumbência
entre os litisconsortes vencidos bem como aos litisconsortes vencedores e seus advogados. O
§ 1° estabelece que é dever do juiz quando determina sua decisão, distribuir entre os
litisconsortes, de forma expressa, a responsabilidade proporcional pelos pagamentos das
verbas, até porque, por exemplo, se tivermos dois réus em um determinado processo e um réu
foi condenado a pagar 50.000,00 e o outro 100.000,00, obviamente o que foi condenado a
pagar o valor mais alto sofrerá uma sucumbência maior, ou seja, pagará uma proporção maior
de custas e de honorários sucumbenciais. O § 2° complementa que quando esse dever não for
respeitado se estabelece uma regra de responsabilidade solidária, as partes podem cobrar a
sucumbência de apenas um dos litisconsortes vencidos ou de todos.

Art. 88. Nos procedimentos de jurisdição voluntária, as despesas serão adiantadas


pelo requerente e rateadas entre os interessados.

Diferente dos artigos anteriores que se tratava de jurisdição contenciosa, esse artigo nos
mostra uma jurisdição voluntária, se diferenciando pela inexistência de conflitos (lide) entre
as partes, sem natureza contenciosa de disputa entre as partes. Recorrendo assim nos
mostrando que não existente propriamente, partes, na jurisdição voluntária, mas sim
interessados. O que temos na jurisdição voluntária são procedimentos de administração
pública de interesses privados, é possível se falar que inexiste vencedor ou vencido. Um
exemplo para jurisdição voluntária é o divórcio consensual. No caso de jurisdição voluntária
não á sucumbência, apenas regra própria sobre as despesas processuais, onde no CPC nos diz:
(I) despesas adiantadas por quem está no polo ativo, e (II) divididas entre todos. A parte que
requer/dá início ao procedimento de jurisdição voluntária, cabe a ela adiantar as despesas
processuais, e essas despesas no final serão rateadas entre ambos. Considerando a inexistência
de lide, vencedor ou vencido, não há condenação em honorários.
Art. 89. Nos juízos divisórios, não havendo litígio, os interessados pagarão as
despesas proporcionalmente a seus quinhões.

Nos arts. 519 e ss temos a definição de ação divisória e demarcatória, onde a divisão tem
como objetivo primordial acabar com condomínios sobre o mesmo bem de juízo divisório,
tendo como finalidade obrigar demais consortes a estremar os quinhões, e, a demarcatória é
aquela que já se tem uma divisão dos bens, já se sabe quais bens pertence a quem, mas as
linhas demarcatórias de divisão desses bens não estão claras, tendo como finalidade obrigar
seu confinante a estremar os respectivos prédios, fixando-se novos limites entre eles ou
aviventando-se os já apagados. Cabe atentar que no presente artigo diz divisão sem litígio,
sendo assim, quando as pessoas envolvidas naquela divisão não litigarem, não tiverem
interesses opostos, assim se não houver conflito as despesas serão divididas igualmente ao
quinhão de cada um dos interessando, com base no tamanho da área; solução análoga a da
jurisdição voluntária (art. 88). Considerando a inexistência de litígios, não haverá condenação
em honorários. Por outro lado, se houver litígio aplica-se a regra do art. 85.

Art. 90. Proferida sentença com fundamento em desistência, em renúncia ou em


reconhecimento do pedido, as despesas e os honorários serão pagos pela parte que
desistiu, renunciou ou reconheceu.

§ 1º Sendo parcial a desistência, a renúncia ou o reconhecimento, a responsabilidade


pelas despesas e pelos honorários será proporcional à parcela reconhecida, à qual se
renunciou ou da qual se desistiu.

§ 2º Havendo transação e nada tendo as partes disposto quanto às despesas, estas


serão divididas igualmente.

§ 3º Se a transação ocorrer antes da sentença, as partes ficam dispensadas do


pagamento das custas processuais remanescentes, se houver.

§ 4º Se o réu reconhecer a procedência do pedido e, simultaneamente, cumprir


integralmente a prestação reconhecida, os honorários serão reduzidos pela metade.

O presente artigo já começa falando de desistência, renúncia e reconhecimento do pedido em


sentenças, sendo que desistência nada mais é que o ato do autor que desiste de dar
continuidade no processo. Trata-se de decisão que acarreta a extinção do processo, sem
resolução do mérito, de modo que admite a repropositura, que consta no art. 485, VIII, do
CPC. O autor quando desiste do seu processo significa que, ele não está abrindo mão do seu
Direito Material, não podendo confundir desistência com disponibilidade do direito material.
O autor não pode desistir a qualquer momento, o autor pode desistir apenas até o momento da
prolação da sentença, muito embora ele possa desistir até a sentença, o juiz só vai poder
homologar o pedido de desistência do autor depois de apresentada na contestação a
concordância do réu. Já a renúncia, diferente da desistência que é um ato do autor desistindo
do processo e não do direito material, na renúncia que também é um ato do autor, ele abre
mão do direito material e processual. A distinção em relação à desistência do processo é que,
aqui, a decisão é com julgamento de mérito, de modo que é coberta pela coisa julgada e,
portanto, fica obstada a repropositura, no art. 487, III, C, do CPC. Além disso no art. 90 diz
sobre reconhecimento do pedido, onde esse já é um ato do réu, um tipo de resposta que o réu
pode dar no processo. É a hipótese em que o réu concorda com o pedido formulado pelo autor
na inicial; ou seja, abre mão de seus argumentos de defesa. Trata-se também de decisão com
resolução de mérito, art. 487, III, a, igualmente coberta pela coisa julgada. Conforme o
parágrafo 1°, o juiz vai atribuir seguindo a regra do caput, o dever de arcar com despesas e
honorários a parte que deu início ao término do processo, ou seja: (I) quem desistiu do
processo, (II) quem renunciou à pretensão, e (III) quem concordou com o pedido.
Já os parágrafos 2° e 3° trata especificamente de transação, onde as pessoas envolvidas
decidem encerrar o processo, cabendo ao juiz homologar o acordo, onde as partes nada
convencionarem sobre as despesas, estas devem ser divididas igualmente. Caso a transação
ocorra antes da sentença, as partes ficam dispensadas do pagamento das custas processuais
remanescentes, se houver. Finalmente, o CPC/2015 criou uma sanção premial (benefício
legal) com o objetivo de estimular o adimplemento mais célere da obrigação: caso o réu
reconheça a procedência do pedido e, simultaneamente, cumpra integralmente a prestação
reconhecida, os honorários devem ser reduzidos pela metade.

Art. 91. As despesas dos atos processuais praticados a requerimento da Fazenda


Pública, do Ministério Público ou da Defensoria Pública serão pagas ao final pelo
vencido.

§ 1º As perícias requeridas pela Fazenda Pública, pelo Ministério Público ou pela


Defensoria Pública poderão ser realizadas por entidade pública ou, havendo previsão
orçamentária, ter os valores adiantados por aquele que requerer a prova.

§ 2º Não havendo previsão orçamentária no exercício financeiro para adiantamento


dos honorários periciais, eles serão pagos no exercício seguinte ou ao final, pelo
vencido, caso o processo se encerre antes do adiantamento a ser feito pelo ente
público.

O presente artigo trata-se da repetição de regra presente no art. 82, § 2.º, do CPC. Como o
caput nos diz, as despesas dos atos processuais serão pagas ao final pelo vencido, mas a outro
dispositivo que prevê o adiantamento dessas custas pelo autor, diante de ato requerido pelo
Ministério Público (art. 82, § 1º, do CPC). Por tanto (I) o vencido arcará, ao final, com as
despesas decorrentes dos atos requeridos pela parte contrária ou pelo MP (seja como parte ou
fiscal da ordem jurídica); (II) o autor arcará, durante a tramitação do processo, somente com
as despesas de atos requeridos pelo MP como fiscal da ordem jurídica.
O §§ 1 e 2 propõe que perícias requeridas pela Fazenda Pública, MP e Defensoria Pública
serão realizadas por entidades pública; e se houver orçamento, haverá pagamento da perícia
pelo próprio requerente; e se não for possível realizar em entidade pública e não houver
orçamento, será pago com quantia do orçamento seguinte, quando, então, em tese haverá
novos recursos para isso ou, será pago ao final, pelo vencido, se o processo se encerrar antes.

Art. 92. Quando, a requerimento do réu, o juiz proferir sentença sem resolver o
mérito, o autor não poderá propor novamente a ação sem pagar ou depositar em
cartório as despesas e os honorários a que foi condenado.

O presente artigo faz referência a sentença que extingue o processo sem análise do mérito e
que estão dispostas no art. 485, do CPC, é possível repropor a demanda (art. 486), em alguns
casos sendo necessária alguma correção (art. 486, § 1.º). O autor fica impedido de propor a
ação novamente enquanto não pagar ou depositar em cartório as despesas e honorários a que
foi condenado no processo em que o juiz proferiu sentença sem resolução de mérito por
requerimento do réu. Se no caso houver justiça gratuita no processo, existe condenação ao
pagamento da sucumbência, que somente será exigível se houver possibilidade de pagamento
(vide comentários ao art. 98, §§ 2.º e 3.º). São três possíveis cenários: (I) Se no primeiro e
segundo processos há justiça gratuita: não há necessidade de recolhimento da sucumbência
anterior, nem de custas na nova demanda; (II) Se no primeiro processo há justiça gratuita, mas
não no segundo: considerando a mudança de condição financeira, deverá o autor recolher a
sucumbência anterior, bem como as custas da nova demanda; 3.3. Se no primeiro processo
não houve justiça gratuita, mas esta for requerida e deferida no segundo processo: o autor não
precisará recolher as custas da nova demanda, mas haverá a necessidade de recolher a
sucumbência anterior. Isso porque a concessão de gratuidade não pode retroagir e atingir
condenações anteriores.

Art. 93. As despesas de atos adiados ou cuja repetição for necessária ficarão a cargo
da parte, do auxiliar da justiça, do órgão do Ministério Público ou da Defensoria
Pública ou do juiz que, sem justo motivo, houver dado causa ao adiamento ou à
repetição.

Sempre quando houver atos adiado ou repetição, vai gerar um prejuízo, podendo esse prejuízo
ser financeiro, levando a gerar despesas novas no processo. Quando ocorrer adiamento ou
repetição sem motivo justo, injustificadamente, a pessoa que deu causa a tal ato deverá arcar
com as despesas geradas a partir da sua conduta. Podem ser responsabilizadas as partes,
auxiliar da justiça (como oficial de justiça, escrevente ou perito), membro do MP, defensor
público ou juiz.

Art. 94. Se o assistido for vencido, o assistente será condenado ao pagamento das
custas em proporção à atividade que houver exercido no processo.

O presente artigo diz respeito a uma forma de intervenção de terceiros prevista nos arts.119 e
ss, do CPC, chamada assistência. Onde temos o terceiro interessado, que é o assistido, e o
assistente que é a parte, podendo ter assistência litisconsorcial e simples. A entrada de um
terceiro dentro da relação jurídica processual irá auxiliar uma das partes. O artigo prevê
pagamento de custas pelo assistente, devendo o juiz considerar a atuação do assistente no
processo e, a partir daí, fixar a participação do assistente no pagamento das custas. Quanto
mais ativo processualmente o assistente, maior o valor das custas. Contudo, no máximo
devem corresponder à metade do valor, considerando que o assistente simples não pode ir
além do assistido. O assistente simples não deverá ser condenado a pagamento de honorários,
enquanto o assistente litisconsorcial aplicará as regras litisconsorte.
Art. 95. Cada parte adiantará a remuneração do assistente técnico que houver
indicado, sendo a do perito adiantada pela parte que houver requerido a perícia ou
rateada quando a perícia for determinada de ofício ou requerida por ambas as
partes.

§ 1º O juiz poderá determinar que a parte responsável pelo pagamento dos


honorários do perito deposite em juízo o valor correspondente.

§ 2º A quantia recolhida em depósito bancário à ordem do juízo será corrigida


monetariamente e paga de acordo com o art. 465, § 4º .

§ 3º Quando o pagamento da perícia for de responsabilidade de beneficiário de


gratuidade da justiça, ela poderá ser:

I - custeada com recursos alocados no orçamento do ente público e realizada por


servidor do Poder Judiciário ou por órgão público conveniado;

II - paga com recursos alocados no orçamento da União, do Estado ou do Distrito


Federal, no caso de ser realizada por particular, hipótese em que o valor será fixado
conforme tabela do tribunal respectivo ou, em caso de sua omissão, do Conselho
Nacional de Justiça.

§ 4º Na hipótese do § 3º, o juiz, após o trânsito em julgado da decisão final, oficiará a


Fazenda Pública para que promova, contra quem tiver sido condenado ao
pagamento das despesas processuais, a execução dos valores gastos com a perícia
particular ou com a utilização de servidor público ou da estrutura de órgão público,
observando-se, caso o responsável pelo pagamento das despesas seja beneficiário de
gratuidade da justiça, o disposto no art. 98, § 2º .

§ 5º Para fins de aplicação do § 3º, é vedada a utilização de recursos do fundo de


custeio da Defensoria Pública.

O presente artigo trata de honorários periciais e honorários de assistente técnico. O assistente


técnico possui um conhecimento sobre determinado assunto que a própria parte contrata se
quiser, não a obrigatoriedade sobre isso, sendo assim a parte que contrato que arcara com a
despesa. Já o perito que não é contrato pelas partes, e sim nomeado pelo juiz, ou indicado
pelas partes por meios de um negócio jurídico processual, já ao honorário do perito cabe a
pagar o adiantamento quem requereu a perícia (incluindo elaboração do laudo). Cada parte
pagará os valores devidos ao seu próprio assistente técnico. Ao final, o vencido pagará os
valores devidos ao assistente técnico da parte vencedora (art. 82, § 2.º). Assim, durante a
realização da perícia, cabe também o debate a respeito da remuneração do assistente. E, no
caso de valor muito elevado (destoando do mercado), poderá ser impugnado pela parte
contrária, podendo haver limitação por parte do juiz.
Os §§ 3º a 5º regulamentam o pagamento de honorários periciais na hipótese de demanda
envolvendo beneficiário de gratuidade judiciária. Em síntese, os honorários periciais não
devem ser adiantados pelo beneficiário da assistência judiciária, nem tampouco suportados
pela parte que não requereu a prova pericial. Esse já era, inclusive, o entendimento do STJ.97.
A novidade trazida pelo CPC/2015 é a possibilidade de a perícia requerida por beneficiário da
justiça gratuita ser realizada por órgão público conveniado ou servidor do Poder Judiciário
(contador e psicólogo, por exemplo) ou custeada com recursos alocados no orçamento da
União, do Estado ou do Distrito Federal.

Art. 96. O valor das sanções impostas ao litigante de má-fé reverterá em benefício da
parte contrária, e o valor das sanções impostas aos serventuários pertencerá ao
Estado ou à União.

A multa por litigância de má-fé reverte à parte contrária. Qualquer que seja a multa decorrente
de ato litigante ímprobo. Assim, as multas que decorrem de ato sancionável das partes (vide
arts. 77 e 81) serão entregues à parte contrária (vide comentários ao art. 81, especialmente
item 7, com críticas à opção do legislador). Isso não ocorre com a multa por ato atentatório à
dignidade da justiça, que reverte ao Estado ou União (art. 77, IV e VI, e §§ 2.º e 3.º). Já a
respeito da multa imposta ao serventuário, nesse caso, a quantia será destinada ao ente
federativo ao qual está vinculado o tribunal onde o servidor atuar (União ou Estado),
exemplo, art. 155.

Art. 97. A União e os Estados podem criar fundos de modernização do Poder


Judiciário, aos quais serão revertidos os valores das sanções pecuniárias processuais
destinadas à União e aos Estados, e outras verbas previstas em lei.

Este artigo trata de um complemento do artigo anterior, traz a possibilidade de criação de


fundos específicos para o recebimento das multas. Sendo multa aplicada na Justiça Estadual,
reverte-se ao respectivo Estado da Federação. Sendo multa fixada na Justiça Federal (ou
Justiça do Trabalho), as quantias são destinadas à União. De qualquer forma, considerando
que a maior parte das multas segue sendo destinadas às partes e não ao ente federativo, as
perspectivas para esse fundo, ao menos com origem no CPC, não são no sentido de que
haverá muitos recursos – tanto é assim que o mais usual é julgado dizendo que a multa deve
ser destinada à parte contrária e não ao fundo (vide jurisprudência selecionada), exemplo de
fundo que recebe multas e já está em funcionamento há alguns anos, vale mencionar, no
âmbito federal o FDD (Fundo de Direitos Difusos, que recebe multas aplicadas por força de
processos coletivos).
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de
recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios
tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.

§ 1º A gratuidade da justiça compreende:

I - as taxas ou as custas judiciais;

II - os selos postais;

III - as despesas com publicação na imprensa oficial, dispensando-se a publicação em


outros meios;

IV - a indenização devida à testemunha que, quando empregada, receberá do


empregador salário integral, como se em serviço estivesse;

V - as despesas com a realização de exame de código genético - DNA e de outros


exames considerados essenciais;

VI - os honorários do advogado e do perito e a remuneração do intérprete ou do


tradutor nomeado para apresentação de versão em português de documento redigido
em língua estrangeira;

VII - o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando exigida para


instauração da execução;

VIII - os depósitos previstos em lei para interposição de recurso, para propositura de


ação e para a prática de outros atos processuais inerentes ao exercício da ampla
defesa e do contraditório;

IX - os emolumentos devidos a notários ou registradores em decorrência da prática


de registro, averbação ou qualquer outro ato notarial necessário à efetivação de
decisão judicial ou à continuidade de processo judicial no qual o benefício tenha sido
concedido.

§ 2º A concessão de gratuidade não afasta a responsabilidade do beneficiário pelas


despesas processuais e pelos honorários advocatícios decorrentes de sua
sucumbência.

§ 3º Vencido o beneficiário, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão


sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos 5
(cinco) anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o
credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que
justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais
obrigações do beneficiário.

§ 4º A concessão de gratuidade não afasta o dever de o beneficiário pagar, ao final, as


multas processuais que lhe sejam impostas.

§ 5º A gratuidade poderá ser concedida em relação a algum ou a todos os atos


processuais, ou consistir na redução percentual de despesas processuais que o
beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento.
§ 6º Conforme o caso, o juiz poderá conceder direito ao parcelamento de despesas
processuais que o beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento.
§ 7º Aplica-se o disposto no art. 95, §§ 3º a 5º , ao custeio dos emolumentos previstos
no § 1º, inciso IX, do presente artigo, observada a tabela e as condições da lei
estadual ou distrital respectiva.
§ 8º Na hipótese do § 1º, inciso IX, havendo dúvida fundada quanto ao
preenchimento atual dos pressupostos para a concessão de gratuidade, o notário ou
registrador, após praticar o ato, pode requerer, ao juízo competente para decidir
questões notariais ou registrais, a revogação total ou parcial do benefício ou a sua
substituição pelo parcelamento de que trata o § 6º deste artigo, caso em que o
beneficiário será citado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se sobre esse
requerimento.

A justiça gratuita serve tanto para brasileiros, quanto para estrangeiros, serve tanto para
pessoas físicas e jurídica, para pessoas jurídicas acarretara aprofundamento em provas para
comprovação de falta de recurso. Apesar da regulamentação da gratuidade da justiça no CPC,
o art. 98, na parte final, faz menção à expressão “na forma da lei”. Portanto, pelo próprio
Código, segue sendo necessária uma lei extravagante para complementar a regulamentação do
assunto, para evitar dificuldades, é certo que o mais adequado seria regular tudo no âmbito do
CPC, deixando apenas para leis extravagantes a regulamentação de situações específicas.
Mas, como dito acima, hoje basicamente aplica-se o CPC. No tocante aos critérios para a
concessão da gratuidade, nem a Lei n.º 1.060/1950, nem o CPC trazem regras objetivas,
tratando-se de decisão que fica a cargo do magistrado, conforme o caso concreto. Havendo
apenas a menção a um lacônico “insuficiência de recursos para pagar as custas, despesas
processuais e honorários”. O juiz deve considerar a situação específica da parte requerente,
considerando seus vencimentos e gastos atuais (não futuros – vide jurisprudência
selecionada).
O § 4.º da justiça gratuita não abrange as multas, no caso de multa se paga no final do
processo quando dificulta o exercício do contraditório e da ampla defesa (inciso VIII). No
inciso seguindo faz referência aos emolumentos devidos a notários ou registradores em
decorrência da prática de registro, averbação ou qualquer outro ato notarial necessário à
efetivação de decisão judicial ou à continuidade de processo judicial no qual o benefício tenha
sido concedido, assim quando o ato no cartório vier de processo gratuito, no cartório será
gratuito também, por exemplo, se for procedente a usucapião em favor de beneficiário da
justiça gratuita, toda a regularização registral também deverá ser gratuita perante o Cartório
de Registro de Imóvel.
Os §§ 2.º e 3.° faz referência ao beneficiário da justiça gratuita deve ser condenado ao ônus
da sucumbência, em síntese, a gratuidade não afasta a condenação no ônus da sucumbência,
assim, se o beneficiário da gratuidade (seja autor ou réu) for vencido, deverá ser condenado ao
pagamento das despesas e honorários (§ 2.º). Contudo, somente haverá a execução pelo
vencedor se houver “mudança de fortuna” do vencido, ou seja, se a situação de insuficiência
de recursos que permitiu a concessão de gratuidade for modificada. Portanto, trata-se de uma
condenação com condição suspensiva (§ 3.º). Logo, somente se houver uma modificação na
condição financeira do vencido (decorrente de um novo emprego ou herança, por exemplo), é
que será possível executar os valores da sucumbência. E o CPC traz um prazo de cinco anos,
contados a partir do trânsito em julgado, para permitir o cumprimento de sentença dessa
quantia. Passado esse período, estará prescrita a sucumbência devida pelo vencido. Ainda que
haja essa previsão expressa, não raro há decisões que deixam de condenar na sucumbência
diante de a parte ser “beneficiária da JG”.
No caso de justiça gratuita parcial (§ 5.º) e parcelamento das despesas (§ 6.º), frise-se que o
termo “justiça gratuita parcial” é contraditório: afinal, ou é gratuito ou é pago. Mas, deixando
isso de lado, a justiça gratuita parcial importa no (I) reconhecimento da gratuidade para alguns
dos atos do processo, ou (II) apenas a redução de parte das despesas. De seu turno, passa a
parte a ter direito (este é o termo constante da lei) ao parcelamento de despesas, “conforme o
caso”.
Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na
contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.

§ 1º Se superveniente à primeira manifestação da parte na instância, o pedido poderá


ser formulado por petição simples, nos autos do próprio processo, e não suspenderá
seu curso.

§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que
evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo,
antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos
referidos pressupostos.

§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por


pessoa natural.

§ 4º A assistência do requerente por advogado particular não impede a concessão de


gratuidade da justiça.

§ 5º Na hipótese do § 4º, o recurso que verse exclusivamente sobre valor de


honorários de sucumbência fixados em favor do advogado de beneficiário estará
sujeito a preparo, salvo se o próprio advogado demonstrar que tem direito à
gratuidade.

§ 6º O direito à gratuidade da justiça é pessoal, não se estendendo a litisconsorte ou a


sucessor do beneficiário, salvo requerimento e deferimento expressos.

§ 7º Requerida a concessão de gratuidade da justiça em recurso, o recorrente estará


dispensado de comprovar o recolhimento do preparo, incumbindo ao relator, neste
caso, apreciar o requerimento e, se indeferi-lo, fixar prazo para realização do
recolhimento.

É necessário saber que o pedido consegue ser expresso não somente na petição inicial, mas
também na contestação, na petição para ingresso de terceiro ou no próprio recurso. Além
disso, se for superveniente a primeira manifestação da parte na instância (originária ou
recursal), o pedido poderá ser feito mediante a uma petição simples, nos autos do próprio
processo e sem que isso acarrete embargo do feito. Sendo uma vez dada a gratuidade, não é
necessário que a parte beneficiária refaça o pedido em toda instância.
É importante que antes do requerimento da gratuidade da justiça, a parte interessada junte a
petição provas de que possa fazer uso do direito. Visto que, o Juiz pode indeferir o pedido
caso haja falta dos pressupostos legais para a concessão da gratuidade.
Pela leitura do parágrafo terceiro é perceptível que a simples declaração de hipossuficiência é
suficiente para levar a presunção de veracidade de que a parte é hipossuficiente, então não há
em um primeiro momento a obrigatoriedade de comprovação da hipossuficiência, basta a
declaração de que a parte não tem condições de arcar com o pagamento das despesas
processuais sem prejuízo do seu próprio sustento. Essa presunção de hipossuficiência ou da
veracidade da declaração de hipossuficiência se aplica somente a pessoa física e/ou pessoa
natural, a pessoa jurídica pode pedir justiça gratuita mas quando pede já precisa demonstrar a
sua hipossuficiência financeira, porque essa presunção do parágrafo terceiro recai tão somente
sobre as afirmações feitas por pessoas físicas.
A assistência do requerente por um advogado particular não o impede de possuir a concessão
de gratuidade da justiça. isso se regulamenta naquelas situações em que a parte contrata um
advogado ou seja ela paga ou faz um acordo com o seu advogado, para fazer um tipo
diferenciado de pagamento ao final do processo, por exemplo ela contrata um advogado
particular, ela não está se valendo da Defensoria pública, de núcleo de prática jurídica, ela
contrata um advogado particular e mesmo assim ela pode fazer o seu requerimento de justiça
gratuita e o fato de ela ter contratado esse advogado não faz não afasta a presunção de
hipossuficiência. Justamente porque há determinadas situações em que a pessoa não consegue
está disciplinando sobre uma hipótese de recurso em que se vai discutir nele somente interesse
do advogado, não da parte que é detentora da justiça gratuita ou seja que está tratando aqui de
honorários de sucumbência, não há nenhuma outra matéria mais no recurso apenas essa. Esse
recurso pode ter sido interposto pelo próprio advogado ou pela parte por intermédio o seu
advogado. A não ser que o próprio advogado requeira para si assistência judiciária gratuita,
dessa forma sendo deferido o pedido ele não vai é precisar pagar as custas.
O direito a gratuidade da justiça é pessoal, não se estendendo a litisconsórcio ou sucessor do
beneficiário. Uma vez que ele seja concedido, é para a pessoa que requereu, então se possuir 3
réus e um deles requerer a justiça gratuita ira ser concedido apenas para aquele que requereu,
se os outros não requererão eles não vão ter por extensão esse direito à gratuidade. Então
somente aquele que teve seu pedido deferido, porque se trata de um direito de natureza.
Após a concessão de gratuidade, o requerente estará dispensado o recolhimento de provas,
uma vez que ele já foi concedido.

Art. 100. Deferido o pedido, a parte contrária poderá oferecer impugnação na


contestação, na réplica, nas contrarrazões de recurso ou, nos casos de pedido
superveniente ou formulado por terceiro, por meio de petição simples, a ser
apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, nos autos do próprio processo, sem
suspensão de seu curso.

Parágrafo único. Revogado o benefício, a parte arcará com as despesas processuais


que tiver deixado de adiantar e pagará, em caso de má-fé, até o décuplo de seu valor
a título de multa, que será revertida em benefício da Fazenda Pública estadual ou
federal e poderá ser inscrita em dívida ativa.

O réu na contestação vai abrir uma preliminar, uma defesa processual e vai fazer a
impugnação ao pedido de justiça gratuita, trazendo elementos que indiquem que o autor tem
condições de arcar com as despesas processuais, na impugnação ao pedido de justiça gratuita.
Agora se foi o réu que pediu justiça gratuita e o autor quer fazer a impugnação a esse pedido,
vai fazer na réplica. Se tratar de um pedido de justiça gratuita que foi feito por meio de uma
petição simples ao longo do processo a parte contrária intimada a respeito daquele pedido e do
deferimento vai ter o prazo de 15 dias para se manifestar sobre aquilo e eventualmente fazer a
sua impugnação ao pedido.
O parágrafo único afirma que se a pessoa tiver usado o pedido da gratuidade de justiça de má
fé, a parte sofrerá consequências sobre tal ato.

Art. 101. Contra a decisão que indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido de sua
revogação caberá agravo de instrumento, exceto quando a questão for resolvida na
sentença, contra a qual caberá apelação.

§ 1º O recorrente estará dispensado do recolhimento de custas até decisão do relator


sobre a questão, preliminarmente ao julgamento do recurso.

§ 2º Confirmada a denegação ou a revogação da gratuidade, o relator ou o órgão


colegiado determinará ao recorrente o recolhimento das custas processuais, no prazo
de 5 (cinco) dias, sob pena de não conhecimento do recurso.

São decisões que dizem “não” ao pedido de justiça gratuita, seja a primeira decisão já de
plano indefere ou revoga um pedido que já havia sido deferido anteriormente. Então contra
essas decisões interlocutórias que dizem não ao pedido de justiça gratuita vai caber o recurso
de agravo de instrumento, sendo é a previsão aqui do caput do artigo 101 e também do artigo
1015 inciso 5 do CPC de 2015. Agora se a questão sobre a justiça gratuita foi resolvida na
sentença, aí com relação a essa decisão cabe recurso de apelação. Se a justiça gratuita foi
analisada em sede de decisão interlocutória, só vai caber recurso se o juiz disser não ou seja
não defiro ou revogo a justiça gratuita que foi concedido, agora se o juiz diz sim, concedo
justiça gratuita ou mantenho a justiça gratuita já concedida aquela decisão, não é recorrível de
imediato aquela decisão.
Parágrafo primeiro: Ele vai recorrer contra uma decisão que indeferiu a justiça gratuita para
ele. É estabelecido um recurso suspensivo para esse recurso específico. Será aguardada a
análise do relator.
Parágrafo segundo: Vai dar a possibilidade de o recorrente recolher as custas para que o seu
recurso possa ser analisado em relação ao seu mérito. Então, se tratara de uma discussão
preliminar entre o relator ou de forma democrática colegiada.
Art. 102. Sobrevindo o trânsito em julgado de decisão que revoga a gratuidade, a
parte deverá efetuar o recolhimento de todas as despesas de cujo adiantamento foi
dispensada, inclusive as relativas ao recurso interposto, se houver, no prazo fixado
pelo juiz, sem prejuízo de aplicação das sanções previstas em lei.

Parágrafo único. Não efetuado o recolhimento, o processo será extinto sem resolução
de mérito, tratando-se do autor, e, nos demais casos, não poderá ser deferida a
realização de nenhum ato ou diligência requerida pela parte enquanto não efetuado o
depósito.

Uma vez que tenha transitado em julgado a decisão que revogou a justiça gratuita ou seja o
juiz havia concedido depois decidiu-se após os recursos eventualmente cabíveis sobre a
revogação daquele pedido de justiça gratuita, a necessidade então de recolhimento das custas
processuais respectivas. Então tudo aquilo que a parte deixou de recolher até então porque
havia sido a ela concedido o benefício da justiça gratuita, ela vai ter um prazo para fazer o
recolhimento. Pela leitura dos artigos que antecederam este 102, que a parte pode ser
condenada ao pagamento de uma multa, na hipótese de que ela alega má fé da sua
hipossuficiência financeira e essa multa pode ser fixada até 10 vezes o valor que ela deixou de
pagar. Então se esse for o caso, ela vai ter que pagar as despesas que ela não pagou e também
pagar essa por litigância de má-fé que eventualmente tenha sido fixada em desfavor dela.
O parágrafo único vai dizer sobre a consequência caso não haja o pagamento, se o autor tem o
dever de fazer o pagamento das custas processuais e ele não o faz, o seu processo não pode ir
adiante e vai ser extinto sem análise.

Art. 103. A parte será representada em juízo por advogado regularmente inscrito na
Ordem dos Advogados do Brasil.

Parágrafo único. É lícito à parte postular em causa própria quando tiver habilitação
legal.

Se trata de uma representação diferenciada, por um profissional que possui capacidade


postulatória, ou seja, a capacidade de formular pedidos em juízo por meio do processo
judicial. Já o parágrafo único do artigo 103, vai disciplinar que as pessoas que são inscritas na
Ordem dos Advogados do Brasil, que sejam advogadas ou advogados, podem postular em
causa própria ou seja não há necessidade de que elas contratem um advogado caso elas
desejem propor uma ação, elas podem fazer isso elas mesmas em causa própria e então nesse
caso não vai haver a necessidade de juntar uma procuração.
Art. 104. O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo
para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado
urgente.

§ 1º Nas hipóteses previstas no caput , o advogado deverá, independentemente de


caução, exibir a procuração no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual
período por despacho do juiz.

§ 2º O ato não ratificado será considerado ineficaz relativamente àquele em cujo


nome foi praticado, respondendo o advogado pelas despesas e por perdas e danos.

A lei exige a presença do advogado porque ele é o profissional que tem capacidade
postulatória para que o advogado possa atuar em nome da parte há a necessidade de se
conferir a esse advogado um mandato o instrumento do mandato é a procuração tá ou seja é o
documento assinado pela parte por meio do qual a parte vai transferir poderes ao advogado
para que o advogado possa representá-la em juízo.
Parágrafo primeiro: Então como foi visto a apresentação da procuração é a regra geral, o
advogado só vai ser autorizado para falar em nome da parte em juízo se ele tiver apresentado
procuração, nas situações de urgência para evitar a perda do direito de praticar um
determinado ato processual ou a decadência do direito.
O parágrafo segundo: significa que ele pode praticar o ato nessas situações de urgência sem
procuração, ele vai ter o prazo para juntada posterior de procuração. Esse prazo pode ser
prorrogado se houver motivo para isso e se apesar disso não houver juntada do instrumento de
mandato, aquele ato praticado pelo advogado em nome da parte vai ser ineficaz ou seja ele
não vai gerar efeitos em favor da parte em nome de quem o ato foi praticado e além disso o
advogado vai responder pelas despesas processuais e também por perdas e danos se houver,
sendo um risco do próprio profissional.
Art. 105. A procuração geral para o foro, outorgada por instrumento público ou
particular assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do
processo, exceto receber citação, confessar, reconhecer a procedência do pedido,
transigir, desistir, renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação, receber, dar
quitação, firmar compromisso e assinar declaração de hipossuficiência econômica,
que devem constar de cláusula específica.

§ 1º A procuração pode ser assinada digitalmente, na forma da lei.

§ 2º A procuração deverá conter o nome do advogado, seu número de inscrição na


Ordem dos Advogados do Brasil e endereço completo.

§ 3º Se o outorgado integrar sociedade de advogados, a procuração também deverá


conter o nome dessa, seu número de registro na Ordem dos Advogados do Brasil e
endereço completo.

§ 4º Salvo disposição expressa em sentido contrário constante do próprio


instrumento, a procuração outorgada na fase de conhecimento é eficaz para todas as
fases do processo, inclusive para o cumprimento de sentença.

Se a parte quiser transferir esses poderes ao advogado ela deverá fazer uma procuração com
poderes gerais ou específicos para o ato.
§ 1º A procuração pode ser assinada pela parte de forma digital, através de um token
§ 2º é necessário que a procuração possua dados do advogado ( endereço, nome e numero de
registro da OAB)
§ 3º Caso o advogado seja de sociedade, a procuração devera integrar a mesma.
§ 4º Procuração na fase de conhecimento é eficaz para todas as fases do processo, ao menos
que o mandado do advogado acabe e entre outros.
Art. 106. Quando postular em causa própria, incumbe ao advogado:

I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço, seu número de inscrição


na Ordem dos Advogados do Brasil e o nome da sociedade de advogados da qual
participa, para o recebimento de intimações;

II - comunicar ao juízo qualquer mudança de endereço.

§ 1º Se o advogado descumprir o disposto no inciso I, o juiz ordenará que se supra a


omissão, no prazo de 5 (cinco) dias, antes de determinar a citação do réu, sob pena de
indeferimento da petição.

§ 2º Se o advogado infringir o previsto no inciso II, serão consideradas válidas as


intimações enviadas por carta registrada ou meio eletrônico ao endereço constante
dos autos.

Nos casos em que a decisão recorrida em sede de recurso especial não contrariar tratado ou lei
federal, nem der a lei federal interpretação divergente da que Ihe foi dada por outro tribunal, o
recurso especial será julgado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) nos termos do seu
regimento interno. Isso significa que, quando a decisão recorrida estiver de acordo com as
normas federais e com a interpretação dada pelo STJ ou por outro tribunal, o recurso especial
será analisado pelo STJ de acordo com as suas próprias normas internas de julgamento. Dessa
forma, o STJ possui autonomia para estabelecer seus procedimentos e regras processuais para
julgar os recursos especiais que lhe são apresentados, desde que as normas do CPC e as
disposições constitucionais. Cabe ressaltar que o STJ é o tribunal responsável por uniformizar
a interpretação do direito federal no Brasil, e a análise de recursos especiais é uma das suas
principais atribuições. Por isso, é importante que os recursos sejam julgados de forma célere e
com base em critérios claros e objetivos. Em síntese, o artigo 106 do CPC estabelece as regras
para o julgamento de recursos especiais pelo STJ, quando a decisão recorrida estiver em
conformidade com as normas e a jurisprudência do tribunal. Essa disposição é fundamental
para garantir a uniformidade da interpretação do direito federal e a efetividade da Justiça
brasileira.
Art. 107. O advogado tem direito a:

I - examinar, em cartório de fórum e secretaria de tribunal, mesmo sem procuração,


autos de qualquer processo, independentemente da fase de tramitação, assegurados a
obtenção de cópias e o registro de anotações, salvo na hipótese de segredo de justiça,
nas quais apenas o advogado constituído terá acesso aos autos;

II - requerer, como procurador, vista dos autos de qualquer processo, pelo prazo de 5
(cinco) dias;

III - retirar os autos do cartório ou da secretaria, pelo prazo legal, sempre que neles
lhe couber falar por determinação do juiz, nos casos previstos em lei.

§ 1º Ao receber os autos, o advogado assinará carga em livro ou documento próprio.

§ 2º Sendo o prazo comum às partes, os procuradores poderão retirar os autos


somente em conjunto ou mediante prévio ajuste, por petição nos autos.

§ 3º Na hipótese do § 2º, é lícito ao procurador retirar os autos para obtenção de


cópias, pelo prazo de 2 (duas) a 6 (seis) horas, independentemente de ajuste e sem
prejuízo da continuidade do prazo.

§ 4º O procurador perderá no mesmo processo o direito a que se refere o § 3º se não


devolver os autos tempestivamente, salvo se o prazo for prorrogado pelo juiz.

§ 5º O disposto no inciso I do caput deste artigo aplica-se integralmente a processos


eletrônicos. (Incluído pela Lei nº 13.793, de 2019)

O artigo trata da admissibilidade do recurso extraordinário, que é o recurso cabível para as


questões constitucionais. Esse dispositivo estabelece que o recurso extraordinário será
admitido quando a decisão recorrida contrariar dispositivo da Constituição Federal, declarar a
inconstitucionalidade de tratado ou lei federal, ou quando houver contrariedade a súmula
vinculante do Supremo Tribunal Federal (STF). Ou seja, o recurso extraordinário tem como
objetivo garantir a observância da Constituição Federal e dos princípios fundamentais do
ordenamento jurídico brasileiro, bem como assegurar a uniformidade da interpretação das
normas constitucionais em todo o país. Cabe destacar que a admissibilidade do recurso
extraordinário está sujeita a alguns requisitos, como a demonstração de que a questão
constitucional foi devidamente discutida no processo e de que a decisão recorrida apresenta
violação à Constituição, tratado ou lei federal ou contrariedade à súmula vinculante do STF.
Além disso, o recurso extraordinário deve ser interposto dentro do prazo legal e com base em
fundamentação jurídica consistente, sob pena de ser considerado inadmissível pelo STF. O
STF é o órgão responsável por julgar os recursos extraordinários, sendo a última instância
recursal para as questões constitucionais no Brasil. Por isso, é importante que as decisões dos
tribunais de segunda instância estejam em consonância instância recursal para as questões
constitucionais no Brasil. Por isso, é importante que as decisões dos tribunais de segunda
instância estejam em consonância com a jurisprudência do STF, a fim de evitar que sejam
interpostos recursos extraordinários com fundamentos frágeis ou que não sejam relevantes
para a interpretação da Constituição. Em resumo, o artigo 107 do CPC é fundamental para
garantir a observância da Constituição Federal e a uniformidade da interpretação das normas
constitucionais em todo o país, por meio do recurso extraordinário e da atuação do STF como
órgão responsável pela interpretação da Constituição e das leis federais.

Art. 108. No curso do processo, somente é lícita a sucessão voluntária das partes nos
casos expressos em lei.

O artigo estabelece que cabe ao recorrente, no prazo de 15 dias, contados da publicação da


decisão recorrida, comprovar o prequestionamento das questões que pretende ver apreciadas
pelo tribunal superior, sob pena de não conhecimento do recurso.
O prequestionamento é o requisito necessário para que se possa interpor recurso especial ou
extraordinário. Significa que a questão que se pretende ver apreciada pelo tribunal superior
deve ter sido discutida e decidida pela instância inferior, de modo que a decisão recorrida
contenha uma resposta explícita ou implícita sobre a matéria. Dessa forma, o artigo 108 do
CPC estabelece que cabe ao recorrente demonstrar que as questões que pretende ver
apreciadas pelo tribunal superior foram devidamente pré-questionadas, ou seja, que foram
discutidas e decididas pela instância inferior. Cabe destacar que o prequestionamento é um
requisito fundamental para a admissibilidade dos recursos especial e extraordinário, uma vez
que esses recursos têm por objetivo assegurar a uniformidade da interpretação do direito
federal e da Constituição Federal, respectivamente. Sem o prequestionamento, não é possível
verificar se a questão em debate foi devidamente decidida pela instância inferior, o que
inviabiliza o julgamento do recurso pelos tribunais superiores.
Ademais, o artigo 108 do CPC estabelece que a comprovação do prequestionamento deve ser
realizada por meio de indicação de tribunais superiores. Ademais, o artigo 108 do CPC
estabelece que a comprovação do prequestionamento deve ser realizada por meio de indicação
de dispositivo de lei ou da Constituição Federal que tenha sido violado, além de transcrição
do trecho da decisão recorrida que tenha enfrentado a questão.
Em suma, o artigo 108 do CPC é fundamental para garantir que os recursos especial e
extraordinário sejam interpostos com base em questões devidamente pré-questionadas, o que
viabiliza o seu julgamento pelos tribunais superiores e contribui para a uniformidade da
interpretação do direito no Brasil.
Art. 109. A alienação da coisa ou do direito litigioso por ato entre vivos, a título
particular, não altera a legitimidade das partes.

§ 1º O adquirente ou cessionário não poderá ingressar em juízo, sucedendo o


alienante ou cedente, sem que o consinta a parte contrária.

§ 2º O adquirente ou cessionário poderá intervir no processo como assistente


litisconsorcial do alienante ou cedente.

§ 3º Estendem-se os efeitos da sentença proferida entre as partes originárias ao


adquirente ou cessionário.

O artigo 109 do Código de Processo Civil trata da competência dos juízes federais e estaduais
para o julgamento de determinadas causas. Esse dispositivo estabelece que a competência dos
juízes federais será determinada pela natureza da causa, pela qualidade das partes e pela
quantidade de dinheiro envolvida. De acordo com o artigo 109, inciso l, do CPC, as causas em
que a União, autarquias e empresas públicas federais forem partes serão julgadas pela Justiça
Federal. Já as causas em que a União figurar como assistente ou opoente serão processadas e
julgadas na mesma vara em que tramita a ação principal.
O inciso II do artigo 109 do CPC estabelece que as causas em que a parte autora for pessoa
física residente ou domiciliada no exterior serão processadas e julgadas na Justiça Federal da
região onde estiver situada a sua sucursal, agência ou filial. O inciso Ill, por sua vez,
estabelece que as causas em que a parte autora for pessoa jurídica com sede em outro país
serão processadas e julgadas na Justiça Federal da região onde estiver situada a sucursal,
agência ou filial responsável pela causa. Por fim, o inciso IV do artigo 109 do CPC estabelece
que as causas que envolvam a interpretação de tratados e de normas federais serão
processadas e julgadas pela Justiça Federal. O objetivo do artigo 109 do CPC é estabelecer
critérios objetivos para a determinação da competência dos juízes determinação da
competência dos juízes federais e estaduais, a fim de garantir a uniformidade na aplicação do
direito e evitar conflitos de jurisdição. Cabe destacar que, em caso de dúvida sobre a
competência, é possível ajuizar ação no foro que se entender competente e, posteriormente,
suscitar conflito de competência para que o tribunal competente decida sobre o assunto. Em
resumo, o artigo 109 do CPC é fundamental para estabelecer a competência dos juízes
federais e estaduais no julgamento de determinadas causas, contribuindo para a uniformidade
na aplicação do direito e a resolução de conflitos de jurisdição.

Art. 110. Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a sucessão pelo seu
espólio ou pelos seus sucessores, observado o disposto no art. 313, §§ 1º e 2º .
Quando ocorre a morte de uma das partes esse processo é imediatamente suspenso até que as
partes providenciem a devida habilitação no processo, pode acontecer de duas formas,
primeiro pelo espólio quando já é aberto o inventário. O juíz nomeia o inventariante e com
essa decisão de nomeação, habilita-se o inventariante dentro desse processo. Na ausência de
bem os próprios sucessores poderão se habilitar no processo.
Espólio: É o conjunto de bens que integram o patrimônio deixado pelo de cujos, e que serão
partilhados no inventário, entre os herdeiros ou legatárias.

Art. 111. A parte que revogar o mandato outorgado a seu advogado constituirá, no
mesmo ato, outro que assuma o patrocínio da causa.

Parágrafo único. Não sendo constituído novo procurador no prazo de 15 (quinze)


dias, observar-se-á o disposto no art. 76 .

Quem está revogando o mandado/procuração é a parte, só pode revogar quem concedeu. Não
precisa ter uma justificativa, uma fundamentação. Se quiser transferir o poder para outro
advogado, ele pode, notificando o advogado revogando os poderes anteriormente conferidos.
Após a notificação anexe a nova procuração e a notificação devidamente, revogando os
poderes do advogado anterior.

Art. 112. O advogado poderá renunciar ao mandato a qualquer tempo, provando, na


forma prevista neste Código, que comunicou a renúncia ao mandante, a fim de que
este nomeie sucessor.

§ 1º Durante os 10 (dez) dias seguintes, o advogado continuará a representar o


mandante, desde que necessário para lhe evitar prejuízo

§ 2º Dispensa-se a comunicação referida no caput quando a procuração tiver sido


outorgada a vários advogados e a parte continuar representada por outro, apesar da
renúncia.

O advogado pode renunciar sem justificativa, sem justo motivo os poderes que foram
anteriormente conferidos a ele. Comunicando a renúncia, não querendo patrocinar a causa.
Mas existem algumas regras que precisam ser resolvidas quando ele renuncia. O advogado
ficará responsável pelos próximos 10 dias úteis representando o mandante. A segunda regra é
que dispensará a comunicação ao cliente caso ter vários advogados defendendo seus
interesses dentro desses processos e quando acontecer a renúncia.

Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa
ou passivamente, quando:

I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide;

II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir;

III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito.

§ 1º O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes


na fase de conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução, quando este
comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da
sentença.

§ 2º O requerimento de limitação interrompe o prazo para manifestação ou resposta,


que recomeçará da intimação da decisão que o solucionar.

As razões que justificam o litisconsórcio são: existir comunhão de direitos ou obrigações


relativamente à lide, conexão pelo pedido ou pela causa de pedir, ou ocorrer afinidade de
questão por ponto comum de fato de direito. Como mencionado, em função de
particularidades de cada caso, a existência ato litisconsórcio poderá ser obrigatória ou
facultativa. resumindo, o litisconsórcio ocorre de maneiras e em períodos diferentes, diante
das particularidades de cada processo e cada relação jurídica, sendo possível defini-lo apenas
diante do caso concreto.
A limitação do litisconsórcio facultativo pelo juiz, só será possível quando o litisconsórcio
não for unitário.

Art. 114. O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, pela
natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da
citação de todos que devam ser litisconsortes.

Aquele no qual o pedido será enfrentado de maneira idêntica para todos os envolvidos, sem
alteração. Porém dependerá da citação de todos.
Art. 115. A sentença de mérito, quando proferida sem a integração do contraditório,
será:

I - nula, se a decisão deveria ser uniforme em relação a todos que deveriam ter
integrado o processo;

II - ineficaz, nos outros casos, apenas para os que não foram citados.

Parágrafo único. Nos casos de litisconsórcio passivo necessário, o juiz determinará ao


autor que requeira a citação de todos que devam ser litisconsortes, dentro do prazo
que assinar, sob pena de extinção do processo.

O litisconsórcio era necessário e a decisão fragmentou, não poderia fazê-la a decisão. Tem
que ser idêntica para todos os envolvidos no litisconsórcio. Neste caso a decisão é inválida.
Caso for ineficaz, não vai prejudicar o litisconsórcio passivo não citado sob pena de sentença
sem resolução do mérito. Não há o fim normal do processo.

Art. 116. O litisconsórcio será unitário quando, pela natureza da relação jurídica, o
juiz tiver de decidir o mérito de modo uniforme para todos os litisconsortes.

Os litisconsórcios unitários serão tratados como se fossem uma parte só. Chegarão todos ao
mesmo resultado. Como por exemplo anulação de casamento.

Art. 117. Os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa,
como litigantes distintos, exceto no litisconsórcio unitário, caso em que os atos e as
omissões de um não prejudicarão os outros, mas os poderão beneficiar.

Com a parte adversa os litisconsortes serão considerados como litigantes distintos com
exceção no litisconsórcio unitário, pois nada prejudicará os outros como omissões ou atos,
mas poderão beneficiar.
Art. 118. Cada litisconsorte tem o direito de promover o andamento do processo, e
todos devem ser intimados dos respectivos atos.

Cada um tem o direito de movimentar o processo, mesmo que algum autor ou autores não
estejam mais interessados em que o processo vá adiante. Todos os litisconsortes deverão ser
informados sobre tudo que acontece no processo para que a partir dessa informação a parte
possa se manifestar e influenciar na decisão do juíz. Todas as partes ainda que aja
litisconsórcio tem o direito de decorrer a uma garantia fundamental previsto na constituição
que é o contraditório de ser intimados a respeito de tudo que acontece no processo e em cada
uma das fases processuais.

Art. 119. Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente
interessado em que a sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo
para assisti-la.

Parágrafo único. A assistência será admitida em qualquer procedimento e em todos


os graus de jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado em que se
encontre.

Terceiro para o processo: não faz parte da relação jurídica processual mas podem ser
atingidos pela decisão judicial e essa possibilidade permite que essas pessoas intervinham no
processo.
Ele quer auxiliar a parte a vencer aquela demanda. O terceiro tem que demonstrar interesse
jurídico, vai existir quando esse terceiro é afetado, sofrer algum feito jurídico. E não se deve
uma nova lide. Ele ficará como a assistência de uma das partes já existentes. É admissível em
qualquer procedimento. Porém há possibilidades de que a lei estabeleça exceções a essa regra
geral.
O assistente recebe o processo como está. Os atos processuais praticados anteriormente vão
ser considerados válidos, não vão precisar serem refeitos, praticados novamente só porque o
assistente ingressou aquele momento.

Art. 120. Não havendo impugnação no prazo de 15 (quinze) dias, o pedido do


assistente será deferido, salvo se for caso de rejeição liminar.

Parágrafo único. Se qualquer parte alegar que falta ao requerente interesse jurídico
para intervir, o juiz decidirá o incidente, sem suspensão do processo.
Sempre que um terceiro toma conhecimento da existência de uma demanda e ele tem o
interesse jurídico no que está sendo discutido, ele pode pedir seu ingresso por meio de
petição. Ele faz o requerimento e nesse requerimento precisa justificar o seu interesse jurídico,
já que é por meio dele que acontece a admissão desse terceiro como assistente, demonstrando
ao juíz, e se for necessário precisará de provas.
As partes vão ter a oportunidade de impugnar o pedido de ingresso do assistente. O juíz
precisa intimar as partes para que elas tomem conhecimento daquilo e se manifestem sobre
aquele pedido. Elas poderam impugnar esse pedido de ingresso desse terceiro na qualidade de
assistente, conferindo as partes a oportunidade de exercer o contraditório.
Exceção: Se o juíz percebe logo de cara que aquele pedido de ingresso daquele terceiro não
tem motivo nenhum, não houve comprovação ou por que os argumentos são absurdos, o juiz
pode fazer uma rejeição liminar do pedido de assistência ou mesmo a vedação expressa. Uma
vez que aja a impugnação ao pedido de ingresso, o juíz vai precisar decidir esse incidente
processual causado e vai poder permitir que aja produção de provas a demonstrar a existência
ou a inexistência de interesses jurídicos. Tudo isso acontecerá sem a suspensão do processo.
Ele segue adiante mesmo com a discussão sobre o ingresso do assistente.

Art. 121. O assistente simples atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os
mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido.

Parágrafo único. Sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido, o
assistente será considerado seu substituto processual.

O assistente simples não é mera testemunha ou espectador do processo: ele é um participante


ativo, com direitos e deveres próprios, que presta auxílio à parte principal e busca contribuir
para o desfecho favorável da ação.
Em certas situações, se a parte principal (assistido) não comparecer ao processo ou não
exercer seus direitos e obrigações processuais, o assistente pode ser considerado seu
representante legal e tomar todas as medidas necessárias para defender seus interesses.

Art. 122. A assistência simples não obsta a que a parte principal reconheça a
procedência do pedido, desista da ação, renuncie ao direito sobre o que se funda a
ação ou transija sobre direitos controvertidos.
A assistência simples não impede que a parte principal tome decisões sobre o processo, desde
que essas decisões não afetem diretamente a situação da parte que está prestando assistência.

Art. 123. Transitada em julgado a sentença no processo em que interveio o assistente,


este não poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e
provar que:

I - pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos do


assistido, foi impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença;

II - desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais o assistido, por dolo


ou culpa, não se valeu.

Quando a sentença final do processo é proferida pelo juiz e não há mais possibilidade de
recursos, o assistente não pode discutir novamente a justiça da decisão em um processo
posterior.
Se o assistente tinha informações ou provas importantes para o caso, mas não pôde apresentá-
las por algum motivo, ele pode pedir uma nova oportunidade para fazê-lo em um outro
processo.
O assistente se desconhecia essas informações ou provas em função da conduta do assistido,
não deve ser prejudicado por isso e pode ter o direito de discutir novamente a decisão em um
novo processo.

Art. 124. Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente sempre que a


sentença influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido.

Nos casos em que a sentença do processo tiver impacto na relação jurídica entre o assistente e
o adversário do assistido, o assistente será considerado um litisconsorte, ou seja, uma parte
que atua conjuntamente com a parte principal no processo.
Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes:

I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao


denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam;

II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação
regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo.

§ 1º O direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a denunciação da


lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida.

§ 2º Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado, contra


seu antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável por indenizá-
lo, não podendo o denunciado sucessivo promover nova denunciação, hipótese em
que eventual direito de regresso será exercido por ação autônoma.

Qualquer uma das partes envolvidas em um processo judicial pode propor a denunciação da
lide (instituto processual que permite que uma das partes possa chamar outra pessoa para
participar da ação na qualidade de denunciado com base em uma relação jurídica prévia que
possa influenciar o resultado final do processo).
No contexto da denunciação da lide em um processo judicial, o alienante imediato (vendedor
direto) tem o direito de participar do processo e exercer seus direitos decorrentes de evicção.
A evicção ocorre quando o comprador ou possuidor de um bem perde a posse ou a
propriedade do mesmo em decorrência de uma decisão judicial que reconhece a legitimidade
de um terceiro em relação àquele bem.
A pessoa que tem a obrigação legal ou contratual de compensar financeiramente outra pessoa
caso ela seja condenada em um processo pode mover uma ação regressiva (forma de transferir
a responsabilidade) para buscar ressarcimento pelo prejuízo causado.
Caso a denunciação da lide seja negada, não seja realizada ou não seja permitida, o direito
regressivo (direito de uma pessoa buscar ressarcimento de prejuízos sofridos através de outra
pessoa) pode ser exercido por meio de uma ação autônoma (ação judicial separada).
O denunciado não poderá chamar outro terceiro e repetir o processo de denunciação, caso essa
primeira tentativa seja negada. Se houver direito de regresso (direito de buscar ressarcimento
de prejuízos) contra outra pessoa que não pôde ser chamada na primeira denunciação, será
necessário mover outra ação judicial separada.
Art. 126. A citação do denunciado será requerida na petição inicial, se o denunciante
for autor, ou na contestação, se o denunciante for réu, devendo ser realizada na
forma e nos prazos previstos no art. 131 .

A citação (comunicação oficial do processo judicial) do denunciado será solicitada na petição


inicial se o denunciante for o autor (quem está iniciando a ação), ou na contestação se o
denunciante for o réu (quem está defendendo a ação). A citação deve seguir os prazos e
formas previstos no artigo 131 do Código de Processo Civil. O artigo 131 trata sobre a citação
por correio, carta com aviso de recebimento e citação por oficial de justiça.

Art. 127. Feita a denunciação pelo autor, o denunciado poderá assumir a posição de
litisconsorte do denunciante e acrescentar novos argumentos à petição inicial,
procedendo-se em seguida à citação do réu.

Depois que o autor faz uma denúncia, o denunciado tem a opção de assumir a posição de
litisconsorte (de um segundo autor) e adicionar novos argumentos à petição inicial. Depois
disso, o réu é citado para se defender contra as acusações.

Art. 128. Feita a denunciação pelo réu:

I - se o denunciado contestar o pedido formulado pelo autor, o processo prosseguirá


tendo, na ação principal, em litisconsórcio, denunciante e denunciado;

II - se o denunciado for revel, o denunciante pode deixar de prosseguir com sua


defesa, eventualmente oferecida, e abster-se de recorrer, restringindo sua atuação à
ação regressiva;

III - se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor na ação principal, o


denunciante poderá prosseguir com sua defesa ou, aderindo a tal reconhecimento,
pedir apenas a procedência da ação de regresso.

Parágrafo único. Procedente o pedido da ação principal, pode o autor, se for o caso,
requerer o cumprimento da sentença também contra o denunciado, nos limites da
condenação deste na ação regressiva.

A denunciação é uma forma do réu se defender no processo.


Caso o denunciado conteste o pedido do autor do processo, o litígio será resolvido, em última
instância, pela sentença do juiz, que deverá levar em consideração os argumentos tanto do
autor quanto do denunciado. O denunciante e o denunciado atuarão em conjunto para
defender seu posicionamento, visto que os seus interesses estão em consonância no processo.
Se o denunciado (aquele que foi apontado pelo denunciante como responsável no caso) não
comparecer ou não apresentar defesa durante o processo (revel), o denunciante pode optar por
desistir de prosseguir com sua própria defesa e não recorrer, se concentrando apenas em uma
outra possibilidade de ação, chamada de ação regressiva.
Se o denunciado admitir que é responsável pelos prejuízos alegados, então o denunciante
pode escolher se quer prosseguir com sua própria defesa ou se prefere aderir ao
reconhecimento do denunciado e pedir apenas a procedência da ação de regresso.
Se for decidido que o autor tem direito àquilo que está pedindo no processo, o mesmo poderá
requerer o cumprimento da sentença também contra o denunciado, desde que o denunciado
tenha sido condenado na ação regressiva.

Art. 129. Se o denunciante for vencido na ação principal, o juiz passará ao


julgamento da denunciação da lide.

Parágrafo único. Se o denunciante for vencedor, a ação de denunciação não terá o


seu pedido examinado, sem prejuízo da condenação do denunciante ao pagamento
das verbas de sucumbência em favor do denunciado.

Em um processo judicial, se uma pessoa (o denunciante) faz uma denúncia contra outra
pessoa (denunciado) e essa denúncia é julgada improcedente pelo juiz, o juiz então passará a
julgar a própria denunciação da lide. Portanto, se o denunciante não teve sucesso na sua
denúncia inicial, o juiz passará a analisar a denunciação da lide e decidir se o terceiro
chamado pelo denunciante deve ou não ser responsabilizado.
Isso significa que, se o denunciante for vencedor no processo principal, a ação de denunciação
não será analisada. No entanto, o denunciante será obrigado a arcar com as custas do processo
e ainda pagar as verbas de sucumbências para o denunciado - isto é, os honorários
advocatícios e custas processuais da parte que foi denunciada

Art. 130. É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu:

I - do afiançado, na ação em que o fiador for réu;

II - dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles;

III - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o


pagamento da dívida comum.
É juridicamente aceitável que o réu, em sua defesa, solicite que outro terceiro que também
possa ser responsabilizado pelo cumprimento da obrigação seja incluído no processo como
parte integrante.
A ação será proposta contra o fiador, que é o réu, mas o afiançado também será chamado a
participar do processo na qualidade de litisconsorte (como parte interessada no resultado da
ação).
Em uma situação em que há vários fiadores solidários em relação a uma obrigação comum, se
o credor mover uma ação judicial contra um ou alguns dos fiadores, os demais também serão
afetados pela decisão do juiz.
Em uma situação em que há vários devedores solidários em relação a uma dívida conjunta, o
credor tem o direito de exigir o pagamento da dívida total de qualquer um ou de alguns desses
devedores.

Art. 131. A citação daqueles que devam figurar em litisconsórcio passivo será
requerida pelo réu na contestação e deve ser promovida no prazo de 30 (trinta) dias,
sob pena de ficar sem efeito o chamamento.

Parágrafo único. Se o chamado residir em outra comarca, seção ou subseção


judiciárias, ou em lugar incerto, o prazo será de 2 (dois) meses.

Se existe mais de uma pessoa ou empresa que possa ser acionada no mesmo processo judicial,
e uma delas já foi acionada como réu, é obrigação desse réu indicar os outros possíveis
litisconsortes (ou seja, os demais réus) na sua contestação (resposta ao processo). Se ele não
fizer isso, não poderá mais acioná-los posteriormente e perderá a chance de fazer isso. O
prazo para isso é de 30 dias. Se ele deixar passar esse prazo, não poderá mais chamar os
outros possíveis réus para o processo.
Caso a pessoa que foi convocada para um processo judicial esteja morando em uma área
diferente da comarca, seção ou subseção da justiça ou em um lugar desconhecido, ela terá um
prazo de dois meses para responder à convocação. Esse prazo é válido para todas as
notificações, citações ou intimações que a pessoa receba durante esse processo judicial.

Art. 132. A sentença de procedência valerá como título executivo em favor do réu que
satisfizer a dívida, a fim de que possa exigi-la, por inteiro, do devedor principal, ou,
de cada um dos codevedores, a sua quota, na proporção que lhes tocar.
Esse artigo mostra que na hipótese de fiança, em caso de procedência do pedido, fiador e
afiançado serão condenados. Na fase de cumprimento de sentença, o fiador poderá́ exercer o
benefício de ordem. Se não tiver o benefício, por ter renunciado, ou se não puder exercê-lo,
por não conseguir indicar bens do afiançado, e satisfizer a dívida, sub-rogar-se-á nos direitos
do credor, e, valendo-se da mesma sentença de procedência, executará o afiançado, para
reaver integralmente o que pagou. No caso da solidariedade, acolhida a pretensão, todos os
devedores serão condenados, e aquele que pagar integralmente o débito sub-rogar-se-á nos
direitos do credor e, com fulcro na mesma sentença condenatória, executará os demais, para
reaver as respectivas quotas.

Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a


pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo.

§ 1º O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os


pressupostos previstos em lei.

§ 2º Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da


personalidade jurídica.

De acordo com o que estabelecem o caput e o § 1o do art. 133, o incidente obrigatório para
deliberação acerca do requerimento de desconsideração será instaurado desde que requerido
pelos legitimados, ou seja, o credor ou o Ministério Público (nas hipóteses em que atuar como
guardião da ordem jurídica), desde que preenchidos os requisitos previstos em lei. Além da
desconsideração tradicional, também é possível que ocorra de maneira inversa ou invertida,
isto é, a dívida é do sócio e responsabiliza-se a empresa.
Art. 134. O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de
conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título
executivo extrajudicial.

§ 1º A instauração do incidente será imediatamente comunicada ao distribuidor para


as anotações devidas.

§ 2º Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da personalidade


jurídica for requerida na petição inicial, hipótese em que será citado o sócio ou a
pessoa jurídica.

§ 3º A instauração do incidente suspenderá o processo, salvo na hipótese do § 2º.

§ 4º O requerimento deve demonstrar o preenchimento dos pressupostos legais


específicos para desconsideração da personalidade jurídica.

Caso seja requerida na inicial, não será instaurado o incidente de desconsideração, visto que
além do próprio pedido, o autor requererá também a desconsideração, sendo citados: o réu
para contestar o pedido e o responsável que, além do pedido, também contestará o
requerimento será então, na contestação que o responsável poderá se defender contra a
desconsideração, sendo, portanto, desnecessário o incidente, e não suspendendo o processo. A
decisão acerca da desconsideração, nesse caso, ocorrerá na sentença, quando também o juiz
julgará o pedido formulado pelo autor, cabendo dessa decisão apelação.

Art. 135. Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para
manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias.

O responsável patrimonial secundário terá o prazo de 15 (quinze) dias úteis para manifestar-se
e, conforme o caso, será determinada a instrução, por meio de perícia ou oitiva de
testemunhas ou depoimento pessoal em audiência a ser designada. Havendo ou não instrução,
o juiz decidirá se acata ou não o requerimento de desconsideração.
Art. 136. Concluída a instrução, se necessária, o incidente será resolvido por decisão
interlocutória.

Parágrafo único. Se a decisão for proferida pelo relator, cabe agravo interno.

Além da decisão que julgar o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, também


será́ agravável qualquer decisão interlocutória proferida durante o procedimento do incidente,
até mesmo aquela relacionada à prova, pois haverá preclusão na eventualidade de não ser
interposto o agravo de instrumento.

Art. 137. Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração de bens,


havida em fraude de execução, será ineficaz em relação ao requerente.

Significa dizer que, se estou comprando um bem imóvel do sócio, devo apenas me precaver
com relação a esse sócio e não há necessidade de se investigar se o alienante pertence ao
quadro societário de alguma pessoa jurídica para depois pesquisar se essa pessoa jurídica é ré
em alguma demanda. A ideia de imputar ao responsável a possibilidade de decretação da
fraude de execução no caso de alienação ou oneração de bens após a instauração é
perfeitamente possível.
Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade
do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por
decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda
manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica,
órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15
(quinze) dias de sua intimação.

§ 1º A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem


autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de
declaração e a hipótese do § 3º.

§ 2º Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a intervenção,


definir os poderes do amicus curiae .

§ 3º O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de


demandas repetitivas.

Amicus curiae é uma manifestação com argumentos, dados e razões destinados ao juiz de um
processo, com o objetivo de auxiliá-lo em sua decisão. Um processo que poderá contar com a
participação de um amicus curiae quando trouxer matéria relevante, tiver tema muito
específico ou ainda grande repercussão social. O amicus curiae é um sujeito processual sem
ser uma parte. Seria, por isso, um terceiro distinto daqueles mais tradicionais do processo civil
brasileiro. A admissão dos amici se dará por decisão monocrática irrecorrível. É, portanto, do
âmbito da discricionariedade do juiz a análise sobre a pertinência ou não da participação
como amici, o que pode gerar insegurança e diminuir a sua capacidade de influenciar as
decisões.
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código,
incumbindo-lhe:

I - assegurar às partes igualdade de tratamento;

II - velar pela duração razoável do processo;

III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e indeferir


postulações meramente protelatórias;

IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-


rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive
nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária;

V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio


de conciliadores e mediadores judiciais;

VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova,


adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à
tutela do direito;

VII - exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força policial, além
da segurança interna dos fóruns e tribunais;

VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para


inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso;

IX - determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros


vícios processuais;

X - quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o


Ministério Público, a Defensoria Pública e, na medida do possível, outros legitimados
a que se referem o art. 5º da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985 , e o art. 82 da Lei nº
8.078, de 11 de setembro de 1990 , para, se for o caso, promover a propositura da
ação coletiva respectiva.

Parágrafo único. A dilação de prazos prevista no inciso VI somente pode ser


determinada antes de encerrado o prazo regular.

A direção do processo é atividade que incumbe ao juiz e está atrelada ao princípio do impulso
oficial previsto no art. 2, o que exige instrumentalizá-lo com múltiplos poderes-deveres sem
os quais não seria possível o exercício da função jurisdicional da qual está investido, boa parte
desses poderes-deveres está catalogada no dispositivo legal objeto destes comentá- rios, mas
não se pode olvidar que o juiz também deve pautar sua atuação no paradigma de processo
judicial definido pela Constituição Federal, que compreende um conjunto de princípios
fundamentais indutores do devido processo legal, dentre os quais se acham a igualdade, a
inafastabilidade de jurisdição. Não menos relevante é ressaltar que a nova codificação optou
por não especificar, no art. 139, quais são as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou
sub-rogatórias passíveis de determinação pelo juiz, mesmo porque nenhum elenco legal seria
capaz de exauri-las. Ademais, o que verdadeiramente importa é que essas providências sejam
adequadas para a concretização do comando judicial, proporcionais à finalidade por ele
perseguida, não excedam o estritamente necessário para a tutela do direito a ser efetivado e
produzam o menor gravame possível ao sujeito que experimentá-las.

Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do
ordenamento jurídico.

Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.

Um dos atributos da jurisdição é a indeclinabilidade, que impõe ao juiz o dever de prestá-lá


sempre que for ajuizada alguma ação individual ou coletiva, não se admitindo a recusa de
julgamento mesmo na hipótese de lacuna ou de obscuridade do ordenamento jurídico,
surgindo a necessidade de colmatar omissões normativas constatadas no ordenamento legal, o
juiz deve lançar mão da analogia, aplicando ao caso concreto a norma reguladora de uma
situação jurídica distinta, mas que com ele guarda importantes semelhanças.

Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe
vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da
parte.

Ao proibir que o juiz conheça de questões que, em virtude de lei, só podem ser suscitadas por
iniciativa da parte, o art. 141 reforça o poder-dever do magistrado de se pronunciar de ofício
acerca das matérias de ordem pública com as quais se deparar, a exemplo os incisos do
art.337.
Art. 142. Convencendo-se, pelas circunstâncias, de que autor e réu se serviram do
processo para praticar ato simulado ou conseguir fim vedado por lei, o juiz proferirá
decisão que impeça os objetivos das partes, aplicando, de ofício, as penalidades da
litigância de má-fé.

Processo judicial é um instrumento legal concebido pelo Estado com o objetivo de contribuir
para a manutenção da ordem pública e para a pacificação social, o que promove operando
incisiva- mente sobre situações jurídicas problemáticas ou conflituosas envolvendo quaisquer
direitos lesados ou ameaçados de lesão submetidos à apreciação do Poder Judiciário, sejam
eles meramente individuais, individuais homogêneos, coletivos ou difusos. Caso o juiz não
consiga inibir as práticas ilícitas previstas no art. 142 e se opere o trânsito em julgado da
decisão de mérito ou daquela que impeça a nova propositura da ação ou a admissibilidade do
recurso correspondente, os respectivos legitimados podem se valer da ação rescisória no prazo
de dois anos, com apoio no inc. III do art. 966, o que não impede o cumprimento da decisão
rescindenda, ressalvada a concessão de tutela provisória.

Art. 143. O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando:
(Vide ADPF 774)

I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude;

II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de
ofício ou a requerimento da parte.

Parágrafo único. As hipóteses previstas no inciso II somente serão verificadas depois


que a parte requerer ao juiz que determine a providência e o requerimento não for
apreciado no prazo de 10 (dez) dias.

No caso das normas, deve exigir a comprovação de dolo, fraude ou culpa do magistrado. A
irregular atuação do juiz pode possibilitar responsabilidade criminal, administrativa. As
hipóteses podem dar justificativa a responsabilidade civil.
Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no
processo:

I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como
membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha;

II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão;

III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro
do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;

IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou


parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau,
inclusive;

V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica


parte no processo;

VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das


partes;

VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de
emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços;

VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge,
companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o
terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório;

IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado.

§ 1º Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor


público, o advogado ou o membro do Ministério Público já integrava o processo
antes do início da atividade judicante do juiz.

§ 2º É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento do


juiz.

§ 3º O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de mandato


conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado
que individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha
diretamente no processo.

Os impedimentos é uma presunção absoluta de imparcialidade o exercício da jurisdição


contenciosa ou voluntária, podendo ser submetido no processo a qualquer tempo, e também
na coisa julgada. A ampliação no inciso III fez hipóteses de impedimento ao fazer referências
ao Defensor Público e ao membro do Ministério Público ao seu cônjuge, referente ao grau
parentesco, passou a ser o mesmo até o terceiro grau.
A hipótese no inciso VI no CPC:1973 era tratada como causa de suspeição, teve mudança
pois dificilmente a condição do magistrado não exercerá influência na condução do processo.
O inciso VII se refere ao magistrado, também professor. Nesse caso o juiz é impedido de
atuar nos processos como parte de instituição de ensino ao qual ele se encontra vinculado.
O inciso VIII trata do impedimento que a parte esteja sendo favorecida por advogado de outro
escritório. Os incisos 1 e 2 impedem a criação de hipóteses de impedimento com a finalidade
de violar o princípio do juiz natural.

Art. 145. Há suspeição do juiz:

I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados;

II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois
de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa
ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio;

III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou
companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive;

IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes.

§ 1º Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade de
declarar suas razões.

§ 2º Será ilegítima a alegação de suspeição quando:

I - houver sido provocada por quem a alega;

II - a parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta aceitação do
arguido.

A amizade com uma das partes com o seu advogado não se torna suspeito pelo fato da norma
se referir a amizade intima. Por aconselhamento, isso não ocorre quando o magistrado induz o
encerramento do processo na audiência de tentativa da conciliação. Em relação ao credor e
devedor não há necessidade de cobrança por ou contra o magistrado, para comprovar a
suspeição, através da existência da dívida. Afastando do processo por motivo de foro íntimo,
o magistrado não está obrigado a expor as razões da sua decisão.
Art. 146. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento do fato, a parte
alegará o impedimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do
processo, na qual indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com
documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas.

§ 1º Se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao receber a petição, o juiz


ordenará imediatamente a remessa dos autos a seu substituto legal, caso contrário,
determinará a autuação em apartado da petição e, no prazo de 15 (quinze) dias,
apresentará suas razões, acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se
houver, ordenando a remessa do incidente ao tribunal.

§ 2º Distribuído o incidente, o relator deverá declarar os seus efeitos, sendo que, se o


incidente for recebido:

I - sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr;

II - com efeito suspensivo, o processo permanecerá suspenso até o julgamento do


incidente.

§ 3º Enquanto não for declarado o efeito em que é recebido o incidente ou quando


este for recebido com efeito suspensivo, a tutela de urgência será requerida ao
substituto legal.

§ 4º Verificando que a alegação de impedimento ou de suspeição é improcedente, o


tribunal rejeitá-la-á.

§ 5º Acolhida a alegação, tratando-se de impedimento ou de manifesta suspeição, o


tribunal condenará o juiz nas custas e remeterá os autos ao seu substituto legal,
podendo o juiz recorrer da decisão.

§ 6º Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o tribunal fixará o momento a partir


do qual o juiz não poderia ter atuado.

§ 7º O tribunal decretará a nulidade dos atos do juiz, se praticados quando já


presente o motivo de impedimento ou de suspeição.

As exceções de impedimento e de suspeição tem a natureza jurídica de incidentes processuais.


Os incidentes instaurados após a arguição do impedimento ou da suspeição do magistrado não
são recebidos no efeito suspensivo, podendo o relator atribuir esse efeito. Se o incidente for
recebido com efeito suspensivo, o processo permanecerá suspensivo até o seu julgamento.
Verificando que a alegação de impedimento ou de suspeição é improcedente, o tribunal
rejeitá-la,
No inciso 6 determina que o tribunal, ao julgar o impedimento ou a suspeição, deve fixar o
momento a partir do qual o juiz não poderia ter atuado. No inciso 7 a ideia dos dispositivos é
garantir o aproveitamento dos atos realizados antes da perda de imparcialidade.
Art. 147. Quando 2 (dois) ou mais juízes forem parentes, consanguíneos ou afins, em
linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, o primeiro que conhecer do
processo impede que o outro nele atue, caso em que o segundo se escusará,
remetendo os autos ao seu substituto legal.

Quando há razões que possam comprometer a parcialidade do juiz, ele deve se declarar
suspeito.

Art. 148. Aplicam-se os motivos de impedimento e de suspeição:

I - ao membro do Ministério Público;

II - aos auxiliares da justiça;

III - aos demais sujeitos imparciais do processo.

§ 1º A parte interessada deverá arguir o impedimento ou a suspeição, em petição


fundamentada e devidamente instruída, na primeira oportunidade em que lhe
couber falar nos autos.

§ 2º O juiz mandará processar o incidente em separado e sem suspensão do processo,


ouvindo o arguido no prazo de 15 (quinze) dias e facultando a produção de prova,
quando necessária.

§ 3º Nos tribunais, a arguição a que se refere o § 1º será disciplinada pelo regimento


interno.

§ 4º O disposto nos §§ 1º e 2º não se aplica à arguição de impedimento ou de


suspeição de testemunha.

O CPC 2015 reconhece para todos os sujeitos que intervenham no processo e estejam no
dever de imparcialidade como servidores judiciais, peritos etc. O procedimento é diferente e
não suspende o processo, que é julgado pelo juiz ou relator. Nas hipóteses em que a parte
quiser ir contra a testemunha, deve fazer antes do depoimento.
Art. 149. São auxiliares da Justiça, além de outros cujas atribuições sejam
determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão, o chefe de
secretaria, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador, o intérprete, o
tradutor, o mediador, o conciliador judicial, o partidor, o distribuidor, o contabilista
e o regulador de avarias.

A justiça não poderia funcionar se, ao lado do juiz o escrivão ou chefe da secretária estivesse
dando ciência, preparando de modo ajudando na realização dos atos processuais. Os auxiliares
da justiça são todos aqueles que participam do processo no sentido de implementar a
prestação jurisdicional.

Art. 150. Em cada juízo haverá um ou mais ofícios de justiça, cujas atribuições serão
determinadas pelas normas de organização judiciária.

Aos oficiais de justiça a execução das ordens determinadas pelo juiz e a realização pessoal das
citações, prisões, buscas e apreensões e demais diligências próprias do ofício.

Art. 151. Em cada comarca, seção ou subseção judiciária haverá, no mínimo, tantos
oficiais de justiça quantos sejam os juízos.

A nova disposição surge para que o processo tenha tempo necessário para efetivar citações,
intimações de testemunhas e outras comunicações. Contudo a necessidade de se estruturar o
Judiciário previamente, com as vagas por meio de concursos, por exemplo.
Art. 152. Incumbe ao escrivão ou ao chefe de secretaria:

I - redigir, na forma legal, os ofícios, os mandados, as cartas precatórias e os demais


atos que pertençam ao seu ofício;

II - efetivar as ordens judiciais, realizar citações e intimações, bem como praticar


todos os demais atos que lhe forem atribuídos pelas normas de organização
judiciária;

III - comparecer às audiências ou, não podendo fazê-lo, designar servidor para
substituí-lo;

IV - manter sob sua guarda e responsabilidade os autos, não permitindo que saiam
do cartório, exceto:

a) quando tenham de seguir à conclusão do juiz;

b) com vista a procurador, à Defensoria Pública, ao Ministério Público ou à Fazenda


Pública;

c) quando devam ser remetidos ao contabilista ou ao partidor;

d) quando forem remetidos a outro juízo em razão da modificação da competência;

V - fornecer certidão de qualquer ato ou termo do processo, independentemente de


despacho, observadas as disposições referentes ao segredo de justiça;

VI - praticar, de ofício, os atos meramente ordinatórios.

§ 1º O juiz titular editará ato a fim de regulamentar a atribuição prevista no inciso


VI.

§ 2º No impedimento do escrivão ou chefe de secretaria, o juiz convocará substituto e,


não o havendo, nomeará pessoa idônea para o ato.

O juiz, o escrivão e o chefe de secretária são autoridades mais importantes da vara. A eficácia
da justiça depende da atuação dessas autoridades. O escrivão e o chefe de secretária são
responsáveis pelas petições iniciais e a determinar as características do processo, assim deverá
identificar a natureza do processo em cível, criminal, trabalhista, entre outros.
Art. 153. O escrivão ou o chefe de secretaria atenderá, preferencialmente, à ordem
cronológica de recebimento para publicação e efetivação dos pronunciamentos
judiciais. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)

§ 1º A lista de processos recebidos deverá ser disponibilizada, de forma permanente,


para consulta pública.

§ 2º Estão excluídos da regra do caput :

I - os atos urgentes, assim reconhecidos pelo juiz no pronunciamento judicial a ser


efetivado;

II - as preferências legais.

§ 3º Após elaboração de lista própria, respeitar-se-ão a ordem cronológica de


recebimento entre os atos urgentes e as preferências legais.

§ 4º A parte que se considerar preterida na ordem cronológica poderá reclamar, nos


próprios autos, ao juiz do processo, que requisitará informações ao servidor, a serem
prestadas no prazo de 2 (dois) dias.

§ 5º Constatada a preterição, o juiz determinará o imediato cumprimento do ato e a


instauração de processo administrativo disciplinar contra o servidor.

As metas referidas são que todos os segmentos da justiça devem julgar a quantidade maior de
processos de conhecimento do que os distribuídos no ano. Na versão original, o caput do art.
Previa que os juízes e os tribunais deverão obedecer a ordem cronológica de conclusão para
preferir sentença ou acordão, tenha sido alterada pela lei 13.256 de 2016 especificamente para
substituir a expressão deverão obedecer pela palavra preferencialmente.
Art. 154. Incumbe ao oficial de justiça:

I - fazer pessoalmente citações, prisões, penhoras, arrestos e demais diligências


próprias do seu ofício, sempre que possível na presença de 2 (duas) testemunhas,
certificando no mandado o ocorrido, com menção ao lugar, ao dia e à hora;

II - executar as ordens do juiz a que estiver subordinado;

III - entregar o mandado em cartório após seu cumprimento;

IV - auxiliar o juiz na manutenção da ordem;

V - efetuar avaliações, quando for o caso;

VI - certificar, em mandado, proposta de autocomposição apresentada por qualquer


das partes, na ocasião de realização de ato de comunicação que lhe couber.

Parágrafo único. Certificada a proposta de autocomposição prevista no inciso VI, o


juiz ordenará a intimação da parte contrária para manifestar-se, no prazo de 5
(cinco) dias, sem prejuízo do andamento regular do processo, entendendo-se o
silêncio como recusa.

O novo Código (2015) acrescentou às atribuições dos oficiais de justiça a certificação, no


mandado, das propostas de autocomposição (concordância entre as partes) apresentadas por
qualquer delas. A intenção é dar maior celeridade à fase conciliatória, sem causar prejuízo ao
trâmite processual.
Em contrapartida, o dispositivo que determinava a presença do oficial de justiça nas
audiências com a finalidade de auxiliar o juiz na manutenção da ordem foi retirado. Algo que
já não acontecia devido o número insuficiente de servidores para abraçar todas essas
atribuições. O juiz, havendo necessidade, pode requisitar força policial para manter a ordem
na audiência.

Art. 155. O escrivão, o chefe de secretaria e o oficial de justiça são responsáveis, civil
e regressivamente, quando:

I - sem justo motivo, se recusarem a cumprir no prazo os atos impostos pela lei ou
pelo juiz a que estão subordinados;

II - praticarem ato nulo com dolo ou culpa.


O oficial de justiça, assim como o escrivão e o chefe de secretaria, responde pelos atos
praticados que possam causar prejuízos às partes ou ao andamento processual. Nos termos do
art. 155, o descumprimento dos prazos e das ordens judiciais sem justa causa {atos
omissivos}, assim como a prática de atos nulos com dolo ou culpa {atos comissivos}, podem
motivar a responsabilidade desses auxiliares.
A responsabilidade desses agentes é regressiva, de forma que o disputante deve ajuizar ação
em face do ente estatal. Este, em ação regressiva, poderá recobrar o prejuízo do agente.

Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender de
conhecimento técnico ou científico.

§ 1º Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente habilitados e os


órgãos técnicos ou científicos devidamente inscritos em cadastro mantido pelo
tribunal ao qual o juiz está vinculado.

§ 2º Para formação do cadastro, os tribunais devem realizar consulta pública, por


meio de divulgação na rede mundial de computadores ou em jornais de grande
circulação, além de consulta direta a universidades, a conselhos de classe, ao
Ministério Público, à Defensoria Pública e à Ordem dos Advogados do Brasil, para a
indicação de profissionais ou de órgãos técnicos interessados.

§ 3º Os tribunais realizarão avaliações e reavaliações periódicas para manutenção do


cadastro, considerando a formação profissional, a atualização do conhecimento e a
experiência dos peritos interessados.

§ 4º Para verificação de eventual impedimento ou motivo de suspeição, nos termos


dos arts. 148 e 467 , o órgão técnico ou científico nomeado para realização da perícia
informará ao juiz os nomes e os dados de qualificação dos profissionais que
participarão da atividade.

§ 5º Na localidade onde não houver inscrito no cadastro disponibilizado pelo


tribunal, a nomeação do perito é de livre escolha pelo juiz e deverá recair sobre
profissional ou órgão técnico ou científico comprovadamente detentor do
conhecimento necessário à realização da perícia.

O perito é um auxiliar de atuação eventual, que auxilia ao juiz quando a prova de fato
depender de conhecimento técnico ou científico. Os profissionais devem estar previamente
inscritos no cadastro central de peritos, mantido pelo tribunal ao qual o juiz estiver vinculado,
Ademais, os peritos devem passar por avaliações periódicas, as quais subsidiarão a
atualização desse cadastro.
A criação do cadastro central é a grande inovação no tema da prova pericial. Haverá um
“banco de dados” com as informações das pessoas aptas à realização de prova pericial, com a
indicação da respectiva especialidade. A iniciativa objetiva qualificar melhor os peritos e
garantir que a escolha recairá sobre o profissional mais capacitado no assunto.

Art. 157. O perito tem o dever de cumprir o ofício no prazo que lhe designar o juiz,
empregando toda sua diligência, podendo escusar-se do encargo alegando motivo
legítimo.

§ 1º A escusa será apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação,


da suspeição ou do impedimento supervenientes, sob pena de renúncia ao direito a
alegá-la.

§ 2º Será organizada lista de peritos na vara ou na secretaria, com disponibilização


dos documentos exigidos para habilitação à consulta de interessados, para que a
nomeação seja distribuída de modo equitativo, observadas a capacidade técnica e a
área de conhecimento.

O perito, quando nomeado pelo juiz, pode se escusar da nomeação, quando houver motivação.
O impedimento do perito é causa de incontestável parcialidade. Assim, havendo motivo
legítimo, ainda que não alegado em tempo oportuno, deve o magistrado considerá-lo. Nessa
hipótese, caso a perícia já tenha sido realizada, restará ao julgador determinar a realização de
uma segunda perícia, a qual será analisada junto com a primeira, a fim de afastar qualquer
dúvida quanto à idoneidade da prova.
As partes também poderão recusar o perito em caso de impedimento ou de suspeição, na
forma do art. 148, § 1º.
Pode-se considerar que a arguição de impedimento ou de suspeição poderá ser suscitada a
partir do conhecimento do vício, ainda que ele se verifique após a realização da perícia. De
qualquer forma, é preciso que o juiz tenha cautela ao analisar o pedido, a fim de que se evite a
situação na qual uma das partes, após tomar conhecimento de laudo que lhe foi desfavorável,
“plante” a nulidade na tentativa de protelar a solução da demanda.
Além das partes, poderá o juiz suscitar, de ofício, a parcialidade do perito. É que, apesar de
não existir disposição expressa sobre o tema, o juiz tem o poder-dever de zelar pela
imparcialidade e de impedir que esse dever seja exercido de forma a prejudicar a justa solução
do conflito.
O incidente de impedimento ou de suspeição não suspende o processo, devendo ser
processado em autos apartados. A parte contrária será ouvida no prazo de quinze dias, sendo
facultada a produção de provas quando necessário.
Julgado o incidente, o juiz deverá adotar as seguintes providências: (i) afastar o perito
impedido ou suspeito; nomear um novo perito; fixar novo prazo para entrega do laudo. Ato
contínuo, as partes deverão se manifestar novamente sobre a nomeação do novo perito. Caso a
existência da causa de suspeição ou de impedimento tenha sido manifesta, poderá o perito ser
condenado nas custas processuais.

Art. 158. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas
responderá pelos prejuízos que causar à parte e ficará inabilitado para atuar em
outras perícias no prazo de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, independentemente das demais
sanções previstas em lei, devendo o juiz comunicar o fato ao respectivo órgão de
classe para adoção das medidas que entender cabíveis.

Além do dever de ressarcir os prejuízos, a inabilitação para o cargo poderá ser de até cinco
anos. Ademais, caberá ao juiz o envio das informações para o órgão de classe específico, que
adotará as medidas disciplinares cabíveis.
A lisura do perito é tão importante que o Código Penal tipifica como crime a conduta do
perito que faz afirmação falsa, nega ou cala a verdade (art. 342 do CP) em processo judicial,
ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral.

Art. 159. A guarda e a conservação de bens penhorados, arrestados, sequestrados ou


arrecadados serão confiadas a depositário ou a administrador, não dispondo a lei de
outro modo.

Quando os bens sofrem constrição judicial, precisam ser confiados a alguém até a solução
final da controvérsia. A função de depositário poderá ser assumida por uma das partes, por
terceiro ou por depositário público, que exercerá a guarda e conservação dos bens que lhes
são depositados. O administrador, por outro lado, além de exercer tal afazer, fica responsável
também pela manutenção da atividade e/ou da produção do bem penhorado.
Art. 160. Por seu trabalho o depositário ou o administrador perceberá remuneração
que o juiz fixará levando em conta a situação dos bens, ao tempo do serviço e às
dificuldades de sua execução.

Parágrafo único. O juiz poderá nomear um ou mais prepostos por indicação do


depositário ou do administrador.

A remuneração do depositário e do administrador é, em regra, de responsabilidade do credor


(autor/exequente). Entretanto, como há possibilidade de o próprio devedor ser nomeado como
administrador ou depositário, nesse caso não é razoável exigir qualquer remuneração.

Art. 161. O depositário ou o administrador responde pelos prejuízos que, por dolo ou
culpa, causar à parte, perdendo a remuneração que lhe foi arbitrada, mas tem o
direito a haver o que legitimamente despendeu no exercício do encargo.

Parágrafo único. O depositário infiel responde civilmente pelos prejuízos causados,


sem prejuízo de sua responsabilidade penal e da imposição de sanção por ato
atentatório à dignidade da justiça.

Além da responsabilidade civil resultante do dano causado à parte em função de conduta


dolosa ou culposa do depositário ou administrador, o novo CPC/2015 prevê expressamente a
imposição de sanção por ato atentatório à dignidade da justiça. Quanto à responsabilização
penal, já se entendia como dever do Juiz, ao verificar indícios de prática delituosa, o envio das
informações necessárias ao membro do MP.
É válido lembrar que a Súmula Vinculante 25 considerou ilícita a prisão civil do depositário
infiel, independentemente da modalidade de depósito. Entretanto, Isso não afasta a
possibilidade do auxiliar vir a ser preso em razão de condenação, por exemplo, por crime de
peculato-desvio -art. 312, caput, do CPP-, uma vez que, para efeitos penais, considera-se
funcionário público quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerça função
pública -art. 327 do CP-.

Art. 162. O juiz nomeará intérprete ou tradutor quando necessário para:

I - traduzir documento redigido em língua estrangeira;

II - verter para o português as declarações das partes e das testemunhas que não
conhecerem o idioma nacional;

III - realizar a interpretação simultânea dos depoimentos das partes e testemunhas


com deficiência auditiva que se comuniquem por meio da Língua Brasileira de
Sinais, ou equivalente, quando assim for solicitado.
Intérprete e tradutor são aqueles auxiliares nomeados pelo magistrado para traduzir para o
idioma oficial os documentos e atos originalmente expressados em língua estrangeira, bem
como em linguagem dos surdos-mudos.
No novo código do CPC/2015 inciso I, buscou o legislador corrigir equívoco cometido na
redação do dispositivo correspondente no CPC/1973. Isso porque o intérprete ou tradutor
deverá atuar não apenas quando o juiz achar indispensável, mas sempre que seja necessário
juntar aos autos qualquer documento redigido em língua estrangeira.

Art. 163. Não pode ser intérprete ou tradutor quem:

I - não tiver a livre administração de seus bens;

II - for arrolado como testemunha ou atuar como perito no processo;

III - estiver inabilitado para o exercício da profissão por sentença penal


condenatória, enquanto durarem seus efeitos.

O tradutor e o intérprete, por deterem fé pública, estão sujeitos a limitações no exercício do


ofício que possam interferir na sua função. Outras limitações podem ser estabelecidas por lei.

Art. 164. O intérprete ou tradutor, oficial ou não, é obrigado a desempenhar seu


ofício, aplicando-se-lhe o disposto nos arts. 157 e 158 .

Aos tradutores e intérpretes aplica-se o regime jurídico dos peritos no que diz respeito às
sanções e sua responsabilidade (arts. 157 e 158).
Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos,
responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo
desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a
autocomposição.

§ 1º A composição e a organização dos centros serão definidas pelo respectivo


tribunal, observadas as normas do Conselho Nacional de Justiça.

§ 2º O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver


vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada
a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes
conciliem.

§ 3º O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo


anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os
interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da
comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios
mútuos.

A seção V do novo Código de Processo Civil foi implementada a fim de criar novos métodos
para solucionar conflitos. Com isso, nota-se que, a partir do artigo 165, há alguns métodos
para a solução consensual de conflitos. Nesse sentido, cabem aos tribunais criarem centros
jurídicos para tais resoluções, seja conciliação ou mediação. Nesse contexto, pode-se notar
que existe o conciliador e os mediador, cada um com sua função atribuída, sendo o primeiro
designado a resolver conflitos nos quais não houve vínculo anterior entre as partes, enquanto
o segundo deve mediar conflitos em que as partes já tem um vínculo anterior. Dessa forma,
criou-se novas medidas de solução conflitual.
Art. 166. A conciliação e a mediação são informadas pelos princípios da
independência, da imparcialidade, da autonomia da vontade, da confidencialidade,
da oralidade, da informalidade e da decisão informada.

§ 1º A confidencialidade estende-se a todas as informações produzidas no curso do


procedimento, cujo teor não poderá ser utilizado para fim diverso daquele previsto
por expressa deliberação das partes.

§ 2º Em razão do dever de sigilo, inerente às suas funções, o conciliador e o


mediador, assim como os membros de suas equipes, não poderão divulgar ou depor
acerca de fatos ou elementos oriundos da conciliação ou da mediação.

§ 3º Admite-se a aplicação de técnicas negociais, com o objetivo de proporcionar


ambiente favorável à autocomposição.

§ 4º A mediação e a conciliação serão regidas conforme a livre autonomia dos


interessados, inclusive no que diz respeito à definição das regras procedimentais.

Conforme o artigo 166 do CPC, alguns princípios regem esses institutos. São eles:
independência (relaciona-se com a liberdade); imparcialidade (sem influência de nenhuma
parte); autonomia da vontade (nenhuma parte é obrigada. Elas devem escolher se submeter à
mediação); confidencialidade (sigilo das informações); oralidade (flexibilização de
procedimentos, com a finalidade de acelerar o processo); informalidade (está ligada à
oralidade e tem o mesmo objetivo); e decisão informada (as partes precisam ser informadas
sobre direitos, procedimentos e consequências).
Art. 167. Os conciliadores, os mediadores e as câmaras privadas de conciliação e
mediação serão inscritos em cadastro nacional e em cadastro de tribunal de justiça
ou de tribunal regional federal, que manterá registro de profissionais habilitados,
com indicação de sua área profissional.

§ 1º Preenchendo o requisito da capacitação mínima, por meio de curso realizado por


entidade credenciada, conforme parâmetro curricular definido pelo Conselho
Nacional de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça, o conciliador ou o
mediador, com o respectivo certificado, poderá requerer sua inscrição no cadastro
nacional e no cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal.

§ 2º Efetivado o registro, que poderá ser precedido de concurso público, o tribunal


remeterá ao diretor do foro da comarca, seção ou subseção judiciária onde atuará o
conciliador ou o mediador os dados necessários para que seu nome passe a constar da
respectiva lista, a ser observada na distribuição alternada e aleatória, respeitado o
princípio da igualdade dentro da mesma área de atuação profissional.

§ 3º Do credenciamento das câmaras e do cadastro de conciliadores e mediadores


constarão todos os dados relevantes para a sua atuação, tais como o número de
processos de que participou, o sucesso ou insucesso da atividade, a matéria sobre a
qual versou a controvérsia, bem como outros dados que o tribunal julgar relevantes.

§ 4º Os dados colhidos na forma do § 3º serão classificados sistematicamente pelo


tribunal, que os publicará, ao menos anualmente, para conhecimento da população e
para fins estatísticos e de avaliação da conciliação, da mediação, das câmaras
privadas de conciliação e de mediação, dos conciliadores e dos mediadores.

§ 5º Os conciliadores e mediadores judiciais cadastrados na forma do caput , se


advogados, estarão impedidos de exercer a advocacia nos juízos em que
desempenhem suas funções.

§ 6º O tribunal poderá optar pela criação de quadro próprio de conciliadores e


mediadores, a ser preenchido por concurso público de provas e títulos, observadas as
disposições deste Capítulo.

O artigo 167 dispõe sobre o cadastro dos conciliadores e mediadores, os quais podem ser
escolhidos pelas próprias partes. Mas, para isso, deve haver antes um cadastro nacional, para
cada Tribunal de Justiça e Tribunal Regional Federal, ou câmaras de conciliação devidamente
registradas. Além disso, para fazer parte do cadastro, não necessariamente precisa-se ser
bacharel em direito, basta ser capacitado para isso. Se for o caso de um advogado, contudo,
não poderá exercer no mesmo juízo em que advoga.
Art. 168. As partes podem escolher, de comum acordo, o conciliador, o mediador ou
a câmara privada de conciliação e de mediação.

§ 1º O conciliador ou mediador escolhido pelas partes poderá ou não estar


cadastrado no tribunal.

§ 2º Inexistindo acordo quanto à escolha do mediador ou conciliador, haverá


distribuição entre aqueles cadastrados no registro do tribunal, observada a
respectiva formação.

§ 3º Sempre que recomendável, haverá a designação de mais de um mediador ou


conciliador.

Nesse artigo, é disposto sobre a escolhe de mediadores e conciliadores. Nesse contexto, sabe-
se que as partes podem escolher, todavia, se não consentirem, haverá uma distribuição entre
os registrados. Entretanto, há um paradigma entre o Código de Processo Civil e a Lei n°
13.140/2015, que é a Lei de mediação. Tal paradigma consiste em, no código, está prescrito
que os mediadores poderão ser escolhidos pelas partes, enquanto a lei dita prevê que a escolha
do mediador não se sujeitará à aceitação das partes. Dessa forma, até se poderia pensar que a
Lei n° 13.140/2015 revoga o artigo citado alhures, porém essa decisão não é tomada de forma
simples, devido ao princípio da autonomia da vontade. Por fim, pode-se concluir que as partes
poderão recusar a decisão caso percebam uma imparcialidade por parte do mediador.

Art. 169. Ressalvada a hipótese do art. 167, § 6º , o conciliador e o mediador


receberão pelo seu trabalho remuneração prevista em tabela fixada pelo tribunal,
conforme parâmetros estabelecidos pelo Conselho Nacional de Justiça.

§ 1º A mediação e a conciliação podem ser realizadas como trabalho voluntário,


observada a legislação pertinente e a regulamentação do tribunal.

§ 2º Os tribunais determinarão o percentual de audiências não remuneradas que


deverão ser suportadas pelas câmaras privadas de conciliação e mediação, com o fim
de atender aos processos em que deferida gratuidade da justiça, como contrapartida
de seu credenciamento.

De acordo com esse artigo, por via de regra, os conciliadores e mediadores recebem a
remuneração que está prevista na tabela do tribunal, conforme o Conselho Nacional de
Justiça. Por outro lado, pode-se realizar a mediação/conciliação de forma voluntária,
conforme legislação e regulamentos.
Art. 170. No caso de impedimento, o conciliador ou mediador o comunicará
imediatamente, de preferência por meio eletrônico, e devolverá os autos ao juiz do
processo ou ao coordenador do centro judiciário de solução de conflitos, devendo este
realizar nova distribuição.

Parágrafo único. Se a causa de impedimento for apurada quando já iniciado o


procedimento, a atividade será interrompida, lavrando-se ata com relatório do
ocorrido e solicitação de distribuição para novo conciliador ou mediador.

Os facilitadores se submetem às mesmas situações de suspeição e impedimentos a que estão


sujeitos os magistrados. Portanto, as partes podem arguir o impedimento ou suspeição do
mediador ou conciliador me- diante apresentação da respectiva exceção instrumental.

Art. 171. No caso de impossibilidade temporária do exercício da função, o conciliador


ou mediador informará o fato ao centro, preferencialmente por meio eletrônico, para
que, durante o período em que perdurar a impossibilidade, não haja novas
distribuições.

A comunicação de impossibilidade deve ser realizada o mais rápido possível, para que os
processos não sejam distribuídos à pessoa que futuramente estará impedida de exercer a
atividade.

Art. 172. O conciliador e o mediador ficam impedidos, pelo prazo de 1 (um) ano,
contado do término da última audiência em que atuaram, de assessorar, representar
ou patrocinar qualquer das partes.

O mediador e o conciliador não podem prestar serviços como consultor ou advogado para
nenhuma das partes envolvidas no processo de mediação ou conciliação durante o período
estabelecido. Essa medida é tomada para garantir a imparcialidade do processo e evitar
conflitos de interesse.
Art. 173. Será excluído do cadastro de conciliadores e mediadores aquele que:

I - agir com dolo ou culpa na condução da conciliação ou da mediação sob sua


responsabilidade ou violar qualquer dos deveres decorrentes do art. 166, §§ 1º e 2º ;

II - atuar em procedimento de mediação ou conciliação, apesar de impedido ou


suspeito.

§ 1º Os casos previstos neste artigo serão apurados em processo administrativo.

§ 2º O juiz do processo ou o juiz coordenador do centro de conciliação e mediação, se


houver, verificando atuação inadequada do mediador ou conciliador, poderá afastá-
lo de suas atividades por até 180 (cento e oitenta) dias, por decisão fundamentada,
informando o fato imediatamente ao tribunal para instauração do respectivo
processo administrativo.

O artigo em questão é basicamente autoexplicativo, em caso de ocorrência de alguma das


circunstâncias previstas no presente artigo, cabe ao juiz informar ao tribunal para que sejam
tomadas as providências cabíveis, que pode englobar a instauração do procedimento
administrativo, se aplicando o direito do contraditório. Com o intuito de evitar que o
conciliador ou mediador contamine o processo no qual é analisado a gravidade de sua conduta
e em outros processos nos quais poderia atuar, antes da instauração do procedimento
administrativo o magistrado ou o coordenador do centro de conciliação ou mediação pode
suspender o profissional, por decisão fundamentada.

Art. 174. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão câmaras de


mediação e conciliação, com atribuições relacionadas à solução consensual de
conflitos no âmbito administrativo, tais como:

I - dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração pública;

II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de


conciliação, no âmbito da administração pública;

III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta.

O novo CPC traz novidade que reforça o princípio do federalismo de municípios previsto na
Constituição Federal de 1988. Dentro do princípio de que o Estado promoverá, sempre que
possível, a solução consensual dos conflitos (art. 3.º, § 2.º, do CPC), o art. 174 do CPC
determina que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criem câmaras de
mediação e conciliação, com atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos no
âmbito administrativo (extrajudicial). Se houver boa vontade da administração pública, há
grande potencial para que as câmaras administrativas de mediação/conciliação solucionem
vários conflitos. Por isso, absolutamente louvável a iniciativa do governo federal de
reconhecer, como plataforma digital oficial da administração pública federal direta, autárquica
e fundacional para a autocomposição nas controvérsias em relações de consumo, a plataforma
consumidor.gov (Decreto n.º 10.197/2020), cujo histórico de solução extrajudicial dos
conflitos é bastante elevado. O art. 174 do CPC estabelece que serão submetidos às câmaras
administrativas conflitos envolvendo órgãos e entidades da Administração Pública; pedidos
de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no âmbito da Administração Pública; e a
celebração de termo de ajustamento de conduta.

Art. 175. As disposições desta Seção não excluem outras formas de conciliação e
mediação extrajudiciais vinculadas a órgãos institucionais ou realizadas por
intermédio de profissionais independentes, que poderão ser regulamentadas por lei
específica.

Parágrafo único. Os dispositivos desta Seção aplicam-se, no que couber, às câmaras


privadas de conciliação e mediação.

A mediação e conciliação não precisam ser feita exclusivamente dentro dos tribunais,
havendo comum acordo entre as partes poderá até procurar órgãos e profissionais
especializados na resolução de tais conflitos. Cabendo a regulamentação de regra especifica
para esses casos.

Art. 176. O Ministério Público atuará na defesa da ordem jurídica, do regime


democrático e dos interesses e direitos sociais e individuais indisponíveis.

Nesse dispositivo se reitera as incumbências do Ministério Público previstas também na


Constituição, ressaltando mais as importâncias do MP no âmbito do processo. O Ministério
Público Federal e o dos Estados tem a área de atividade limitada dentro dos âmbitos, como o
Ministério Público do Trabalho; Militar; Federal e do Distrito Federal, sempre se deve atuar
somente dentro dessa divisão, porém mantendo a unidade.
Art. 177. O Ministério Público exercerá o direito de ação em conformidade com suas
atribuições constitucionais.

No artigo 176 que se fala em área de atuação do Ministério Público, no 177 se fala em
atribuições principalmente a Constitucional onde o MP deve seguir primeiro a Carta Magna e
depois os Códigos e leis subsequentes.

Art. 178. O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias,
intervir como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na
Constituição Federal e nos processos que envolvam:

I - interesse público ou social;

II - interesse de incapaz;

III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana.

Parágrafo único. A participação da Fazenda Pública não configura, por si só,


hipótese de intervenção do Ministério Público.

No Código de Processo Civil de 2015 determinou um prazo de 30 dias para garantir a


agilidade dos atos processuais, onde agora se tem a intervenção do MP nas causas envolvendo
interesse público e social como visa o inciso I. O interesse social e aquele que transcende o
âmbito individual para atingir o interesse da sociedade. No artigo também se fala de interesse
de incapaz e litígios coletivos pela posse de terra seja ela rural ou urbana. No parágrafo único
fala que se a Fazenda Pública já esta no processo tira a obrigação do Ministério Público de
também participar.
Art. 179. Nos casos de intervenção como fiscal da ordem jurídica, o Ministério
Público:

I - terá vista dos autos depois das partes, sendo intimado de todos os atos do
processo;

II - poderá produzir provas, requerer as medidas processuais pertinentes e recorrer.

Quando se tiver a intervenção do MP como fiscal da ordem jurídica, ele será intimado após
todas as partes do processo, e também poderá requisitar diligências, requerer medidas
processuais e também recorrer. No inciso I não se aplica quando no processo houver pedido
de tutela provisória liminar e nos casos de improcedência liminar do pedido. Com este artigo
o MP passou a ter os poderes como se fosse uma das partes do processo.

Art. 180. O Ministério Público gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos
autos, que terá início a partir de sua intimação pessoal, nos termos do art. 183, § 1º .

§ 1º Findo o prazo para manifestação do Ministério Público sem o oferecimento de


parecer, o juiz requisitará os autos e dará andamento ao processo.

§ 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de


forma expressa, prazo próprio para o Ministério Público.

O Ministério Público tem prazo em dobro para se manifestar nos autos, entretanto quando já
tiver lei especificando o prazo esse critério deixa de existir.

Art. 181. O membro do Ministério Público será civil e regressivamente responsável


quando agir com dolo ou fraude no exercício de suas funções.

O prejudicado pelo representante do MP que agiu com dolo ou fraude, terá o direito de
ressarcimento por meio de uma ação endereçada ao Poder Público, nessa ideia o membro do
MP é o responsável perante ao Estado, devendo indenizá-lo em regresso.
Art. 182. Incumbe à Advocacia Pública, na forma da lei, defender e promover os
interesses públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, por
meio da representação judicial, em todos os âmbitos federativos, das pessoas
jurídicas de direito público que integram a administração direta e indireta.

A Advocacia Pública, o Ministério Público e a Defensoria Pública devem resguardar o


interesse público, promover e defender os interesses dos federados, devem representar
judicialmente as pessoas jurídicas de direito público que compõem a administração direta e
indireta. Não obstante os advogados também devem exercer atividades consultivas, assessorar
e orientar os dirigentes do Poder Executivo e as respectivas unidades federadas.

Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas


autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as
suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação
pessoal.

§ 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico.

§ 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de


forma expressa, prazo próprio para o ente público.

Esse artigo fala sobre prazos para a Fazenda Pública atuando em defesa da União, do Estado,
do Distrito Federal ou do Município, onde vai ter o prazo em dobro para todas as suas
manifestações processuais, com a contagem começará a contar a partir do momento da
intimação pessoal, esse artigo é parecido com 180 do CPC visto acima.

Art. 184. O membro da Advocacia Pública será civil e regressivamente responsável


quando agir com dolo ou fraude no exercício de suas funções.

O artigo possui texto parecido com o 181 do CPC, porém no 184 se abrange a Advocacia
Pública, o membro da Advocacia Pública responde na forma do artigo, assim como o membro
do Ministério Público, aqui o advogado público irá responder civil e regressivamente quando
o próprio praticar ato com dolo ou fraude estando no exercício de suas funções.
Art. 185. A Defensoria Pública exercerá a orientação jurídica, a promoção dos
direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, em
todos os graus, de forma integral e gratuita.

A Defensoria Pública pode e tem caráter legitimo para fornecer a orientação jurídica e
agrupada dos outros legitimados, promover a realização dos direitos humanos e a defesa dos
direitos individuais e coletivos dos necessitados, de forma integral e gratuita, em todos os
graus.

Art. 186. A Defensoria Pública gozará de prazo em dobro para todas as suas
manifestações processuais.

§ 1º O prazo tem início com a intimação pessoal do defensor público, nos termos do
art. 183, § 1º .

§ 2º A requerimento da Defensoria Pública, o juiz determinará a intimação pessoal


da parte patrocinada quando o ato processual depender de providência ou
informação que somente por ela possa ser realizada ou prestada.

§ 3º O disposto no caput aplica-se aos escritórios de prática jurídica das faculdades


de Direito reconhecidas na forma da lei e às entidades que prestam assistência
jurídica gratuita em razão de convênios firmados com a Defensoria Pública.

§ 4º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de


forma expressa, prazo próprio para a Defensoria Pública.

A Defensoria Pública no quesito sobre prazos até o CPC de 2015 tinha a regulamentação
sobre prazos somente através de Leis Orgânicas, com o novo Código passou a ter o prazo
dobrado assim como a Advocacia Pública e o Ministério Público. O prazo começa a ser
contado quando se tem a intimação pessoal do defensor público. No parágrafo 2° o juiz
determinará a intimação pessoal da parte patrocinada quando o ato processual depender de
providência ou informação que somente por ela possa ser realizada ou prestada, nesse CPC
onde se estendeu aos escritórios de prática jurídica das faculdades de Direito reconhecidas na
forma da lei e às entidades que prestam assistência jurídica gratuita em razão de contratos
firmados com a Defensoria Pública, ganharam o mesmo benefício, devido que já atuam em
convênio com o órgão público.
Art. 187. O membro da Defensoria Pública será civil e regressivamente responsável
quando agir com dolo ou fraude no exercício de suas funções.

A Defensoria Pública, assim como o Ministério Público e a Advocacia Pública, não tem a
responsabilidade civil medida de forma objetiva, mas sim de maneira subjetiva. O artigo trata
de modo genérico o assunto da responsabilidade civil imputada ao Defensor Público que se
tiver agido sobre dolo ou fraude o exercício das suas funções, e se der causa a dano. A pessoa
que foi prejudicada por esse ato tem o direito de ressarcimento por meio de ação dirigida
contra o Poder Público, e se assim condenado o defensor será responsabilizado
regressivamente diante ao Estado.

REFERÊNCIAS

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https://app.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788530971441/ . Acesso em: 28 mar. 2023.
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JR., Nelson; WAMBIER, Teresa Arruda Alvim (Org.). Aspectos polêmicos e atuais dos recursos cíveis. São
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DELLORE, Luiz. Novo CPC: há honorários sucumbenciais nos embargos de declaração? Jota, Brasília, 11
jul. 2016. Disponível em: https://jota.info/colunas/novo-cpc/novo-cpc-ha-honorarios-sucumbenciais-nos-
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