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Immanuel Kant (1724-1804) foi um filósofo alemão amplamente

considerado um dos pensadores mais influentes da filosofia ocidental. Ele é


conhecido por suas contribuições em diversas áreas da filosofia, incluindo
ética, epistemologia, metafísica, filosofia política e estética. Kant é
frequentemente associado ao Iluminismo alemão e é considerado o
principal expoente do pensamento crítico e da filosofia da Razão.

A METAFÍSICA DOS COSTUMES

"A Metafísica dos Costumes", obra escrita por Immanuel Kant, publicada
em 1797, oferece uma reflexão profunda sobre a relação entre ética,
moralidade e direito. Kant aborda a questão do direito como uma extensão
da moralidade, buscando estabelecer bases morais para as leis e instituições
jurídicas.
"A Metafísica dos Costumes" é dividida em duas partes principais:
"Doutrina do Direito": Trata de questões jurídicas, abordando os princípios
morais aplicados ao direito e à legislação.
"Doutrina da Virtude": Explora conceitos éticos, enfocando as virtudes
morais e as normas éticas na vida pessoal.

DOUTRINA DO DIREITO:
Na introdução a Doutrina do Direito ele fala sobre o que é o direito.
O Direito para Kant se dá a partir de relações externas; a partir da relação
de dois arbítrios; e a partir de uma relação formal, não da matéria e
conteúdo.
Imperativo categórico: as leis devem seguir princípios que possam ser
universalizados, agindo de forma a tornar-se uma lei moral universal.
Liberdade.
O Direito está ligado a competência para coagir.
Existem dois tipos de direitos, o estrito e o equívoco.
O Direito estrito pode ser representado como a possibilidade de uma
coerção recíproca universal em concordância com a liberdade de cada um
segundo leis universais. Não tem ligação com a ética.
Direito equivoco é utilizado para referir-se à totalidade das leis e normas
que regulam a conduta humana em sociedade, abrangendo tanto o direito
civil quanto o direito moral.
Kant aborda duas noções distintas no contexto do direito equivoco: o
direito de equidade e o direito de necessidade:
A equidade: Direito sem coerção. Divindade muda que não pode ser
ouvida.
LEMA: O direito mais estrito é a maior injustiça.
 Definição: O direito de equidade refere-se à justiça ou
imparcialidade na aplicação da lei em situações onde o rigor da lei
comum pode ser excessivo ou injusto.

 Visão de Kant: Kant considera o direito de equidade como algo que


permite ao juiz ajustar a aplicação da lei de acordo com as
circunstâncias específicas de um caso. Ele argumenta que, em certos
casos, o rigor estrito da lei comum pode ser injusto ou inadequado, e
o juiz pode aplicar o direito de equidade para garantir uma decisão
mais justa.

 Limites Morais: Kant ressalta que o direito de equidade deve ser


aplicado com cautela e parcimônia, evitando arbitrariedade. Ele não
deve ser usado como um desvio constante da lei, mas apenas quando
a aplicação estrita da lei comum levaria a um resultado claramente
injusto.
Ex.: Sociedade mercantil, sócio que investiu mais e gastou mais, ele
deveria ganhar mais, entretanto o contrato não traz essa possibilidade. Tem
que decidir vendo o contrato.
Ex.: Doméstico, moeda desvalorizou com o tempo, não pode obter aquilo
que podia comprar no restante do contrato. Não tem o que fazer.

Direito de Necessidade: Coerção sem direito. Direito presumido.


LEMA: A necessidade não tem mandado.
 Definição: O direito de necessidade é uma situação em que, em
circunstâncias extremas ou de emergência, um indivíduo pode agir
fora da lei comum para preservar sua própria vida.
 Visão de Kant: Kant reconhece a existência do direito de necessidade
como uma exceção à regra geral. Ele argumenta que, em casos de
extrema urgência em que a própria vida está ameaçada, uma pessoa
pode agir fora da lei comum para preservar sua vida.

 Limites Morais: No entanto, Kant enfatiza que o direito de


necessidade não pode ser generalizado como um princípio geral de
conduta. Ele é uma exceção que só pode ser justificada em situações
extremas, onde a vida está em risco iminente e não há outra
alternativa razoável.
Ex.: Náufrago, empurrar o outro para sobreviver.

Kant reconhece a importância de ambas as noções no contexto jurídico,


mas destaca sua aplicação limitada e a necessidade de cautela ao usar o
direito de necessidade ou de equidade. Essas exceções devem ser
justificadas por circunstâncias excepcionais e não devem comprometer os
princípios fundamentais da moralidade e da justiça.

Para Kant, a "Doutrina do Direito" não se refere ao direito positivo, às leis


específicas de um determinado país, mas sim aos princípios morais e
racionais que fundamentam o direito.
 Enfoque Jurídico: A "Doutrina do Direito" aborda questões jurídicas,
explorando os princípios morais aplicados ao direito e à legislação.

 Fundamentação Racional do Direito: Nesta parte, Kant busca


estabelecer a base racional para o direito, argumentando que as leis
devem ser fundamentadas na razão prática e seguir princípios
racionais e universais.

 Imperativo Categórico e Legalidade: Kant discute o imperativo


categórico e sua aplicação ao direito, sugerindo que as leis devem
seguir princípios que possam ser universalizados, agindo de forma a
tornar-se uma lei moral universal.

 Justiça e Igualdade perante a Lei: O conceito de justiça é crucial


nesta parte do livro, enfatizando que as leis devem ser justas e
aplicadas de maneira imparcial, garantindo a igualdade perante a lei
para todos os cidadãos.

DOUTRINA DA VIRTUDE:
Para Kant a “Doutrina da Virtude” seria um sistema de conceitos racionais
puros independentes de qualquer condição de intuição.
 Enfoque Ético: A "Doutrina da Virtude" concentra-se em questões
éticas, abordando as virtudes morais e as normas éticas na vida
pessoal.

 Respeito pela Dignidade Humana: Kant reforça a ideia de respeito


pela dignidade intrínseca de cada indivíduo, argumentando que as
pessoas devem ser tratadas como fins em si mesmas e não como
meros meios.

 Autonomia Moral e Dever: Ele enfatiza a importância da autonomia


moral e do dever, defendendo que os indivíduos devem agir de
acordo com a razão prática e o dever moral, independente das
consequências.

 Ética Deontológica e Princípios Universais: Kant explora a ética


deontológica, centrada nos deveres e na aplicação de regras morais
universais, contrastando com abordagens éticas consequencialistas.

O Eudemonista pode pensar que a motivação desta doutrina seja a


felicidade a situação em que a virtude é sua própria recompensa. Não é o
conceito de dever que vai determinar diretamente a sua vontade, mas,
somente, por via da perspectiva da felicidade que é movido o seu dever.
Kant conclui que quando se elege como princípio a felicidade e não da
liberdade da legislação interior terá como consequência a morte suave de
toda moral e da ética.
Principais Aspectos Filosóficos sobre o Direito em "A Metafísica dos
Costumes":
 Moralidade e Dever:
Kant aborda a moralidade como algo que surge do dever e não das
consequências das ações. Ele introduz a noção de "imperativo categórico",
um princípio moral fundamental que diz que devemos agir de acordo com
uma regra que possamos querer que se torne uma lei universal.
 Ética Kantiana:
A ética de Kant enfatiza a importância da autonomia moral, no qual os
indivíduos agem de acordo com princípios racionais e universais, sem
serem influenciados por inclinações pessoais.
 Respeito pela Dignidade Humana:
Kant destaca a dignidade intrínseca de cada ser humano, argumentando que
as pessoas não devem ser tratadas como meios para um fim, mas sim como
fins em si mesmas.
 Direito e Justiça:
A obra também aborda questões de direito e justiça, discutindo a
fundamentação de leis e princípios que regem as relações sociais.
 Justiça e Igualdade perante a Lei:
A noção de justiça é crucial na obra, enfatizando que as leis devem ser
justas e aplicadas de maneira imparcial, garantindo a igualdade perante a
lei para todos os cidadãos.

DISTINÇÃO ÉTICA E LEGAL:


Kant diferencia ética e direito, indicando que a ética está relacionada aos
princípios morais universais que regem a conduta humana, enquanto o
direito está associado às leis instituídas pela sociedade.

CONTRIBUIÇÕES PARA A FILOSOFIA DO DIREITO:


"A Metafísica dos Costumes" oferece uma base filosófica profunda para a
compreensão da relação entre ética e direito. Kant argumenta que o direito
deve ser fundamentado em princípios morais racionais e universais,
contribuindo significativamente para o debate sobre as bases morais que
deveriam guiar as leis e as instituições jurídicas.

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