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Pavlov recebeu prêmio Nobel por seus longos anos de investigação rigorosa e
inventiva acerca da fisiologia da digestão.
Ele era conhecido particularmente por ter inventado ou aperfeiçoado diversas
técnicas cirúrgicas que facilitavam sua pesquisa.
A pesquisa de Pavlov sobre o condicionamento veio a fornecer aos behavioristas
norte-americanos, um importante modelo, apesar do fato do próprio Pavlov, sempre ter
insistido em afirmar que era um fisiologista, não um psicólogo, e que não tinha a
psicologia em alta conta.
Com sucessivos períodos de extinção, então o animal demorava mais (ou seja havia
maior latência) para começar a salivar e havia um declínio estável no volume de
salivação.
Generalização e diferenciação
Neurose experimental
O Bebê Albert
A partir da pesquisa dos bebês, Watson conclui então que apenas alguns estímulos
provocavam apenas as três emoções instintivas do medo, da raiva e do amor. Porque as
crianças maiores apresentam essas reações emocionais a uma faixa muito maior de
estímulos? Para Watson a resposta era simples: condicionamento. Sua tentativa de
demonstrar isso diretamente ficou conhecida através do estudo do bebê Albert.
Publicada em 1920 sob o título de Reações emocionais condicionadas.
Watson e Rayner abriram o artigo declarando sua convicção de que as reações
emocionais se desenvolvem por condicionamento, mas que não se verificam provas
experimentais diretas que respaldem essa visão. Assim o objetivo de seu estudo era
justamente oferecer essas provas por meio de um bebê de 11 meses quem deram o
pseudônimo de Albert. (pág. 355).
Os atuais livros-texto geralmente descrevem o estudo de Albert como um
exemplo humano de condicionamento clássico, rotulando o ruído alto como estímulo
incondicionado (EI) e o medo do ruído como uma reação incondicionada (RI). O rato
é o estímulo condicionado (EC) que passa a produzir a reação condicionada do medo
por meio do emparelhamento de EC e EI, do mesmo modo que o emparelhamento entre
um tom (EC) e a comida (EI) gera a salivação em reação a esse tom no procedimento
pavloviano padrão.
Contudo a leitura atenta das anotações de laboratório de Watson e Rayner sugere que
em vez disso, pode ter encontrado em operação um procedimento de punição, ao menos
nos dois primeiros ensaios. O comportamento do bebê de tentar alcançar o rato resultou
na conseqüência imediata do ruído alto. Não está claro se a mesma seqüência de eventos
ocorreu nos outros ensaios que são simplesmente chamados por eles de estímulos
conjugados. O que está claro é que Albert foi afetado pelos procedimentos e passou a ter
medo do rato.
Depois de condicionar Albert a ter medo do rato, o segundo objetivo de Watson e
Rayner era verificar se a reação poderia “transferir-se” a outros estímulos (Generalizar-
se como diria Pavlov). Cinco dias depois Albert foi levado ao laboratório e constatou-se
que a reação condicionada ainda se verificava. Watson e Rayner apresentaram outros
estímulos e Albert demonstrou certo grau de medo de um coelho, de um cão e de um
casaco de pele. Além disso, num ensaio que sugere que o principal medo de Albert
tenha sido do experimentador.
Depois de um mês Albert saiu do hospital e ficou difícil a continuar a realização do
experimento, simplesmente Watson e Rayner deram algumas dicas de como o medo
poderia ser desprendido de Albert.
A pesquisa de Watson com as crianças inspirou Mary Cover Jones, jovem aluna
de pós-graduação de Columbia e amiga de Rosálie Rayner, trabalhando com várias
crianças que tinham medo de diversos objetos, Jones tentou diversos métodos, a maioria
dos quais não funcionou: os medos não se reduziam (a) simplesmente com a passagem
do tempo, (b) com o apelo verbal (ex. tentando convencer a criança de que o dedo não
tinha fundamento), nem (c) com a ridicularização da criança pelos coleguinhas.
O que funcionou, porém foi um dos métodos sugeridos por Watson e Rayner no
texto sobre Albert. Num estudo sobre a técnica terapêutica da dessensibilização
sistemática.
O estudo do bebê Albert foi muito citado em vários livros de psicologia. Muitas
vezes considerado um “clássico”, ele demonstra o poder dos princípios
comportamentais no condicionamento das emoções. Entretanto o estudo tem graves
falhas:
1° - O procedimento inicial ter criado em Albert um forte medo de animais;
2° - No início da testagem da generalização suas reações eram quase sempre tão fracas
que exigiam “atualização” com emparelhamentos adicionais entre os animais e os
ruídos.
3° - Mesmo que se admita que o bebê criou um medo, o que o provocava não está claro.
4° - Traçar uma conclusão genérica sobre o condicionamento do medo com base no
estudo de um bebê é inadequado.
Portanto, o estudo do bebê Albert não pode ser considerado uma demonstração
conclusiva da aplicabilidade irrestrita dos princípios do condicionamento.
Watson e seus simpatizantes ignoraram suas falhas metodológicas. Uma razão para a
popularidade do estudo é o fato de ele ter um certo apelo dramático, aplicabilidade em
relação a uma das tarefas mais importantes da vida: a criação de nossos filhos.
Assim o estudo de Albert teve a importante função de legitimar a nova
abordagem behaviorista, que dentro de uma década, se tornaria a força predominante na
psicologia norte-americana. Porém Watson não seria um de seus expoentes nessa
década (1920)
Uma nova vida na publicidade
Após ser demitido da Johns Hopkins, Watson foi trabalhar numa agência de publicidade
J.W. Thompson em Nova York, depois de um estágio em que trabalhou em todos os
departamentos da agência, Watson ascendeu à vice-presidência da empresa em menos
de quatro anos.
Watson desenvolveu diversas campanhas de publicidade baseadas em temas derivados
em sua pesquisa das três emoções básicas do medo, raiva e amor. Segundo ele para
vender um produto ao consumidor, era preciso dizer algo que paralisasse de medo, algo
que provocasse nele um pouco de raiva, que produzisse nele uma reação afetuosa ou
amorosa ou que atingisse uma profunda necessidade psicológica ou habitual.
Assim em uma campanha de talco da Johnson & Johnson, havia uma mensagem clara
destinada a amedrontar os pais jovens e fazê-los comprar o produto: se não usassem o
talco, arriscavam a expor seus bebês a graves infecções.
Watson levou para sua nova carreira a mesma paixão pelo método científico que
caracterizava sua vida na academia.
Seu impacto mais duradouro caracterizou-se na aplicação do pensamento científico a
área do marketing e no desenvolvimento de programas de treinamento e avaliação de
produtividade do pessoal de vendas.
Porém a publicidade não ocupou todo o tempo de Watson na década de 20. Ele
deu cursos de Behaviorismo em Nova York, foi membro do conselho de diretores da
Psychological Corporation e supervisionou uma pesquisa com bebês. Além disso,
Watson continuou a escrever sobre o behaviorismo ao longo da década, mantendo a
reputação de porta voz do movimento.
Popularizando o Behaviorismo
Watson publicou muitos artigos fazendo com que o behaviorismo se tornasse popular
(conhecido), escreveu livros - “O cuidado psicológico do bebê e da criança”(1928), fez
transmissões via rádio, etc. O primeiro desses livros tornou-se a declaração mais
difundida das idéias de Watson. Foi esse o livro que despertou o interesse do jovem B.
F. Skinner pelo pensamento behaviorista, no qual inclui-se um dos trechos mais citados
sobre sua convicção da importância do ambiente na moldagem da nossa vida.
Nossa conclusão, portanto, é que não existe nem uma prova real da herança de traços.
Eu teria plena certeza do desfecho favorável da criação favorável de um bebê saudável
e bem formado que fosse herdeiro de uma longa linhagem de salafrários, ladrões,
assassinos e prostitutas. [...]
Eu devo ir adiante agora e dizer: Dêem-me uma dúzia de bebês saudáveis e bem
formados e ponham-nos em um mundo criado segundo as minhas especificações e eu
lhes garantirei que posso selecionar qualquer um, aleatoriamente, e treiná-lo para
tornar-se o especialista que eu quiser: médico, advogado, artista, comerciante e, sim,
até mesmo mendigo e ladrão, independentemente de seus talentos, propensões,
tendências, aptidões e vocações e da raça de seus ancestrais.”
(Watson, 1924/1930)
Ainda em um capítulo de seu livro intitulado “os riscos do excesso de amor maternal”
Watson acautela contra o excesso de afeto com os filhos. O resultado seria o
“invalidismo”, a incapacidade da criança de torna-se responsável, independente e, por
fim, bem sucedida na vida. Ele adverte que, adiante, haverá muitas pedras no caminho
do filho que é beijado demais.
Avaliando o Behaviorismo de Watson
O grande sonho de Watson de prever todas as reações, dado o estímulo, nunca se
realizou. A maioria das proclamações de Watson ia muito além das provas empíricas
disponíveis. Os dados nunca se equiparam as excessivas alegações.
A importância duradoura que ele teve para a psicologia deriva da publicidade que ele
deu às suas fortes convicções.
Em segundo lugar, atacando diretamente a psicologia introspectiva, falando de sua falta
de objetividade, Watson contribuiu para a passagem gradual da psicologia como o
estudo da experiência consciente imediata a psicologia como o estudo do
comportamento. Tornando o comportamento observável e mensurável à dependente
variável, em lugar do relato introspectivo, Watson ajudou a colocar a psicologia em
terreno cientificamente mais firme.
Sua convicção de que o ambiente poderia ser manipulado para moldar o futuro no
desenvolvimento de uma pessoa era compatível com o ideal americano de que, com a
criação e a educação adequadas, se poderia aspirar a qualquer objetivo.
O behaviorismo de Watson criou uma ponte entre a psicologia básica e a psicologia
aplicada.
Em relação a seu desempenho como executivo, seu rendimento caiu muito após a súbita
morte da sua mulher em 1935. (o grande amor da sua vida). Em seus últimos anos
tornou-se cada vez mais recluso. Em 1957, um ano antes de sua morte, Watson foi
homenageado pela associação de psicologia americana, em sua reunião anual, mas na
última hora Watson deixou de ir e mandou o filho em seu lugar. “Watson tinha medo de
que naquele momento suas emoções o assaltassem, de que o apóstolo do controle do
comportamento perdesse o controle e chorasse. (Buckley, 1989)
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
GOODWIN, C.JAMES. História da Psicologia moderna. São Paulo, Cultrix, 2005.