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Eu cresci em um culto, que me manteve completamente protegida da vida real.

Eles
até me forçaram a casar aos quatorze anos.

Eu estava presa, e a vida era um inferno total até que me ofereceram uma saída.
Passei meses curando e finalmente sendo feliz pela primeira vez.

Então ele entrou na minha vida.

Maverick se enraizou bem no fundo do meu coração desde o segundo em que o


conheci. De seu sorriso arrogante a sua atitude de macho alfa, eu estava apaixonada
por ele.

Mais importante, ele me manteve segura quando eu mais precisava dele.

No segundo em que coloquei os olhos nela, soube que ela era aquela por quem
esperei por toda a minha vida. Tudo que eu vi foi ela.

Mas tudo veio à tona quando seu passado ressurgiu.

Quando vi o medo em seus olhos, algo dentro de mim


estalou. Tornou-se a missão da minha vida encontrar cada
pessoa que a machucou.

Afinal, sou um Grim Sinner por um motivo.

É hora de colher.
F ECHO MEUS OLHOS enquanto a assistente social vem e
leva meu bebê. Meu ventre está doendo tanto, meu coração
está doendo ao ponto de eu acreditar que ele vai estourar.

Acabei de desistir de meus direitos sobre meu bebê, meu


segundo bebê.

Tenho dezenove anos, não posso ter outro filho e


enfrentar isso de novo. River começa a chorar quando eles a
tiram dos meus braços e saem pela porta sem olhar para trás.

Meu único raio de sol, a única esperança que eu tinha em


minha vida se foi em uma fração de segundo.

Afasto-me da porta, sabendo que nunca mais a verei ou


a minha outra menina.

Fui forçada a esta vida. Casei-me quando tinha quatorze


anos com um homem com o dobro da minha idade.

Ele parecia legal na época. Esperava que esta fosse minha


saída da pobreza e que eu fosse realmente capaz de comer três
refeições por dia.
Essa esperança durou três segundos em nossa noite de
núpcias, quando meu pior medo, que eu nunca soube que
tinha, tornou-se muito real.

Tudo mudou em um piscar de olhos e eu teria voltado a


morrer de fome em vez de viver um segundo na presença dele,
porém, minha vida não era minha.

O que me esperava quando voltasse para casa ia ser


muito ruim. No meu mundo, as mulheres são um prêmio
porque fomos compradas.

Meu marido Michael pagou à minha família por mim. Ele


pagou por minha pureza e que eu o serviria pelo resto de minha
vida, ou é isso que a igreja nos diz. Elas estão por trás de tudo.

Quanto mais velha fico, mais percebo como esse


pensamento é ruim.

Desisti de minhas filhas para protegê-las. Morreria antes


de deixá-las viver do jeito que vivo.

Elas seriam praticamente vendidas como escravas, e isso


sem considerar o fato de que Michael é mau e sou lembrada
desse fato todos os dias, seja por seus punhos ou por outros
meios.

Fecho meus olhos, deixando a lágrima escorrer pela


minha bochecha. Estou sozinha em meu quarto, fazendo com
que o silêncio perfure minha cabeça.
Talvez ele se enfureça o suficiente para acabar com o
sofrimento? Pode-se ter esperança.

Muitos anos depois

SENTO -ME na beirada do sofá olhando pela janela para o


caso de ele chegar mais cedo. Ele faz isso às vezes porque quer
ter certeza de que não estou o traindo ou sendo preguiçosa.

Minha mente vagueia para minha filha River, que me


reencontrou. Não tenho certeza de como ela fez isso, mas
nunca esquecerei de vê-la de pé do lado de fora da minha porta
danificada.

No segundo em que a vi, soube que ela era minha filha.


Pela primeira vez desde que desisti dela, um pequeno pedaço
de mim não doeu.

Então, o medo absoluto de ele voltar para casa e


encontrá-la quase me paralisou. Torci a cara para isso e a
deixei entrar. Ver minha filha era mais importante do que ele
jamais a encontrar.
Ela me contou sobre sua vida e de como ela é um gênio
da computação. Depois ficou séria, me dizendo que vai
encontrar Jessica e me tirar desta vida.

Eu sorri para ela, sabendo que uma vida assim está fora
de questão. Há muito tempo eu parei de sonhar, mas saber que
ela está segura, é saudável e bonita, me acalma.

Cada punição que suportei ao longo dos anos porque


desisti delas valeu a pena.

— Eu te amo tanto, River. Gostaria que as coisas


pudessem ter sido diferentes. Eu teria dado tudo para ser a
mãe de que você precisava. Fiz isso para protegê-la. Tenho
certeza de que é difícil entender, mas é verdade. — Eu me
abaixo e fecho meu suéter em torno de mim para que ela não
veja minhas costelas através da minha camisa.

Seus olhos cheios de emoção se enchem de lágrimas,


olhando profundamente para mim. — Eu sei disso. Vi muitas
coisas quando te procurei, mãe.

Eu fecho meus olhos, deixando a palavra mãe passar por


cima de mim – como eu amo ouvi-la me chamar assim.

Estendo a mão e toco a sua. Ela segura a minha e tenho


vontade de chorar porque este é o primeiro toque gentil que
recebo em muitos anos. — Ele estará aqui em breve. Ele não
pode encontrar você, querida. — Enxugo as lágrimas de seu
rosto.
Ela funga e se levanta, envolvendo os braços em volta de
mim. Não hesito em retribuir o abraço. — Fique segura,
querida. — Ela sai pela porta, olhando para mim mais uma vez
antes de entrar em seu carro, abrindo um buraco no meu
coração.

Sento-me no sofá e espero meu marido chegar em casa.


Ele o faz dez minutos depois, trovejando dentro de casa e
verificando cada cômodo.

Eu sabia que meus vizinhos diriam a ele assim que ele


chegasse em casa, que diabos, provavelmente ligaram para ele
no trabalho. Ele não deveria estar em casa por horas e seu
jantar nem sequer está pronto.

Depois que termina sua busca, caminha na minha


direção, com o rosto vermelho de raiva. Eu fecho os olhos,
sabendo o que ele vai fazer, mas sorrio por dentro porque hoje
vi uma fatia do céu.

Algumas semanas depois


Outro dia, a mesma vida. Estou sentada na cozinha
pensando no que preparar para o jantar para ele, quando ouço
alguém estacionar do lado de fora.

Eu me levanto da cadeira, sentindo-me muito mais velha


do que meus trinta e oito anos. Meu marido ainda está me
punindo todas essas semanas depois, com meus privilégios de
aquecimento na casa enquanto ele está fora.

Ando até a porta da frente e olho pela janela. Eu vejo uma


mulher na casa dos vinte anos sair e ficar ao lado de outra
mulher – River. A mulher mais velha se vira para olhar para a
casa e quase caio no chão.

Ela é uma imagem cuspida de mim – ela é minha filha, eu


sei, sem dúvida, que ela é minha filha.

Elas vêm até a porta e batem, junto com um homem que


está colado ao lado de Jessica. Respiro fundo e abro a porta,
nem mesmo me preocupando com as consequências de elas
estarem aqui.

Fico cara a cara com minha primogênita. Eu cubro minha


boca, oprimido o choro. — Jessica? — Sussurro trêmula.

Jessica engole em seco. Posso dizer que ela está tão


afetada quanto eu. — Sou eu. Podemos conversar com você?

Olho para trás delas no quintal para ter certeza de que é


seguro. Eu aceno e dou um passo para trás, permitindo que
entrem na minha prisão.
Ficam paradas e me encaram. — Você quer se sentar? —
Jessica me pergunta, e eu caminho lentamente para a
poltrona, ignorando a dor no meu estômago.

Jessica se senta na minha frente. — Não sei por onde


começar. — Ela ri um pouco e parte da ansiedade me deixa.
Eu quero que ela goste tanto de mim, as duas.

— River me encontrou e me contou sobre sua situação


aqui.

Meus olhos se arregalam. Nunca esperei que River


contasse a alguém sobre minha vida aqui. Não tenho certeza
de como ela sabe o quão ruim isso é.

Eu reúno minha coragem. — Me matou desistir de vocês,


meninas, mas eu não queria que tivessem uma vida ruim. Eu
não poderia te dar uma boa, porque eu estive presa em um
casamento com alguém com quem fui forçada a casar aos
quatorze anos.

Jessica e River parecem chocadas. — Quatorze anos de


idade? Isso nem é legal, não é? — Jessica pergunta.

Quem me dera que não fosse legal na época. — Eu não


sou originalmente daqui; venho do Kentucky, e era legal lá
quando eu era uma criança. Meus pais eram pobres e
escolheram alguém para mim. Ele tinha quase trinta anos, e
eu tinha acabado de fazer quatorze. — Engulo em seco,
correndo minhas mãos pelas minhas pernas, tentando parar o
tremor.
Então decido ser completamente honesta. Quero que
entendam que não queria desistir delas. Preciso
desesperadamente que elas entendam.

— Tem sido um inferno aqui, e eu não poderia trazer


minhas filhas a este mundo. Sinto muito ter desistido de vocês,
mas fiz isso para protegê-las do meu próprio jeito. Não consigo
nem me proteger. — Prendo minha respiração, tentando
impedir que o ataque de pânico me oprima. — Dele, — eu
termino.

Eu olho para Jessica. — Eu tive você quando tinha quinze


anos. — Eu me viro para olhar para River. — E eu tive você
quando tinha dezenove anos. — Retorno meu foco para
Jessica. — Eu quase morri quando tive você, Jessica. Eu era
muito pequena para a minha idade e estava abaixo do peso –
foi difícil.

Eu vejo o homem ao lado dela apertar sua mão com mais


força. Posso dizer que ele ama minha garota e me alegra que
ela tenha isso.

Jessica se inclina mais perto e pega minhas mãos. — Se


você tivesse uma chance de ir embora, você iria?

Aceno sem hesitação. — Quero muito sair daqui. Tentei


partir, mas ele me encontrou e eu fiquei semanas no hospital
por ter sido espancada. Não tenho família, não tenho
dinheiro... — Paro porque a possibilidade de sair daqui diminui
a cada dia.
Jessica aperta sua mão na minha. — Você tem família.
Viemos aqui hoje para tirar você daqui.

Meu mundo inteiro implode. Eu não esperava aquilo. —


Mas por que você faria isso, depois de tudo que eu fiz? —
Sussurro, com meu coração doendo com tantas emoções.

Ela sorri. — Você fez isso para nos proteger. Tinha quinze
anos; isso foi muito corajoso.

Eu olho para River e ela tem lágrimas nos olhos.

— Está bem. — Aceno e deixo as lágrimas que não me


atrevi a derramar pelo meu rosto.

Jessica envolve seus braços em torno de mim. Eu deixo a


dor que sinto há tanto tempo e apenas choro por mim mesma,
por minhas crianças e pela vida que sofri por tanto tempo.

— Espere, qual é o seu nome? — Ela pergunta. Eu rio e


limpo as lágrimas — Isabella, Bell para abreviar.

Jessica se levanta. — Quer arrumar suas coisas para


sairmos daqui? — Ela pergunta.

Eu me afasto do sofá, tentando esconder o quão terrível


me sinto. Meu marido nunca se importou muito em garantir
que eu fosse alimentada. Ele monitorava tudo o que eu comia
porque não queria que sua esposa ficasse acima do peso.

Mas ficou radical depois da visita de River e eu não lhe


dizia quem ela era para protegê-la.
— Você se importa se convidarmos nossos amigos para
entrar? — Jessica pergunta, olhando para a porta.

— Claro, que não.

O cara com Jessica se aproxima e abre a porta, e duas


garotas e dois caras entram.

Entro no meu quarto, sem olhar para a cama porque não


tenho estômago para vê-la.

Normalmente fico deitada na cama por tempo suficiente


para que meu marido faça o que quiser comigo, então rastejo
para o chão e me levanto antes que ele acorde para o café da
manhã.

Afastando as lembranças, recolho uma das minhas


antigas malas, tentando ignorar o fato de que estas pessoas
estão me vendo na minha absoluta vulnerabilidade.

Guardo algumas das minhas roupas na mala, e uma


corrente de ar passa por mim, fazendo-me estremecer muito.
— Lamento que esteja frio aqui. Ele não gosta do aquecimento,
a menos que esteja em casa, — explico rapidamente.

Então, sou atingida pela raiva ao pensar que esta foi


minha vida por tanto tempo e que ele me proíba das
necessidades mais simples. Dou uma volta e olho para o
termostato. Tomando a decisão arriscada, ligo o aquecedor. —
Não importa agora, não é? — Pergunto mais para mim mesma
do que às meninas.
Todas nós nos ocupamos empacotando o resto das
minhas coisas, assim que o telefone de Jessica toca e ela coloca
o telefone na frente do rosto, sorrindo.

A voz de uma senhora vem ao telefone. — Ele acabou de


dizer uma palavra, ele disse mamãe!

Os olhos de Jessica brilham lindamente. — Como está o


bebê da mamãe? — Ela murmura, e eu ouço muitas conversas
sobre bebês ao telefone.

Ela sai do telefone e olha para mim. — Você tem um bebê?

Ela sorri. — Você tem um neto.

Todo o meu corpo se aquece de alegria. Eu sou avó — Isso


me deixa muito feliz. — Fecho minha bolsa, totalmente
embalada.

— Pronta? — Jessica pergunta, pegando minha mala.

Ela pega minha mão e River pega a outra, me levando


para fora do quarto.

Na sala de estar, o cara com Jessica se aproxima. — Oh,


este é Chase, Chase, esta é Bell, — ela nos apresenta.

— É tão bom conhecê-lo. Obrigada por cuidar da minha


garota. — Eu sorrio para ele suavemente. Sei, sem dúvida, que
ele ama minha garota pelo jeito que olha para ela.

— Pronta para ir?

Respiro fundo. — Sim, estou mais do que pronta para ir.


A porta da frente se abre. Eu congelo em completo terror,
sabendo que Michael está em casa e ele vai testemunhar
minha partida. — Vadia, o que eu disse sobre ligar o
aquecedor! — Ele grita com toda a força de seus pulmões,
batendo a porta e encarando todos nós.

Chase e os outros caras se movem na nossa frente,


basicamente cobrindo todas nós com seus corpos.

Seus olhos se movem para Jessica, então para River e


depois de volta para mim. — O que diabos você fez, vadia? —
Ele rosna, enviando arrepios na minha espinha e jogando o
braço em minha direção.

Estou enojada até mesmo por estar em sua presença.


Leva tudo de mim para não gritar para as meninas irem.

Jessica e River apertam minhas mãos. — Está tudo bem,


nós vamos proteger você. Ele não pode te machucar mais, —
Jessica sussurra em meu ouvido.

— Angel, por que vocês, senhoras, não vão para o carro?


— Chase pergunta e entrega a chave a Jessica.

Os caras nos cercam e nos levam até a porta enquanto


meu marido grita: — Vadia, onde diabos você está indo? Volte
aqui!

A porta se fecha atrás de nós e eu entro no SUV. Olho


para a casa, tentando envolver minha cabeça no fato de que eu
nunca estarei de volta dentro dela.
ALGUNS DIAS depois

A adaptação à minha nova vida tem sido difícil, mas têm


sido praticamente a coisa mais fácil que eu já fiz.

Apenas dormi e dormi porque estava muito exausta


emocionalmente e por muitos anos nunca descansei
completamente.

Hoje vou ao médico para fazer um checkup completo. Não


fui ao médico desde que me casei, a menos que estivesse dando
à luz ou quase morrendo por ter sido espancada.

Mas isto é uma bênção. Nunca percebi o prazer de


pequenas coisas na vida, como simplesmente poder comer em
paz.

Michael controlava cada coisa que eu comia porque não


queria que eu engordasse.

E isso sem contar os abusos que sofri em suas mãos. Não


consigo nem pensar nisso agora. Também sei que preciso ver
um terapeuta, para resolver as coisas que estão arraigadas em
minha mente.
Desisti da ideia do amor há muito tempo. No início eu
tinha receio de Michael porque já vi o que os homens são
capazes de fazer em primeira mão.

Mas quanto mais tempo eu fico fora dessa vida, mais eu


percebo o quão estranha era minha situação. Ele ameaçava
diariamente contar aos líderes da igreja que eu supostamente
estava me comportando mal. Frequentava a igreja com ele,
mas tinha que me sentar e ser a esposa zelosa. As senhoras da
igreja não tinham permissão para conversar umas com as
outras.

Era estranho a maneira como nos vestíamos e como


deveríamos agir. Honestamente, acho que era uma seita. Eu
fazia parte de uma seita e só me dei conta disso quando senti
o gosto da vida.

Encostamos em frente ao consultório do médico e eu


abafo o nervosismo, porque no final não há nada neste mundo
que possa ser pior do que aquilo que eu sofrera.

É um borrão quando entro faço o check-in e sou levada


direto para uma sala, onde meu sangue é coletado e recebo
ordens para fazer xixi em um copo. Então eu coloco um
vestido.

— Quando foi a última vez que você foi examinada? — A


médico pergunta.

— Quando dei à luz a River, — confesso, e aperto a mão


da minha filha, reunindo coragem. — Eu sinto que preciso
dizer a você, eu tenho sido abusada sexualmente pelo meu
marido desde que tinha quatorze anos. Bem, até alguns dias
atrás.

É como se um grande fardo tivesse sido retirado de mim.


Sinto que precisava falar essas palavras em voz alta. Não quero
que seja um grande segredo.

— Não vou ter vergonha do que aconteceu. Não vou me


deixar sentir mal por nada disso. Não foi minha culpa. Fui
forçada a essa vida. É hora de ser feliz e me sentir bem comigo
mesma.

Não tenho certeza de onde veio essa força, mas estou


emocionada. Recuperei uma parte de mim, que pensei ter
perdido há muito tempo.

Estou acomodada na cama e imediatamente volto para o


meu lugar seguro, o lugar que conseguiu me manter sã ao
longo dos anos.

O médico me cobre e eu sento e espero ela falar. — Você


precisa ir com calma depois de um tempo. Precisa descansar e
se curar. Vou prescrever alguns antibióticos para qualquer tipo
de infecção. — Ela me entrega a receita e fica séria. — Está
muito abaixo do peso; você precisa de uma nutrição adequada.
— Entrega-me um plano alimentar em um pequeno livreto.

Eu me visto de novo e estou tão feliz que isso acabou. Não


foi tão ruim quanto pensei que seria.
Hunter, meu neto, está na casa da mãe de Chase. Chase
teve um trabalho hoje em seu escritório. Jessica, River e eu
entramos na caminhonete e sorrio para o sol quente que brilha
sobre nós.

Eu amo o clima mais quente aqui.

Então eu o vejo sair atrás da caminhonete – Michael. Não


consigo deter o pânico que me preenche até o âmago ao vê-lo
aqui, vindo de Michigan. Seu rosto está quase irreconhecível,
parece que alguém o espancou muito. Ele sorri, e faltam-lhe
dentes na frente.

— Michael, — eu suspiro e paro no meio do caminho. As


meninas me cercam. Jessica pega seu telefone e manda
mensagens para alguém.

Michael vai descobrir quem são essas garotas. Jessica


parece idêntica a mim. — Você está voltando para casa comigo!
— Ele aponta para mim, gritando bem alto. Eu vacilo com cada
palavra.

— Ela não vai! — Jessica grita de volta para ele.

Os olhos de Michael se estreitam em mim. — Sim, ela vai.


Como você acha que eu a encontrei? Ela fugiu uma vez e eu
coloquei um rastreador em seu anel, — ele se regozija, e meu
estômago afunda.

Puxo o anel do meu dedo e jogo no chão. O ding, ding do


anel atingindo o concreto é penetrante.
Dou um passo em direção a ele, colocando-me na frente
das meninas, — Não, me deixe em paz! — Eu grito, liberando
muito da raiva que tenho por ele.

Sua expressão muda para uma que eu reconheço, uma


que me causou tanta dor e sofrimento. — Vadia, você vai pagar
por isso.

Calafrios sobem pela minha espinha, cada fio de cabelo


do meu corpo se arrepia. Não consigo nem imaginar o que ele
faria comigo se me pegasse.

Sei que provavelmente estaria morta.

Aproximando-se, tão perto que posso ver cada poro de


seu rosto.

— Ela não vai pagar por nada. Ela não vai a lugar nenhum
com você, — Jessica me defende.

Ele sorri para nós três, — Oh, sim, ela vai.

Ele parte em nossa direção. Eu olho para as meninas,


dizendo-lhes para fugirem, mas Jessica me surpreende tirando
uma arma da bolsa. — Reflita novamente, filho da puta. — Ela
aponta diretamente para a cara dele.

Ele para no meio do caminho. — Eu... eu... — gagueja e


olha em volta como se algo fosse acontecer.

— Acho que você não esperava que eu estivesse armada.


De joelhos, porra, ou vou explodir seu pau, — Jessica exige, e
meus olhos se arregalam. Olho para River, que parece
orgulhosa.

Eu vejo quando ele empalidece e começa a se ajoelhar no


chão. Nesse momento, uma caminhonete entra ruidosamente
no estacionamento e Michael aproveita a oportunidade para
fugir.

Ele sai em alta velocidade do estacionamento e a


caminhonete de Chase para ao nosso lado. Chase corre direto
para Jessica, pegando sua arma, puxando-a para ele.

Pego a mão de River e a puxo para mim, mantendo um


olho aberto cuidando para que ele não volte. — O que diabos
aconteceu? — Chase pergunta.

— Michael esteve aqui. Ele tinha um rastreador no meu


anel, — eu respondo, minha voz falhando enquanto o
nervosismo se instala.

— Porra! — Chase rosna e envolve seus braços em volta


de nós três, nos ajudando a entrar no carro de Jessica. — Você
deveria ir para casa. Eu preciso encontrar aquele filho da puta.

Chase lhe devolve a arma e ela a enfia em sua bolsa e


fecha a porta.

Estou no banco do passageiro e River está atrás. Jéssica


dirige no meio do estacionamento, e meu coração cai no meu
estômago.
Michael está vindo direto em nossa direção. Agarro o
braço de Jessica e ela coloca o carro em marcha à ré, fazendo
com que ele desvie.

A caminhonete de Chase ruge em nossa frente,


colocando-se entre nós e Michael. Michael faz meia-volta e, em
seguida, caminha direto em nossa direção novamente. Chase
se move na nossa frente para que ele o acerte em vez de nós.

Então Michael muda de rumo e sai, entrando na


interestadual. Minha única esperança é que ele volte para o
lugar de onde veio.

Espero que esta seja a última vez que o verei.


TRÊS MESES depois.

Eu entro no quarto de Hunter para ver se ele está


acordado. Ele tem sido uma luz brilhante em minha vida.

A maneira como ele sorri, o som de suas gargalhadas. Ele


é perfeito. Quando os dias ficam difíceis por causa do meu
passado, ele faz a dor passar.

Jessica já o tirou do berço e o está segurando. Eu sorrio


e me aproximo, passando minha mão na parte de trás de sua
cabeça. — Bom dia, querida, — digo a Jessica.

— Bom dia mãe. Você dormiu bem?

— Sim, — eu respondo. Dormi o melhor que pude,


considerando os pesadelos dos quais simplesmente não
consigo escapar. Tentei tomar melatonina para me ajudar a
descansar, mas acho que piorou os sonhos. — Estou me
preparando para ir para a terapia. Estarei de volta em casa em
algumas horas. O que vocês estão planejando fazer mais tarde?
— Eu me pergunto se eles querem que eu faça o jantar para
eles e lhes dê uma noite de folga com Hunter.
— Acho que posso ter uma consulta. — Jessica suga os
lábios, como se estivesse tentando não sorrir.

Isso me atinge quando chego ao final da escada. Eu me


viro para olhar para ela, meu estômago se enche de borboletas.
— Você está?

Ela sorri tão lindamente. Fico muito feliz em ver minhas


duas filhas tão felizes. — O teste disse que sim.

Eu corro para ela. — Oh, meu Deus! — Eu digo em voz


alta e a abraço com força.

Jessica ri e abraça de volta com a mesma força. Hunter


está entre nós e decide se juntar ao abraço também.

— Deixe-me saber o que eles dizem, querida. — Eu toco


sua bochecha suavemente.

Aceno enquanto saio pela porta e entro no carro que


Chase me permite usar. Tem sido difícil para mim aceitar os
presentes que ele me deu.

Meu primeiro pensamento foi: o que vou ter que fazer para
retribuí-lo?

Depois da terapia, sou voluntária em um abrigo para


mulheres. Fiz grandes amigas lá. Estamos passando por essa
jornada juntas.

A parte mais difícil do voluntariado lá é ver todas as


crianças, e a expressão assustada em seus olhos.
Quero levar todos para casa comigo e prometer que
ninguém mais vai machucá-los.

A parte mais difícil é quando a mãe volta para o agressor


e isso significa que a criança tem que voltar também.

Eu entro na terapia e aceno para a senhora na recepção.


Quando comecei, ia quase todos os dias. Agora é apenas duas
vezes por semana.

Percebi lá que estive em – e cresci em – uma seita.

Eu tinha minhas suspeitas, mas estava tão isolada do


mundo que era tudo o que sabia. Eu não tinha telefone, TV,
nada.

Tínhamos que usar branco e não usávamos calças,


nunca. Nosso cabelo não devia ser cortado – havia tantas
regras.

Se nosso marido pensasse que havíamos pecado ou


desobedecido, ele tinha que punir sua esposa de acordo ou a
igreja o faria.

A igreja está cheia de homens que prosperam com o poder


que ela lhes dá. Nós não somos nada além de corpos para eles
e existimos apenas para dar-lhes prazer.

— Oi Braelyn, como você está hoje? — Eu sento na


cadeira.

Ela sorri. — Estou bem. Xavier decidiu vomitar em mim


esta manhã, nada demais.
Eu ri. Só ela ficaria tão feliz com seu filho vomitando nela.
— Você está pronta para falar sobre o que estamos adiando?
— Ela pergunta.

Soltei um suspiro profundo, mergulhando nele. — Sim.

— Acha que quer namorar? — Ela pergunta. É algo que


mencionamos, mas nunca realmente ponderamos.

— Pensei muito sobre isso. — Eu me mexo na cadeira


para ficar mais confortável. — Eu acho que se alguém entrar
na minha vida e eu puder encontrar essa felicidade, vou correr
atrás disso.

Tenho que aprender a me amar e me permitir perceber


que mereço que coisas boas me aconteçam. — Tenho trinta e
oito anos. Ainda sou jovem de muitas maneiras, — continuo,
ficando mais leve quando vejo a felicidade em seu rosto. —
Então, sim, eu quero namorar. Sei que vai ser difícil para mim,
porque tenho PTSD1, mas devo a mim mesma permitir-me ter
essa chance na vida.

Braelyn fecha seu caderno. — Estou incrivelmente


orgulhosa de você, Bell. Veja o quão longe você chegou.
Quando chegou aqui, você pirava se alguém abrisse a porta
muito abruptamente.

1O transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) é um distúrbio de ansiedade que se manifesta em


decorrência de o portador ter sofridos experiências de atos violentos ou de situações traumáticas.
— Você me ajudou muito, Braelyn. Fez-me perceber que
é hora de viver da melhor maneira possível. Muitos anos de
minha vida foram roubados, mas isso já passou.

Tenho medo de que Michael me encontre um dia, mas não


posso deixar isso me paralisar.

— Você pensa em crianças? — Braelyn hesitantemente


pergunta.

Eu aceno sem hesitação. — Eu não me importaria de ter


filhos. Se por acaso eu não encontrar alguém que aguente
minha bagagem, pensei na adoção.

Braelyn me lança um olhar, pegando-me em dúvida. —


Qualquer um teria sorte de ter você, Bell. Você é a pessoa mais
forte que já conheci. Sofreu abusos a vida toda até três meses
atrás. Foi além das minhas expectativas. Você se esforçou, e
lutou com unhas e dentes para sair do inferno, agarrando a
vida com as duas mãos. Se você não é a minha maior história
de sucesso, então não sei o que é.

Eu não poderia parar as lágrimas, mesmo se tentasse.


Suas palavras atingem uma parte de mim que duvida que eu
possa fazer isso.

Eu me aproximo e abraço Braelyn. Eu sei que é


impróprio, mas não posso evitar. Eu também lutei com o toque.
Nunca tive um toque saudável em minha vida, então tive que
aprender a não vacilar se alguém levantar a mão. Às vezes sou
pega de surpresa e quase caio no chão, com o instinto e o medo
me dominando.

Isso vai levar algum tempo. Talvez eu sempre tenha


gatilhos, mas não me importo. Serei eternamente grata pela
vida que tenho agora. Não tenho certeza de como isso poderia
melhorar.

Depois da nossa sessão, eu dirijo pela estrada para o


centro, e um dos prospectos no portão me deixa entrar.

Quando vi que este centro era propriedade de um clube


de motoqueiros, fiquei desconfiada. Todo mundo já ouviu
boatos e esses lugares inspiram medo.

Os membros não são nada como eu esperava.

Os MC Devil Souls são assustadores, não me interpretem


mal, mas posso dizer que os homens são bons. Eles protegem
as meninas de lá para que possam ficar seguras e se curar sem
medo de se machucar.

Eu amo isso aqui.

Pego minha bolsa e a coloco no ombro. — Oi Liam, como


você está hoje? — Eu sorrio para ele. Ele é o irmão mais novo
de Braelyn.

Ele pega minha bolsa como se fosse muito pesada para


eu carregá-la. — Estou bem. Esperando Paisley vir. Uma das
crianças caiu, então ela está vindo para dar uma olhada.
Estou instantaneamente preocupada: — Oh, não, qual
bebê?

Eu não me importo se as crianças são adolescentes. Eu


chamo todos eles de bebês. O rosto de Liam suaviza quando
ele olha para mim, — Ronny.

Meu coração dói. Ele já passou por muito. A mãe dele não
é a melhor – ela é uma com a qual simplesmente não consigo
me conectar. Ela está brava com o mundo e tem o direito de
estar, mas não com Ronny. Ela é cruel com ele e eu não gosto
disso.

— Vou ver como ele está. — Liam coloca minha bolsa no


meu armário e o fecha para mim.

Ninguém piscou duas vezes ao ver Liam carregando uma


bolsa branca no braço. Acho fofo que ele não se importe.

Eu aceno para Liam e entro na “sala de estar”, como eu


chamo. É um espaço enorme com sofás, várias TVs e
brinquedos para as crianças.

Vejo Ronny ao lado da sala imediatamente, parecendo


triste, e vejo o enorme galo na lateral de seu rosto.

Eu me aproximo com cuidado para não o assustar, — Oi


Ronny, você está bem? Ouvi dizer que você bateu com a
cabeça?
Ele sorri para mim. Ele é realmente uma criança linda,
com sua bela pele cor de moca e olhos azuis penetrantes. Ele
é tão feliz considerando a vida que recebeu.

— Sim, Bell. — Para de falar e olha para sua mãe, que


está olhando para ele de um dos sofás.

Alarmes disparam na minha cabeça com a expressão em


seu rosto. Não gosto do olhar que ela está dando a ele.

— Trouxe uma coisa para você, — eu sussurro, para


desviar a atenção dele da mãe. Posso tentar falar com ela
novamente para ver se poderia de alguma forma ajudá-la a
superar o que está fazendo com que ela maltrate Ronny.

Ele praticamente treme em sua cadeira de empolgação.


Ontem estávamos conversando e ele mencionou que estava
morrendo de vontade de ler o próximo livro de Percy Jackson,
então fui à livraria e comprei um para ele.

Apresento o livro, embrulhado, é claro, deslizando-o sobre


a mesa e tomando cuidado para não o tocar, porque não sei se
está tudo bem para ele ou não.

A maioria das pessoas não pensaria em pequenas


coisinhas como essa, mas às vezes bons toques podem ser
demais para suportar.

Ele abre tão devagar, como se estivesse tentando saboreá-


lo. Quando finalmente o tira do papel, seus olhos se arregalam
tanto e sua boca se abre em descrença.
Seus lindos olhos se viram para olhar para mim. Ele
engole em seco e toca a capa do livro como se não pudesse
acreditar que está realmente lá. — Você realmente comprou
isso para mim, Bell?

Sua expressão me traz muita alegria. — Sim, eu fiz,


querido. É todo seu. Depois de terminar esse, posso pegar o
próximo.

Ele pega o livro e o aperta contra o peito. — Você se


importa se eu ler enquanto você se senta comigo?

Farei o que ele quiser que eu faça, então eu sento bem ao


seu lado e pego meu próprio livro no meu telefone, e nós
sentamos e lemos em silêncio.

Posso sentir sua mãe olhando para nós dois. É mais um


clarão, mas não vou me importar.

Espero que ela não abuse dele fisicamente, na verdade,


ela não está lhe dando o apoio emocional que ele precisa.

— Quer almoçar comigo antes que eu tenha que sair? —


Pergunto baixinho para não o assustar enquanto ele lê.

Ele coloca o livro de lado e marca seu lugar com um


marcador, acena com a cabeça, seus olhos mais claros do que
eu vi desde a primeira vez que o vi aqui.

Caminhamos juntos até o refeitório e eu o ajudo a pegar


sua comida. — Quer me contar sobre o seu livro?
Ele dá uma mordida em seu sanduíche. — Sim! — E
começa uma conversa animada falando sobre semideuses e
um monte de coisas das quais eu não tenho ideia.

Uma hora se passa e eu tenho que ir. — Eu tenho que ir,


Ronny, mas estarei de volta amanhã. Se você precisar de mim,
eles têm meu número na recepção.

Seus lindos olhos me assombram. Não quero deixá-lo. Eu


gostaria de poder abraçá-lo e tirá-lo daqui.

— Eu entendo, Bell, vejo você amanhã? — Ele diz


docemente. Abraçando o livro contra o peito como se estivesse
lhe dando conforto.

Ele é muito precioso para este mundo. Eu daria qualquer


coisa para adotá-lo, mas ele tem uma mãe e eu oro para que
ela mude e dê a ele a vida que ele merece.

Ela está aqui, talvez seja um começo?

Eu me viro, acenando enquanto faço isso, e saio pela


porta. Solto um suspiro profundo, esfregando meu peito
enquanto a dor se forma e um milhão de pensamentos correm
pela minha mente.

Decidi neste momento ir à livraria e pegar os outros livros


para guardar no meu carro para poder tê-los em mãos no
segundo em que ele terminar os outros.

Se isso lhe traz felicidade e algum tipo de paz, então eu


quero dar a ele.
O próximo dia

MAL POSSO ESPERAR até ver Ronny. Escondo o livro na


minha bolsa, caso ele tenha terminado o que está lendo.

Eu me anuncio quando entro. Braelyn me seguiu até


aqui, já que trabalha meio período durante a semana.

Ela caminha para sua sala, passando pelo refeitório e eu


caminho para a sala de estar.

Vejo Ronny logo de cara triste enquanto ele se senta ao


lado sozinho. Ainda está usando as mesmas roupas de ontem.
Faço uma nota para ir às compras para ele amanhã, antes de
voltar.

A mãe dele está sentada no sofá novamente e parece mais


irritada do que o normal. Ela me lança um olhar mortal quando
eu passo.

Se ela soubesse que seu olhar não significa


absolutamente nada para mim. Você não passa pelo que eu
passei e é afetado por isso.

— Oi, Ronny, como você está hoje? — Pergunto puxando


uma cadeira.
Ele sorri para mim. — Estou bem! Fiquei acordado a noite
toda e terminei meu livro. Era tão bom, Bell. Obrigado por
pegar para mim. — Ele abraça o livro contra o peito.

— De nada, querido. Estou tão feliz que você gostou. —


Meu coração aquece com o olhar em seu rosto enquanto ele
olha as páginas do livro que acabou de ler.

— Quer almoçar comigo de novo, Bell? — Pergunta.

— Claro, você é minha pessoa favorita. Não posso perder


o almoço com meu homenzinho favorito.

Ele se levanta da cadeira como se fosse sair, e começo a


me preocupar por ter dito algo errado, mas ele faz o
impensável.

Ele me abraça.

Envolve seus braços em volta do meu pescoço e me


abraça com tanta força que dói, mas eu não ousaria reclamar.

Eu o abraço de volta, esfregando suas costas. Ele apenas


me abraça e eu o deixo por quanto tempo ele quiser.

Finalmente se senta novamente, mas puxa seu assento


um pouco mais perto. Acho que finalmente consegui sua
confiança.

Ele balbucia sobre seu dia, como está brincando com


seus amigos mais tarde e que está animado para o jantar.
Chega muito rápido quando tenho que sair. A mãe de
Chase virá jantar hoje à noite para celebrar a gravidez de
Jessica.

— Eu tenho que ir, Ronny, mas estarei de volta amanhã


como de costume. Mas tenho uma surpresa para você.

Eu alcanço dentro da minha bolsa e retiro o próximo livro.


Ele olha para ele em estado de choque e depois corre para mim,
enterrando o rosto no meu estômago.

— Muito obrigado, Bell. — Ele funga e dá um passo para


trás, com pequenas lágrimas nos olhos.

Eu me abaixo e as limpo. — De nada, querido. Vejo você


amanhã.

Ele abraça os dois livros e volta para sua cadeira.

Eu o observo por alguns minutos antes de sair. Está


ficando cada vez mais difícil fazer isso. Se ao menos sua mãe
soubesse que criança incrível ela tem.
PARAMOS DO lado de fora da linda casa de Katherine e
caminhamos de volta para onde é a festa.

O relacionamento romântico de Katherine me levou um


minuto para entender – ela é casada com dois caras.

Estou cercada por relacionamentos incrivelmente


bonitos. Me dá muita alegria ver todos tão felizes e estar
rodeada por isso.

A festa está a todo vapor. Vejo Katherine na mesa de


comida movendo as coisas. E corro na direção dela.

— Oi Katherine, precisa de ajuda? — Eu pergunto a ela


assim que chego à mesa.

Ela sorri para mim e solta um suspiro profundo. — Sim,


sempre posso usar um auxílio. — Eu começo a trabalhar
ajudando-a a preparar o buffet.

— Estou tão animada para outro neto. Agora temos três.


— Ela fica com uma expressão sonhadora no rosto. — A vida
não poderia ser melhor.
Eu sorri de volta. — Você está exatamente certa. — Os
últimos meses foram os melhores da minha vida, não consigo
imaginar como a vida poderia ser melhor.

— O que está em seu dedo? — River pergunta a alguém e


me viro ao mesmo tempo que Katherine. — O QUÊ! — Gritamos
ao mesmo tempo.

Corro até Jéssica, olhando para a mão dela para


confirmar.

Estou tão feliz por ela, não posso deixar de gritar um


pouco de empolgação e Katherine faz o mesmo. Tento não rir
porque somos muito parecidas.

— Por que você não me contou? — Katherine pergunta.

— Eu estar grávida meio que assumiu o controle do meu


cérebro e de Chase. Íamos anunciá-lo hoje, — explica Jessica

Chase se aproxima e pega a mão da minha filha,


beijando-a. Eu suspiro e olho para Katherine, agradecida por
ela ter criado um filho tão incrível para minha filha.

Pego Hunter de volta com Jessica, beijando-o em suas


bochechas rechonchudas, e ele ri docemente. Katherine fica
com aquela expressão inocente quando o vê, e não consegue
resistir mais um segundo e o tira de mim. Eu olho em volta
para ver se preciso fazer alguma coisa quando noto um homem
olhando para mim, encostado na parede.
Eu me afasto imediatamente, sentindo-me muito quente
de repente. Primeiro, ele é extremamente atraente e parece em
torno da minha idade. Tem cabelos castanhos escuros, lindos
olhos castanhos que ainda posso sentir em mim, e não se
esqueça das lindas tatuagens coloridas.

— Hora de comer! — Katherine grita com todos e me


entrega Hunter, então eu o entrego a Jessica para que ela
possa colocá-lo em sua cadeirinha.

Espero até que todos recebam sua comida antes de eu


pegar a minha, sentando ao lado de Jessica no caso de ela
precisar de mim com Hunter, mas então ele se senta ao meu
lado.

Estou ciente de cada movimento meu e dele. Ele toma um


longo gole de sua cerveja e gentilmente a coloca de volta na
mesa, meus olhos se enchendo de suas tatuagens em seus
braços e mãos.

— Maverick, — diz em uma voz profunda que


simplesmente desliza sobre mim como manteiga. Arrepios
explodem em minha pele com o mero som de sua voz.

Reúno minha coragem e olho para ele. — Isabella, Bell


para abreviar.

Antes que eu possa dizer qualquer outra coisa, Lani


engasga dramaticamente atrás de nós e me viro para vê-la, ela
está segurando seu estômago. — Acabei de ter uma contração.
Isso coloca todos em movimento, eles saem correndo em
direção aos seus veículos. Nós nos oferecemos para limpar e
trancar a casa para eles enquanto os caras arrumam as mesas
e cadeiras.

River e Jessica estão ao meu lado, olhando uma para a


outra. — Mãe, Maverick é legal.

Eu coro com elas, reconhecendo que estava nervosa perto


de Maverick. — Ele é legal.

— Você consideraria sair em um encontro com alguém?


— River pergunta.

— Eu acho que sim. Só não tenho certeza de como faz


tudo isso, — eu respondo honestamente. Nunca estive em um
encontro na minha vida. Eu era apenas casada – só que tudo
era com meu ex-marido.

Não quero pensar nele, mas é tudo o que tenho para


comparar. Honestamente, eu não acho que fui beijada da
maneira adequada na minha vida. Tudo o que sei é seus lábios
esmagando-se contra os meus enquanto ele fazia coisas
horríveis comigo.

Sei que não é para ser assim, relacionamentos, mas isso


é tudo que sei e isso é triste para mim.

Ando para fora e vejo Chase conversando com Maverick.


Jessica coloca a mão nas minhas costas, como se ela estivesse
tentando me dar força.
Quando alcançamos os caras, Jessica engasga
dramaticamente. — Oh, não, mãe, como você vai chegar em
casa?

Maverick dá um passo à frente. — Posso levá-la para


casa, se você não se importar em andar na garupa da minha
moto? — Ele sorri para mim.

Meu coração começa a bater tão forte que posso sentir em


meus ouvidos. Eu olho para Jessica e depois para Chase, antes
de dizer, dane-se. Nada poderia acontecer comigo que não
tenha acontecido antes. — Tudo bem, obrigada.

Ele parece ligeiramente surpreso por eu ter concordado.


— É um prazer, querida. — Eu me aproximo dele e ele põe a
mão nas minhas costas, me levando para sua moto.

A mão nas minhas costas me queima. É tão grande que


me cobre quase completamente as costas.

Ele me leva a uma bela moto, que monta como se tivesse


feito isso um milhão de vezes e tenho certeza que sim. — Muito
bem, querida, com sua perna direita levante-a sobre as costas
e deslize.

Levanta a mão para eu segurar. Fico olhando para ele por


alguns segundos antes de colocá-la na dele.

Pareço desajeitada à medida que todos saem, mas eu


consigo.
Maverick olha para mim e sorri. — Aqui. — Ele me
entrega um capacete para colocar e eu prendo no lugar.

Suas mãos envolvem minhas panturrilhas, puxando-me


contra suas costas, e eu paro de respirar estando tão perto
dele.

Tento não entrar em pânico, engolindo em seco, sabendo


que está apenas tentando me ajudar e que não está sendo mau
ou agressivo.

Maverick se vira para olhar totalmente para mim. — Ei,


você não precisa ir comigo se não estiver confortável.
Acabamos de nos conhecer e eu entendo.

Em uma fração de segundo me sinto segura com ele. Ele


me deu uma escolha e uma possibilidade de escolha. Uma
escolha para fazer o que eu quero.

Eu sorrio e alcança meus olhos, porque eu quero dizer


isso. — Não, estou confortável.

Seu rosto suaviza enquanto estuda meu rosto antes de


sorrir para mim. — Irei o mais devagar que você desejar. — Ele
pisca e eu quase caio da moto, suas palavras e aquela
piscadela mais do que me afetam.

Ele liga a moto e a vibração me assusta. Posso sentir


todos os tipos de partes do meu corpo formigando – eu nem
sabia que ainda funcionava.
— Segure firme. — Gentilmente pega minhas mãos e as
puxa ao redor de sua cintura.

Ele dá um tapinha no meu joelho antes de decolar e eu


fico viciada. Quando sinto a brisa quente em meu rosto, estou
apaixonada. É uma liberdade completa e absoluta.

Saímos para a rodovia e ele acelera. Eu rio alto, meu


estômago afundando quando ele faz uma curva ligeiramente.

Maverick olha de volta para mim, abrindo um sorriso.


Seus olhos brilham de felicidade, então ele acelera um pouco
mais na estrada aberta.

— Segure-se, querida, — ele grita por cima do barulho


alto da moto. Aperto meu abraço nele, descansando meu
queixo em seu ombro e fechando meus olhos, apenas curtindo
a sensação.

Paramos num sinal vermelho, minha mente fica louca de


que isto está realmente acontecendo.

Às vezes, eu honestamente me belisco porque minha vida


parece um sonho. É como se eu estivesse em câmera lenta e
tivesse que me permitir acompanhar tudo.

Mas o que está me deixando louca mais do que tudo é que


estou na garupa de uma moto, Maverick na minha frente com
minhas pernas em volta dele, e não estou apavorada.
Isso é algo pequeno e insignificante para a maioria das
pessoas, mas não quando você é uma sobrevivente. Cada
pequena façanha deve ser celebrada.

— Você quer comer alguma coisa desde que nosso jantar


foi interrompido? — Ele pergunta, esperando o sinal ficar
verde.

— Eu gostaria, — respondo honestamente.

Percebo o pequeno sorriso em seu rosto quando concordo.


Fico feliz que ele esteja afortunado com minha resposta.

Nós dirigimos pela cidade. Percebo logo de cara que ele


recebe muita atenção feminina e rio de algumas delas. Isto é
hilário.

Ele para em frente a uma churrascaria conhecida na


cidade, que já comi algumas vezes com as meninas.

— Deixe-me pegar sua mão, querida, para ajudá-la a


descer da moto. — Eu deslizo minha mão na dele e ele agarra
levemente. Saltando minha perna sobre a moto.

Ele não me solta como eu acho que ele vai. Em vez disso,
entrelaça e enfia minha mão mais profundamente na dele.
Minha mão é engolida por outra enorme.

Honestamente, ele é enorme. As tatuagens em seus


braços, pescoço e seus penetrantes olhos castanhos
assustariam qualquer um.
Mas não sinto medo. Eu só tenho grandes borboletas
inundando meu estômago como se tivesse quatorze anos de
novo, antes que minha vida se tornasse um inferno absoluto.

Ele abre a porta para nós, o ar frio batendo enquanto


entramos e estremeço de frio repentino. Leva um segundo para
meus olhos se ajustarem à escuridão da sala.

A recepcionista na entrada olha para o colete de Maverick


e pega dois menus e acena para que a sigamos.

Maverick puxa um assento para mim, segurando-o


enquanto me sento. Ele se senta na minha frente, de frente
para a sala.

— Você é um cavalheiro. — Eu sorrio docemente para ele,


amando que pensou em fazer isso.

Ele ri, antes de lamber os lábios, apoiando os cotovelos


na mesa e se inclinando para mais perto de mim até que
estejamos cara a cara. — Só às vezes, querida. — Ele pisca e
arqueia uma sobrancelha, descansando em sua cadeira e me
dando um olhar que promete muito mais.

Meu rosto queima e me atrapalho, tentando olhar o


menu. Meu coração está disparado no meu peito.

— Eu me pergunto o quão longe esse rubor vai, querida.

Meu menu cai na mesa e meus olhos se arregalam em


choque. Ele começa a rir, segurando seu estômago, seus lindos
olhos em mim.
Eu nem me importo que ele me provocou. Se continuar a
me olhar assim, não me importo com o que ele diga.

— Você é absolutamente linda. Sabe disso? Até esse


rubor.

Pisco para ele em estado de choque. De alguma forma,


essas palavras curaram uma pequena parte do meu coração
fraturado e me deram um pedaço de mim de volta. — Obrigada,
Maverick, — sussurro suavemente.

Seu rosto se suaviza. Ele estende a mão e empurra uma


mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. — Não é nada,
querida.

Mas sim, é; é tudo.

Encolho meus ombros, dando a ele um sorriso tímido. —


Obrigada mesmo assim.

— Ouvi dizer que você gosta de ser voluntária no abrigo


para mulheres. Chase me disse, — acrescenta Maverick no
final.

Não estou preocupada se Chase traiu minha confiança


sobre meu passado. Eu sei que ele não faria isso comigo.

Tive que passar por um processo de ficar completamente


envergonhado e constrangido.

— Sim. Aproximei-me muito de um garotinho chamado


Ronny. Ele tem oito anos e é obcecado por livros. — Eu sorrio
amplamente pensando em Ronny.
O garçom vem e pedimos nossa comida. Maverick chega
mais perto de mim para ouvir melhor por cima da música.

Coloco meu guardanapo no colo e manteiga em um


pãozinho, dando uma mordida. Fecho meus olhos, saboreando
o gosto.

A comida é algo a que ainda estou me acostumando.


Todos esses meses depois, não vou deixar uma única mordida
no meu prato se eu puder evitar.

Abro os olhos para ver o olhar de Maverick em meus


lábios, sua mandíbula cerrada enquanto lambo a manteiga.
Pego meu guardanapo, enxugando o rosto de vergonha.

— Ronny é um menino especial, — continuo. — Sua mãe


não é a melhor para ele, a menos que ela se torne diferente
quando eu saio. Entendo perfeitamente que ela possa estar
lidando com as coisas, mas Ronny também está sofrendo.

— Você sabe por que eles estão lá? — Ele pergunta, seus
músculos contraídos enquanto passa manteiga em um
pãozinho.

Como o pequeno movimento de passar manteiga em um


pãozinho pode ser atraente?

Encolho os ombros. — Eu realmente não perguntei, mas


sei que foi um passado abusivo. Tenho certeza de que era o pai
de Ronny ou um padrasto.

— Eu adoraria conhecer Ronny.


Sento-me na cadeira, animada por ele querer conhecê-lo.
Quanto mais pessoas ao seu lado, melhor, na minha opinião.
— Venha comigo a qualquer hora. Volto amanhã de manhã.

Maverick sorri. — Eu adoraria passar o dia com você


amanhã.

Lá se vão aquelas malditas borboletas de novo. Sorrio


timidamente e olho para o meu colo, tentando dizer às minhas
bochechas para parar de ficarem vermelhas.

O jantar voa. Falamos sem parar sobre tudo e qualquer


coisa. É uma das melhores noites da minha vida.

Agora estamos indo para minha casa. Estou com medo


de que ele vá embora e vá para casa, mas estou pensando no
fato de que ele está planejando ir ao centro comigo amanhã.

Estendo a mão e coloco o código no portão. As portas se


abrem e ele entra.

Ele desliga a moto e se vira para olhar para mim. Mordo


meu lábio inferior, perguntando-me se eu deveria convidá-lo a
entrar – ou isso é muito ousado?

Inferno, hoje foi tudo sobre estreias para mim. Acho que
acabei de ter meu primeiro encontro aos trinta e oito anos de
idade.

— Você quer entrar e assistir a um filme? — Pergunto, os


nervos imediatamente instalando-se.

— Eu adoraria.
Destranco a porta e ele me segue para dentro. A casa está
silenciosa e tento não pensar demais e imaginar o pior.

E se ele tentar fazer sexo comigo? Ainda não estou pronta


para isso. Preciso dessa confiança total antes de saber que
posso me desnudar completamente.

Minha próxima preocupação é: e se alguém não quiser


esperar até que eu esteja pronta? E se eles me virem como
menos mulher?

Fecho meus olhos por alguns segundos, respirando


fundo, tentando parar os pensamentos que tomaram conta do
meu cérebro.

Pego o controle remoto da mesa de centro e me sento. Ele


se senta ao meu lado e nossas coxas roçam.

Minha boca seca. Fiquei horas com ele durante o jantar e


não tive nenhum tipo de nervosismo, mas agora me sinto
exposta.

Tento respirar e não ter um ataque de pânico. Não é nem


mesmo Maverick, sou eu e meus pensamentos que me levaram
a isso.
EU VEJO como Bell se transforma bem diante dos meus
olhos. Ela estava bem, rindo e sorrindo tão lindamente que
doeu.

Agora ela está tentando recuperar o fôlego, as mãos


tremendo enquanto as passa para cima e para baixo nas
pernas.

Deslizo para o chão à sua frente, certificando-me de que


ela possa me ver. Pego suas mãos, que ela está correndo contra
as pernas. — Estou aqui, querida. Shhh. — Corro meus dedos
sobre o topo de sua mão.

Seus olhos estão ligeiramente vidrados, mas aos poucos


ela começa a voltar, sua respiração se normalizando.

— Aí está você, querida. — Eu sorrio, vendo seus lindos


olhos olhando para mim, claros e sem pânico.

Sua franja caiu em seu rosto mais uma vez. Levanto


minha mão para empurrar seu cabelo atrás da orelha, quando
ela recua.

Ela se encolhe com tanta força que aperta os olhos e se


prepara como se eu fosse bater nela.

É quando isso me atinge como uma tonelada de tijolos,


alguém a machucou. Alguém colocou as mãos sobre ela.

Uma raiva diferente de tudo que eu já senti antes, passa


por mim, querendo vingança.

Eu a afasto, guardando para outro dia de merda.


— Ei... eu não vou te machucar. — Pressiono lentamente
meu dedo sob seu queixo, até que ela esteja olhando para mim.

Ela está horrorizada com sua reação, eu posso dizer.

— Não fique assim, querida. Isso não muda porra


nenhuma. Significa apenas que preciso ser mais cuidadoso
com você. Eu quero que você sinta muitas coisas, e medo não
é uma delas. — Lanço uma piscadela, enfatizando o duplo
significado.

Ela cora mais uma vez e essa merda faz alguma coisa
comigo. Quero correr minha língua ao longo de cada parte dela
que está vermelha. Quero sentir aquele calor sob minha língua.

Um dia. Agora é sobre ela.

Ela solta um suspiro profundo irregular. — Obrigada pela


compreensão. — Diz isso e me lança um olhar profundo.

Pressiono minha mão em sua bochecha em chamas. —


Nunca deixaria de entender. Quero que você se sinta segura ao
meu redor. Nunca esconda isso de mim, — digo a ela.

Sua cabeça cai para frente até que seu rosto está
enterrado no meu pescoço, seus braços em volta de mim. Eu
não hesito. Eu me levanto e a coloco no meu colo, permitindo
que ela tome o que diabos quiser de mim.

Puxo o cobertor apertado em torno dela, cobrindo-a. Eu


não sei se essa porra a ajuda, mas parece a merda da coisa
certa a fazer.
N ÃO POSSO ACREDITAR que tive um ataque de pânico bem
na frente de Maverick. Então, quando percebi o que estava
acontecendo, ficou ainda pior porque eu não queria ter um na
frente dele.

Não tenho medo de Maverick. Eu só acho que velhos


pensamentos e sentimentos surgiram do nada, me oprimindo.

Neste momento? É o paraíso total. Meus braços se


envolvem firmemente em torno dele, segurando-o com força.

Pela primeira vez em toda a minha vida, sinto-me segura.

Sinto-me segura em cada parte do meu ser,


emocionalmente, fisicamente. Quando ele disse que isso não
muda nada, senti-me muito melhor.

— Obrigada. — Levanto minha cabeça de seu ombro e


olho para ele. Ele vira a cabeça e sorri.

Ele levanta a mão, passando os dedos pelo meu cabelo,


esfregando ligeiramente. — Não é nada, querida. Como você se
sente é o que importa.

Meu Deus, meu coração.

A maneira como ele fala comigo, nunca tive isso antes.


Sorrio e me inclino para trás, deitando-me mais uma vez sobre
ele.
Respiro profundamente. Seu cheiro é intoxicante.

Não posso acreditar que tenho coragem de me deitar aqui


com ele.

Mas, acima de tudo, sem medo.

— Sonolenta? — Ele passa a mão nas minhas costas,


puxando-me com força para ele. Meu Deus, a maneira como
me sinto é absolutamente incrível.

Arrepios sobem sobre minha coluna quando ele toca a


base das minhas costas, onde minha camisa subiu um pouco.

— Você tem filhos? — Eu pergunto, curiosa sobre sua


vida.

Ele se mexe no sofá, deslizando mais para baixo,


pressionando o queixo no topo da minha cabeça com tanta
facilidade, como se isso acontecesse todos os dias.

— Não. Fui um SEAL da Marinha por muitos anos da


minha vida. Assim que saí, eu e Konrad só viajamos de moto
por meses, viajamos pela terra que trabalhamos duro para
proteger. — Eu estendo a mão e pego sua mão, estabelecendo-
me no sofá ao nosso lado.

Coloquei minha palma na dele, olhando a diferença em


nossas mãos. Essas mãos podem me machucar, me matar em
um segundo, mas ele está me segurando, tocando-me
suavemente.
Espreito Maverick, que está sorrindo de orelha a orelha
para mim. — Você é minúscula, querida. — Ele fecha a mão
em torno da minha facilmente, sua fala arrastada do sul
enviando arrepios nas minhas costas.

Deslizo para fora de seu colo. Uma parte de mim quer que
eu fique lá para sempre, mas quero olhar em seus olhos
enquanto ele fala comigo.

Enrolo minhas pernas para baixo. Ele posiciona o


cobertor sobre elas sem pensar duas vezes enquanto continua
falando. — Conheci Smiley; ele era o presidente na época.
Lançou sua ideia para mim, reunimos nosso dinheiro e agora
somos proprietários de centenas de empresas em todo o Texas
e em outros estados. Os Devil Souls MC são muito semelhantes
a nós, mas eles são mais novos.

— Uau, estou orgulhosa de você. Parece que seu trabalho


duro valeu a pena.

Ele me dá o olhar mais suave ainda. — Você é muito doce


para o seu próprio bem, sabia disso?

Eu olho para as minhas mãos, sorrindo. Meu rosto


queima com o elogio. Seu dedo toca minha bochecha
suavemente, esfregando. — Ahh, aí está aquele rubor de novo,
— ele brinca e ri.

Eu rio e afasto sua mão, pegando-a na minha. — Provocar


não é muito legal, Maverick.
Ele ri. — Não posso dizer que sinto muito. Eu amo ver
você corar. — Meu rosto está queimando neste ponto, então eu
puxo o cobertor sobre meu rosto.

Ele ri ainda mais alto e me puxa para seu peito, me


abraçando. — Você é linda, querida.

Sorrindo e me aconchegando mais perto, nós dois nos


concentramos na TV.

HORAS DEPOIS , POR volta das nove horas da noite, ouço


um bipe na casa avisando que alguém está entrando pelo
portão.

Maverick e eu ficamos deitados no sofá por horas


assistindo filmes. Agora estamos comendo pipoca.

Não fizemos absolutamente nada, mas foi o melhor


momento da minha vida. Nós rimos, brincamos e nos
abraçamos.

A porta se abre e Chase entra segurando Hunter. Jessica


olha ambos sentados no sofá.
— Como está Lani? — Eu pergunto, sentando
ligeiramente.

— Ela está indo muito bem, tentando dormir um pouco.

Jessica parece insegura sobre o que fazer, ela continua


olhando para nós dois. — Bem, boa noite, pessoal. Vou dar
banho em Hunter e colocá-lo na cama.

— Boa noite, querida, — digo a ela e eles sobem as


escadas.

— Nunca perguntei quantos anos você tem, — Maverick


pergunta, enrolando as pontas do meu cabelo entre os dedos.

— Tenho trinta e oito anos.

Posso vê-lo contando em sua cabeça. — Você teve Jessica


quando era muito jovem. — Ele diz cauteloso.

— Eu me casei jovem, tinha quatorze anos, — digo a


última parte com cuidado, esperando sua reação.

Então eu percebo. Tecnicamente, ainda sou casada. Isso


será um problema? Como é que alguém sequer menciona algo
assim?

Ele se senta, confuso. — Querida, como isso é possível?


Quatorze?

Eu me viro em meu assento. — Praticamente cresci em


uma seita, Maverick. Coisas assim eram normais em nossa
vida, infelizmente. — Eu sorrio, fingindo que não é grande
coisa. — Não temos direitos, pertencemos aos nossos pais até
nos casarmos e depois pertencemos ao nosso marido.

U MA PORRA DE UMA SEITA ? Ela parece tão insegura me


dizendo isso, como se eu fosse correr para a porra das colinas.

Não suporto a ideia de algum tipo de merda fodida


acontecendo em sua cabeça como essa.

Sorrio. — Venha aqui, querida, vamos terminar este


filme? — Pergunto e ela sorri, mostrando-me suas belas
covinhas.

Eu a puxo para mim, segurando-a, tentando não pensar


sobre que tipo de merda colocou aquele olhar em seus olhos
ou com quem diabos se casa com uma garota de quatorze anos.

Ou que tipo de pai permite essa merda.

Eu corro minha mão por seu braço, meu dedo circulando


seu pulso, quando sinto pequenas cicatrizes.

Olho para baixo e vejo um círculo em torno de seu pulso


como se ela tivesse sido amarrada.

Viro minha cabeça antes que ela possa me pegar olhando.


Não vou envergonhá-la, porra.
Uma hora depois, o filme termina e ela está dormindo no
meu peito. A porta da frente se abre. River entra e olha para
nós dois.

— Qual é o quarto dela? — Eu pergunto baixinho para


não a acordar.

— Vou te mostrar, — sussurra River.

Eu a levanto mais alto em meus braços, pegando-a. Ela


se aconchega mais profundamente no meu peito e meu maldito
coração dá um pequeno salto.

River me leva escada acima e abre uma porta. Ando até a


cama, deitando-a suavemente, tirando o cabelo de seu rosto.

Seus lindos olhos se abrem, olhando para mim. Ela sorri


com sono. — Você me carregou para a cama?

— Sim, querida. Durma um pouco e te vejo de manhã, —


eu sussurro.

Ela acena com a cabeça. Pego o cobertor e a cubro.

Como alguém pode machucar alguém tão angelical


quanto ela? Nunca vou entender, porra.

O mal é a única coisa que eles poderiam conseguir, mas


a boa notícia para eles é que eu sou a porra do Reaper2 e irei
atrás deles.

2 Ceifeiro;
DESÇO AS escadas já vestida para o dia. Minha mente não
parou de pensar em Maverick desde o segundo em que acordei.
O outro lado da minha mente está em Ronny.

Jessica está na cozinha alimentando Hunter com seu café


da manhã. — Bom dia, querida. — Beijo o lado de sua cabeça
e, em seguida, a bochecha de Hunter.

Ando até Chase e dou-lhe um rápido abraço lateral,


assumindo o café da manhã para ele. — Bom dia, Chase.

Chase me ajuda a colocar a comida na mesa. Tomamos


nosso café e começo a limpar quando alguém bate na porta: —
Provavelmente é River; ela deve ter sentido o cheiro da comida
da casa de hóspedes, — Jessica brinca enquanto Chase
caminha para a porta.

— Ei, cara, entre, — Chase diz, e eu espreito ao virar do


corredor. Maverick está parado ali.

Olho para Jessica em pânico, meu rosto esquentando,


meu estômago dá um nó instantâneo ao pensar em vê-lo.
Eles dobram o corredor e Maverick imediatamente vem
até mim. Eu sorrio. — Quer um pouco de café? — Pergunto.

— Eu já comi. — Ele sorri de volta.

Tento não fechar os olhos com o belo som de sua voz. Vou
até ele. — Você está pronto para ir ver Ronny? — Eu pergunto,
animada.

Ele acena com a cabeça, sorrindo com a minha excitação.


— Tchau gente, vejo vocês mais tarde! — Eu grito por cima do
ombro e saio com Maverick.

— Você quer que eu dirija ou vá com você? — Espero que


ele escolha a última opção, já que adorei ficar na garupa de
sua moto.

— Monte comigo, querida.

— Ok, deixe-me pegar algo do meu carro. — Aproximo-


me e pego o próximo livro da série, caso ele tenha terminado o
outro. — Ele adora ler; está obcecado por esses livros, então
me certifico de que ele tenha o próximo sempre que terminar
um. — Maverick pega o livro de mim, colocando-o na bolsa na
lateral da moto.

— Trouxe uma coisa para você. — Ele caminha para o


outro lado da moto, tirando um capacete e uma jaqueta de
couro.

Espere, ele realmente comprou algo para mim?


Ele se aproxima e coloca o capacete na minha cabeça,
apertando as tiras e fechando-o. —É uma jaqueta de couro.
Não quero que nada aconteça com você. Queimadura de
estrada é uma merda.

Eu pego dele suavemente, chocada que até pensou em


fazer isso por mim. — Obrigada, Maverick. — Ele se importou
o suficiente para ter certeza de que eu estava o mais segura
possível; ele me queria segura.

Meu coração dói. É uma boa dor e um choque. Tirando


das minhas mãos ele a segura para eu colocá-la, em seguida,
fecha o zíper.

— Você está gostosa pra caralho. — Ele assobia. Abaixo


minha cabeça, tentando esconder meu sorriso e não corar pela
décima vez hoje desde que o vi.

Ele me puxa para ele. — Vamos, querida. Estou animado


para conhecer seu garoto. — Eu sorrio para ele chamando
Ronny de “meu garoto”.

Eu sei que ele não é meu. Eu o amo e quero que ele tenha
o melhor da vida. Eu só quero cuidar dele; ele precisa disso.
Talvez eu possa falar com a mãe dele hoje, talvez tentar
descobrir algo? Compartilhar uma parte da minha história.

Ele liga a moto, estendendo a mão para eu segurá-la para


que eu possa subir.
Envolvo meus braços e chego o mais perto de Maverick
que posso, amando a sensação de seus músculos rígidos
pressionados contra mim.

Estou atraída por Maverick e seria ingênuo se não


admitisse isso para mim mesma. A parte triste é pensar que,
uma vez que ele conheça meu passado, não vai me querer
mais.

Fecho meus olhos e deixo o ar quente descer sobre mim,


parando meu pensamento tóxico. Não enfrentei o que tenho na
vida para ser meu próprio inimigo.

Michael ainda está lá fora. Espero e oro para que ele


tenha voltado para Michigan. Espero nunca mais o ver. Já se
passaram meses, então isso é muito improvável. Éramos
pobres, não tínhamos dinheiro nenhum para ele morar aqui e
não trabalhar.

Ele trabalhava para a igreja – todos os homens


trabalhavam. Eles faziam tudo o que o pastor da igreja queria
e então recebiam um pequeno salário.

Meu marido era preguiçoso, então metade do tempo ele


não concluía os trabalhos. Ele comia bem e eu não. Todo
conforto que tínhamos na vida, ia para ele.

Ele contava todos os mantimentos que tínhamos em casa.


Ele sabia de tudo. Nem um segundo em meu dia eu tive paz.

Agora mesmo, essa parte da minha vida parece um sonho


ruim, um pesadelo.
Eu me inclino para frente e descanso meu queixo no
ombro de Maverick, amando a estrada aberta até chegarmos à
cidade. — Sabe, deveríamos fazer uma longa viagem um dia,
— sugiro.

Maverick olha para mim por um segundo antes de voltar


para a estrada. — Vamos, querida, porra.

Sorrindo com a felicidade que posso ouvir em sua voz.


Montar é a vida dele e posso ver o quanto gosta disso. Quero
experimentar isso com ele.

Ele para na frente do centro. O prospecto fica


superdefensivo quando vê Maverick pela primeira vez, até que
ele se inclina e lê seu colete.

Passamos e quase pulo da moto, pronta para ver Ronny.


Maverick pega minha mão, acenando com a cabeça para todos
os prospectos por aí.

Eu assino na recepção e pego um passe de visitante para


Maverick. — Ele geralmente está na sala principal.

Entrando, eu paro e procuro por Ronny. E o vejo no canto.


Ele parece absolutamente devastado. — Ali, está ele.

Eu aperto a mão de Maverick com força. Ando até ele,


parando a alguns metros de distância. — Oi, querido, você está
bem? — Pergunto.
Ele olha para mim, seus olhos se enchendo de lágrimas e
apertando sua mandíbula. Eu olho para Maverick, meu
coração partido.

Maverick me lança um olhar preocupado. Soltei sua mão


e afastei a distância entre mim e Ronny, sentando-me ao lado
dele.

— Posso segurar sua mão, Ronny? — Pergunto.

Ele concorda. Estendo a mão, lentamente, certificando-


me de que ele tenha contato direto com minha mão, enxugando
suas lágrimas.

Maverick está nas minhas costas, colocando a mão no


meu ombro. — Quer me dizer por que você está chateado?

Seu lábio inferior treme. — Mamãe vendeu meus livros.


Ela ficou com raiva de mim porque eu disse a ela que você os
comprou para mim.

Meu coração se parte. Ele amava esses livros. — Está


tudo bem, querido. Não é sua culpa. — Esfrego minha mão
sobre a dele.

Ele funga, sorrindo um pouco. — Eu estava com medo de


que você ficasse chateada comigo.

Uma grande parte do meu coração mais uma vez vai para
este menino precioso. — Eu nunca ficaria brava com você por
algo fora de seu controle.
Seus olhos procuram os meus. Muitos pensamentos
profundos estão passando por sua mente agora, posso ver.

Olho para ver se sua mãe está no sofá e ela está. — Você
quer que eu fale com sua mãe?

Ele parece inseguro. — Eu não quero que ela seja má com


você, Bell.

A raiva me atinge com força. Afasto-a e mascaro como


estou realmente me sentindo. — Não se preocupe comigo. Volto
já. Eu estava falando a Maverick sobre seus livros – talvez você
possa contar a ele?

Ronny fica animado e começa a contar fatos aleatórios


sobre os livros. Maverick se aproxima, dando-lhe toda a
atenção.

Por que isso é tão atraente?

Acalmo meus nervos para não dizer algo que ela lamente.
Aproximo e me sento ao seu lado.

Ela me lança um olhar furioso. — Ronny é um ótimo


menino. Você deve se sentir tão abençoada por tê-lo. — Sorrio
para ela, esperando quebrar o gelo.

— Esse merdinha é a razão de eu estar aqui.

Estremeço quando o chama assim. Respire fundo, Bell.


Ela se senta para frente. Posso sentir a raiva saindo dela. —
Os malditos assistentes sociais foram chamados. Eles iam
cortar meu cheque se o tirassem de mim. Então aqui estou,
porra.

Um... dois... três... quatro... começo a contar, quero


contar tantas coisas a ela e quero ficar com raiva. Eu quero
rasgá-la e deixá-la saber o quão merda de um ser humano ela
é.

— Realmente espero que você esteja sofrendo agora e que


não queira dizer isso sobre ele, — eu sussurro suavemente.

Ela ri alto. — É claro que eu quero dizer isso. Nunca quis


ser mãe. Eu só o mantive porque eu consegui merda para ele
do governo.

É o suficiente. Nunca fiquei tão enojada com alguém em


minha vida.

POSSO VER por que Bell está caidinha por este garotinho.
Eu estaria mentindo, porra, se não me sentisse exatamente da
mesma maneira.

— Você está namorando a Bell? — Pergunta ele, muito a


sério, para alguém de sua idade.

— Eu acabei de conhecê-la, amigo, mas eu gosto muito


dela, — eu digo a ele honestamente.
Ele me estuda por um minuto com seus grandes olhos
azuis. — Bell é especial, ela é legal comigo e me compra livros.
Por favor, não seja mau com ela, — ele implora para mim.

Meu coração se despedaça porra que ele pensa dessa


forma, que é mesmo uma possibilidade.

Eu me curvo mais perto do seu nível, olhando-o nos


olhos. — Preferia morrer do que machucá-la de qualquer
forma. Um verdadeiro homem cuida de sua senhora. Você se
preocupa com ela e está tentando cuidar dela. Eu respeito isso,
amigo.

Ele sorri com o meu elogio. — Só estou fazendo meu


trabalho, — diz ele, tão indiferente que tento não rir.

— Você está indo muito bem nisso. Agradeço por cuidar


de minha senhora. — Eu pisco e ele ri.

Olho para Bell, que parece puta da vida. Eu quase caio


da minha cadeira, não esperava essa merda dela.

Eu sei que algo ruim está acontecendo.

— EU VIM AQUI para tentar conhecê-la em um nível mais


profundo, mas lamento ter feito isso. Tinha esperança para
você, tinha esperança de que você seria uma boa mãe e que
estava apenas passando por um momento difícil. — Eu paro e
olho para Maverick, que está olhando para mim com um olhar
divertido no rosto.

— Puta, você está apenas tentando agir toda superior e


poderosa. Você não é merda, você está tentando comprar meu
garoto e eu não vou tolerar essa merda. — Ela fica na minha
cara, apontando o dedo.

Mordo minha língua, querendo dizer a ela exatamente


onde enfiá-la. Maverick senta-se bem entre nós, praticamente
no meu colo, colocando-se como um amortecedor.

— Agora você vai me dizer, porra, até onde você vai


falando assim com ela? — Maverick olha para ela, seu rosto
completamente sério, mas seus olhos são a parte assustadora.

Engulo quando sua expressão muda. Ela se afasta dele e


olha para mim. — Cuidado, boceta.

Eu me encolho com o nome depreciativo que ela me


chama, mas olho para Ronny, que agora está parado atrás de
sua mãe. Ele a ouviu me chamar assim.

Eu sorrio para ele suavemente. — Querido, quer vir


comigo? Eu tenho algo para você. — Eu me levanto, pegando
sua mão e levando-o para a frente do centro, longe de sua mãe.

— Fique bem aqui. — Vou até a moto de Maverick e pego


o livro.
Posso ver o rostinho de Ronny me observando enquanto
caminho de volta para ele. — Trouxe o próximo livro para você.

Seus olhinhos se enchem de lágrimas: — Eu não mereço.


Ela se livrou dos outros. — Ele pega o livro e o aperta contra o
peito.

Coloco meu dedo sob seu queixo, inclinando seu rosto


para cima. — Você merece o mundo. Ninguém tem permissão
de deixá-lo triste. Ninguém. Ninguém deve fazer você duvidar
de si mesmo. Eles não valem isso.

Jogando seus braços em volta de mim, segurando-me


com força. Fecho meus olhos e tento não chorar porque posso
sentir a tristeza vindo dele.

ASSIM QUE BELL sai do alcance da voz com Ronny, eu


desço sobre a cadela. Respeito todas as fodidas mulheres, mas
agora, a maneira como ela tratou a porra do filho e Bell? Essa
merda me irritou pra caralho.

— Se você se atrever a falar de seu filho dessa maneira


outra vez, você está fora daqui. Os donos são meus amigos.

Seus olhos se arregalam ao perceber que suas ações têm


consequências. — Você tem que me dizer o que você fez com
aqueles livros. Como diabos você pode tirar algo dele algo que
tanto amava? — Olho para ela com nojo.

Ela me encara. — Eu não os vendi. Ninguém iria comprá-


los, porra. Eles estão no armário ali. — Ela me lança um olhar
desagradável, levanta-se e caminha em direção ao corredor.

Ando até a porta do armário e olho para baixo para ver os


livros empilhados no chão.

Balanço minha cabeça, a raiva vindo à tona novamente.


Eu os pego e tiro o pó. Coloco-os na mesa onde todos nós nos
sentamos quando chegamos.

A porta se abre e Bell entra com um Ronny sorridente. —


Olha o que eu tenho, Maverick! — Ele grita com entusiasmo,
correndo.

Meu maldito coração não está seguro perto desse garoto,


nem de Bell. Ela tem muita classe. Ela ficou lá e fodidamente
não deu nenhum pio enquanto aquela vadia falava baixo com
ela. Pura aula de merda.

— Olha o que eu encontrei, Ronny. — Puxo os livros para


mais perto dele e ele parece chocado.

Ele aponta para eles, admirado. — Como você os


recuperou? — Ele abre um deles como se estivesse se
certificando de que é real.

— Eu pedi com educação. — Sorrio e Bell ri para mim,


sabendo a verdade.
— Obrigado, Maverick. — Ele se aproxima e me abraça.

Porra.

Eu corro minha mão na parte de trás de sua cabeça. —


De nada, amigo. — Bell se acomoda ao nosso lado, almoçamos
juntos e assistimos Ronny jogar

AS HORAS PASSAM rápido demais. Dizemos adeus a Ronny


e deixo um pedaço do meu coração com ele. Rezo para que sua
mãe tenha visto a luz e seja melhor para ele.

Maverick segura minha mão enquanto caminhamos para


sua moto. — Quer vir para minha casa, querida? Poderíamos
fazer um passeio, acender uma fogueira e curtir? — Ele
pergunta.

No início quero dizer não, por instinto, mas depois penso


em como ele não fez nada além de me fazer sentir segura e
protegida.

Eu aceno, concordando. — Sim, gostaria disso.

Ele sorri de volta para mim, tão feliz, deixando-me muito


afortunada em dizer sim. Subo na parte traseira da moto.
Entramos no trânsito e um cara em um Mustang para ao nosso
lado.
Ele abaixa a janela. Maverick chega atrás dele, colocando
o braço em volta de mim, pressionando-me contra sua moto.

Percebo que Maverick põe a outra mão em sua arma. Oh,


merda, isso é ruim?

Um jovem de camisa polo enfia a cabeça para fora da


janela. — Ei, mano, você quer correr comigo? — Ele pergunta.

Maverick nem mesmo olha para ele, apenas mantém o


rosto voltado para a frente. — Mas que porra, cara, corre
comigo? — Ele grita mais alto e começa a abrir a porta.

Agarro a parte de trás do colete de Maverick, com medo


do que ele vai fazer.

Maverick chuta a perna para fora, batendo a porta com o


pé. A porta bate contra a garganta do cara, sufocando-o.

— Volte para a porra do carro e vá embora. Não me faça


sair desta moto. Está assustando a senhora.

Puta merda. Arrepios percorrem minha espinha enquanto


o cara entra lentamente em seu carro e vai embora quando o
sinal fica verde.

Isso foi muito atraente.

Maverick olha para mim. — Você está bem, querida? —


Ele pergunta.

Sorrio. — Sim, isso foi mauzão. — Descanso meu queixo


em seu ombro e começamos a nos mover novamente.
Está assustando a senhora. Essas palavras se repetem
continuamente em minha mente. Seu primeiro pensamento foi
se certificar de que eu estava bem e segura.

Ele passa a mão por cima da minha durante todo o


trajeto. Estou completamente no céu.

Vinte minutos depois, entramos numa espécie de


condomínio fechado, e ele pressiona os números em um
teclado e conduz para dentro. As casas são todas enormes.

— Minha casa fica nos fundos da propriedade. —


Crianças acenam para Maverick enquanto passamos, todos
correndo de casa em casa. Duas meninas jogam softbol em um
pequeno campo.

Ele para do lado de fora de uma bela cabana com uma


varanda ao redor. — Sua casa é linda, — eu digo maravilhada.

— Obrigado. — Ele tira meu capacete para mim, alisando


meu cabelo. Meu coração está tão feliz com sua gentileza. —
Você é tão linda. — Ele acaricia minha bochecha, olhando nos
meus olhos.

Levando sua mão ao redor, colocando a parte de trás do


meu pescoço. Meu estômago está dando nós; seu cabelo está
ligeiramente despenteado com o vento.

— Obrigada, Maverick. — Pareço um pouco sem fôlego


quando digo isso a ele.
Sinto tanto agora, estou com dor por dentro, mas é o
melhor tipo de dor. Ele me puxa para frente suavemente e eu
fecho meus olhos assim que seus lábios tocam minha testa.

Suspiro profundamente, segurando seu colete em minhas


mãos, plantando o rosto em seu peito. Seus lábios se movem
para a parte de trás da minha cabeça.

Ninguém nunca me beijou tão suavemente antes.

Ele envolve seus braços em volta de mim, segurando-me


até que eu esteja pronta para ele me deixar ir.

Corro minhas mãos por suas costas largas, antes de


deixar minhas mãos caírem e dar um passo para trás. Ele não
me deixa ir longe, pegando minha mão.

— Deixe-me preparar alguns bifes para o jantar, então


podemos ir passear. — Ele me leva para dentro de sua linda
casa.

A primeira coisa que noto é a bela lareira preta com o


portão dourado na frente.

— Amei sua lareira.

Ele me leva até a cozinha, onde me apaixono


imediatamente. — A cozinha dos meus sonhos. — Solto sua
mão e percorro as minhas sobre a bela bancada. Todo esse
espaço!

Uma das minhas maiores fugas na minha antiga vida era


cozinhar. Esse simples ato me trazia muita felicidade, mas me
deixa ainda mais feliz agora, porque posso desfrutá-lo
plenamente sem o medo que vem junto com isso.

— Você pode cozinhar aqui quando quiser. — Ele passa a


mão nas minhas costas, antes de caminhar até o refrigerador,
tirando alguns bifes.

Pequenas coisas que são normais para a maioria das


pessoas não são normais para mim. Alguém preparando um
bife para mim é algo que nunca experimentei na minha vida
até os últimos meses.

Eu não comia um bife até que fui morar com Jéssica.

Maverick pega um cooler e o enche com bebidas e


lanches. — Precisa de mim para ajudá-lo? — Eu me aproximo
para ajudar.

— Tenho tudo sob controle, querida, apenas relaxe.

Minhas mãos estão coçando por não fazer nada. Eu me


afasto e o deixo fazer o trabalho – outra primeira vez para mim.

Estou vivendo muitas dessas. Tenho 38 anos, mas agora


me sinto como um potro recém-nascido tentando andar pela
primeira vez.

Depois de enchê-lo com gelo, ele levanta o cooler como se


não fosse nada. Seus músculos flexionam sob a tensão.
Quando passa por mim e inclino minha cabeça para o lado,
observando suas costas.
Ele para de repente e olha para mim. — Gostou da vista,
querida?

Eu poderia morrer.

Meu rosto está pegando fogo. Eu me afasto, louca de


vergonha porque não posso acreditar que ele me pegou.

Ouço-o colocar o cooler no chão, e seus pés ficam à vista.


— Querida, eu magoei seus sentimentos ao provocá-la? —
Pergunta, preocupado.

Só não sei como ser normal.

Segura meu rosto, inclinando-o para que eu fique


olhando para ele. — Você não feriu meus sentimentos,
Maverick. Eu simplesmente fiquei envergonhada, — respondo
honestamente.

Ele sorri ligeiramente. — Bem, eu acho que é lindo pra


caralho. Não tenha vergonha disso. — Ele pisca e eu abaixo
minha cabeça em seu elogio, sorrindo.

— Você vai ser a minha ruína, — diz ele inesperadamente.


E parece estar tão afetado por mim quanto eu por ele.

— Pronta para ir? — Eu concordo. Mando uma mensagem


para Jessica dizendo que estou no Maverick e deixo meu
telefone no balcão para não o perder enquanto estou
montando.
Sigo Maverick até a garagem, onde ele coloca o cooler na
traseira. Ele caminha para o lado do passageiro e abre a porta,
gesticulando para que eu entre.

Sento-me lá, e ele estende a mão e me aperta. Como


pensa em tudo, eu não sei.

Ele entra, liga e olha para mim. — Espero que goste de ir


rápido.

Então decola. Caio de volta no assento, rindo. Segurando


a maçaneta na minha frente.

Ele pisa enquanto subimos uma colina enorme, fecho


meus olhos e apenas sinto, ouvindo tudo ao meu redor.

Diminuindo a velocidade e eu abro os olhos. — Isso foi


divertido, — eu digo, e ele ri.

Fazemos isso por horas, dirigindo por estradas


secundárias. Ele me mostra todo o cenário deslumbrante e
para em frente a uma bela cachoeira.

— Quer ir nadar? — Pergunta com um sorriso malicioso


no rosto.

— SIM! — Abro a porta e salto, mas então paro no meio


do caminho porque não posso entrar de jeans.

Mavericks tira sua camisa, jogando-a no carro, e minha


boca seca ao ver seu belo abdômen.
Tatuagens cobrem cada centímetro quadrado de seu peito
e barriga, e seu cabelo escuro cai ao redor de seu rosto, ficando
ligeiramente grisalho nas têmporas.

Tenho algumas cicatrizes no corpo, na parte interna das


coxas, pernas e costas. Ninguém as viu além de mim.

Observo Maverick enquanto ele está em sua boxer preta;


suas coxas são grossas e lindas.

Como alguém como ele pode pensar em namorar comigo?


Sou tão branda em comparação a ele.

Acho que se eu realmente quero isso, então só preciso ser


completamente honesta. Se eu quiser realmente levar alguém
a sério, ele vai ter que me ver nua em algum momento.

Desabotoo minhas calças, com minhas mãos tremendo


enquanto faço isso. Observando o rosto de Maverick para ver
sua reação.

Agora ele não tem nenhuma. Está apenas olhando meus


movimentos.

Meu nariz queima tentando não chorar. Isso é algo tão


importante para mim. Estou me desnudando literalmente.

Abro minhas calças, ficando de calcinha preta. Agarro a


barra da minha camisa e jogo-a de lado.

Minhas costas estão para Maverick, não posso olhar para


ele agora. Olho para as árvores e vejo um veado olhando para
nós.
Mãos tocam meus antebraços por trás. — Querida. — Sua
voz é mais profunda do que eu já ouvi.

Reúno todo o meu nervosismo que estou sentindo,


virando-me para encará-lo. Seus olhos estão cheios de raiva,
mas seu rosto é suave, suas mãos sensíveis às minhas.

— Querida, está me matando ver esse medo em seus


olhos. — Ele segura meu rosto. — Uma coisa que você nunca
deveria sentir comigo é medo. Você é perfeita, querida. Cada
parte de você.

Fecho meus olhos, ardendo ao segurar as lágrimas. Ele


me puxa para ele, levantando-me do chão.

Entrando na água comigo em seus braços. A água está


tão quente. Posso sentir uma leve névoa da cachoeira.

Jogo minha cabeça para trás, deixando a água molhar


meu cabelo. Maverick me aperta mais em seus braços para que
eu não caia.

— Querida, você pode me dizer quem fez isso com você?


— Ele pergunta.

Limpo a água do meu rosto antes de colocar minha mão


de volta em seu ombro.
ELA OLHA para o nada por alguns segundos antes de me
responder.

Quando tirou a roupa, vi marcas de queimadura...


marcas da fivela do cinto, consigo ver a impressão.

Uma raiva diferente de tudo que eu já senti antes passou


por mim como um tornado, mas eu joguei essa merda de lado
sabendo que ela precisava de mim.

— Fui obrigada a me casar quando eu tinha quatorze


anos. Ele estava na casa dos trinta, — ela começa.

Corro minha mão por suas costas, deixando-a saber que


tem toda a minha atenção.

Vou guardar cada detalhe e retribuir-lhe fazendo-lhe


justiça, por tê-la machucado.

Ela coloca o cabelo atrás da orelha, — Pensei que a vida


não poderia ser pior do que a minha vida em casa; nós
passávamos mal lá. Éramos muito pobres, mas meu marido
Michael foi pior. — Ela estremece ao dizer isso.

Eu a seguro um pouco mais forte, nossos rostos mal


separados por um centímetro. — Não quero entrar em
detalhes, simplesmente não consigo fazer isso ainda. Mas sofri
muito nas mãos de pessoas que deveriam cuidar de mim.

Eu me inclino, pressionando minha testa contra a dela.


Quero muito beijá-la, pra caralho.
— Você não sabe o quanto eu quero fazê-lo pagar por isso,
querida, — sussurro para ela.

Ela segura meu rosto, seus olhos indo para meus lábios.
— Querida, eu vou beijar você, — digo a ela, esperando para
ver se me dá luz verde.

— POR FAVOR.

Ele não hesita, e me beija profundamente. Meus dedos do


pé enrolam e eu me pressiono mais contra ele, beijando-o de
volta.

Minhas mãos estão tremendo, enterrando-as em seus


cabelos. Suas mãos percorrem minhas costas, uma segurando
minha nuca e a outra me mantendo fora da água.

Interrompendo o beijo. Abro os olhos e olhamos


profundamente nos olhos um do outro. — Perfeita. — Seu
polegar corre pelo meu lábio inferior, inchado por seus beijos.

Sorrio, meu rosto queimando com seu elogio e a maneira


como ele está olhando para mim.

Ele nos leva mais fundo na água. Rindo o aperto com mais
força quando a água atinge nosso peito.

— Você sabe nadar? — Ele pergunta.


Balancei minha cabeça. — Não, esta é a primeira vez que
estou na água assim, — admito.

Seu rosto mostra seu choque. — Bem, estou feliz por


experimentar esta primeira vez com você. — Ele beija minha
têmpora e eu sorrio, fechando meus olhos e apreciando a
sensação de seus lábios pressionados contra meu rosto, tão
feliz colocando minha mão na água, espirrando em seu rosto.
Ele sorri, fechando os olhos enquanto a água escorre por seu
rosto.

Eu me afasto dele. Ele me solta e eu coloco distância entre


nós, espirrando nele novamente.

Ele ri, seus olhos abrindo e indo diretamente para mim.


— Melhor correr, — diz, e eu não hesito. Saio na água,
afastando-me dele. Ouço salpicos atrás de mim conforme ele
tenta me pegar.

Estou rindo demais para fazer muito. Eu me viro, olhando


para ver o quão perto ele está quando o chão some.

Eu caio debaixo d'água.

Jogando minhas mãos ao redor, tentando me trazer de


volta para fora d’água, e braços me envolvem, levantando-me
em um segundo.

Maverick me coloca na margem, suas mãos correndo por


todo o meu corpo, certificando-se de que estou bem. — Você
está bem? Respirou água? — Pergunta rapidamente. Posso
ouvir o pânico em sua voz.
Eu pego suas mãos. — Estou bem. Só me assustou um
pouco, apenas isso.

Suspirando e me puxando para seu colo, agarro sua


camiseta que caiu ao lado e me cobrindo levemente com ela.

— Pronto para voltar e jantar?

Ele puxa sua camiseta pela minha cabeça. — Não acho


que você vai colocar aqueles jeans de volta, querida. Além
disso, quero ver você só com a minha camiseta.

Coloco meus braços nos buracos, amando a maneira


como seus olhos escurecem enquanto ele me olha de cima a
baixo da cabeça aos pés,

Tenho certeza de que pareço um rato afogado agora; sua


camiseta me engole. Ele abre a pequena porta lateral para
mim. Sento-me e ele puxa um cobertor de trás do meu assento.
— Apenas no caso de você ficar com frio.

Ele entra e aciona o motor. Puxo o cobertor. Está


começando a escurecer e o ar está ficando frio realmente.

Ele estaciona para dentro das árvores, e um galho bate


na frente do para-brisa e desliza para dentro.

Maverick coloca a mão na frente do meu rosto,


bloqueando-o de me bater.

Ele olha e pisca. — Peguei, querida.


Meu estômago se revira, inclino minha cabeça para trás
no assento e vejo Maverick enquanto ele dirige. A maneira
como ele se move é inebriante.

Acho que ele honestamente me quer. Ele viu minhas


cicatrizes. Ele sabe que minha vida não tem sido das melhores
e ainda está aqui.

Fazendo-me sentir coisas que nunca senti antes.

Acabei de conhecê-lo, mas é como se sempre o tivesse


conhecido. Não me preocupo em olhar para a paisagem,
apenas Maverick.
ESTOU TREMENDO quando chegamos em casa. O sol se pôs
há um tempo.

— Venha, vamos aquecê-la. — Ele mantém o cobertor ao


meu redor, levando-me para dentro de sua casa.

— Por que você não entra no chuveiro e pode pegar


emprestado uma das minhas roupas? — Ele sugere.

Meus dentes batendo, eu aceno. — É uma boa ideia, —


consigo dizer. Ele me lança um olhar suave e me mostra seu
banheiro e vai até o armário, tirando um moletom e uma
camisa.

— Aqui, vou tomar banho no quarto de hóspedes. — Ele


usa o polegar para apontar na direção do quarto ao lado.

Entro no banheiro. Começo a trancar a porta, mas fecho


meu punho, parando.

Ele não fez nada para trair minha confiança ainda,


preciso começar a confiar mais nos outros.
Ele provou que posso confiar nele, e vou fazer exatamente
isso. Ligo a água e deixo aquecer.

FICO DO LADO DE FORA da porta, ouvindo-a entrar no


banheiro. Sorrio quando ela não tranca a porta.

Passos de bebê.

Eu, praticamente, ando no ar quando saio do quarto. Fico


emocionado por ela estar no meu quarto. Inferno, em minha
casa.

DEMORO MUITO no banheiro dele. Sentei-me com os olhos


fechados, deixando o jato quente escorrer pelo meu rosto.

Uso seu xampu e sabonete líquido, o banheiro se


enchendo com seu cheiro. Fecho meus olhos, imaginando que
ele está aqui comigo.

Saindo do chuveiro e levanto sua camiseta até o meu


rosto, respirando fundo. Meu sutiã está encharcado e hesito
em colocar a camiseta sem ele.
Penduro meu sutiã sobre o chuveiro para que possa
secar. E puxo minha calça de moletom e abro a porta do
banheiro, meu cabelo molhando a parte de trás da camiseta.

Há música tocando lá embaixo. Desço as escadas e travo


quando vejo Maverick parado sem camisa na cozinha
temperando os bifes.

Ele se vira para olhar para mim, seus olhos se movendo


sobre meu corpo. — Nunca vi uma visão mais bonita do que
você em minhas roupas, querida.

Meu rosto queima com seu elogio. Tento fingir que não
me afeta. — Você precisa de alguma ajuda? — Começo a tirar
os temperos dele.

Ele os puxa para fora de seu alcance. — Eu cuido disso,


relaxe.

Eu me afasto e pego meu telefone do balcão quando vejo


algumas mensagens de River e Jessica. Mando uma mensagem
de volta para que elas saibam que estou bem.

— Quer nos pegar algumas cervejas? Eu tenho um pouco


de vinho, se você preferir. — Ele acena em direção à geladeira.

— Vinho está bom, obrigada. — Pego uma cerveja para


ele, abro-a e sirvo-me de uma taça de vinho.

Não beberei mais de uma ou duas porque sou um peso


leve, já que não bebi nada antes dos últimos meses.
Eu me inclino contra o balcão, bebendo meu vinho e
apreciando a vista. Suas costas estão cobertas de tatuagens,
assim como seu peito.

Seus músculos das costas flexionam a cada movimento.


Deveria ser um crime alguém ser tão atraente.

— Pronta para sair? — Ele levanta a bandeja de comida.

Ando na frente dele e seguro a porta aberta. Ele me dá


um olhar enquanto faço isso, mas eu apenas sorrio.

Estou chegando à conclusão de que Maverick não quer


que eu mova um centímetro se ele puder evitar.

Seu quintal é absolutamente lindo. Eu me apaixono. Ele


tem um enorme sofá macio, com alguns cobertores atirados
sobre as costas e uma lareira na frente, com uma enorme TV
sobre isso.

— Uau, é lindo aqui, Maverick. — Percorro minha mão


nas costas do sofá.

Uma enorme piscina fica atrás da grande área externa de


entretenimento.

— Sente-se e relaxe, querida. — Ele aponta para o sofá e


eu me sento, passando minhas mãos pelo tecido macio.

Eles vivem vidas tão diferentes da minha. Eu morava em


uma casa de um quarto que estava caindo aos pedaços, não
poderia andar por certas partes da casa ou cairia.
Penso naquela parte da minha vida e parece um sonho.
Você nunca sabe como a vida é horrível até que tenha uma vida
boa, e fico triste. Eu sofri uma lavagem cerebral.

Agora, estou sentada na casa de um homem mais gentil


e bonito enquanto ele cozinha para mim.

Bebo meu vinho, colocando minhas pernas debaixo de


mim. Estou tão confortável e me sinto bem tratada.

— Como você gosta de seus bifes? — Ele pergunta,


virando-os.

— Ao ponto. Posso cozinhá-los se você quiser, — digo a


ele.

Ele me dá um pequeno sorriso, fechando a grelha. —


Deixe-me cuidar de você. Eu sei que não teve muito disso.
Deixe-me mimá-la. — Ele corre o dedo ao longo do meu queixo
e fecho meus olhos, apoiando meu rosto em sua mão. — Você
é um anjo do caralho. — Os lábios tocam minha testa.
Pressiono meus lábios para não chorar com o quão doce ele é
comigo.

Eu fantasiei sobre encontrar alguém, que me tratasse


como uma mulher de verdade.

Mas isso é muito mais do que eu esperava.

Suas mãos seguram meu queixo. — Você é linda. Mal


posso esperar pelo dia em que não sentirá mais medo. Você é
tão corajosa. Um dia, baby. — Ele volta para os bifes.
Uma flecha direta no meu coração, ele me deixou
completamente chocada. Como ele vê tanto em mim?

É como se ele pudesse ver cada parte de mim. Estou tão


vulnerável agora.

— O jantar está pronto. — Ele serve a comida para nós e


me traz meu prato, sentando ao meu lado.

— Muito obrigada por isso. Não estou acostumada a esse


tipo de tratamento.

— Acostume-se com isso, querida. Tenho muitos anos


para compensar, — diz ele com tanta facilidade, dando uma
mordida na comida e ligando a TV.

Ele diz isso de uma forma tão simples, mas para mim é o
contrário. Tento envolver minha cabeça em torno dele.

Ele parece perfeito.

— Qual seu filme favorito? — Ele me pergunta, folheando


o Netflix.

Encolho os ombros. — Não tenho certeza. Eu realmente


não via muita TV até os últimos meses, quando me mudei para
cá, — confesso.

Ele me olha chocado. — Porra, vamos começar com


Yellowstone3. — Ele sorri e liga o primeiro episódio.

3 Seriado americano estrelado por Kevin Costner;


Coloco meu prato vazio na pequena mesa de café à minha
frente. Ele apaga as luzes para que possamos ver melhor a TV.

— Traga sua bunda aqui, querida. Eu não posso te


segurar aí, porra, — ele brinca, e eu rio, deslizando minha
cabeça em seu peito.

Fecho os olhos, apenas curtindo a sensação dele por


alguns segundos.

— Bem onde você pertence, porra, — ele diz baixinho,


mas eu o ouço. Eu paro de respirar por um segundo, e ele puxa
o cobertor no meu ombro para me manter aquecida.

Trinta minutos depois do seriado, tento esconder minha


reação cada vez que Rip aparece na tela, porque ele se parece
um pouco com Maverick. Rip aparece na tela novamente e
Maverick está tremendo de tanto rir. — Querida, você tem uma
queda por ele? — ele provoca.

Eu me sento, olhando para ele, meu rosto queimando. —


O quê? Não! — Nego, mas meu rosto fica mais quente sabendo
que estou mentindo.

Ele ri da expressão no meu rosto, — Baby, eu preciso


rastrear esse filho da puta e bater em sua bunda? — Ele
arqueia uma sobrancelha e acho que está falando sério.

— Bem... ele é muito fofo. — Jogo a cautela ao vento e


olho para a TV melancolicamente.
— Ohh, você está com problemas agora, — ele avisa antes
de me empurrar de volta contra o sofá, beijando-me
profundamente.

Rip, quem?

Suas mãos seguram meu rosto, beijando-me tão


profundamente, tão apaixonadamente que nem consigo me
mover.

Ele se afasta um pouco, passando a língua pelo meu lábio


inferior antes de beijar a parte onde meu pescoço encontra
meu ombro.

Eu quase salto para fora da minha pele, mas estou tão


excitada. Agarro a parte de trás de sua camisa.

— Rip, quem? — Sussurro, com minha voz agitada.

Ele bufa e enfia o rosto no meu peito, rindo, — Isso


mesmo, anjo. Rip, quem, porra.

Envolvo meus braços em volta do seu pescoço e abro


minhas pernas para que ele possa deitar completamente em
cima de mim.

Meus dedos se enterram em seu cabelo, arrastando


minhas unhas levemente em seu couro cabeludo e nuca.

— Acho que esta é a porra do paraíso, — ele murmura, e


eu sorrio com sua maldição.
Meus olhos se fecham, aconchegando-se no sofá e
bocejando.

EU SEI QUE ela está dormindo quando sua mão ainda está
no meu cabelo. Eu não quero me mexer, droga. Eu não quero
que ela vá embora, mas não vou deixá-la ficar a noite toda se
não estiver confortável com isso.

Eu me sento, tocando suavemente sua bochecha. —


Querida, — sussurro, tentando não a assustar.

Seus olhos se abrem. Ela sorri no segundo em que me vê.


Não sei o que diabos eu fiz para merecê-la.

— Quer ficar a noite toda? Você pode dormir comigo na


minha cama ou no quarto de hóspedes. Eu não vou tocar em
você, anjo, a menos que você implore por isso. — Jogo a última
parte e ela ri, revirando os olhos.

— Acho que vou ficar.

Foda-se, sim.

Eu me sento e a puxo comigo. — É melhor você dizer às


suas filhas que você vai ficar.

— Boa ideia.
Eu a ajudo a sair do sofá. Ela sorri e caminha para dentro
da casa onde está seu telefone.

Esfrego meu peito. Estou tão perdido por ela e acabei de


conhecê-la. Tão fodido.

LIGO PARA minhas filhas dizendo que é tarde demais para


voltar para casa e que vou ficar aqui. Elas estão mais do que
animadas por mim.

Quase que largo meu telefone quando a River grita muito


alto sobre o uso de preservativos.

Levo meu telefone para cima comigo, seguindo Maverick.

Meu coração está acelerado. Será que quero dormir no


quarto de hóspedes sozinha ou quero arriscar e dormir
aconchegada ao Maverick?

O último soa mais agradável após um deslizamento de


terra.

Ele para do lado de fora de sua porta. — Então, quarto de


hóspedes? — Ele acena para a porta ao lado dele.

Balanço minha cabeça. — Acho que você me segurando a


noite toda parece incrível neste momento.
Ele fecha os olhos, balançando a cabeça. — Você me faz
vibrar muito, Isabella. — Ele estende a mão e pega a minha,
puxando-me para ele. — De uma maneira, porra, — ele
sussurra antes de me beijar. Eu fecho meus olhos de prazer.

Eu também, Maverick. Eu também.

Fico na ponta dos pés, envolvendo meus braços em volta


do seu pescoço, puxando-o ainda mais perto.

Ele se abaixa, envolvendo um braço em volta da minha


cintura, levantando-me do chão. Minhas pernas envolvem sua
cintura sem pensar duas vezes, e ele caminha para trás em
seu quarto.

Sentando-se na cama, minhas pernas de cada lado dele.


Inclino meus quadris, ofegando em sua boca quando o sinto
duro sob mim.

Tento não inclinar meus quadris da maneira que quero.


Suas mãos sobem pelas minhas costas sob a minha camisa e
estremeço forte.

Reúno toda força que tenho e me afasto. Espero que ele


não fique com raiva de mim.

Ele fica comigo em seus braços, andando ao redor da


cama e puxando os cobertores, deitando-se comigo ainda
agarrada a ele.

Amo como ele pode me carregar.


Ele liga a TV, então há ruído de fundo e as luzes piscam,
deixando-nos no escuro, exceto pela luz da TV.

— Obrigada por ser gentil comigo, — sussurro,


quebrando o silêncio.

Sou colocada de costas, os braços de Maverick de cada


lado do meu rosto. Mal posso ver seu rosto na escuridão do
quarto.

— Querida, parte meu coração do caralho que você acha


que tem que me agradecer por isso. — Ele pressiona sua testa
contra a minha. — Você merece tudo neste mundo.

Envolvendo meus braços em volta do seu pescoço,


puxando-o para baixo para que ele fique deitado sobre mim.

Meu coração dói. Não está acostumado a esse tipo de


tratamento. Estou absorvendo cada pequeno toque, cada
pequena palavra, e ele está preenchendo partes de mim que
estão rachadas, estilhaçadas.
ACORDO com beijos suaves na minha bochecha, a mão de
Maverick baixando suavemente pelo meu braço. — Anjo, é hora
de acordar e ver Ronny.

Abro os olhos para isso, olhando para o relógio na parede


que marca dez horas da manhã, sorrindo, esfregando os olhos
e rolando para mais perto de Maverick, amando o quão quente
ele está.

Ele me aconchega com mais força. — Mandei um dos


prospectos dirigir até sua casa. Jéssica arrumou algumas
roupas para você se arrumar aqui, — ele me informa.

Olho para ele, meu cabelo espalhado atrás de mim, e


sorrio feliz. — Não acredito que você pensou nisso.

Ele dá de ombros, — Baby, você está na minha mente


vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. Você é tudo
em que penso.

Meu pobre coração não consegue lidar com muito disso,


— Você é tão doce, — murmuro contra seu peito.

Eu o sinto tremendo de tanto rir. — Só com você, querida.


Sorrindo fecho meus olhos por mais um segundo,
gostando disso antes de ter que me levantar e estar no centro
às doze.

— Acho que gostaria de levar uma refeição infantil para


Ronny hoje, — digo a Maverick, virando de costas e me
espreguiçando.

Pego o sorriso malicioso de Maverick antes que ele enfie


os dedos em meu estômago. Eu me viro em uma bola, rindo
enquanto ele me faz cócegas.

Uso meu pé para tentar empurrá-lo para longe de mim,


mas ele apenas se aproxima. Sua mão livre empurra minhas
mãos.

Bufo alto e ele começa a rir, deixando-me ir, saio do lado


da cama para que ele não tente vir atrás de mim novamente.

— Melhor correr! — Ele grita, e eu saio do quarto o mais


rápido que posso, rindo o tempo todo.

Posso ouvi-lo contando alto do quarto. Olho ao redor,


tentando encontrar um lugar para me esconder quando vejo
um canto atrás da escada. Entro, fechando a porta.

Acho que é assim que Harry Potter se sentiu.

Mal respiro enquanto espero que ele me encontre. —


Onde você está? — Diz em uma voz cantante. Ele passa pela
pequena porta e espero alguns segundos antes de abrir
lentamente, espiando minha cabeça para fora.
Ele não está à vista.

Saio o mais rápido que posso, correndo direto para as


escadas e volto para o quarto. Cubro minha boca para não rir
no caminho.

Puxando os cobertores, deslizo para baixo das cobertas,


tentando ficar o mais plana possível com os travesseiros
jogados ao meu redor.

Isso continua por vinte minutos. Eu posso ouvi-lo


pisoteando por toda a casa gritando por mim e tento o meu
melhor para não rir, meu estômago doendo por segurá-lo.

Olho para fora das cobertas e o vejo no corredor andando


por aí. Puxo o cobertor para baixo e tento não respirar.

Então, sou surpreendida.

O cobertor é arrancado de mim e o rosto de Maverick


aparece, — Te peguei. — Ele me puxa para fora da cama e me
beija.

Eu o beijo de volta, rindo levemente enquanto faço isso.

Estou tão feliz.

Posso dizer sem dúvida que estou completamente,


totalmente feliz. — Você vai visitar Ronny comigo hoje? —
Pergunto.
Ele me dá uma olhada. — Claro, quero ver como ele está.
— Ele me coloca no chão e me entrega uma mochila que
reconheço do meu quarto. — Aqui estão suas coisas.

Abro e olho dentro. Noto que há aqui roupas suficientes


para pelo menos uma semana ou mais. — Pretende que eu
fique por um tempo? — Eu brinco.

Ele pisca e entra em seu closet sem dizer outra palavra.

Oh, estou com problemas.

MAVERICK e eu quase corremos para o centro para ver


Ronny e, quando entramos, ele está sentado no sofá lendo.

— Oi, querido.

Sua cabeça vira em minha direção, mostrando seu lindo


sorriso. — Olá, Bell, Maverick. — Seus olhos vão para o
McLanche Feliz na mão de Maverick.

— Um passarinho me disse que alguém está querendo um


McLanche Feliz. — Maverick o entrega para ele.
Ronny fica tão animado, pegando-o dele e abrindo-o. —
Ohh, olha! Eu estava querendo isso! — Ele praticamente pula
de empolgação no sofá enquanto tira o brinquedo.

Declara todo feliz, abrindo o pacote. Eu olho ao redor da


sala tentando encontrar sua mãe e vejo que ela está no canto
da sala enviando mensagens de texto.

O que não é permitido.

Não é permitido porque é um risco para ela e para as


outras mulheres aqui do centro. Você tem permissão para fazer
chamadas, mas com linhas seguras no escritório com um
membro do centro lá.

— Ela não tem permissão para fazer isso, — sussurro


para Maverick, sentindo-me superdesconfortável com tudo.

Maverick pega seu telefone e envia uma mensagem. Volto


minha atenção para Ronny e sento no chão ao lado dele.

— Quer brincar comigo? — Ele pergunta, movendo sua


pequena estatueta pela mesinha.

— Eu adoraria.

Por uma hora eu sento com ele e jogo. Conversamos sobre


suas comidas favoritas e como ele deseja praticar esportes
quando voltar à escola, principalmente o hóquei.

— Há um lugar na cidade que dá aulas e eles têm equipe


própria. Talvez eu possa perguntar à sua mãe se posso levá-
lo? — Maverick indaga.
Ronny parecia que uma cotovelada poderia derrubá-lo,
seus lindos olhos azuis olhando para Maverick com admiração.

— Mesmo? — Ele diz em um sussurro. Ele se levanta e


bate em Maverick, abraçando-o com força. — Você é o melhor,
Maverick, — sussurra para ele.

Coloquei minha mão nas costas de Ronny, sorrindo pelo


lindo momento que eles tiveram juntos.

Ronny solta Maverick, pega seu McLanche Feliz e começa


a mastigar, com os olhos grudados na TV.

— Você quer um pouco, Bell? — Ele tenta me entregar


seu hambúrguer.

— Não, obrigada, querido, nós comemos antes de virmos


para cá. Você gostaria que eu trouxesse algo para você
amanhã?

Ele faz uma pausa com a batata frita perto da boca, —


Seria bom se eu e as crianças pudéssemos fazer uma festa de
pizza. Uma fatia de pizza seria ótimo, Bell.

Eles comem bem aqui, sem dúvida. Adoro fazer coisas por
ele, ver a felicidade em seus olhos nas menores coisas.

— Preciso pegar um papel lá na frente. — Maverick


caminha para a frente do centro.
MANDEI UMA MENSAGEM PARA o dono do rinque e perguntei
se ele tinha alguma vaga para ensinar um iniciante.

Ele acabou de enviar por fax os documentos para a mãe


de Ronny assinar. Pisco para Bell, passando por eles para onde
a mãe de Ronny está sentada em seu telefone.

Ela olha para cima quando me vê e tenta esconder o


telefone. Como diabos ela não percebeu que estávamos aqui?

Ela parece insegura. — Ronny está querendo jogar


hóquei. Vou levá-lo para os treinos e trazê-lo de volta aqui, —
digo a ela e entrego-lhe o documento, junto com uma caneta
para assinar.

Ela olha para o papel e para Ronny com nojo. — Você o


está transformando em um menino mimado. Não sou rica para
manter isso.

Ela joga o papel no chão. Alcanço entre as almofadas onde


ela escondeu seu telefone, agarrando-o antes que ela pudesse
pegá-lo.

— Assine ou vou quebrar essa porra de telefone em um


milhão de pedaços. — Mal sabe ela que Kyle vai levá-lo mais
tarde.

Ela grita alto e tenta tirá-lo de mim. — Toque-me e você


se arrependerá. Eu não vou te machucar, mas conheço alguém
que vai. — Minha mente vai para Shaylin. Eu ajudei a
transformar aquela garota em uma porra de demônio.
— Espero que você e aquela vadia morram. Por que
diabos você está querendo fazer merda por ele? Ele não vale a
pena, — ela reclama, mas assina o papel. Meu desgosto por ela
só aumenta.

Não consigo entender como alguém pode maltratar seu


filho dessa maneira. Pego o documento e ela me segue.

Tento respirar. Eu nunca bati uma mulher na minha


vida, mas essa está fodendo com meu último nervo.

Bell olha para nós dois, seus olhos indo para a mãe de
Ronny, que a encara com um olhar mortal.

— Olhe a porra do problema que você causou, Ronny. —


Ela pega o papel da minha mão e joga nele.

Bell se levanta e pega no ar. — Se você não pode ser legal,


então tem que sair daqui. — Ronny coloca a mão em volta da
panturrilha dela, de onde está sentado no chão.

Eu a agarro pelo braço, puxando-a para longe deles,


segurando seu telefone. Ela me empurra, tentando recuperá-
lo, mas eu rio, porra. Procuro em suas mensagens e noto que
ela está mandando mensagens para o ex-namorado. Entro no
banheiro com ela tentando me bater, me arranhar, qualquer
coisa que puder fazer para recuperar o telefone.

Eu superei essa vadia e seu comportamento como se o


mundo lhe devesse.
Deixo cair o telefone dela no banheiro e puxo a descarga.
E assisto com uma satisfação doentia enquanto ele
desaparece. Se estragar o encanamento, vou consertar.

Ela grita com toda a força de seus pulmões e eu rio,


saindo do banheiro enquanto ela tem um colapso completo.

TENTO DISTRAIR Ronny de sua mãe maluca. Maverick


apenas jogou o telefone no vaso sanitário e estou muito feliz
com isso. Não quero que ela saia daqui e leve Ronny.

Isso me apavora

A mãe dele já é horrível. Posso dizer que ela não se


importa com ele e isso parte meu coração.

Se ele for embora, não quero pensar em como ela o


tratará. Isso me assombra.

Maverick se aproxima com um olhar presunçoso no rosto


e tento não rir. Atrás dele, a mãe de Ronny está tentando enfiar
a mão no vaso sanitário para ver se consegue encontrar o
telefone.

— Você está pronto para pegar suas coisas de hóquei? Já


começa amanhã.
Ronny larga seu brinquedo. — Eu posso ir? — Ele
pergunta, e Maverick acena com a cabeça, segurando o papel
com a assinatura de sua mãe.

— Sim, você pode, querido. — Estou tão animada por


Ronny.

Ele pega as embalagens e joga no lixo,

— Pronto! — Ele sorri para Maverick e para mim.

Estou tão louca por este garotinho.

Caminhamos até a recepção. Maverick assina algumas


liberações e eu também.

Graças a Deus dirigimos a caminhonete hoje. Maverick o


ajuda a entrar no carro e o afivela no meio.

Espio de volta no banco de trás para ver Ronny para ter


certeza de que ele está bem. — Você está animado? — Não
consigo resistir a perguntar.

— Acho que meu coração pode explodir, Bell. — Seus


olhos estão iluminados com tanta felicidade.

O meu também, garoto, o meu também.


RONNY TEVE o melhor momento de sua vida medindo todo
o seu equipamento de hóquei e algumas roupas extras para ele
usar no centro. Não pude deixar de notar que as roupas que
ele tem estão penduradas por um fio, além de serem muito
pequenas.

Encostamos em frente ao centro, e os carros da polícia


estão em frente ao prédio.

Isso é estranho.

Maverick abre minha porta e então a de Ronny. Pego a


mão dele, sem saber o que está acontecendo.

Maverick mantém a porta aberta para nós, e todos os


policiais se viram para nos olhar, então para o colete de
Maverick.

Maverick se move para ficar na frente de nós dois. —


Posso ajudar? — Ele pergunta.

Então eu ouço um grito alto atrás deles, — Lá estão eles!


Eles roubaram meu bebê. — A mãe de Ronny cai no chão,
praticamente em convulsão.

Minha mente está explodindo. Eu olho para Ronny, que


está olhando para a mãe, completamente horrorizado por ela
estar agindo assim.

— Venha aqui, querido. — Entrego meu telefone a ele e o


sento na cadeira atrás de mim, na esperança de distraí-lo.
— Vamos mudar isso para outra sala longe do menino, —
um dos policiais sugere, e eu imediatamente aceno, pegando a
mão de Maverick, nervosa com o que está acontecendo.

Entramos na sala de reuniões ao lado. — Prendam-nos!


Eles levaram meu bebê! — A mãe de Ronny grita e eu quero
estrangulá-la por ser tão louca.

— Veja. Nós temos os documentos dando seu


consentimento para levar seu filho, — Maverick diz a ela.

Um dos oficiais mais próximos de nós pergunta: — Você


é membro do Grim Sinners MC?

— Eu sou um dos originais.

— Senhora, nenhum crime foi cometido aqui. Por favor,


não ligue para relatar informações falsas.

Eles saem e ela tem um colapso completo, caindo no chão


gritando com toda a força de seus pulmões, fazendo as pessoas
olharem.

Ela perdeu o juízo.

Sacudo minha cabeça em descrença por causa desta


mulher.

— Ei Ronny, você está bem? — Entro na sala onde o


deixei, mas ele não está lá.
— Ronny, você está atrás da mesa? — Pergunto baixinho,
caso ele esteja com medo e se escondendo. Então a mãe de
Ronny vem atrás de mim, gargalhando.

— Eu fodidamente sabia que distrair vocês funcionaria. A


única razão pela qual não tive permissão para sair foi por
causa dele. Agora ele não é mais um problema. — Ela sorri
feliz, carregando uma pequena bolsa e rindo para si mesma.

Meu coração cai no chão. Estou em choque total; paro de


respirar.

Alguém o levou.
ELA SAI pela porta e eu entro em ação, perseguindo-a. Ela
é a única maneira de encontrá-lo.

Agarro-a pelo braço, segurando o mais forte que posso


para que ela não fuja.

Ela se vira para me encarar. — Afaste-se de mim, vadia!


— Ela se afasta o máximo que pode para tentar me empurrar.

Eu a ignoro e a agarro com mais força. Se ela se for, ele


também vai.

— Por favor, vamos conversar. Você não tem que fazer


isso. Vou levá-lo, você não terá que vê-lo novamente, —
imploro, e ela puxa seu braço.

Ela começa a fugir, e sem hesitar eu a agarro pelos


cabelos, puxando-a para trás com toda a força que possuo.

Maverick vem correndo para fora. Ele observa a cena,


agarra o braço dela e eu a solto.
Com lágrimas nos olhos, olho para Maverick. — Alguém
o levou. Ronny está desaparecido e ela se regozijou por ter
alguém para levá-lo, — eu explico.

Ele xinga, pega o telefone e começa a ligar para as


pessoas. O tempo todo, ela grita a plenos pulmões como se a
estivéssemos matando.

Estou com vontade de machucá-la. Como ela pode fazer


isso com ele?

— Por favor, cale a boca, não vamos machucar você. Eu


só quero saber onde Ronny está, — digo a ela o mais
gentilmente que posso, levando todo o meu esforço.

Ela revira os olhos para mim. — Eu não entendo vocês.


Por que diabos você está fazendo toda essa merda por ele? Ele
tem uma nova casa agora. — Ela se regozija com a última
parte.

Antes que eu possa me conter, dou um soco no rosto dela.


Sua cabeça se joga para trás em choque. Maverick quase deixa
cair seu telefone, com seus olhos arregalados.

Maverick ri alto. — Merda, Bell, isso foi quente.

Meu rosto fica vermelho de vergonha. Estou com muita


raiva dela. — Ele é um garoto tão bom. Por que você é tão
horrível com ele? — Pergunto a ela, magoada por ter feito isso
com ele. Tudo o que ele queria era que ela o amasse.
Ela me olha chocada por ter ousado bater nela. Então me
ataca e Maverick a agarra de volta antes que possa me tocar.
— Para trás, porra. Toque-a e cada grama de gentileza que eu
tenho vai pela janela, — ele sibila em seu rosto. Ela fecha a
boca e eu não a culpo.

Eu me aproximo. — Por favor, diga-me onde aquele doce


bebê está. Você não terá que vê-lo novamente. Só não faça isso
com ele – e se alguém fizesse isso com você? — Imploro a ela.

Meu coração está doendo tanto ao pensar onde ele está,


o que poderia estar acontecendo.

Ele estava tão feliz por conseguir todas as suas coisas de


hóquei. Hoje ele conseguiu comer em um restaurante pela
primeira vez.

Ela cerra a boca o mais forte que pode. Aperto minha


testa no ombro do Maverick, tentando não desmoronar.

Ele desliga o telefone, colocando-o no bolso. — Você está


bem, querida? — Ele pergunta.

Balanço minha cabeça negativamente, sendo honesta. —


Você tem muita sorte por ser uma mulher, vadia. Se aquele
menino se machucar, você vai experimentar essa merda dez
vezes pior.

Ela ri. — Sim? De quem?

Assim que ela diz isso, três SUVs estacionam. Uma


mulher com lindos cabelos loiros sai primeiro, seguida por um
grupo de mulheres que nunca vi antes. Elas então se juntaram
a Lani e Chrystal.

A loira acena para nós e vira seu sorriso para a mãe de


Ronny. — Por mim, vadia. Meu nome é Shaylin, mas você pode
me chamar de seu pior pesadelo.

— Meu nome é Kayla, old lady do VP. — Ela pisca para


mim, antes de tomar seu lugar ao lado de Shaylin.

— Alisha. — A Old Lady de Techy – ela está carregando


um bastão.

Alguém ri histericamente. — Eu sou Jean, não sou tão


maluca quanto Shaylin. Você está tão fodida, espere até que o
resto das garotas Grim Sinners cheguem aqui. Vai ser uma
festa, — ela ri.

Outro SUV encosta. A porta se abre e uma tonelada de


motoqueiros se aproxima logo atrás. Eu noto que eles estão
usando dois coletes diferentes.

Reforços estão aqui.

Shaylin se aproxima e leva a mãe de Ronny. — Vou pegar


a merda de que você precisa. — Elas a pegam e a empurram
para dentro de um dos SUVs, enquanto ela grita o caminho
todo.

Agarro a mão de Maverick com força, observando-os levá-


la pela estrada para o clube.
Todos montam em suas motos e dirigem até a sede do
clube. Estou tremendo tanto de medo do que pode estar
acontecendo com ele.

E se ele estiver com medo?

Eu sei que ele pensa que ninguém virá por ele. Sua mãe
o vendeu. Eu sei como as pessoas são cruéis neste mundo. Vivi
essa vida por muitos anos.

Maverick me leva para a caminhonete, colocando-me no


banco do passageiro. — Querida, você está bem? — Ele
pergunta, segurando meu rosto.

Eu sacudo minha cabeça, não – não, eu não estou bem.


— Não, eu sei como as pessoas podem ser tão cruéis. Sofri
muitos anos da minha vida, Maverick. Alguém o comprou.
Você não compra filhos a menos que tenha planejado coisas
ruins.

Outro medo atinge meu coração enquanto penso mais


profundamente nisso. — Eu sei que você sofreu muito, baby.
Assim que o pegarmos de volta, quero saber exatamente como
você sofreu, para que eu possa matar quem foi o responsável,
porra, — Maverick range entre os dentes, com fogo em seus
olhos.

Eu me inclino para frente, descansando minha cabeça na


curva de seu pescoço, deixando-o me abraçar e me fazer sentir
segura.
DEIXO Bell nos braços cuidadosos de Chrystal e desço as
escadas, onde estão as meninas.

Estou apavorado pra caralho. Não quero que Bell veja


essa merda, mas quando saí, vi-a segurando a mãe de Ronny
para que ela não fosse embora. — Ela o vendeu.

Essa merda tocou na minha cabeça tantas vezes.

Eu sei de uma coisa – ela precisa sofrer.

Abro a porta e a primeira coisa que ouço é a risada de


Brittany. Ela é uma Princesa dos Grim Sinners como Shaylin.

Inclino contra a parede enquanto as mulheres descontam


sua raiva nela, socando-a, espetando-a pequenas facas em
lugares que não causarão muitos danos.

Shaylin vem com um cortador de unhas, — Diga-me para


quem você o vendeu e eu não vou te machucar mais, — Shaylin
zomba, sorrindo aquele sorriso de merda que ela ganhou de
seu pai.

A mãe de Ronny está em agonia, com o rosto vermelho de


tanto chorar e gritar. Nenhuma parte de mim sente pena dela.

Eu me aproximo para ficar ao seu lado, para ter uma


visão melhor. Todos os rostos das garotas estão cheios de
raiva. Jean está gargalhando loucamente, sabendo que sua vez
é a próxima.

— Foda-se, vadia! — Ela grita, tentando se levantar na


cadeira. Quando sua luta é inútil, ela faz um som sibilante
antes de abrir a boca para cuspir em Shaylin.

Aperto sua boca, segurando seu rosto com força. —


Cuspa nela e eu mesmo vou terminar, — ameacei.

Seus olhos se arregalam com a minha ameaça. — Estou


falando sério. Eu adoraria machucar você – talvez devêssemos
chamar Butcher? Sei que ele adoraria ajudar, — minto.

Shaylin sorri ainda mais. — Deixe-me enviar uma


mensagem para ele agora. — Ela pega o telefone e envia uma
mensagem.

Sei que ele vai passar por aquela porta em segundos.


Butcher é um filho da puta assustador. As garotas fugiam dele,
mas Shaylin não.

Eu sei que isso está afetando Shaylin. Sua filha Tianna


passou por uma merda semelhante com uma mãe que tentou
vendê-la.

O tráfico é uma merda real. Vimos em primeira mão como


essa merda afeta as vítimas.

Bem na hora, Butcher entra. A mãe de Ronny começa a


gritar com toda a força de seus pulmões, tentando empurrar a
cadeira para trás esperando fugir.
Ouço algo escorrendo no chão. Movo meu pé bem a tempo
antes que ela mije no meu sapato.

Shaylin ri. — Merda, você a fez se mijar. — Ela pisca para


Butcher, que sorri levemente para ela – essa merda é reservada
apenas para ela.

— Eu vou te dizer! — Ela grita quando Butcher caminha


até ela, parando em sua frente.

— Conte-nos, ou você vai se arrepender. — Butcher sorri,


parecendo assustador pra caralho.

Ela começa a tagarelar números, endereços e nomes


quando Bell entra correndo na sala. — Maverick, acabei de me
lembrar! Ele está com meu telefone – ele estava jogando! — Ela
para quando vê a cena.

— Foda-se, sim! — O punho de Alisha bombeia o ar e sai


correndo da sala.

Bell se aproxima de mim, olhando para a mãe de Ronny.


— Assim que o pegarmos, quero falar com ela. — Ela pega
minha mão, sem olhar para ela novamente.

Eu a levo para o escritório de Techy. Ele é um gênio da


computação do caralho. Alisha está sentada ao lado dele em
seu próprio computador.

— Ele está em uma casa na periferia da cidade. São trinta


minutos daqui.
Lane, meu presidente, entra na sala. Techy o preencheu.
— Vamos, porra.

Eu sorrio. Mal posso esperar para colocar algumas balas


nesses filhos da puta. — Estou indo com você. — Bell agarra
minha mão com força para que não possa me afastar dela.

— Querida, não é seguro.

Ela balança a cabeça. — Ele vai precisar de mim. Vou


ficar na caminhonete. — Seus grandes e lindos olhos me
encaram. Posso ver quanta dor ela está sentindo.

Meu peito também dói pra caralho.

— Ok, baby. — Eu a beijo suavemente, e suas lágrimas


se misturam com o beijo.

Lane sorri para nós dois. — Devo pedir? — Ele pergunta.

Sorrio, sabendo que ele se refere ao colete que damos às


nossas Old Ladys. — Peça. — Ele ri e Bell me lança um olhar
estranho.

Você saberá em breve.


PARO A CAMINHONETE bem fora da linha de visão da casa.
As motos param atrás de nós

Viro-me olhar Bell. — Baby, não saia desta caminhonete.


Vou trazê-lo para você.

Ela acena com a cabeça. — Eu não vou me mover.

Inclino-me e a beijo. Porra, estou tão perdido por ela. Eu


saio e ela tranca a porta atrás de mim. Rio um pouco com isso.

Konrad, Walker e Derek correm pela floresta para que


possam entrar atrás da casa caso tentem escapar pelos
fundos.

Eu, Lane, Kyle, Liam, Smiley e Aiden entraremos pela


porta da frente primeiro, e os outros membros estão cercando
a casa para ter certeza de que não vão fugir.

Nenhum filho da puta daquela casa vai sair vivo de boa


vontade. Vou rastrear todas as pessoas associadas a esta
merda.

Olho para Bell uma última vez em minha caminhonete


antes de chegarmos diante da casa. É uma casa branca, o piso
da varanda está afundado e faltando degraus. O revestimento
está coberto de mofo.

Arrancamos correndo, não dando a eles um segundo para


pensar em fugir.
Salto por cima dos degraus, não confiando nos poucos
que restam. Chuto a porta pelas dobradiças, esquivando-me
quando as balas passam por mim.

Espreito pela porta e vejo um homem sem camisa em um


par de jeans. Pego minha arma e atiro uma vez, esquivando
quando o ouço pular.

Entro na casa. Os caras se separam e todos nós vamos


em direções diferentes, verificando cada canto no interior.

Um homem sai correndo de um quarto dos fundos. Eu o


agarro pelas costas da camisa antes que ele possa fugir. —
Onde está o garotinho? — Pergunto.

Ele aponta na direção dos fundos. Eu o jogo para Liam,


que o puxa para fora.

Meu coração bate forte no meu peito. Abro a porta. Não o


vejo a princípio, então acendo a luz.

Ronny está no canto do quarto, enrolado em uma bola e


tremendo. Fodidamente destruído.

Ando até ele lentamente, parando a alguns metros de


distância. — Ronny, — digo o mais suave que posso,
considerando o quão chateado estou.

Ele levanta a cabeça ligeiramente, seu rosto mostrando


seu choque por me ver aqui. — Maverick? — Sussurra
aturdido, olhando ao redor.
Sento-me na porra do chão nojento na frente dele. Afasto
a raiva ao ver o hematoma em sua bochecha. Alguém bateu
nele.

— Você veio para me tirar daqui? — Ele pergunta tão


baixinho que eu mal o ouço. Está tremendo tanto e está me
matando pra caralho que ele sinta tanto medo.

— Estou. Bell está na caminhonete esperando por você.


— Ele se senta um pouco mais ereto com a menção dela. Eu
também, amigo.

Seu lábio inferior treme. — Ela não está chateada por eu


estar com o telefone dela? — Ele parece horrorizado com o
pensamento

— De jeito nenhum! Ela está tão triste com o que


aconteceu. O telefone é como encontramos você.

Ele parece tão aliviado. — Minha mãe me deu a esses


homens maus, Maverick. Eu não tenho casa. — Ele se afasta
de mim, encostando-se na parede.

Totalmente destruído.

— Por que ela fez isso, Maverick? Tentei ser o melhor


garoto para ela. Nunca fiz bagunça, não falava alto. — Ele
parece tão triste.

Eu chego mais perto dele, observando sua reação para ter


certeza de que está tudo bem. — Existem pessoas más neste
mundo. Sua mãe é uma delas. Você é uma criança – deve agir
como criança, jogar hóquei, ler todos os livros que quiser.

— Não ser dado, — ele termina por mim.

Meus olhos ficam quentes pra caralho. — Não ser dado...


quer vir morar comigo e Bell?

Ele me olha como se fosse desmaiar. — Com você e Bell?


Tipo, como?

Eu sorrio. — Primeiro precisamos decorar seu quarto.


Você pode escolher. Estou tentando convencer Bell a morar
comigo – você vai me ajudar. — Eu pisco, tentando aliviar o
clima.

Ele sorri pela primeira vez. — Eu acho que adoraria morar


com vocês. Posso limpar e cozinhar para vocês! — Ele oferece.

Balanço minha cabeça negativamente. — Você também


pode fazer isso se quiser, mas não é necessário. Tenho alguém
que limpa a casa para mim. Vou cozinhar, ou Bell se ela quiser.
O que eu quero de você é que seja você mesmo, que seja uma
criança de oito anos.

Ele pisca algumas vezes como se não pudesse acreditar


que isto é real. Separa a distância entre nós, envolvendo seus
braços em torno de mim. Envolvo os dois braços em torno dele,
desejando a Deus que eu pudesse parar seu tremor.

Olho para a entrada da porta, e todos os caras estão ali


de pé, observando a cena.
Fungo e recuo enxugando suas lágrimas, — Pronto para
sair daqui? — Pergunto.

— Por favor.

Eu me levanto e pego sua mão. Ele se agarra por cima


como se estivesse com medo de que eu o solte e o deixe aqui.

Prefiro morrer da pior morte imaginável do que deixar


esse garotinho aqui.

Olho para Ryan enquanto saio. — Você pode levar Myra


para minha casa? — Eu pergunto.

Ryan acena com a cabeça. — Eu já a tenho de prontidão,


cara.

Myra é médica pediatra. Quero dar a Ronny um exame


completo para ter certeza de que ele está completamente
saudável.

Os caras saíram do prédio, então Ronny não verá os


corpos dos que estão aqui. Estão todos mortos.

Todos os caras sorriem para Ronny para que ele não


tenha medo deles. Tenho certeza que ele viu alguns deles no
centro.

— Bell está aqui? — Ele pergunta.

Eu amo que ele a ame tanto; ela realmente se preocupa


com ele também. — Ela está bem no meio da estrada.
Ele começa a andar um pouco mais rápido, mas não solta
minha mão. Hoje cedo ele estava no topo do mundo equipando-
se com todas as suas coisas de hóquei e olhando para a pista
de gelo.

Vejo Bell abrindo a porta da caminhonete, saindo para


ficar ao lado dela, esperando que Ronny a alcance.

— Oi, querido, — ela diz suavemente, e Ronny desliza sua


mão da minha, correndo direto para ela. Ela o abraça com
força.

— Eu te amo, Bell, obrigado por me salvar. — Ele funga e


a aperta com mais força.

Porra, meu peito dói.

Bell fecha os olhos. Ela se inclina para trás e fica de


joelhos na frente dele. — Você não está ferido? — Ela passa as
mãos por seus braços.

Ele balança a cabeça negativamente. — Estou bem.


Maverick me disse que vou morar com vocês.

Entendo que essa merda agora está às claras. Sorrio, por


que caralho não? Quero que ele esteja comigo e a quero na
minha cama, para sempre.

O rosto da Bell arde e sei que ela também quer essa


merda.

— Eu adoraria, querido, — Bell confirma essa merda e me


sinto com trinta metros de altura.
— Obrigado, pessoal, pela ajuda. Nós vamos levá-lo para
casa. — Aperto a mão de todos os caras. Estes são meus
irmãos, até mesmo os Devil Souls.

Smiley e Konrad não vão embora. Eles vão voltar comigo


no caso de alguma merda acontecer.

— Vejo você em breve, — Ryan grita antes de subir em


sua moto e sair.

Eu, com certeza, não quero ter o garoto sentado por horas
em um pronto-socorro. Ele já passou por suficiente.
RONNY adormece em segundos enquanto voltamos para a
casa de Maverick. Preciso ligar para as meninas mais tarde
para contar tudo o que aconteceu.

— Então você disse a ele que ele vai morar comigo e você?
— Não consigo resistir à vontade de perguntar.

Maverick sorri. — Claro, sim.

Tento não rir de sua expressão. — O que te faz pensar


que eu quero morar com você?

Ele me dá uma olhada. — Baby, eu vou aonde você for.


Você quer ficar com sua filha? Estarei lá com você.

Sua resposta me deixa muito feliz. Não posso nem negar


isso. — Eu quero estar com você, você me faz feliz, — digo
baixinho, para não acordar Ronny.

Maverick para a caminhonete em frente à casa, virando-


se para me encarar totalmente dentro do carro.

— Você me faz muito feliz. Você fez desde o segundo em


que te vi. — Ele balança a cabeça em descrença. — Você era
um ímã, uma peça que eu nunca soube que estava faltando,
mas não posso viver sem você. Não me importo se a conheço
há pouco tempo. Na porra da minha alma, eu te conheço desde
sempre.

O vento neste momento poderia me levar para o outro


lado. Suas palavras atingiram algo bem fundo dentro de mim.

Eu nunca soube que alguém poderia sentir isto por mim,


ou eu poderia sentir isto por alguém.

Nunca tive a chance de ter uma vida de verdade, de ser


totalmente feliz e me sentir segura com alguém.

Com ele eu me sinto.

Sinto-me tão segura, a ponto de não ter que me preocupar


com o que vai acontecer se eu surtar. Eu sou eu mesma, ele
gosta de cada parte de mim e não foi preciso me machucar
para conseguir isto dele.

Sacudo minha cabeça, inclino e o beijo com tanta


emoção. Não tenho palavras para descrever a maneira como
me sinto.

Ele enterra sua mão profundamente em meus cabelos,


assumindo instantaneamente o beijo. Passo minha mão por
cima de seu estômago, seus abdominais flexionando sob meus
dedos.

Ele puxa para trás, beijando minha bochecha, depois


minha testa, puxando-me até ele. Meu estômago dá um
pequeno salto enquanto ele me abraça. Fecho meus olhos e
deixo que me abrace por um tempo.

— Espere, como podemos tornar isso legal? Não pensei


nisso. — Fico um pouco em pânico com a ideia de mandar
Ronny de volta.

— Temos tantas pessoas em nossos bolsos que não será


um problema. Lane trará os documentos logo de manhã, se
quisermos.

Isso me faz sentir dez vezes melhor. Eu preferia morrer a


permitir que aquele garoto voltasse para aquela mãe inútil
dele.

— Amanhã, eu quero vê-la. — Consigo ouvir a raiva em


minha voz. Estou com tanta raiva que, se pensar nisso agora,
provavelmente a mataria se estivesse na minha frente.

E eu nunca quis machucar uma alma viva, mas ela? Eu


não me importo. Posso ver a dor que ela causou a ele.

— Onde estou? — Ouço Ronny perguntar em sua voz


sonolenta.

Eu me viro. — Olá, estamos na casa de Maverick. —


Sorrio.

Seus olhos se arregalam quando ele olha para a casa. —


Uau, você mora aqui?

— Você mora aqui agora, — Maverick o informa, fazendo


meu coração dançar no meu peito.
Ronny se recosta no assento como se estivesse batendo
forte nele. — Vou enviar uma mensagem a um prospecto para
trazer algumas roupas para Ronny vestir até que possamos
conseguir algumas coisas para ele amanhã.

Abro a porta da caminhonete. Maverick me encara o


tempo todo, mas eu sorrio e faço isso de qualquer maneira,
deslizando para fora.

Ouço a porta de Maverick se fechando. Abro a porta


traseira para Ronny e Maverick entrar, assumindo o comando
para ajudá-lo a sair. Abaixando e sussurra em meu ouvido: —
Você está encrencada por causa dessa merda.

Paro de rir e olho para ele com o canto do olho. Meu rosto
fica quente com seu duplo significado.

— Quer escolher seu quarto? — Maverick pergunta a


Ronny.

Ronny olha para Maverick como se ele não fosse real. Não
sei tudo o que Ronny passou, mas quando fiz a transição da
minha antiga vida, tudo era simplesmente chocante.

Ronny está embasbacado olhando da esquerda para a


direita para tudo na casa. Maverick mostra a cozinha para ele
e eu começo a fazer uma lista mental de coisas que precisamos,
como lanches e bebidas. Espere, ele vai para a escola? Ele já
foi à escola antes?

Não sei ser mãe ou cuidadora. Nunca tive essa chance


quando tive que desistir de minhas meninas.
Eu mataria para ser mãe, para ter a oportunidade de ser
isso para alguém. Estou com quase quarenta anos, ainda
posso fazer isso.

— A última porta à direita é o meu e o quarto de Bell, —


Maverick diz com uma voz presunçosa.

Ronny solta a mão de Maverick e caminha até um quarto


a algumas portas do nosso.

Maverick pega minha mão, puxando-me para ele. Nós


dois observamos Ronny enquanto ele explora o quarto.

Ele caminha até a cama, baixando a mão e esfregando o


edredom. — Eu acho que realmente gosto deste quarto. Pode
ser esse? — Ronny olha para nós. Posso ver que ele está
hesitante.

— É seu, — Maverick confirma, e o rosto de Ronny se


ilumina. Ele pula na cama e se deita.

— Eu nunca tive uma antes.

Entramos no quarto com ele. Maverick pega um controle


remoto de TV do baú e o leva para Ronny. — Aqui está o
controle remoto da TV.

— Nunca teve o quê, querido? — Sorrio e sento ao seu


lado. Ele chega mais perto de mim e eu resisto à vontade de
puxá-lo para um abraço.
Eu só quero envolvê-lo e protegê-lo do mundo.
Simplesmente não consigo entender o quão assustado ele
estava ou o que pensou quando sua mãe fez isso.

Ainda me impressiona que ela pudesse vender seu bebê.

— Nunca tive uma cama antes.

Lágrimas enchem meus olhos. Eu me afasto para que ele


não veja. Maverick parece tão abatido quanto eu.

— Você sabe o que tornaria este quarto melhor? —


Maverick pergunta a Ronny, que se senta mais ereto.

— O quê? — Ronny pergunta, animado.

— Bem, por um lado, precisamos de uma estante com


todos os seus livros favoritos. Acho que é necessária a ida a
uma livraria amanhã. — Maverick pisca e Ronny parece que
pode cair.

— Oh, obrigado, Maverick! — Ronny pula da cama e bate


nele, abraçando sua cintura.

Maverick olha para ele e depois para mim de uma forma


que nunca vi antes. Eu sei que neste momento Ronny apenas
tomou todo o seu coração, reivindicando-o como seu.

Alguém bate na porta. — Provavelmente são Myra e Ryan.

Todos nós descemos as escadas e eu olho pela janela. —


Quem são eles? — Ronny pergunta, segurando minha mão,
posso ver o leve medo em seu rosto.
Maverick se abaixa. — A senhora é médica. Ela vai
verificar se você está saudável. O cara ao lado dela é seu
marido. O outro é alguém trazendo algumas roupas para você.
Você está seguro. — Ele passa a mão na nuca. — Eu sempre
vou te proteger, nada vai te machucar.

Estou tão perdida por ele.

Ronny relaxa e pega a mão de Maverick enquanto ele abre


a porta da frente. — Oi Ronny, sou Myra. E sou médica. — Ela
sorri, estendendo a mão para ele apertar.

Ele faz isso. — Prazer em conhecê-la. — Ele sorri e se


aproxima de Maverick quando os caras entram na casa.

Maverick percebe. — Por que vocês não vão para a


cozinha e relaxam? Tem cerveja na geladeira.

— Tudo bem, querido, vamos sentar no sofá. — Ronny


solta a mão de Maverick e segue Myra até o sofá.

— Espere um segundo. Preciso perguntar algo a Maverick


e Bell. — Myra coloca sua bolsa no chão, caminhando até nós.

— Eu preciso saber, você acha que há uma chance de que


algo poderia ter acontecido com ele, sexualmente? — Ela
sussurra, baixo o suficiente para que apenas nós possamos
ouvir.

Um medo profundo atinge meu coração com a perspectiva


de que isso aconteça. Passou pela minha cabeça, mas estou
com medo de descobrir.
Maverick se afasta, esfregando a nuca. Posso sentir a
raiva saindo dele em ondas.

— Maverick, provavelmente é uma boa ideia, — eu


sussurro.

Ele me olha completamente com o coração partido. —


Acho melhor levá-lo à minha clínica aqui na cidade.
Provavelmente é melhor para ele, — diz Myra.

Maverick acena com a cabeça e meu coração quebra um


pouco. — Ei Ronny, acho que vamos levar você para ser
examinado na clínica na cidade, tudo bem?

Ele olha para nós dois confuso, mas acena com a cabeça.
— Acho que pizza para o jantar seria uma ótima ideia – o que
você acha? — Tento distraí-lo de pensar demais.

— Eu adoraria! — Ele fica animado e corre até a porta


para calçar os sapatos.

A ESPERA É UMA tortura para mim e para Bell. Sentamos


e aguardamos na sala de espera.

— Estou tão preocupada que é difícil respirar, — sussurra


Bell para mim.
Eu me inclino, beijando-a na testa. — Eu também, —
confirmo. Espero por Deus que nada tenha acontecido com ele.
Eu vou FODER TODO MUNDO.

Vinte minutos depois, Myra sai e fecha a porta atrás dela.


Puxa uma cadeira ao nosso lado. Ela tem lágrimas nos olhos.
Porra.

Bell olha para mim, horrorizada com o que ela poderia


dizer. — Em primeiro lugar, quero que saibam que ele não foi
abusado sexualmente. Acho que você o salvou desse destino.

Você poderia me arrancar do chão, estou tão aliviado.

— Quando levantei sua camisa para verificar seus


pulmões. — Ela faz uma pausa, sua cabeça cai em direção ao
chão.

Bell avança rapidamente, segurando as mãos dela. —


Está tudo bem? — Ela pergunta. Ela é tão carinhosa.

Myra respira fundo. — Ele foi chicoteado com um cinto


por anos. Ele tem feridas recentes como ontem. Preciso que
vocês venham comigo, para mostrar como limpar as feridas.
São muitas. Eu lhe dei remédio para as suas dores, antes de
começarmos.

Bell pula da cadeira, andando pela sala. — Amanhã você


me leva até ela, — ela diz em uma voz que eu nunca ouvi antes.

— Ele disse quem o chicoteou? — Eu cuspi as palavras.


Myra acena com a cabeça. — A mãe e o padrasto. Ele nem
lembra quando começou.

Foda-se.

Bell para de andar e olha para mim. — Nós faremos bem


a ele. Vamos dar a ele a melhor vida. Uma que ele merece.

MAVERICK SE levanta de sua cadeira e pega minha mão na


sua, apertando com força, deixando-me saber que ele está aqui
comigo.

— Vamos para o nosso menino.

Caminhamos para o quarto. Ronny está sentado na cama


parecendo inseguro. — Oi, querido. — Eu sorrio para ele e pego
sua mão.

— Você não está brava? — Ronny pergunta, parecendo


inseguro.

Eu olho para ele, assustada. — O que você quer dizer?


Por que eu ficaria brava, querido? — Questiono, pegando sua
lágrima com meu dedo.

Ele olha de mim e Maverick. — Ela disse que você terá


que cuidar das minhas costas. Isso não vai fazer você não me
querer? Certo? — Posso ouvir o leve tremor em sua voz.
Isso destrói minha alma.

— Não, bebê, não. Pela manhã, se quiser morar conosco,


vamos assinar os papéis que farão de você nosso para sempre.
Se você quiser isso ...

Ronny me interrompe, — Não, eu quero morar com vocês.

Maverick esfrega seu ombro. — Então você estará


conosco para sempre, mesmo se você tiver trinta anos e eu for
um homem velho. — Eu rio e Ronny se junta a nós.

Myra entra no quarto, fechando a porta atrás de si. Ela


coloca alguns itens na bandeja.

— Vou mandar tudo que precisarem para casa com vocês.


— Ela começa a abrir compressas de gaze. — Também vou
prescrever alguns antibióticos. Já fiz exames de sangue e
devemos tê-lo amanhã.

— Tudo bem, querido, você se importa em tirar sua


camisa? — Myra pergunta.

Ele olha para nós dois para ter certeza de que estamos
bem com isso. Ele levanta sobre a cabeça, entregando-me, e eu
pego sua mão, segurando com força, deixando-o saber que
estou lá para ele.

Maverick e eu damos um passo para a cabeceira da cama


para que possamos olhar, e quase caio no chão em estado de
choque.
Maverick vira a cabeça, segurando o balcão com tanta
força que range sob a pressão.

Esfrego a mão de Ronny, esperando que ele não perceba


nossa reação. Este precioso bebê sofreu; ele sofreu de uma
forma totalmente desumana.

Sua mãe é um monstro completo e absoluto. Fico doente


por ter esperança de que ela seria uma boa mãe.

Cicatrizes sobre cicatrizes cobrem quase cada centímetro


de sua pele – cicatrizes tão grossas e agravadas.

— Posso recomendar um ótimo cirurgião plástico, se ele


quiser, — ressalta Myra.

— Vamos conversar com ele sobre isso, — Maverick diz a


ela, segurando a outra mão de Ronny.

Depois que suas costas são limpas com pomada, nós o


ajudamos a vestir a camisa. Myra não se incomoda com o
curativo porque ele tomará banho mais tarde. — É uma
sensação muito melhor, obrigado. — Ronny sorri para ela, seus
lindos olhos azuis brilhando com vida pela primeira vez hoje.

A barriga de Ronny ronca e eu rio. — Acho que é hora de


jantarmos! — Ronny ri e pega minha mão, pulando da cama.

— Obrigada, Myra, nos vemos em alguns dias. — Ele deve


voltar em alguns dias para um check-up.
O próximo passo na lista é fazer com que ele veja Braelyn,
então pegamos algumas pizzas e seu remédio e vamos para
casa.

— Maverick, você tem refrigerante em sua casa? — Ronny


pergunta timidamente.

Maverick sorri por ter feito uma pergunta abertamente.


— Eu, com certeza, tenho. — Ronny sorri, olhando pela janela.

Meu pobre coração. Sinto muito amor por este menino


precioso.

Também sinto muita coisa por Maverick. Sinto por ele


coisas que nunca sonhei possível. Ele mudou completamente
minha vida.

— ESTOU VESTIDO ! — RONNY GRITA.

Maverick e eu entramos no banheiro. — Como você está


se sentindo? Suas costas estão doendo? — Pergunto, pensando
que a água provavelmente fez doer.

Ele balança a cabeça. — Isso não me machuca, Bell.

Me machuca.
Puxa, como isso me machuca. Meu coração está doendo
tanto quando Maverick aplica a pomada em suas costas e faz
curativos.

Suas costas inteiras.

Eu pego um pente do balcão e passo em seus fios, e isso


me atinge. Não tenho ideia de como consertar o cabelo dele.
Tento pentear da melhor maneira possível.

— Tudo bem, está tudo pronto, — Maverick diz a ele,


entregando-lhe sua nova camisa de pijama que tem
dinossauros nela.

Ele está tão fofo.

Ronny sobe em sua cama. Eu puxo os cobertores até o


pescoço, colocando-o para dentro. — Posso ligar a TV? Só um
pouquinho? — Ele pergunta.

Maverick liga a TV, entregando-lhe o controle remoto. —


Boa noite, querido. — Eu o beijo na testa e fecho os olhos por
um momento, grata por ele estar aqui, e seguro.

Hoje foi horrível, mas agora estou com ele.

Maverick fica em meu lugar. Saio do quarto. Precisando


de um segundo para mim mesma, fico do lado de fora da porta.

— Eu quero fazer uma promessa a você, Ronny. Sempre


vou mantê-lo seguro. Você nunca vai se machucar novamente.
Eu vou cuidar de você, sempre. Esta é sua casa, comigo e Bell.
Eu não quero que você tenha nenhum tipo de medo, ok?
Olho para os dois juntos. Ronny parece que está à beira
das lágrimas antes de se levantar e abraçar Maverick, subindo
em seu colo.

Maverick fecha os olhos, segurando-o com a mesma


força. — Boa noite, Maverick, obrigado por me salvar.

Maverick se afasta para olhar para Ronny, olho no olho.


— Eu sempre estarei lá, sempre.

Ronny se deita na cama. Maverick o acomoda mais uma


vez e fecha a porta atrás de si, permitindo que ele tenha
privacidade.

Maverick me pega do chão, levando-me para seu quarto,


trancando a porta atrás de nós.

Minha mente está presa nele trancando a porta.


Borboletas invadem minha barriga para explicar por que
precisamos trancá-la.

Ele me coloca suavemente na cama e fica acima de mim,


olhando-me com tanta emoção que tenho que recuperar o
fôlego.

Pego sua mão, puxando-o para a cama comigo e beijando-


o. Eu me inclino para trás na cama, minhas pernas em cada
lado de sua cintura, puxando-o o mais perto que posso.

Meus dedos deslizam sob sua camisa, deslizando ao longo


de suas costas. Suas mãos seguram minha garganta,
inclinando meu rosto para o lado, interrompendo o beijo.
Meus olhos se abrem e eu o observo. Ele me lança um
olhar acalorado. Aperto minhas pernas contra ele.

Ele se curva, beijando o lado do meu pescoço. Arrepios


explodem em meus braços, meu rosto fica mais quente.

— Nunca conheci alguém na minha vida que eu quisesse


mais, — ele sussurra contra meu pescoço, sua respiração me
fazendo estremecer.

Levanta a cabeça para olhar para mim. — Eu nunca


conheci alguém que eu quisesse dar o mundo como você.
Nunca conheci alguém que quisesse proteger como faço com
você. — Ele levanta minha mão, pressionando-a contra seu
peito. — Você é minha, assim como eu sou seu.

— Maverick. — Minha voz falha, oprimida por suas belas


e inesperadas palavras.

— Eu sou seu. Não quero ser de mais ninguém. — Fecho


meus olhos, recompondo-me. — Eu quero ser seu, você me
mostrou como é cuidar de mim, como é estar seguro. Você me
faz sentir seguro, fisicamente, mas acima de tudo, você cuida
do meu coração, da minha mente. Tudo.

Ele me olha de uma maneira que me faz saber que quer


dizer cada palavra. Encosta a testa contra a minha.

— Baby, você pode me contar sobre o seu passado? — Ele


pergunta.
Um medo profundo atinge meu coração. E se ele achar
que sou nojenta? Mas ele precisa saber.

— Fui forçada a casar quando tinha quatorze anos, com


um homem que estava na casa dos trinta. — Começo a tremer
tanto que coloco minhas mãos trêmulas sob meu corpo para
me fazer sentir como se estivesse no controle.

Maverick estende a mão e tira minha mão de baixo de


mim, beijando-a.

Eu não o mereço.

— A princípio pensei que talvez pudesse ter uma vida


melhor. Assim que me casei, desejei poder voltar para minha
antiga vida.

OS OLHOS DE B ELL ficam brilhantes. Lamento pedir a ela


para me dizer, mas preciso saber.

Preciso saber por quanto tempo vou fazer seu ex-marido


sofrer, quanto tempo preciso torturá-lo pela dor que causou a
ela.

— Tudo começou na noite de núpcias. Eu estava com


medo, sozinha e muito confusa, mas ele apenas me jogou na
cama. Essa foi a primeira vez que ele me estuprou. Isso
continuou até alguns meses atrás, quando o deixei. E sem
contar o abuso físico e mental que sofri junto com isso.

— Baby, eu sinto muito que você tenha se machucado


dessa forma. Essa merda quebrou a porra da minha alma.

Eu me sinto totalmente dividido. Sinto tanta raiva que


mal consigo respirar, mas a dor do que ela sofreu?

É sufocante.

Pressiono meu rosto na curva de seu pescoço, tentando


controlar minha ira. Não quero que ela me veja bravo. — Estou
bem, prometo, — tenta me tranquilizar.

— Angel, eu sei que você está machucada, mas o mais


incrível é que você está aqui. Você está prosperando e me sinto
honrado por você confiar em mim o suficiente para estar perto
de você.

Ela sorri ligeiramente. — E se eu dissesse que nunca


estaria pronta para fazer sexo?

OBSERVO sua reação de perto enquanto ele enterra a mão


no meu cabelo. — Eu não estou aqui com você por causa do
sexo. Estou aqui porque me importo tanto com você que às
vezes não consigo respirar.
Isso é o que eu precisava ouvir.

— Estou pronta, — digo a ele honestamente.

Estou pronta para dar esse passo com ele. Estou pronta
para ver como vai ser. Estou apavorada, meu peito está
apertado de nervosismo pelo que vai acontecer.

A única coisa que já senti com sexo foi dor; é a única coisa
com a qual associo sexo.

Eu não queria mais fazer isso.

Eu sei que com Maverick será diferente. Eu sei que não


será dor. Eu sei que ele não vai gozar com a dor.

Isso é o que me deixa nervosa – este é um território


completamente novo para mim.

O rosto de Maverick fica sério, — O que você está dizendo?


Eu preciso de suas palavras, querida.

Eu lambo meus lábios, passando minha mão em sua


lateral. — Eu quero tentar ficar com você. Estou pronta.

— Vamos devagar. Você me diz para parar e eu paro.

Eu o beijo docemente nos lábios. — É por isso que tenho


tanta certeza. Você me manterá segura.

— Sempre vou te proteger, mesmo que seja de mim


mesmo.
Ele se senta um pouco, puxando minha camisa pela
cabeça, deixando-me no meu sutiã. Seus olhos se deleitam em
mim, olhando-me de cima a baixo. — Linda pra caralho. — Seu
dedo desliza sobre uma pequena cicatriz de queimadura acima
do meu seio direito.

Ele presta atenção em cada pequena cicatriz, marca,


sarda no meu braço, peito, pescoço. — Fiquei com tanto medo
de mostrar essas marcas, — admito meus temores.

Muitas noites antes de conhecer Maverick, eu ficava


acordada a noite toda preocupada com o que as pessoas
pensariam. Eu me sentia feia.

Maverick se inclina acima de mim, beijando-me com


tanta ternura que meus dedos do pé enrolam, descansando
sua testa contra a minha. — Você nunca precisa ter medo de
mim, nunca. — Ele me beija mais uma vez, acariciando meu
braço, minha lateral e quadril.

Sofro de antecipação, precisando de muito mais.

Maverick estabelece seu peso. Eu o sinto duro,


pressionando contra mim. Não consigo resistir ao impulso,
inclinando meus quadris, sentindo-o esfregar no meu corpo.

Deus, eu preciso de mais.

Maverick passa a mão pela minha perna, deslizando sob


minha bunda e segurando-a, levantando-me mais alto para
que ele possa se esfregar contra mim ainda mais forte.
Eu agarro os cobertores ao meu lado enquanto novos
sentimentos fluem pelo meu corpo. Ele afasta seus lábios dos
meus e jogo minha cabeça para trás, olhando para o teto.

Ele enterra o rosto na lateral do meu pescoço, beijando,


soprando, lambendo. Meus dedos do pé se enrolam. Levanto
minhas pernas, colocando contra seus quadris.

Ele pressiona sua mão sobre meus quadris, empurrando-


me para baixo, na cama, interrompendo meu movimento. —
Está tudo bem? — Pergunta.

Olhando para baixo, vejo seu rosto bem acima dos meus
seios. Balanço a cabeça.

Ele agarra meu sutiã, puxando-o para fora. Seus olhos


estão em mim enquanto sua boca fecha em torno do meu
mamilo.

— Oh, Deus, — eu engasgo, agarrando a parte de trás de


sua cabeça.

Sua língua gira em torno do bico antes de sugar


profundamente. Meu corpo inteiro congela quando o prazer
dispara direto para minha boceta.

Ele me solta com um estalo, passando para o próximo e


dando-lhe o mesmo tratamento que o primeiro.

Solto seu cabelo, agarrando os lençóis mais uma vez,


tentando me recompor, dar sentido a todos esses sentimentos.
Ele me solta, beijando até o estômago, debaixo dos seios.
Estica-se no meu peito, desenganchando meu sutiã para me
libertar completamente.

Suas mãos moldam-me, passando seu polegar sobre meu


mamilo. — Tão linda, — ele rosna, mordendo minha barriga
levemente. — Posso tirar suas calças?

— Tire tudo, — sufoco, completamente sem fôlego com a


necessidade e o nervosismo ainda se acumulando no meu
estômago com o que vai acontecer a seguir.

E se eu não gostar?

E se isso me machucar muito?

Eu pego seu sorriso, e ele agarra minha calça, deslizando-


a pelas minhas pernas. Ele está de joelhos acima de mim,
olhando para baixo.

— Eu sinto que não deveria nem mesmo tocar em você.


Você é preciosa demais, — ele me diz, e posso dizer que ele está
falando sério.

Eu me sento — Eu não mereço você.

Honestamente, é assim que me sinto. Ele é tão bom para


mim, me trata tão bem, e o que eu tenho para oferecer?

Ele me encara. Essa é a primeira vez que ele me dá um


olhar diferente de suave. — Nunca mais diga essa merda de
novo. Você merece a porra do mundo. — Sua mão envolve
minha garganta, apertando ligeiramente as laterais, me
puxando para mais perto. — Você merece tudo. Você me tem,
e eu nunca vou embora porque sou egoísta. Eu sou tão egoísta,
não posso viver sem você. Quero manter você, fazer você ser
minha. Marcar essa merda em sua testa para que todo filho da
puta saiba disso. Eu quero que você tenha a porra dos meus
bebês.

Bebês?

Isso ressoa por mim em choque e felicidade absoluta.

Coloco minha mão sobre a dele na minha garganta, seus


dedos flexionando. Seu nariz está queimando de raiva. —
Bebês?

Seu rosto suaviza ligeiramente. — Sim, bebês. Eu quero


ver você grande, descalça na porra da minha cozinha
assistindo uma merda na TV.

Eu rio. — Bem, é melhor você começar a trabalhar. — Eu


sorrio.

Seus olhos esquentam com minhas palavras. Eu apenas


dei o sinal verde para ele. — Porra.

Pressiona-me na cama, a mão ainda na minha garganta,


deslizando para baixo nas minhas pernas. Ele olha para mim
antes de continuar.

Eu concordo.

Aceno com a cabeça.


Quando ele abre minhas pernas, desliza pela cama sobre
a barriga.

Seus olhos se conectam com os meus antes que ele abaixe


sua cabeça, beijando minha coxa interna. Eu começo a tremer
de antecipação; ele está tão perto da minha boceta.

Tento parar todos os pensamentos ruins antes que eles


venham à tona. Ele lambe minhas coxas, parando bem antes
do meu ápice.

Cubro meu rosto, com os nervos à flor da pele, a espera.

Sinto seu hálito quente contra meus lábios antes que ele
lamba. Eu quase pulo da cama. Maverick agarra minhas
coxas, segurando-me para baixo.

Ele abre meus lábios, e eu paro de respirar, esperando.

Lambe meu clitóris antes de sugá-lo suavemente para


dentro de sua boca, puxando levemente. — Oh, meu Deus. —
Minha voz está trêmula.

Maverick geme. Ele me come como se estivesse morrendo


de fome.

Lambendo, chupando, mordendo. Não consigo ficar


parada. Estou na cama tentando compreender totalmente o
que está acontecendo.

Maverick desliza um dedo dentro de mim. Eu o aperto


com força. Ele adiciona outro, movendo-se lentamente,
curvando os dedos.
— Ahh, — gemo e mordo o travesseiro que é jogado no
meu rosto.

Meus dedos do pé enrolam, então eu gozo forte.


Estremeço em torno de seus dedos, contra seu rosto. Empurro
o travesseiro do meu rosto, respirando com dificuldade.

Minha mente tenta compreender o que acabou de


acontecer.

Maverick encosta a cabeça na minha perna, olhando para


mim, sorrindo de orelha a orelha. Alguém está se sentindo
orgulhoso.

Eu sorrio de volta. — Isso foi ... uau.

Ele sorri ainda mais, deslizando para fora da cama,


tirando a camisa. Minha boca seca com a visão de seu
abdômen. Oh, meu Deus.

Oh, muito lentamente, ele puxa as calças para baixo.


Completamente consciente. Seu pau se liberta, batendo-lhe no
estômago, e meu estômago gira em nós.

Estou realmente fazendo isso.

— Querida, se você não quiser fazer isso, apenas me diga,


ou se você quiser que eu pare a qualquer momento, eu paro.

Meu coração se enche com suas palavras; isso significa


muito para mim, para alguém que nunca teve escolha quando
se trata de seu corpo, nunca.
Isso é tudo para mim.

— Eu quero você, — admito honestamente.

Eu o quero. Eu quero cada parte dele.

Ele sobe na cama, acomodando-se entre minhas pernas.


Reunindo minhas mãos, levantando-as de cada lado do meu
rosto. Seus olhos nunca deixam os meus.

— Eu poderia olhar nos seus olhos para sempre, — ele


sussurra, beijando-me suavemente, ternamente e cheio de
emoção.

Seu pau me toca, esfregando contra mim, e eu aperto


forte em antecipação e necessidade.

Eu o quero tanto.

Nunca pensei que precisaria tanto de alguém em minha


vida como preciso dele. Ele passa a mão entre nossos corpos,
apertando o polegar no meu clitóris.

— Maverick, — eu gemo, o prazer quase demais por estar


tão sensível. — Humm. — Ele beija meu pescoço, então pega
minha mão novamente, entrelaçando nossos dedos.

Respire, Bell, digo a mim mesma enquanto engulo o


pânico, mas luto contra isso. Não posso deixar isso arruinar
minha vida.

Aproximando-se da minha entrada eu tento relaxar,


preparando-me para a dor.
Maverick não tira os olhos do meu rosto, observando cada
emoção. Ele desliza para dentro, movendo-se muito
lentamente.

Meus olhos reviram com os novos sentimentos, minha


cabeça jogada para trás enquanto o fogo aceso dentro de mim
cresce mais e mais quanto mais fundo ele se move.

— Olhe para mim, — Maverick exige. Eu olho para ele. —


Você está bem, baby? — Pergunta, seus braços tremendo de se
conter.

Concordo. — Estou mais do que bem. — Minha voz está


mais sombria, pesada com o prazer que estou sentindo.

Ele aperta minhas mãos, beijando-me enquanto penetra


lentamente para dentro e para fora. E me beija, engolindo
meus gemidos,

Levanto minhas pernas mais alto em seus quadris e ele


atinge um ponto mais profundo dentro de mim. Eu empurro,
aumentando meu aperto em seus quadris, o prazer tomando
meu fôlego.

É demais, mas quero cada vez mais.

Ele se move mais rápido. Simplesmente não consigo


respirar, não consigo me mover. Estou perseguindo algo que
vai me quebrar.

Ele solta minhas mãos, apoiando-se em sua mão


enquanto bate dentro de mim. Nossos olhos se conectam,
nossos rostos mostram o quanto estamos destruindo um ao
outro.

Ele serpenteia sua mão entre nossos corpos, seu polegar


no meu clitóris mais uma vez. — Olhe para mim, deixe-me ver
enquanto você se desfaz no meu pau

Eu aperto nele, desmoronando. Todo o meu corpo fica


incontrolável, tremendo da cabeça aos pés. Não consigo nem
respirar ou me mover.

Maverick está em cima de mim enquanto desmorona


comigo. Ele está tremendo. Eu beijo sua bochecha, nós dois
descendo do nosso auge.

— Puta merda. Estou arruinada, — eu suspiro.

Seu corpo começa a tremer de tanto rir. Ele se inclina,


seus olhos brilham de pura felicidade.

Isso é tudo para mim.

— Eu estive arruinado desde o segundo em que te vi,


querida. — Sorrio amplamente, sentindo pura felicidade. Eu o
puxo para baixo em mim.

A vida não pode ficar melhor.


ACORDO SORRINDO . Maverick está praticamente deitado
em cima de mim, segurando-me contra ele.

Enterrando meus dedos em seus cabelos, esfrego seu


couro cabeludo e me aconchego mais em seus braços.

São oito horas da manhã. Preciso checar Ronny para ter


certeza de que ele está bem.

Maverick levanta o braço, puxando-me mais fundo sob


ele, até que está me olhando diretamente no rosto sorrindo. —
Bom dia. — Sua voz está rouca de sono.

Calafrios percorrem minha espinha ao som mais sexy.

Ele arqueia uma sobrancelha e alcança sob as cobertas


minha boceta, segurando-me. — Já está molhada para mim?

Esfrega meu clitóris levemente com o dedo, ainda sensível


da noite passada. Fizemos sexo a noite toda. Nem tenho certeza
de como estamos acordados agora.
— Eu quero mais um de você, — ele sussurra em meu
ouvido antes de me pegar. Eu rio enquanto ele me carrega para
o banheiro.

ESPIO dentro do quarto de Ronny para ver como ele está.


Ainda está dormindo. Entro na cozinha e fico ocupada fazendo
panquecas e bacon.

Ouço o quarto no andar de cima abrir enquanto Maverick


está virando as panquecas.

Nós olhamos para cima e Ronny desce as escadas


parecendo realmente inseguro. — Bom dia, querido, como você
dormiu? — Eu pergunto.

Ele relaxa um pouco. — Eu dormi bem. — Ele parece


inseguro sobre o que fazer. Coloco fatias de banana em seu
prato com suas panquecas e bacon.

— Vocês dois vão em frente. Vou levar tudo para a mesa.


— Maverick me beija na bochecha e vai até a geladeira.

— Venha, querido.
Ronny me segue. Coloco seu prato na frente dele. — Você
fez isso? — Ele pergunta, pegando um garfo.

Eu sorrio, — Eu fiz. — Corro minha mão na parte de trás


de sua cabeça. Eu só quero pegá-lo e segurá-lo. Sei que não
vai tirar tudo o que aconteceu com ele. — Você tem uma
comida favorita? — Pergunto.

Ele encolhe os ombros. — Sempre quis fazer cupcakes. —


Ele cora e dá uma mordida no bacon.

— Podemos fazer alguns cupcakes juntos. Você gostaria


disso? — Eu ofereço.

Seus olhos se arregalam antes de me dar um pequeno


olhar envergonhado, — Com granulado?

Eu rio. — Como se pudéssemos fazer cupcakes sem ele.

Ele ri comigo, o mundo caindo lentamente de seus


ombros pequenos. Maverick sai da cozinha, carregando nossos
pratos junto com nossas bebidas em uma bandeja.

Ele se senta ao meu lado. Eu o alcanço por baixo da mesa


e coloco minha mão em sua perna.

Ele me lança um olhar, mas eu ignoro, dando uma


mordida na minha comida. Ele continua a olhar fixamente.
Apenas movo minha mão mais para cima em sua perna,
parando um pouco antes.

Sua mão se fecha em torno da minha, parando-me. Solto


minha mão, ignorando-o e o fato de que estava sendo travessa.
Sinto seus olhos em mim, meu rosto fica mais quente a
cada segundo, sem acreditar que eu realmente fiz isso sob a
maldita mesa do café da manhã.

— Ronny, quer se limpar? Estaremos prontos para


enfaixar suas costas, — disse Maverick a Ronny.

Ele corre escada acima e eu lentamente olho para


Maverick, que se levanta, movendo-se atrás de mim.

Sua mão envolve meu pescoço, puxando-me para trás até


que eu esteja olhando para ele. — Espere até hoje à noite,
querida. O que será que suas ações lhe darão. — Ele me beija
rudemente, deixando-me saber que ele está no controle.

Sorrio contra seus lábios, beijando-o de volta com a


mesma força.

A porta da frente é aberta e eu pulo em estado de choque,


meu coração batendo forte no meu peito.

Maverick se vira, enfrentando o intruso. — Que porra


você está fazendo? — Ele ruge.

Caio da cadeira, batendo minha boca na lateral da mesa.


Eu nem mesmo sinto isso enquanto fujo para debaixo da mesa
em puro pânico.

Estou morrendo de medo. Não consigo ver nada. Eu não


consigo respirar.

Não consigo me mover.


UM DOS novos prospectos entra na minha casa sem a
porra de permissão, segurando coisas do centro que pertencem
a Ronny.

Olho para ele, pronto para acabar com ele, quando ouço
um som estranho. Eu me viro para ver Bell debaixo da mesa
com sangue escorrendo de sua boca.

Eu paro de respirar, porra. Empurro a mesa para fora do


caminho e me curvo para levantá-la do chão, carregando-a
para a cozinha e para a ilha.

— Baby, respire por mim, — imploro quando percebo que


seus lábios estão ficando azuis. — Querida, por favor, respire
por mim— Seguro seu rosto, pegando uma toalha e segurando-
a contra sua boca. Seus olhos finalmente encontram os meus.
— Sim, baby, olhe para mim. Por favor, respire por mim, — eu
imploro a ela, impetrando com meus olhos.

Seus olhos reviram em sua cabeça e ela cai para frente.


Eu a pego.

Meus olhos se conectam com o prospecto que está ali.


Raiva. Essa é a única maneira de descrever como estou me
sentindo. É tão profunda e pura. É tudo o que sinto.

— Eu vou te matar, porra. — Nem mesmo reconheço


minha própria voz.
Ele joga as coisas de Ronny no chão e sai correndo de
casa. — Maverick, você está na cozinha? — Ouço Ronny
perguntar.

PORRA.

Ele entra na cozinha, observando a cena horrorizado. —


Você bateu nela? — Ele me acusa.

Balanço minha cabeça negativamente. — Ela caiu da


cadeira. Teve um ataque de pânico. Você às vezes fica com
tanto medo que sente que vai desmaiar? — Eu pergunto.

Ele concorda. — Fiquei tão assustado ontem, eu fiz isso,


— ele admite, me quebrando porra.

— Um dos prospectos do meu clube a assustou quando


entrou na casa.

O rosto de Ronny mostra raiva. — Ele não deveria ter feito


isso.

Ele sobe no balcão com Bell, pegando a mão dela. —


Vamos cuidar dela para que ela não se assuste mais.

Esse garoto.

Fecho meus olhos. Ele é tão sábio além de sua idade que
é assustador. Bell começa a se mover em meus braços. —
Baby, você pode falar comigo? — Eu pergunto.
Ela levanta a cabeça e eu tiro o cabelo de seu rosto. Ela
olha para mim e depois para Ronny, então para suas mãos com
horror. Estão cobertas com seu próprio sangue.

— Eu sinto muito, — ela chora.

— Baby, eu preciso verificar sua boca para ver onde você


está sangrando. — Ela acena com a cabeça e abre a boca. Puxo
seu lábio para baixo e vejo que seu dente passou ligeiramente
pelo lábio inferior.

— Eu acho que precisamos costurar você, — admito,


odiando tanto essa merda. Ela parece derrotada. — Não faça
essa merda com você mesma, baby. Você não pode se sentir
mal por ficar com medo. Não faça isso. — Me mata que ela está
se despedaçando por isso.

Ela olha para Ronny, fechando os olhos. — Bell, eu


também fico com medo. Você segura minha mão e isso me faz
sentir melhor, então seguro a sua.

Seus olhos se enchem de lágrimas com suas palavras. —


Eu não estou mais com medo, você me ajudou, querido. Ele dá
a ela o sorriso mais lindo e comovente que eu já vi. Ela o puxa
para perto dela, abraçando-o. — Te amo querido.

Vejo como suas palavras o atingem. Isso o atinge tão


profundamente que ele não consegue dizer uma palavra, ele
apenas a abraça de volta.
Eu sinto o chão se mover sob meus pés enquanto olho
para ela e para ele. Isso me atinge. Eu a amo. Eu também o
amo.

Saiu do nada, mas parece certo na porra da minha alma.

Encontrei meu lugar na vida. Está bem aqui, agora.

Com eles.

ESTOU TÃO ENVERGONHADA POR ter tido o pior ataque de


pânico que já tive. Fiquei tão assustada e atônita que entrei no
modo de proteção total de mim mesma.

Então, quando acordei, o olhar apavorado no rosto de


Maverick estava me assombrando quando o doce Ronny
sentou ao meu lado segurando minha mão.

Estou na sala de emergência. Acabei de receber uma


injeção anestésica antes de levar alguns pontos no lábio.

Ronny está na casa de Chrystal. Ele a conhece e gosta de


brincar com a filha, que está sempre no centro.

Nós então iremos buscá-lo para que possamos levá-lo


para fazer compras. Maverick está sentado na cadeira ao meu
lado.
Ele está em modo superprotetor agora. Tem que estar me
tocando o tempo todo.

Não vou dizer uma palavra. Lembro-me da expressão de


medo em seu rosto quando finalmente acordei.

Eu me inclino para trás na cama, fechando os olhos. Ele


coloca a mão no meu ombro, sacudindo-me levemente. — Bell,
— ele diz em um leve pânico.

Abro meus olhos e pego sua mão. — Estou bem. Estava


fechando meus olhos por um segundo, — eu o tranquilizo.

Ele se afasta de mim, olhando para a parede. — Suba


aqui comigo, — eu digo a ele, minha voz soando engraçada
porque minha boca está dormente.

Ele sobe ao meu lado, puxando-me contra seu peito.


Posso ouvir seu coração batendo no peito. — Estou bem, eu
juro. Ele apenas me assustou.

Maverick beija o topo da minha cabeça. — Odeio que você


estava com medo, baby.

Eu me inclino, olhando para ele. — Estou segura com


você. Eu me sinto segura com você. Nada vai me machucar –
você está aqui. Aquilo me surpreendeu.

Quero que ele saiba que não é culpa dele.

Ele fecha os olhos. Eu sei que minhas palavras o afetam.


Deixa a mão no meu rosto, puxando-me de volta para ele e
envolvendo seus braços em volta de mim com força.
— Tudo bem, você está pronta para receber os pontos? —
Uma enfermeira entra, seguida por um médico, que, devo
admitir, parece assustador.

Maverick desliza para fora da cama, acomodando-se na


cadeira. Aperto sua mão com força, nervosa.

A enfermeira puxa meu lábio para baixo para o médico.


Ele sorri para mim e me sinto nojenta.

Eu olho para Maverick, que está olhando para mim.

Fecho os olhos, não querendo olhar para o médico e


fingindo que simplesmente não me sinto confortável perto de
homens, o que não estou, mas com Maverick me senti
confortável logo de cara.

O médico coloca a mão na minha cintura, esfregando


levemente com o polegar. Abro os olhos e olho para ele, depois
para a enfermeira.

Ele pisca para mim e eu fecho meus olhos ao ver a agulha.


Maverick acaricia as costas da minha mão.

Afasto minha mente para o puxão e picada da agulha


passando pela minha pele. Começa a sangrar novamente,
gotejando pelo meu rosto até meu colo.

— Tudo feito. Ops, fizemos uma bagunça. — O médico


pega um guardanapo e começa a esfregá-lo, bem na minha
virilha, cavando. Estou em choque.
Maverick agarra sua mão, e a outra mão ao redor de sua
garganta. E o bate contra a parede. — Por que diabos você a
está tocando sem sua permissão? Diga-me por que eu não
deveria te matar! — Maverick grita em seu rosto, cavando a
mão em sua garganta.

Meu corpo está tremendo com o choque do que está


acontecendo ao meu redor. — O que você quer dizer? Disseram
que ela era uma prostituta! — O médico grita e a enfermeira
engasga em estado de choque.

Maverick olha para mim, sorrindo. — Vire sua cabeça,


querida.

ELA VIRA a cabeça para o lado, olhando para o chão. Eu


aperto a mão do médico com mais força. — Grande erro do
caralho, — eu sussurro.

Eu movo minha mão de sua garganta para sua boca.


Então, com um sorriso, giro a mão em seu pulso.

Eu me viro e giro.

Então eu ouço o estalo, seus gritos sob minha mão. Essa


merda me faz sentir relaxado pela primeira vez desde que toda
essa merda aconteceu.
Eu me viro mais e mais, até que sei que sua mão não
poderá ser reparada.

Espero que coletem essa merda para que ele nunca mais
toque em uma mulher assim sem a permissão dela.

Eu tiro minha mão de sua boca, — Agora me diga, o que


você quis dizer?

Seus olhos reviram em sua cabeça. Aperto sua mão um


pouco, fazendo-o gritar.

— O marido dela me disse lá fora que ela é uma prostituta


e eu paguei por ela, pelo dia.

Olho para Bell, que está branco como um fantasma, mas


eu apenas sorrio. — Parece que é hora de me divertir.

MARIDO DELA . Marido dela. Isso ressoa em minha mente


indefinidamente. Ele está aqui. Ele está neste hospital bem do
lado de fora daquela porta.

Maverick sorri. — Parece que é hora de se divertir. — Eu


olho para a enfermeira, mas ela sai correndo em direção à
porta. — Você fica aqui. Não toque nessa porta.

Maverick joga o médico no chão. — Você não se mexa,


porra.
Maverick pega seu telefone, colocando-o no ouvido e
ligando para alguém. — Smiley, seu marido avançou. Preciso
que os meninos daqui verifiquem o hospital e se certifiquem de
que ele tenha ido embora antes de eu sair desta sala. Também
temos aqui um médico que precisamos cuidar.

Maverick o chuta para enfatizar seu ponto.

A loucura é que não estou assustada com o fato de que


ele acabou de torturar o médico.

Ele fez isso para me proteger.

Maverick caminha até mim, esfregando a mão nas


minhas costas. — Nós vamos ficar aqui na sala até você chegar
aqui. Obrigado, irmão. — Maverick desliga o telefone e liga
para outra pessoa.

Eu fecho meus olhos e descanso meu rosto em seu lado.


O dia mal começou e já estou exausta.

— Ethan, é Maverick. — Eu desligo suas palavras, não


querendo ouvir os detalhes mais uma vez.

O médico está olhando para mim da porta como se fosse


tudo minha culpa. É assim que é.

Alguém pode tocar em você de forma inadequada, mas a


culpa é sua, você os seduziu, é tudo culpa sua

Está tudo fodido.

Mas não vou ficar envergonhada. Nunca mais.


Sento-me ereta e olho de volta para ele, cansada dos
homens que pensam que o mundo lhes deve uma merda.

— Pare de me olhar assim. Você sabe que não sou a


primeira garota que você já tocou dessa maneira e sei que serei
a última.

Maverick deixa cair o telefone na cama, caminhando até


ele. — Se você olhar para cima, vou arrancar seus olhos do
crânio e fazer você comê-los.

Eu tremo com a letalidade em seu tom. Eu sei que ele fala


sério.

A enfermeira ergue os olhos para mim. — Ele me tocou


por anos. Já falei sobre isso com o conselho muitas vezes, mas
nunca aconteceu nada.

Meu coração bate um pouco. — Lamento muito que tenha


acontecido com você, querida. — Meus instintos maternos
estão assumindo o controle.

Ela caminha para mim. Envolvo meus braços em torno


dela, abraçando-a. — Isso não vai acontecer de novo.

— Claro que não vai. — Eu ouço o médico gritar, de tudo


o que Maverick acabou de fazer com ele.

— Você contou a mais alguém o que aconteceu? Sua


mãe? Terapeuta?

Ela balança a cabeça. — Não tenho pais, mas esta não é


a primeira vez e não será a última. É a vida de ser mulher.
Maverick parece horrorizado com a ideia de que isso
aconteça – os assobios, os comentários, o toque e depois a
captura do que não é deles. Alguns homens neste mundo não
merecem respirar.

— Eu quero uma lista do caralho de cada pessoa que fez


essa merda, — Maverick diz a ela, e ela sorri.

— Quantos anos você tem? — Eu pergunto a ela,


esfregando suas costas.

— Tenho vinte e dois anos.

Eu sorrio. Ela é jovem. — Você tem a idade da minha filha


mais nova. Maverick, acho que precisamos adotá-la.

Ele ri, sorrindo para mim.

A enfermeira ri. — Falo sério, porém, eu sou sua mãe


substituta. Você precisa de mim, estou aqui. Vamos tomar o
café da manhã, às compras, fazer as unhas. Diabos, agora você
tem duas irmãs e um irmãozinho. — Seus lábios inferiores
tremem. Eu sei que ela está lutando contra as lágrimas. Aperto
sua mão. — Combinado?

Ela funga, rindo um pouco. — Combinado.

Trinta minutos depois, alguém bate na porta. —


Maverick, sou eu, — um homem grita na porta.

A porta se abre e um homem aparece usando o mesmo


colete de Maverick. Ele olha para o chão, para o médico, que
está chorando, segurando seu braço. — Este é o filho da puta?
— Patético, não é?

Ele ri. — Nem mesmo tenho certeza do que diabos ele é.


Com certeza não é um homem. — Ele se abaixa e praticamente
o levanta do chão. E noto o nome Smiley em seu colete.

Eu sei que ele é um dos amigos íntimos de Maverick. —


Deseja um encontro e deixar nossas damas se conhecerem? —
Ele pergunta a Maverick, que olha para mim.

— Eu adoraria.

Smiley sorri e arrasta o médico para fora da sala. — Qual


é o seu número, querida? — Eu pego meu novo telefone, já que
o outro se foi.

Preciso ficar com minhas meninas amanhã e colocá-las a


par de tudo o que aconteceu. Tem sido um redemoinho.

Assim que tenho o número dela, mando uma mensagem


para que ela tenha o meu. — Prazer em conhecê-la, querida.
Espero ouvir de você.

Ela sorri e sai da sala, deixando-me e Maverick sozinhos.


— Pronta para ir para casa?

Minha mente fica presa na palavra “casa”, mas é isso que


significa para mim, casa.

— Sim, estou. Temos um menino especial para ir às


compras e eu estava procurando no Google. Encontrei um
salão que oferece aulas de como ajudar a pentear os cabelos
do Ronny. Preciso aprender.
Maverick me ajuda a sair da cama. — Eu preciso
aprender também. Não tenho a menor ideia de merda de cabelo
em geral.

Meu coração dançou um pouco com a oferta dele de


aprender também. Isso permite que você saiba imediatamente
que tipo de homem ele é. Ele é o melhor dos melhores.
RONNY ESTÁ ESPERANDO por nós na porta da frente de
Lane. Ele nos viu e saiu correndo para nos cumprimentar.

Maverick desce e o ajuda no banco de trás. — Oi, querido,


você se divertiu?

Ele acena com entusiasmo. — É tão legal sermos


vizinhos. Ela disse que podemos jogar o tempo todo!

Maverick entra, sorrindo com a emoção em sua voz. —


Ela tinha uma scooter, foi tão legal! Ela se ofereceu para me
deixar andar nela, mas eu não quis, caso me metesse em
problemas.

Maverick olha para mim e depois para Ronny pelo


espelho. — Se você quiser aprender, eu posso te ensinar.

Ronny fica boquiaberto com Maverick. — Você pode? Eu


não tenho uma moto.

— Podemos pegar emprestada com Lane até que você


tenha certeza de que realmente gostou, então podemos pegar
uma para você, amigo.
Ronny parece que está nas nuvens.

— Você é o melhor de todos.

Agora Maverick parece que está nas nuvens. Eu aperto


sua mão, sabendo o quanto as palavras de Ronny o afetaram.

A primeira parada é no salão para sabermos que tipo de


produtos e utensílios comprar para Ronny. O YouTube me
deixou mais confusa.

Maverick segura minha mão e a de Ronny e entramos no


salão. Somos recebidos por uma bela senhora na frente. Ela
olha para nós e depois para Ronny, seu sorriso cada vez mais
amplo.

— Precisa de ajuda? — Ela pergunta.

— Por favor.

Ela ri e faz sinal para que a sigamos. Ela fez Ronny sentar
em uma cadeira. E começa a retirar produtos, palhetas, pentes
e pincéis.

Ela divide o básico, seu padrão de cachos e o que é


necessário para isso, como pentear seu cabelo, quando lavá-
lo, com que frequência, que produtos usar do início ao fim.

Eu quero abraçá-la. Seu cabelo é lindo e sua mãe nunca


fez nada para cuidar dele.

— Muito, muito obrigada, — agradeço a ela.


Ela sorri para mim. — Fiquei muito feliz em ver você
entrar pelas portas. Seu cabelo é sua coroa. Você viu isso como
importante e é, para ele, Veja como sua confiança mudou.

Ela está certa. Eu vi uma mudança nele no segundo em


que viu seu cabelo. — Você está adotando-o?

Maverick pega minha mão. — Sim, nós estamos.

Ela sorri. — Bom, eu sei que ele está em ótimas mãos.


Nunca hesite em voltar se precisar de ajuda.

Saímos da loja nos sentindo muito bem. Ronny parece tão


fofo. Bem ao lado fica a livraria e Ronny praticamente corre
para dentro.

Tento não rir de sua empolgação. Ele corre de um


corredor para outro checando tudo, então ele vê a série de
Percy Jackson que ele ama.

— Olha, aqui estão eles! — Ele sussurra-grita para mim,


puxando-nos diretamente para eles. Senta-se no chão,
olhando através deles.

— Quais você quer levar para casa? — Maverick


pergunta, abaixando-se ao lado dele.

— Eu realmente vou ficar com vocês para sempre? —


Ronny pergunta, seu rosto mostrando sua vulnerabilidade.

— Amigo, quando estivermos em casa mais tarde, vamos


assinar os papéis para torná-lo oficial. Você está preso a nós.
Ronny olha para os livros, sorrindo. — Eu gosto de ficar
com vocês.

— Nós amamos ter você.

Ontem foi um inferno, mas sou muito grata por termos


Ronny conosco e por ele ter uma chance de uma vida excelente.

— Eu ainda quero visitar os clubes, — digo a Maverick,


insinuando.

Ele ri. — Alguém neste momento não está se divertindo


entre as Old Ladies dos Grim Sinners e as Devil Souls. Leve
seu tempo, querida. — Ele pisca.

Tento não pensar nela. Tento não pensar na coisa mais


horrível que alguém pode fazer.

Ela machucou seu filho.

Ela o chicoteou, deixou seu corpo marcado, ela o vendeu,


ela o abusou mentalmente, mas acima de tudo, ela não o
amava como uma mãe deveria.

Cometi erros, mas prefiro morrer a ver alguém abusar das


minhas meninas. Eu fiz a coisa mais difícil que já fiz, a coisa
mais altruísta. Eu as entreguei e orei para Deus que elas
tivessem uma vida melhor.

Carrego essa culpa. Isso é meu para suportar.


Mas agora? Eu posso começar de novo. Posso fazer de
novo com Ronny. Ele pode não me ver como uma mãe ou algo
parecido, mas eu quero cuidar dele.

Ambos estamos começando do zero.

Maverick beija minha têmpora. — Sua boca está bem?


Você quer um analgésico? — Ele pergunta

Eu balancei minha cabeça. — Eu estou bem.

— Estou pronto. Posso ficar com esses três? — Ronny


pergunta a nós dois.

Maverick ri. — Sim, você pode, amigo. Fez um ótimo


trabalho cuidando da Bell hoje.

Ronny sorri, chegando mais perto de mim, pegando


minha mão e segurando os livros com a outra. — Pronto para
ir?

PASSAMOS o dia inteiro fazendo compras. Ronny


literalmente não tinha nada e Maverick queria ter certeza de
que ele teria tudo o que precisava.
Agora estamos em casa, amontoados no sofá e assistindo
a um filme. Ronny está sentado rigidamente ao lado de
Maverick com um cobertor jogado no colo, tentando ficar
confortável.

Eu me inclino e me aconchego ao lado de Maverick. Ele


passa a mão pelo meu braço até meu quadril

— Ronny, você já pensou na escola? — Eu bocejo,


olhando para ele.

— Eu adoro a escola. Não estive desde que morei no


centro com a mamãe. — Sua voz some quando ele diz “mamãe”.

Seu rostinho cai. Eu me levanto e sento do outro lado


dele. — Ei, qual é o problema?

Pego sua mãozinha na minha. Ele olha para mim, seus


lindos olhos azuis cheios de lágrimas, suas pequenas sardas
espalhadas pelo nariz.

— Por que minha mãe não me ama? — Ele pergunta com


a voz mais comovente que já ouvi.

Eu olho para Maverick suplicante, melancólica.

— Oh, querido, sinto muito que sua mãe tenha te


machucado assim. Elas são algumas pessoas neste mundo,
que simplesmente não são boas pessoas.

Seu lábio inferior treme, Maverick chega mais perto dele.


— Venha aqui, amigo. — Maverick o pega, abraçando-o contra
o peito enquanto ele chora.
Eu acho que ele tem segurado aquela dor por um longo
tempo, apenas o atingiu com tudo que está acontecendo em
sua vida.

Inclino minha cabeça no sofá, olhando para Ronny.


Coloco minha mão em seu rosto. — Você está seguro conosco.
É normal chorar e se sentir magoado, amor, — eu sussurro,
correndo meu polegar sobre sua bochecha.

Ele balança a cabeça, enxugando as lágrimas. Puxo seu


cobertor sobre ele, e Maverick o puxa para mais perto,
colocando sua cabeça em cima da de Ronny. — Estou com
você, amigo, — Maverick diz a ele.

Ronny acena com a cabecinha, fechando os olhos


enquanto se acalma de seu choro.

Aos poucos, ele para de chorar. Eu me inclino e beijo


Maverick, e Ronny está dormindo. — Devemos carregá-lo para
a cama?

Maverick acena com a cabeça. Desligo a TV e os sigo


escada acima. Puxo seus novos cobertores com super-heróis
que ele escolheu.

Maverick o deita. Puxo os cobertores, colocando-o para


dentro. E cubro meu rosto, exausta.

— Vamos, querida. — Maverick me puxa para fora do


quarto, fechando a porta.
Entro no quarto e sento na beirada da cama. — Eu me
senti tanto por ele, Maverick. Como alguém pode machucar um
bebê assim?

Maverick aperta a mandíbula. Ele tira a roupa até que


esteja apenas com um par de shorts e sobe na cama, puxando-
me com ele. — Eu não sei, porra. Eu gostaria que ela fosse a
porra de um homem, mas posso encontrar a porra do padrasto
dele. — Ele sorri.

Ele me vira de costas, beijando-me. Todos os


pensamentos ruins imediatamente desaparecem da minha
mente. Sua mão serpenteia em minha calcinha, esfregando
meu clitóris.

Fico molhada para ele instantaneamente.

— Pronta para mim, — ele rosna, mordendo meu ombro


levemente. Inclina-se e me beija mais uma vez antes de descer
pelo meu corpo.

Agarrando minhas calças, arrasta-as pelas minhas


pernas. — Tire o seu. — Minha boca enche de água.

Ele me dá aquele sorriso malicioso, lentamente abaixando


as calças. Minhas pernas se apertam com a visão da perfeição
na minha frente.

Ele caminha até a porta e a tranca. Os nervos passam


lentamente por mim. Eu sei exatamente o que significa aquela
porta trancada.
Seu punho envolve seu pau, acariciando de cima a baixo.
Tremo da cabeça aos pés.

Ele pode ficar mais sexy do que isso?

Maverick sobe na cama, deitado de costas. Ele se estica e


me pega até que meus joelhos encostem em seu rosto.

— O que é isso? — Eu pergunto.

Ele lambe os lábios. — Meu jantar. — Ele me puxa para


baixo e se banqueteia comigo. Agarro a cabeceira da cama para
não cair e acidentalmente o matar.

Seus dedos apertam meus quadris, puxando-me para


baixo em seu rosto. — Monte-me, — ele exige.

— Deus, — eu gemo, batendo minha mão na cabeceira da


cama antes de cair para trás, minhas mãos enterradas em seus
cabelos.

Olho para baixo e o vejo olhando para mim, observando


minha reação. Isso só o torna dez vezes mais sexy.

Então eu me soltei, meus olhos fecharam e eu


simplesmente sinto.

Eu me permito pegar o que eu preciso. Nunca me senti


tão poderosa, tão desejada. Ele me puxa para baixo com mais
força, sua língua girando em torno do meu clitóris e eu fico
parada, bem na borda.

Ele suga profundamente.


Isso é tudo o que é preciso. Caio para frente, mas ele não
para seu ataque. Tenho que afastar seu rosto porque se torna
demais.

— Deite-se de bruços.

Deitei-me com o rosto no travesseiro. Ele pega outro,


enfiando-o embaixo da minha barriga, e puxa minhas pernas
para fora com ele montando em minhas pernas.

Ele desliza para dentro de mim. Eu gemo alto, enterrando


meu rosto no travesseiro. A sensação dele nessa posição é mais
profunda.

Ele acaricia para dentro e para fora, pressionando contra


minha bunda. Arqueio minhas costas ligeiramente,
empurrando contra ele.

— Foda-se, — ele geme. Eu aperto contra ele com força,


já à beira de me perder novamente.

Levanto minha cabeça para olhar para ele. Sua cabeça é


jogada para trás enquanto lentamente desliza para dentro e
para fora de mim.

Sua mão se move entre nossos corpos e ele pressiona


contra o lado de fora da minha entrada ao mesmo tempo que
ele desliza profundamente dentro de mim, arrastando meu
clitóris contra o travesseiro.
— PORRA! — Eu grito, meus braços se agitando,
agarrando o travesseiro sob minha cabeça, abraçando-o a
mim.

Maverick se move rápido, abrindo minhas nádegas. Eu


olho para trás, ainda fora da minha mente com o prazer
implacável.

Ele pisca, seu dedo pressionando contra minha bunda.


Pulo com tanta força que quase me afasto dele.

Ele me puxa para baixo com força, enterrando-se ao


máximo. — Bom? — Ele pergunta.

— Sim, — eu sufoco. Ele pressiona o dedo com mais força,


deslizando lentamente o dedo dentro de mim.

Eu congelo. Meus dedos se curvam e manchas pretas se


movem em minha visão. Ele mexe o dedo e eu suspiro,
tentando respirar. Maverick se move mais rápido, martelando
dentro de mim.

Bato minhas mãos contra a cabeceira da cama, gozando


com tanta força que tudo dentro de mim queima.

Maverick segue direto depois de mim. Ele cai no meu


pescoço, sua cabeça pressionada contra minhas costas.

Ambos tentamos respirar, nos mover, alguma coisa.

— Acho que morri, — brinco.


Ele sacode meu corpo com sua risada e empurra meu
cabelo sobre um ombro para beijar meu pescoço. — Boa
maldita maneira de morrer, não é?

Eu bufo. — A única maneira boa de morrer.

Ele beija meu ombro mais uma vez antes de deslizar


suavemente para fora de mim, levantando-me da cama como
se eu não pesasse nada.

— Quarta rodada? — Ele pergunta e abre a porta do


chuveiro.

— Eu não vou conseguir.

Oh, eu consegui.

PULO da cama com falta de ar. Maverick já está fora do


quarto e corro atrás dele. Meu coração está batendo tão forte
que posso sentir em meus ouvidos.

Fomos acordados pelo grito mais terrível que já ouvi na


minha vida.
Maverick se lança abrindo a porta de Ronny, acendendo
a luz. Ronny está no canto do quarto, segurando as orelhas,
gritando a plenos pulmões.

— Ronny. — Maverick cai de joelhos na frente dele,


tomando cuidado para não o tocar.

Estou totalmente abalada.

— Estou aqui, amigo, — diz Maverick baixinho, sem


parar, até que Ronny finalmente para de gritar.

Sento-me ao lado de Maverick, segurando sua mão.

Esperamos e observamos até que Ronny lentamente tira


as mãos das orelhas e olha para nós. — Tive um pesadelo.

— Posso te abraçar? — Eu pergunto.

Ele acena com a cabeça e eu o coloco em meu colo,


envolvendo meus braços em torno dele. — Vamos para a cama.
— Maverick me ajuda a carregar Ronny para a cama. Eu o
coloco no meu colo e Maverick se amontoa ao nosso lado.

— Quer nos contar sobre isso? — Beijo o topo de sua


cabeça, balançando de um lado para o outro como se ele fosse
uma criança pequena.

Maverick puxa seu cobertor sobre todos nós. Eu me


inclino para trás na cama, segurando-o. — Foi como me senti
assustado quando o homem chegou dentro do centro,
agarrando-me. Eu lutei, mas ele me disse que minha mãe me
vendeu para ele.
Fechei meus olhos. Nem consigo imaginar o horror e
como se sentiu, sabendo que você vai ser levado e que não há
nada que possa fazer a respeito.

— Eles me levaram para a casa. Eles disseram coisas para


mim. Eu não entendo o que isso significa. Só sei que foi ruim.

Olho para Maverick. Sua mandíbula está cerrada com


tanta força que não tenho certeza de como não está quebrando.

— Não posso imaginar o quão assustador foi, amor. Você


nunca mais terá que temer. Sempre estará seguro comigo e
Maverick. Pesadelos são terríveis e eles lembram você de coisas
ruins que aconteceram. Estarei aqui para segurar você
durante tudo isso.

Ele funga e envolve seu pequeno braço com mais força em


volta do meu estômago. — Eu te amo Bell.

Meu nariz arde de tanto segurar as lágrimas. — Eu


também te amo, querido, mais do que qualquer coisa.

Eu o seguro um pouco mais apertado como se pudesse


tirar sua dor, seus medos e fazê-lo se sentir seguro.

Maverick beija minha têmpora, seu braço em volta de nós


dois. Ronny se estica e agarra a mão de Maverick. — Eu
também te amo, Maverick. — Ele puxa sua mão até que ela
repouse sob o pescoço de Ronny.

— Eu também te amo, amigo.


Ronny suspira e fica em silêncio, seu corpo ficando
pesado enquanto ele adormece novamente. Eu imagino que
seja tão desgastante para ele.

— Dormir aqui com ele? — Eu pergunto a Maverick.

Ele balança a cabeça e nos leva para mais longe na cama.


Ele deita de lado, envolvendo os braços em torno de nós dois,
colocando-nos contra ele.

Fecho meus olhos, encasulada entre Ronny e Maverick.

Duas horas depois

O SOM dos gritos de Ronny vai assombrar para sempre


meus sonhos. Eu nem me lembro de sair da cama e chegar à
sua porta.

A visão dele encolhido no chão, exatamente o mesmo


lugar que eu o encontrei naquela casa fodida.
Está me matando saber que não posso lutar contra essa
merda por ele. Uma grande parte de mim preocupa-se em
proteger e saber que isto está fora do meu controle me
atormenta.

Quero separar as pessoas que fizeram isso com ele e com


ela. Uma grande parte de mim preocupa-se em proteger e saber
que isto está fora do meu controle me atormenta.

Quero despedaçar as pessoas que fizeram isso com ele e


com ela. Estou fazendo com que seja minha missão fazer essa
merda acontecer.

Não consigo dormir. Não consigo tirar meus olhos deles.

Bell senta-se na cama, ofegante. — Baby, qual é o


problema? — Pergunto a ela, mas ela sai do quarto sem olhar
para trás.

Deslizo para fora da cama, certificando-me de aconchegar


Ronny na cama, antes de correr atrás dela.

Eu a encontro no banheiro em frente ao banheiro,


vomitando. Pego uma toalha do armário, molhando-a. — Baby,
você está bem?

Ela balança a cabeça. — Estou tão triste com o que


aconteceu com ele. Um dia ele saberá o que aqueles homens
quiseram dizer, o que significaram aquelas palavras.
Simplesmente acordei muito enjoada. Acontece se eu me
assusto e fico doente com o medo.
Eu me inclino e limpo seu rosto, estabelecendo o pano
frio na nuca. — Vamos. — Eu a pego, colocando-a no balcão.
Ela parece exausta.

Têm sido uns dias de merda.

Coloquei um pouco de pasta de dente em sua escova. —


Abra.

Ela sorri levemente, mas faz o que eu peço. Escovo os


dentes para ela. — Cuspa. — Ela cospe na pia.

— Normalmente eu não sou uma cuspidora, — ela brinca,


e eu rio, colocando minha cabeça em seu ombro.

— Você precisa dormir um pouco, baby. Vou levantar de


vez em quando para ver como ele está.

Ela parece insegura. Eu chego ao redor e tiro seu cabelo


do coque, esfregando seu couro cabeludo. Ela geme, fechando
os olhos. — Por que você é tão bom para mim?

Agarro seu cabelo levemente, chamando sua atenção. —


Você é minha. Eu tomo conta do que é meu. Sempre.

Suas pupilas dilatam e eu sorrio, beijando-a. — Vamos,


durma um pouco. — Ela envolve suas pernas em volta da
minha cintura.
TRÊS MESES DEPOIS

— Vamos, vinte e quatro! — Maverick grita com toda a


força de seus pulmões. Ele está parado na frente do vidro,
olhando para a pista de gelo onde Ronny está jogando seu
primeiro jogo.

No instante em que ele entrou nos patins, eu soube que


ele estava destinado a entrar neles. Ele é bom. Os treinadores
ficaram chocados, eu fiquei chocada e Maverick ficou muito
orgulhoso.

Neste momento, o MC inteiro, minhas filhas e seus


amigos ocuparam uma seção inteira.

Maverick não durou dois minutos sentado antes de


chegar ao vidro gritando como se Ronny pudesse ouvi-lo.

Ele é um pai orgulhoso, é tudo.

Pai é exatamente o que ele é. Nos últimos meses, ele


entrou no papel como se estivesse destinado a isso. Ele tem
levado Ronny a todos os treinos e ajudado no treinamento.
Eu fiz todas as vendas de bolos. Tenho sido essa pessoa
em cada treino com biscoitos, lanches, bebidas. Nós somos
aqueles pais obcecados por loucuras que a maioria zombaria,
mas estamos aproveitando o máximo de nossas vidas.

Ronny é nosso coração, nossa alma.

Maverick é meu mundo inteiro. Eu o amo tanto às vezes


que me pega desprevenida e não consigo respirar.

Eu sei que ele também me ama. Eu sei disso, sem dúvida.

Ronny é derrubado por um garotinho do outro time, de


propósito. Estou fora do meu lugar e ao lado de Maverick em
um segundo para dar uma olhada mais de perto para me
certificar de que ele está bem.

Ronny se levanta do gelo e joga seu taco no chão,


apontando para o garoto que o fez tropeçar. O garotinho grita
algo de volta.

Ronny tira as luvas como se fosse um homem adulto


pronto para explodir algumas cabeças.

— Esse é o meu garoto, — Maverick se regozija.

O outro garoto tira as luvas e Ronny o ataca,


empurrando-o um pouco para trás. — Foda-se, sim! — Lane
grita, e os outros também riem.

Mas estou morrendo por dentro, esperando que ele não


se machuque.
O menino se recupera. Ronny volta, segurando sua
camisa, acertando-o duas vezes no rosto antes de derrubá-lo
no chão.

— Ensinei essa merda a ele, — Maverick diz ao cara


parado ao lado dele, ambos sorrindo.

Reviro meus olhos e espero alguém intervir. — Tire esse


garoto da porra do gelo ou eu o farei! — Da arquibancada, um
homem corre até a porta que dá acesso ao rinque.

A cabeça de Maverick vira para olhar para o homem


gritando. Sinto um movimento atrás de mim e sei que a galera
está se preparando para uma luta.

Eu olho para trás para Ronny, que está sorrindo para


seus companheiros de equipe. A briga já acabou. Ele pega as
luvas antes de patinar até o banco.

Ele olha para nós e seus olhos vão para Maverick, que
está com as mãos em volta da camisa do cara para que ele não
saia correndo em direção ao rinque.

— Olha, vadia, eu não sei como diabos aquele garoto


pensa que tem o direito de tocar no meu filho...

Chego mais perto, querendo parar com isso antes que


Maverick o nocauteie. Maverick não brinca quando se trata de
Ronny.
Maverick coloca seu rosto na frente do dele. — Aquele
garoto é a porra do meu filho. Seu filho começou essa merda.
Dê o fora desta arena antes que eu faça você ir.

Eu aperto, ficando molhada com seu tom ameaçador e


por proteger Ronny. Pode ser errado da minha parte, mas fico
muito excitada quando ele entra no modo pai.

— Não. — O cara se inclina para frente, olhando para


Maverick. — Ele não deveria ser permitido na pista com meu
filho, — diz em um tom rosnado. Ele olha por cima do ombro
de Maverick e vejo Ronny inclinado sobre a parede, observando
o que está acontecendo.

Sorrio para ele de forma tranquilizadora. — Maverick,


Ronny está vendo o que está acontecendo, — eu aponto.

Maverick empurra o cara para fora da porta e a fecha


antes que ele possa entrar. Ele se inclina contra ela, nem
mesmo se movendo com os impulsos e empurrões que o cara
está fazendo.

Maverick faz um sinal de positivo com o polegar para


Ronny. Ando até ele e pego sua mão. Os irmãos MC de
Maverick sentam-se e prestam atenção ao jogo.

Ouço um som muito alto atrás da porta. Olho para trás e


vejo o rosto do cara na janela, seu punho batendo no vidro.

Não entendo por que ele está tão chateado. É apenas um


jogo. Eu vejo quando ele começa a jogar coisas por trás da
porta, antes de se virar, olhando para mim.
Ele agarra seu pau através das calças, apertando. Meu
estômago se revira de nojo, sentindo-me muito desconfortável.

Ele desabotoa as calças e eu ofego quando ele puxa seu


pau bem no meio da arena e começa a acariciar.

Maverick se vira e olha pela janela. — Aquele filho da


puta! — Ele ruge e abre a porta, correndo para ir atrás dele.

Smiley se aproxima de mim. — O que aconteceu?

Um segundo depois, Maverick volta, com desgosto em seu


rosto, e eu sei que o meu está mostrando o mesmo.

Ele escolheu me pegar, assumiu que eu era fraca e que


não podia fazer nada a respeito.

— Ele sacou seu pau na frente de Bell e estava fazendo


gestos doentios do caralho. Quero nosso técnico nisso. Ele é
meu. — Maverick aponta para Smiley.

Pego sua mão. Ele está tremendo tanto. Envolvo meu


braço em volta de suas costas. Maverick me move até que
minhas costas estejam pressionadas contra sua frente. —
Sinto muito, baby, — ele sussurra em meu ouvido, beijando o
lado do meu pescoço.

— Não é sua culpa.

Ele balança a cabeça, beijando o lado da minha cabeça.


— Não é, mas sinto muito que um homem adulto tenha
decidido que podia fazer essa merda com você. Acho que isso
me machuca mais do que a você. — Ele me vira para que possa
me encarar, segurando meu queixo. — Você é minha mulher,
você é a porra do meu mundo e o pensamento de algum filho
da puta te chateando, desrespeitando você, me torna um
assassino.

Eu sorrio. — Você é tudo para mim também, — sussurro,


inclinando minha testa contra seu peito. Ele me puxa para
perto, os braços em volta de mim com força.

— Eu quero te dizer uma coisa, algo que eu deveria ter


dito meses atrás.

Eu me inclino para trás para que eu possa vê-lo


completamente, meu coração começando a bater mais rápido
com o que ele planeja dizer.

— O quê?

Ele sorri, me mostrando sua covinha. — Eu amo você. Eu


te amo muito, querida.

Eu rio, sentindo uma felicidade diferente de como jamais


senti antes. — Deus eu te amo. — Eu me inclino, envolvendo
meus braços em volta do pescoço e beijando-o com tudo em
mim, não me importando com quem está olhando.

Eu me afasto, sorrindo. — Mas eu sabia disso.

— O quê? — Ele pergunta, sorrindo levemente.

— Eu sabia que você me amava – você me mostra todos


os dias.
A maneira como ele cuida de mim, sempre querendo ter
certeza de que estou bem, me protegendo. No quarto, ele é fora
deste mundo e se certifica de que minhas necessidades
estejam acima das dele.

Ele adora o chão em que piso.

— Eu não mereço você, querida, mas sou egoísta o


suficiente para mantê-la. Mas ninguém pode cuidar de você, te
amar como eu amo. — Ele me encara com descrença, como se
não pudesse acreditar que estou realmente aqui na frente dele.

— Você merece tudo de mim. Eu te dou tudo de mim, —


sussurro de volta para ele, a multidão ao nosso redor
enlouquecendo com o que está acontecendo no gelo.

Agora somos apenas eu e Maverick.

Ele me dá o sorriso mais dolorosamente lindo, e me viro


para ver Ronny, que agora está de volta ao gelo.

Pego a mão de Maverick e o puxo para o vidro para que


possamos olhar mais de perto. O cronômetro está quase
acabando.

Estamos muito bem, mas Ronny ainda está patinando


como se estivesse perdendo e tentando acertar o último gol
para fazer a vitória.

Sei, com tudo de mim, que ele vai se tornar profissional.


Eu sei que é isso que ele deve fazer na vida. Fico feliz em poder
assistir a essa jornada e fazer parte dela.
Estar com Ronny nos últimos meses, foram os melhores
meses da minha vida, mas tem sido tão difícil também.

Nunca experimentei coisas assim com minhas garotas.


Nunca cheguei a levá-las para treinos ou jogos. Eu nunca pude
ver nada disso.

O mais importante é que estou aqui agora. Estou aqui


com elas e somos próximas.

Minha antiga vida parece um sonho.

Prendo minha respiração quando Ronny bate o disco em


direção ao gol no último segundo e acerta.

— Esse é meu bebê! — Eu grito, e ele levanta os braços


acima da cabeça, gritando.

Maverick ri e esfrega meu lado, mas posso ver o quão


orgulhoso ele está.

Ronny patina, com o capacete debaixo do braço. Ele está


sorrindo de orelha a orelha, e todas as pessoas que vieram vê-
lo se aproximam para parabenizá-lo.

Ele pisa no banco e tira os patins. Seus amigos sentam-


se ao seu lado, conversando.

— Obrigada a todos por terem vindo, — digo a todos.


Jessica e River vêm até mim e eu as aperto com força. — Eu
amo vocês meninas. Se cuidem ao dirigir para casa.
Aperto a mão de Chase e ele sorri, puxando Jessica para
ele. Ele ama minha garota totalmente e me deixa muito feliz
que ela tenha isso.

Trinta minutos depois, Ronny está pronto para ir. —


Estou tão orgulhosa de você, — digo a ele.

Ele sorri, seus olhos brilhando, mostrando sua felicidade.


— Obrigado. Não tenho certeza de qual era o problema daquele
outro jogador.

Olho para Maverick, cuja mandíbula está cerrada por ser


lembrada do pai muito miserável.

Maverick abre a porta traseira, pegando as bolsas de


Ronny dele e colocando-as no banco. Ronny pisa os degraus
laterais que Maverick tinha instalado porque ficou velho não
podendo entrar na caminhonete.

— Aperte o cinto. — Maverick se levanta e observa para


ter certeza de que ele o faz. — Vocês querem pegar algo para
comer? — Estamos a uma hora de casa.

Maverick fecha a porta e olha para mim, seus olhos indo


para algo por cima do meu ombro. Ele abre a porta do
passageiro e sou jogada para dentro, a porta se fechando
quando quatro homens caminham até ele.

Oh, meu Deus.

— O que está acontecendo? — Ronny pergunta do banco


de trás.
O que eu faço?

Pego meu telefone. Esperançosamente, Smiley não estará


muito longe. Disco o número dele. — Alô? — Ele responde,
inseguro.

— Há quatro homens aqui que eu acho que vão tentar


bater em Maverick, — falo tão rápido que não tenho certeza se
ele pode entender completamente o que estou tentando dizer.

— Estou do outro lado da rua, jantando. Estarei aí em


um minuto. — Ele desliga o telefone e eu olho pela janela.

— DEIXE-ME FICAR COM ELA. — O maldito pai louco de antes


olha pela janela para Bell.

Eu não me viro para olhar para ela, meus olhos fixos nele
e nos outros.

— Por que você a quer? — Eu pergunto.

Ele sorri. — Eu ia deixar pra lá. Ela é uma vadia


tentadora, não é? Mas ninguém vale tanto a pena, a menos que
valha muito dinheiro.

Tento não vacilar com eles a chamando de vadia. Minha


mente está imediatamente presa nele, dizendo que ela vale
muito dinheiro.
Ele sorri. — Presumo que não saiba, porque ela está
sentada na sua caminhonete e não com aqueles filhos da puta
que a querem.

Não se mexa, Maverick. Não demonstre qualquer tipo de


emoção. Em breve, suas mãos estarão em volta do pescoço
deles, eu me tranquilizo.

Ele ri, balançando a cabeça para si mesmo como se


tivesse tudo planejado: eu sou um membro dessa porra de culto.
É um culto onde os homens podem governar, nossas esposas,
filhos, tudo o que quisermos.

— Na semana passada eu estava na igreja. Eles estavam


passando sua foto e seu marido estava no altar, chorando,
dizendo que um demônio a tinha. Aquele pequeno espetáculo
mais cedo... — Ele para de sorrir, olhando para ela novamente.
— Aquilo era eu a lembrando de seu lugar. Ela será fodida até
que Deus esteja de volta dentro dela.

Eu sorrio para ele. É a última coisa que quero fazer. —


Por que você não disse isso? Temos que dividir o dinheiro da
recompensa, não é? — Ele acena com a cabeça, lambendo os
lábios e olhando para Bell mais uma vez.

Vou gostar muito de arrancar seus olhos de suas órbitas.


— Convide todos. Encontre-me aqui para eu entregá-la. Não
posso fazer essa merda na frente do meu filho.

Ele balança a cabeça e eu entrego a ele um cartão com


informações sobre um armazém que estamos vendendo. — Mal
posso esperar. — Ele sorri e olha para Bell mais uma vez. —
Em breve, vadia, — ele murmura para ela e os homens
caminham ao redor do prédio fora de vista.

Preciso de tudo para não correr atrás deles, para destruí-


los. Isso vai contra cada parte de mim.

Mas primeiro tenho que proteger Bell e Ronny. Não vou


permitir que eles se machuquem. A mentira que acabei de dizer
é como ácido na minha língua.

Dou a volta na caminhonete quando Smiley entra no


estacionamento. Ele salta e corre para mim. — O que diabos
aconteceu?

Conto exatamente o que aconteceu, e ele sorri aquele


sorriso louco de merda. — Ligue para todos. Precisamos
descobrir essa merda e acabar com isso.

Ele balança a cabeça e eu aceno para sua Old Lady no


banco do passageiro, parecendo preocupada. Entro na
caminhonete e tranco a porta, ligando o motor. — O que
aconteceu, Maverick? — Ronny pergunta.

— Nada, amigo, eles estavam apenas se desculpando, —


minto para ele. Se isso salvar um pouco de sua inocência, eu
o farei.

Ele não precisa saber dessa merda. Eu sei que Bell não
acredita em mim. Levanto sua mão e a beijo. — Irei explicar
mais tarde.
Não paramos para jantar. Pedi a um prospecto para levar
o jantar para o clube. Vou levá-los para o lugar mais seguro
até chegar ao fundo desta merda.

O retorno é silencioso. Ronny está dormindo e sei que Bell


está preocupado e essa merda está me matando.

Nós paramos e o portão se fecha atrás de nós. — Ronny,


corra para dentro, sim? — Eu peço.

Ele me analisa por um segundo antes de fazer o que peço.


Esse garoto é mais do que inteligente. Muito inteligente.

Assim que ele fecha a porta, Bell chega mais perto de


mim. Posso dizer que ela está loucamente preocupada. —
Querida, é a porra do culto. Ele é um membro e te reconheceu.

Seu rosto se contorce e eu a puxo para o meu colo. — Não


importa. Vou deixar você aqui com as meninas e vamos
resolver isso.

Ela acena com a cabeça. Eu a puxo ainda mais perto e


seu corpo treme sob minhas mãos. Como eu queria
fodidamente conhecê-la quando ela era adolescente. Eu
gostaria de tê-la salvado daquela vida.

Ela se inclina, sorrindo.

Ela é tão dolorosamente linda com aquelas lágrimas nos


olhos. Eu uso meus polegares para enxugar suas lágrimas. —
Vou acompanhá-la para dentro. Estarei de volta mais tarde
para vocês dois. — Eu beijo sua testa e saio da caminhonete,
ainda a segurando.

— Eu valho a pena todo esse trabalho? — Ela sussurra


para si mesma, mas eu a ouço. Isso me estilhaça, porra, que
ela ainda duvide disso.

— Querida, — rosno, com raiva por ela ter se sentido


assim, com raiva por ela se sentir assim.

Eu me viro e a sento na caminhonete. Seu rosto cai. —


Me desculpe, eu sei que não deveria ter dito isso. Às vezes,
velhos pensamentos rastejam dentro da minha cabeça.

Suspiro, passando minha mão por seu braço e segurando


sua mão. — Querida, eu entendo. Você já passou por muito em
sua vida. Eu só queria por um segundo que você pudesse se
ver através dos meus olhos. Eu te amo muito. Tudo sobre você,
eu amo.

Seu rosto fica vermelho e ela o enterra no meu peito. Eu


rio por ela ficar envergonhada.

Sua mão bate na minha bunda. — Você está rindo de


mim? — Ela parece louca, olhando para mim e me encarando.

— Não, baby, nunca. — Eu a beijo uma última vez antes


de colocá-la no chão. Não quero deixá-la, mas a promessa de
foder com algumas pessoas é emocionante.

Eu a levo para dentro do clube. Adeline, a Old Lady de


Smiley, caminha até ela. — Todas as meninas estão na cozinha
fazendo alguns lanches. — Murmuro “obrigado” para ela e ela
acena com a cabeça.

Saio e volto para dentro da minha caminhonete. Não me


incomodo em subir na moto porque seria suspeito.

Todos os caras estão lá; eles estão na floresta ao redor da


propriedade. Um desses filhos da puta está lá dentro e não há
como sair para eles.

Eu paro do lado de fora do armazém, notando dois carros


já estacionados na frente. Abro a porta e alguns homens estão
sentados em algumas cadeiras no canto.

— Eles não estão aqui ainda. Deve ser a qualquer minuto,


— diz o cara de antes, levantando-se da cadeira. — Onde ela
está? — Ele pergunta, olhando por cima do meu ombro como
se ela fosse aparecer magicamente.

— Ela vai estar aqui, tem que ter paciência. Eu tenho que
ter certeza de que nós dois não estamos fodidos. — Eu pisco,
tentando fazê-lo se acalmar.

Ignoro a queimadura em meu peito. Até mesmo dizer essa


merda me mata, mesmo que não seja verdade.

Esses filhos da puta não sabem que temos câmeras aqui.


Todos os caras estão assistindo e Lane irá instruí-los quando
entrar.
— É uma pena que temos que entregar aquela vadia, não
é? — Ele me diz, sorrindo de orelha a orelha, socando seus
amigos no ombro.

Tudo o que ele está fazendo é marcar mais uma coisa na


minha lista de tarefas antes de eu matá-lo. Eu sorrio para
todos os filhos da puta nesta sala. Mal sabem eles que vão ter
uma morte muito dolorosa.

Estremeço de excitação, porra.

Não comento de volta, deixando que eles se divirtam. —


Você viu a bunda daquela cadela? Perfeição do caralho. — Ele
lambe os lábios e segura seu pau através das calças.

— Estou tão feliz por ter me filiado àquela igreja. Eles


ensinam às cadelas desde o primeiro dia que as mulheres estão
abaixo de nós. É assim que deve ser. — Ele cacareja como uma
hiena, os outros se juntando a ele.

Desligo minha mente. Se eu deixar essa merda afundar,


eu vou rasgá-los em pedaços aqui, agora.

Quero me banhar em seu sangue. Eu quero me deleitar


com os sons de seus gritos.

No tempo devido.

Os outros podem ouvir essa merda. Eu olho para as


câmeras, deixando-as ver meu olhar assassino, mas quando
olho para os outros estou sorrindo.
A porta se abre. Estou diante de três homens, um que eu
sei que é o marido dela, e uma garotinha de cerca de seis anos.

Que porra é essa?

Olho para as câmeras, avisando os caras para cercar o


lugar. Eu não quero que eles deem o fora daqui.

— Onde ela está? — Seu marido pergunta freneticamente,


balançando da cabeça aos pés enquanto olha ao redor da sala.

A menina está completamente apavorada.

— Ele é quem a tem. Ela estará aqui mais tarde, depois


de discutirmos o preço. — Quase reviro os olhos para a porra
da credulidade desse cara.

Michael olha para mim. Ele está completamente louco,


com os olhos injetados de sangue. — Diga-me onde ela está. —
Ele dá um passo à frente e a menina perde o equilíbrio.

Ela não levanta os olhos do chão; ela olha para o concreto.


Isso não é bom, caralho.

— Qual é a recompensa por ela? — O filho da puta


estúpido pergunta novamente.

Michael empurra a menina para frente. — Sua.

Ela olha para mim pela primeira vez e eu quase bato no


chão. Ela se parece com Bell.
TENTO manter minha compostura. Ela se parece com Bell.
Ele continua circulando continuamente na minha cabeça.

— Esta é a nossa recompensa?

Olho para a menina, que está olhando para mim como se


eu fosse seu salva-vidas. Ela poderia ser gêmea de Bell.

Retorno minha atenção para os caras, tentando não


mostrar o quanto isso me afetou. — Ela pode ser sua filha, seja
lá o que for que você queira.

— Ela se parece com ela, — eu digo.

Michael sorri e passa a mão pelo cabelo dela. Ela se


encolhe e olha para o chão novamente. — Ela é a irmã de
Isabella. Seus pais se envergonharam porque a sua filha
decidiu fugir para viver como uma prostituta.

Isso é a coisa mais fodida. — Ela é virgem, nunca foi


tocada, — o filho da puta mais velho fala. — Ela é perfeita.

Quase vomito.
Ele se vira para olhar para mim, o filho da puta estúpido
de antes. — Eu a pego esta semana?

Eu rio. Eu rio, porra, segurando meu estômago, um tipo


de riso enlouquecido. Eles me olham como se eu fosse louco.

— Vocês são todos tão estúpidos, — digo a todos, e seus


rostos mudam para mostrar sua confusão.

A porta se abre e todos os meus irmãos entram no


armazém. Lane se aproxima de mim e me entrega meu colete.

— Bell é minha mulher. Você acha que eu iria entregá-la?


— Sorrio para Michael, me aproximando dele. — Oh, a diversão
que vou ter com você, Michael. Você vai gostar muito.

Eu jogo suas palavras de volta para ele, aquelas que ele


disse à Bell para fazê-la aceitar seu destino.

Seu rosto empalidece. O velho filho da puta tenta correr


para a porta, mas Wilder o empurra de volta e ele cai no chão.

— Você armou pra mim, porra! — Ele grita.

— Não, você se armou, — digo impassível, meus olhos


voltando para Michael. — Diga-me, Michael, qual é o seu pior
medo? Humm? — Provoco. — Eu sei que perder Bell foi um
grande problema – ela é minha agora. — Sorrio, amando a leve
raiva em seu rosto. — Mas agora, meus irmãos vão levar você
para a sede do clube, onde você vai esperar por mim. Você vai
pensar em todas as maneiras pelas quais vou torturá-lo, por
semanas, dias, meses, se eu quiser. Apenas saiba, não importa
a imploração, a súplica. — Dou um passo direto em seu rosto,
baixando minha voz. — Eu nunca vou parar.

Ele tropeça e eu sorrio, satisfeito por ele estar apavorado.


— Preciso levá-la à Bell.

— Estava pensando a mesma merda, irmão. — Lane


agarra meu ombro, abraçando-me. Eu o vi crescer e nunca
estive mais orgulhoso do homem em que ele se tornou.

Eu me aproximo da garota, abaixando meu corpo para


não parecer tão intimidante. — Ei, querida, meu nome é
Maverick.

Ela ergue os olhos do chão. — Meu nome é Anna.

Sorrio. — É um prazer conhecê-la, Anna. Você conhece


sua irmã Bell? — Pergunto.

Seus lindos olhos se arregalam. — Sim, estou aqui para


resgatá-la, não estou?

Minha raiva dobra. O que diabos eles disseram a ela? —


Quer que eu te leve até ela? Bell é minha namorada.

Ela olha atrás de mim para os homens. — Acho que


quero.

Estendo minha mão para ela pegar e ela o faz. — Vamos


vê-la. Ela tem um filho chamado Ronny. Ele tem oito anos –
quantos anos você tem? — Eu pergunto.
— Eu tenho sete. — Isso me irrita ainda mais. Eu seguro
a porta aberta e a deixo entrar. — Estou com medo, — ela
sussurra tão suavemente.

Essa merda está me abrindo um buraco, abro a porta da


caminhonete e a coloco no assento de Ronny. — Do que você
está com medo, querida? — Eu pergunto.

Ela puxa a barra de sua camisa muito rasgada e puída,


que é três vezes maior para ela. — Não sei o que está
acontecendo.

— Querida, eu sinto muito que você esteja com medo.


Você está segura comigo. Bell vai ficar muito feliz em ver você!
— Tento iluminar minha voz. Minha garganta está tão grossa
de todas essas emoções fodidas que estou sentindo. Estou
fodidamente danificado por este bebê.

— Segura, — ela sussurra e me dá um pequeno sorriso.

— Segura, anjo. — Eu a ajudo a prendê-la. — Estaremos


lá em breve.

Fecho a porta e dou a volta na caminhonete, dando-me


alguns segundos para respirar antes de entrar.

Eu me olho no espelho. Ela está olhando pela janela. Seu


mundo foi virado de cabeça para baixo. Seus pais a deram para
saldar uma dívida.

Eu sei de uma coisa – ela não vai a lugar nenhum.


A JUDO Anna a se levantar e ela coloca a mão na minha
com firmeza, não querendo que eu a solte.

Eu entro no clube e Bell pula do sofá. Ela se aproxima de


mim, mas desacelera ao ver a garotinha.

— O quê? — Ela pergunta confusa, sorrindo para ela.

— Querida, esta é sua irmã. Conto tudo mais tarde, mas


o mais importante é que ela é sua irmã.

Ela olha para mim e depois para a garotinha antes que


sua cabeça comece a se envolver com a ideia.

Cliques de modo de mãe. — Oi, querida, sou Bell. — Ela


sorri e eu juro que posso ver a menina suspirar de alívio.

Eu também, garota.

Ronny corre até nós, — Oi Maverick, quem é ela? — Ele


pergunta.

Envolvo meu braço em torno dele. — Ela é irmã de Bell.


— Ele parece confuso. Eu o puxo para o lado para que eu possa
falar com ele. — Você sabe como, antes de nos conhecer, as
coisas eram difíceis para você? — Eu pergunto. Ele concorda.
— A mesma coisa aconteceu com ela. Sua mãe e seu pai a
deram, mas ela é a irmã biológica de Bell. Bell não sabia sobre
ela, — eu explico a ele da melhor maneira que posso para que
ele possa entender sem entrar em detalhes.

Seus olhinhos se enchem de lágrimas quando ele olha


para ela. — Estamos mantendo-a, certo? — Ele me pergunta.

— Eu acho que se você está bem com isso e ela está, então
provavelmente sim.

Ele sorri. — Temos que cuidar dela, como vocês fizeram


comigo.

Que maneira de partir meu coração, garoto. Eu me inclino


e o abraço com força. — Nós vamos.

Ele me abraça de volta com a mesma força. — Nós vamos,


— ele repete. Ele me solta e eu pego sua mão, querendo que
ele esteja comigo.

Bell está falando com Anna em tons suaves. — Pronta


para ir para casa? — Pergunto a ela.

Ela me olha triste, mas acena com a cabeça. Eu sei que


isso provavelmente é difícil para ela. Sei que a infância dela
também foi ruim, mas não deve ser fácil descobrir que você
tem uma irmã da qual nunca soube.

Pego uma das poltronas extras que um dos caras deixou


aqui para Anna. Eu ajudo Bell a colocar ela e Ronny no cinto,
então eu ligo a caminhonete, fechando a porta para que eu
possa falar com ela.
— O que está acontecendo? — Ela pergunta, meio em
pânico. — Hesito até mesmo em dizer a ela, porque sei que essa
merda vai machucá-la. Seus olhos se estreitam em mim. — Por
favor, me diga, Maverick. Eu sei que vai ser ruim. Estou
pronta.

Esfrego meu rosto com força, deixando escapar uma


respiração profunda. — Querida, quando cheguei lá, Michael
apareceu com ela e algumas outras pessoas. O pagamento
para você era ela. — Seu suspiro me perfura. — Seus pais a
deram a Michael para saldar suas dívidas.

— Aquele pobre bebê, — ela sussurra sem parar.

— Olhe para mim, — eu exijo. Ela me olha. — Você não


vai sentir um pingo de culpa por isso. Essa merda é toda sobre
eles. Não você. Você não fez isso. Eles fizeram e vão pagar.
Michael está acabado, ele está quase morto.

— Ótimo, — ela diz em um tom que eu nunca ouvi dela


antes. — Estamos mantendo-a, certo? — Eu posso dizer que
ela está insegura.

— Claro que estamos, baby. Eu soube no segundo em que


a vi.

Ela sorri. Posso ver o alívio em seu rosto. — Mas depois


de acomodá-los, vamos fazer uma visita aos meus pais, certo?

Com isso ela sobe na caminhonete. Deus, eu a amo e seu


temperamento de merda.
O CAMINHO para a casa é silencioso. Os olhos de Ronny
não deixam Anna e ela adormeceu segurando sua mão.

Bell está imersa em seus pensamentos. Estendo a mão e


pego a mão dela na minha, beijando-a. Eu não a quero muito
perdida em seus pensamentos.

Se for a última coisa que eu fizer, ela não se culpará por


isso.

Abro o portão e dirijo para dentro, certificando-me de


vigiar para garantir que ele feche antes de fazer meu caminho
para minha casa.

Abro meu telefone e pressiono o botão para armar o


portão, apenas por precaução. Algo não parece certo.

U MA COISA QUE nunca esperava quando Maverick entrou


por aquela porta era uma mini eu. Ela se parece muito comigo.

Mas eu sabia. Eu sabia que ela era minha irmã.


Olho para trás, para o banco, onde ela está dormindo com
a cabeça contra a janela.

Não consigo imaginar o quanto ela ficou assustada e


apavorada. Sorrio para o meu lindo menino, meu coração
aquecendo ao vê-lo segurando a mão dela.

— Eu te amo, — murmuro para ele, meu coração cheio e


doendo ao mesmo tempo.

— Eu te amo, mamãe, — ele sussurra de volta, o que não


é muito um sussurro, mas ele tentou, mas minha mente está
imediatamente presa na palavra.

Mamãe

Seus olhos se arregalam como se ele estivesse com medo


de me chamar assim. — Não, está tudo bem, se você quiser me
chamar de 'mamãe', isso me deixaria muito feliz. Tenho certeza
de que Maverick se sentirá da mesma forma, se essa for sua
escolha.

Ele sorri para mim e olha para Maverick. — Posso


mesmo?

Esse garoto ainda arranca meu coração. — Sim, querido,


isso me faria muito feliz.

Eu olho para Maverick, que está sorrindo de orelha a


orelha. — Eu também, filho, — Maverick fala e Ronny se
inclina para trás no assento, feliz.

— Ok.
Eu só quero pegá-lo e apertá-lo agora. Saio da
caminhonete, para grande aborrecimento de Maverick.

Abro lentamente a porta dos fundos, certificando-me de


que Anna não caia. — Ei, querida, — eu sussurro baixinho
para que ela não fique assustada ao acordar.

Essa é uma das coisas contra as quais eu luto tanto. Se


eu acordar com medo, fico literalmente com o estômago
embrulhado de medo repentino.

Seus olhos se abrem, olhando para mim. — Bell? — Ela


pergunta, confusa, antes de olhar para Maverick e Ronny.

— Posso ajudá-la a sair da caminhonete? — Levanto


meus braços para ela, ela corre para frente e eu a levanto,
colocando-a no chão.

— É aqui que eu vou morar? — Ela pergunta em sua voz


angelical.

Ronny se aproxima dela e pega sua mão livre. — Eu moro


aqui. Eu amo isso aqui. — Ronny tenta fazê-la se sentir mais
confortável.

Sei que me sinto com trinta metros de altura que ele se


sente tão feliz aqui, amado aqui. Maverick me lança um olhar,
dizendo que se sente exatamente da mesma maneira.

Nós fizemos essa merda.

Maverick destranca a porta e acende a luz. — Posso


ajudá-la a escolher seu quarto? — Ronny pergunta, animado.
Maverick acena com a cabeça e ele sai, segurando a mão
de Anna, puxando-a atrás dele. Ela ri e dá o seu melhor para
acompanhar.

Eu me inclino contra a parede, esfregando minhas


têmporas. — Assim que eles chegarem à cama, vou preparar
um banho quente para você. Você está muito estressada. —
Maverick massageia meus ombros e braços.

— Acho que estou apenas tentando aceitar o fato de que


tenho uma irmã. Vamos criar uma garotinha. Você está bem
com isso? — Preciso ter certeza de que ele concorda.

Ele para de massagear. — Querida, eu não quero nada


mais do que ter todas as crianças com você. Podemos adotar
mais cinco e vou ficar muito feliz, — ele me tranquiliza.

O que ele não sabe é que acho que posso estar grávida.

Tenho me sentido enjoada, nunca tive um período


regular, então pular um mês ou mais foi completamente
normal para mim.

Hoje à noite, quando ele sair para fazer as coisas do clube,


farei um teste. — Vamos ver o que essas crianças estão
fazendo.

Eles estão no quarto ao lado do de Ronny. — Ela escolheu


este quarto. Posso pegar alguns dos meus brinquedos e coisas
aqui até que possamos pegar os dela?
— Claro que pode, querido. — Esfrego o topo de sua
cabeça e ele corre para o quarto.

— Este é meu quarto? Vou dormir aqui? — Anna fica


parada olhando em volta, maravilhada com tudo.

— Venha aqui, querida. — Sento-me na cama e dou um


tapinha ao meu lado para poder falar com ela.

Ela gosta, mas posso dizer que ela está nervosa. — Você
quer ficar com a gente? Viver conosco para sempre? Se você
quiser voltar ou encontrar outro lugar...

Ela cai no chão, o rosto pálido. — Por favor, não me faça


voltar. Eu quero ficar aqui. Você é boa para mim, — ela
praticamente implora para mim.

Eu olho para Maverick. — Você pode nos dar alguns


minutos? — Pergunto-lhe.

Ele sai do quarto, fechando a porta atrás de si. Eu sei o


que era viver com eles.

Eles não abusaram sexualmente de mim. Sou muito grata


por isso, mas eles eram pessoas muito más e eu sei sem dúvida
que eles não mudaram com a idade.

— Você nunca terá que voltar lá, nunca mais. Eu só quero


que você seja feliz. Viveu toda a sua vida sem escolhas. Quero
ter certeza de que isto é o que você quer, o que você deseja.

Eu a ajudo a se levantar do chão e voltar para a cama


comigo. — Eu quero estar aqui com você e Maverick. Ele me
salvou. Ele me tirou daquele homem mau. — Sua vozinha
falha.

Puxo-a para mim, abraçando-a por um segundo.


Empurro o cabelo do rosto dela.

— Alguém te machucou? — Tenho medo de perguntar,


mas preciso saber.

— Minha mãe e meu pai foram maus comigo. Eu levava


palmadas todos os dias, mas não estive com o homem mau por
muito tempo. Fui levada por ele esta manhã.

Fecho meus olhos com alívio. — Sinto muito que sua


mamãe e papai tenham sido maus com você, baby.

Ela abre a boca, com os olhos cheios de lágrimas, o que


me estilhaça.

A porta se abre e ela vê Maverick. Corre até ele a toda


velocidade. Ele a pega do chão e ela envolve os braços em volta
do pescoço dele, segurando com força.

Ele se aproxima e se senta na cama ao meu lado. — Qual


é o problema, menina? — Ele pergunta.

— Estou apenas triste, — ela soluça.

Inclino minha cabeça em seu ombro. — Você está


confusa? — Eu pergunto. Ela acena com a cabeça, farejando.
— Está com fome? — Ela acena com a cabeça novamente,
enxugando as lágrimas. — Quando foi a última vez que você
comeu? — Ela encolhe os ombros, empurrando seus longos
cabelos sobre o ombro. — Hoje?

Ela balança a cabeça negativamente. — Eu almocei


ontem na igreja.

A raiva queima tão profundamente, mas eu a empurro


para baixo. Quero gritar no topo dos meus pulmões com a
forma como o mundo é tão injusto.

— O que você quer? — Esfrego suas costas suavemente.

— Posso comer macarrão com queijo? Hambúrguer? —


Seus olhos se iluminaram, suas pequenas covinhas
aparecendo.

— Vou fazer um jantar para você, querida. Eu acho que


um banho é bom para você. Concorda em pegar emprestado
algumas roupas de Ronny até que possamos fazer compras
para você? — Ela encolhe os ombros como se não fosse grande
coisa.

Ronny aproveitou esse momento para entrar no quarto.


— Ronny, ela pode pegar algumas de suas roupas
emprestadas?

Ele sai correndo da sala sem hesitar. — Já volto. — Ele


esfrega o topo de sua cabeça e sai do quarto, seguindo os olhos
dela.

O quarto dela tem banheiro, então eu pergunto: — Você


quer tomar banho?
— Banho.

Ronny corre para o quarto com algumas de suas coisas e


roupas de banho. — Eu pensei que ela poderia precisar disso
também.

— Você é um amor, Ronny, — eu elogio.

Ele cora muito e sai do quarto. Rio para mim mesma, não
me sentindo nem um pouco envergonhada por constrangê-lo.

Arrumo tudo para Anna e começo a ligar a água. — Você


precisa de ajuda ou acha que consegue? Ah, e aqui está um
pano de limpeza e sabonete.

Ela puxa a barra da blusa, — Acho que entendi, mas


posso gritar se precisar de você? — Posso dizer que ela está
hesitante em perguntar.

— Claro, querida. Estarei lá fora. — Eu aponto para o


corredor e a deixo sozinha, fechando a porta.

Ronny está sentado no chão, passando pelos canais de


sua TV. — Vou encontrar um bom programa para ela.

— Eu acho que você precisa entrar no chuveiro também,


senhor. — Ele ri e pousa o controle remoto.

— Volto logo. — Ele corre para fora da sala, mas espreita


a cabeça para dentro. — Mãe. — Ele sorri, e eu o ouço correndo
pelo corredor.
Sento na cama segurando meu coração. Ele
simplesmente não sabe o que fez comigo.

Vou valorizar esse momento para sempre.

Sento-me e espero por Anna para ter certeza de que ela


não precisa de mim. Vinte minutos depois, a porta se abre e
ela sai com o pijama da Mulher Maravilha de Ronny. Ele
realmente pensou nisso.

— Você está tão bonita, querida! — Eu digo a ela.

Ela puxa as roupas, que ficam um pouco grandes, mas


nada se parecem com as roupas que ela estava vestindo.

— Obrigada. — Suas pequenas bochechas ficam


vermelhas com o meu elogio.

— Estou aqui! — Ronny grita e corre para a sala,


segurando seus produtos para o cabelo. — Você quer que eu
trance seu cabelo? — Ele está tão animado.

Ele trançou meu cabelo mais vezes do que posso contar.


Maverick permite, também, e eu acho isso tão fofo.

Sua boca se abre em surpresa. — Trança francesa? — Ela


pergunta.

Ele pula uma vez antes de colocar o material no chão,


sentando-se. — Sente-se na minha frente. Eu cuido disso, —
diz ele com muita confiança.
— Eu vou verificar Maverick. Já volto. — Ronny nem liga
para isso. No momento, ele está borrifando condicionador
leave-in no cabelo dela e penteando os nós.

Maverick está preparando os hambúrgueres e algumas


batatas fritas. Eu sei que não é a refeição mais saudável, mas
essa garota merece o que ela quiser.

— Como ela está?

Eu me inclino contra o balcão. — Ronny está trançando


seu cabelo no momento.

Maverick ri. — Ele adora fazer isso.

Desde que o levamos ao salão para aprender a cuidar do


cabelo, ele ficou obcecado em cuidar dele. Eu nem preciso
ajudá-lo mais.

— Ele gosta. Talvez precisemos arrumar uma cadeira


para ele em seu banheiro e um espelho para que seja mais
fácil? — Eu sugiro.

— Vou pedir a um cliente potencial para comprar algo


amanhã.

— É por isso que eu te amo, — eu digo. Ele inclina a


cabeça para o lado. Eu continuo: — É a maneira que, sem
hesitação, você faz tudo o que pode por aqueles de quem gosta.
Somos tão abençoados por ter você.
Ele deixa cair a espátula no balcão, caminhando para
mim. Ainda sinto borboletas ao redor dele. Só de olhar para ele
me pega de surpresa porque ele é todo meu.

Conto minhas bênçãos, porque vindo de algo que não era


bom, para isso?

É o paraíso.

— Querida, se você está tentando fazer eu me apaixonar


por você, eu já estou. — Ele segura meu rosto, olhando
profundamente nos meus olhos.

Deus, a maneira como ele olha para mim.

Se alguma vez tive um motivo para duvidar de suas


palavras, só preciso olhar em seus olhos. Eles nunca vão
mentir.

— Eu também te amo, querido. — Fico na ponta dos pés,


beijando-o suavemente, derramando todos os sentimentos
nele.

Sua mão se enterra em meu cabelo, assumindo o beijo,


fazendo amor com minha boca. Deus, o sexo com ele está fora
deste mundo. Quebrando o beijo, digo sem fôlego: — Que pena
que você tem que sair.

Ele me lança um olhar acalorado. — Estarei em casa mais


tarde. Quero enterrar meu rosto entre essas coxas. — Ele
lambe os lábios e quase desmaio de quão sexy ele é.
— Mal posso esperar — sussurro em seu ouvido, puxando
levemente o lóbulo da orelha antes de colocar distância entre
nós.

O olhar que ele me dá, quase me deito na maldita ilha e


fico nua.

O momento é quebrado quando as crianças descem as


escadas. Ronny pede à Anna para nos mostrar sua obra-prima.
— Uau, você fez um trabalho tão bom, Ronny! — Eu o abraço.
— Você está linda, Anna.

Ela sorri para mim e olha ao redor da casa, absorvendo


tudo. Eu sei que é muito diferente para ela.

Se meus pais ainda moram na mesma casa, é uma


pequena casa de um cômodo. A cama dos meus pais ficava de
um lado da casa e minha cama do outro, e tínhamos uma
pequena cozinha.

Sinceramente, quero fazer uma viagem para o Kentucky.


Quero ver meus pais. Eles me mandaram embora aos quatorze
anos para Michigan com um homem com o dobro da minha
idade que abusou de mim.

Eu disse isso para eles.

E não fizeram nada. Eles permitiram que isso acontecesse


porque meu marido era meu dono, de acordo com a igreja.

Esta igreja é enorme. Acho que é maior do que qualquer


um jamais percebeu e acho que quero me livrar disso.
— Maverick, posso falar com você por um segundo? —
Entro na lavanderia e fecho a porta atrás dele. — Acho que
quero fazer uma viagem para o Kentucky. Eu quero confrontar
meus pais e acho que quero parar com esse culto; preciso
parar com isso. Essas meninas ainda são abusadas até hoje.

— Nós faremos isso acontecer, querida. Vou obter as


informações de que precisamos. Vinny foi criado em um culto.
Será que é o mesmo culto? — Maverick pensa em voz alta.

— Obrigada. — Eu o abraço antes de abrir a porta. As


crianças estão em volta da mesa. — Você ainda gosta de tudo
em seus hambúrgueres, Ronny? — Eu pergunto.

Ele concorda. — Sim, senhora.

— Você sabe o que gosta em seus hambúrgueres? — Eu


pergunto a Anna.

— Eu gosto de queijo e ketchup. — Faço seus


hambúrgueres e os coloco na frente deles, em seguida, um
copo enorme de leite para cada um.

Anna agarra o hambúrguer com as duas mãos, dando


duas mordidas enormes antes mesmo de engolir.

Ronny se inclina sobre a mesa. Eu me afasto para não a


envergonhar. — Vá devagar, ou irá doer sua barriga dessa
maneira.
Corro para a cozinha, inspirando e expirando
profundamente, tentando não chorar. Essa foi a coisa mais
triste que já ouvi.

Me mata profundamente que ele soubesse disso.

Eu quero matar sua mãe de novo; sua mãe está morta.


Não fui eu, mas sei que ela nunca mais vai machucar ninguém.

Não tenho um pingo de simpatia por ela. Ela machucou


Ronny em tantos níveis. Não tenho nenhuma simpatia por
meus pais; tenho nojo deles.

Eu olho pela janela, respirando fundo antes de me juntar


aos outros.

Virando-se, Maverick está encostado no balcão. Ele está


lá, mas me deixando ter meu espaço neste momento. — Anjo,
tudo bem?

Eu aceno, esfregando minha mão em sua barriga antes


de me sentar ao lado de Ronny e ao lado de Anna, que já
terminou seu hambúrguer.

— Quer outro? — Eu pergunto.

Ela olha para o prato, envergonhada, balançando a


cabeça. Maverick se levanta e faz outro para ela.

Ele volta e entrega a ela. — Então, se você pudesse sair


de férias em qualquer lugar, para onde você iria?
Os olhos de Ronny se arregalam. — Eu quero ver um jogo
profissional de hóquei, mas Disney World! — Ele grita, seu
rosto mostrando sua empolgação.

Anna olha para Maverick. — Disney.

— Parece que vamos para a Disney World, e Ronny, vou


levá-los a um jogo. — Maverick pisca os olhos.

Ronny pula e corre ao redor da mesa, batendo em


Maverick e o abraçando, — Muito obrigado, pai.

Eu juro que poderia ter empurrado Maverick com uma


pena, seus olhos estão cerrados, abraçando Ronny de volta
com a mesma ferocidade.

Ele abre os olhos e eu sorrio para ele, sabendo


exatamente como ele está se sentindo. Nunca quisemos que
Ronny sentisse que tinha que nos chamar assim, queríamos
que essa escolha fosse dele, porque de qualquer forma em
nossos corações ele é nosso.

— Quer mais leite? — Eu pergunto à Anna, que está


assistindo Maverick e Ronny.

Ela balança a cabeça e eu encho seu copo mais uma vez.


Ela se recosta na cadeira e continua a beber seu leite.

O portão da frente envia um alerta pela casa, informando


que Myra está aqui. São nove horas da noite, mas eu realmente
quero dar uma olhada em Anna.
Anna pula assustada, correndo direto para Maverick. —
O que é isso?

— Esse é o portão da frente, querida. — Maverick está


com ela em seus braços como se ela fosse uma criança
pequena, caminhando até o iPad na parede que mostra Myra e
Ryan na câmera.

— Ela é uma médica, querida. Queremos ter certeza de


que você está bem, só isso. — Tento tranquilizá-la, mas ainda
posso ver o leve pânico em seu rosto.

— Ela não vai me levar embora? — Seu lábio inferior


treme enquanto ela tenta conter as lágrimas.

Eu balancei minha cabeça. — Não, querida, apenas uma


visita médica. — Pego sua mão e a seguro.

— Ela também é minha médica, Anna — disse Ronny e se


moveu para ficar ao meu lado.

— Obrigada, querido, — digo a ele, por tentar ajudá-la.

Maverick abre a porta, ainda segurando Anna. — Oi


Myra, entre, — eu os recebo, meus olhos voltando para Anna
para me certificar de que ela está bem.

Ela nos conheceu há algumas horas. Não consigo


imaginar o quão assustada ela está, o quão confusa está. Toda
a sua vida em um período de um dia está completamente
virada de cabeça para baixo.
Myra sorri para ela. — Oi, querida. Meu nome é Myra.
Prazer em conhecê-la.

Anna vira a cabeça no pescoço de Maverick. Esfrego suas


costas, desejando poder tirar isso dela.

Caminhamos até o sofá. Maverick se senta e Anna rasteja


em seu colo, segurando-o para salvar sua vida.

— Ninguém vai tirar você de mim, eu prometo, —


Maverick jura. Ela se agarra a ele, então Myra decide trabalhar
com ela.

Ela faz o exame básico. — Tudo bem, querida, eu vou tirar


um pouco de seu sangue. Vou anestesiá-la, então nem vai
sentir. — Anna enfia o rosto de volta no pescoço de Maverick e
apenas balança a cabeça.

Eu sei que isso o está matando, sua mandíbula está


cerrada com tanta força.

Myra tira o sangue rápido e fácil. Anna nem se move. —


Acho que precisamos entrar em contato com Braelyn, — Myra
sussurra para mim, e eu aceno com a cabeça em concordância.

Ronny faz terapia e ainda vai uma vez por semana. Ronny
se adaptou muito bem porque me conhecia semanas antes de
tudo isso, mas para Anna isso é muito diferente.

Também é tão difícil vê-la lutando e sentindo dor. A


ansiedade está saindo dela
Fecho a porta atrás de Myra e Ryan, esperando até que
eles estejam fora do portão antes de armar novamente.

— Eles se foram, querida. — Ronny está pairando, sem


saber o que fazer, e eu me sinto da mesma maneira.

No momento, Maverick está dando conforto a ela e isso é


o que é importante. Anna olha para cima e ao redor da sala. —
Ela não me fez sair. — Ela suspira e esfrega os olhos.

— Ninguém vai tirar você de nós. Eu prometo isso com


cada fibra do meu ser. — Maverick afasta um fio de cabelo de
seu rosto.

— Eu também, — Ronny interrompe.

— Eu também, querida, falamos sério. — Eu esfrego sua


mão e ela acena com a cabecinha. — Acho que é hora de
dormir. — Maverick está com ela, e Ronny e eu os seguimos
escada acima. — Vá escovar os dentes, querida.

Ronny vai para o banheiro. Ligo o difusor que o ajuda a


dormir. Preciso pegar um para Anna para o quarto dela.

Ronny sai. Pego um de seus livros que ele lê para mim em


voz alta. Subo na cama ao lado dele, e ele se aninha ao meu
lado.

— Anna vai ficar bem? — Ele pergunta com sua voz doce.

Corro minha mão na parte de trás de sua cabeça. — Eu


acho que vai levar algum tempo, baby. Você nos conhecia e eu
sei que foi difícil para você no começo, — eu respondo
honestamente.

— A mãe e o pai dela também foram maus com ela? —


Ele pergunta tristemente.

Eu suspiro. — Eles eram meus pais também. Eles foram


maus comigo, então eu não acho que eles mudaram seus
hábitos.

Ele me abraça um pouco mais forte. — Obrigado por ser


minha mãe.

As lágrimas não podem ser controladas neste momento.


— Obrigada por ser o garoto mais incrível. Eu te amo muito. —
Eu beijo sua testa.

Ele foi ensinado que existem pessoas más neste mundo


desde muito jovem, mas ele aceitou isso com elegância – não
sem cicatrizes, mas estou pasmo de quão forte ele é.

Ele boceja. — Boa noite, querido, — eu sussurro. Eu beijo


sua bochecha e o coloco para dormir.

Deixo a porta entreaberta e espio dentro do quarto de


Anna. Ela está enrolada em sua cama com Maverick, que está
lendo um livro para ela. — Posso me juntar? — Pergunto.

Anna levanta a mão, acenando para mim. Rastejo para a


cama do outro lado dela.

Eu seguro sua mão e nós dois ouvimos Maverick lendo


para ela a história de Branca de Neve.
Aos poucos, seus olhos se fecham. Lentamente saio da
cama e apago a luz, deixando apenas a luz do banheiro acesa
para ela ver e me certificando de que a porta está entreaberta.

— Estou tão cansada. — Coloco um short de dormir e a


camisa de Maverick, gemendo enquanto desabo na cama. —
Que dia de merda. — Arranco meu cabelo do coque e puxo o
cobertor para baixo do pescoço.

Maverick esfrega minhas costas sob minha camisa. — Eu


tenho que ir. Durma, volto em breve. Vou armar toda a casa
até que esteja de volta e um prospecto esteja no portão.

Eu me inclino, olhos fechados, meus lábios caídos para


fora. — Boa noite.

Ele ri. — Durma bem, querida.

Ele apaga a luz, fechando a porta e adormeço.


O CLUBE FICA A APENAS alguns minutos de distância, mas
parece uma eternidade. quanto mais fico perto de Anna, mais
odeio aquele filho da puta do Michael.

Entrando na sala de tortura, como gosto de chamá-la, sou


recompensado com a visão doce de Michael no centro, o filho
da puta que foi estúpido o suficiente para pensar que eu iria
desistir de Bell, seus amigos e o velho filho da puta que eu
acredito que é um membro superior de sua igreja.

— Como estão as meninas? — Lane pergunta,


caminhando até mim.

— Anna está passando por um momento difícil. Ela está


confusa com o que está acontecendo, — confesso a ele.

Isso me matou porra vê-la tão assustada. Ela se agarrou


a mim como se fosse ser arrancada dos meus braços, para
nunca mais me ver.

Não consigo imaginar o quão traumatizante deve ter sido


acordar em uma vida já fodida, mas isso era normal – ser
levada e doada como pagamento.
Os olhos de Michael se arregalam quando ele me vê.
Sorrio, amando o olhar assustado em seu rosto.

— Não o tocamos, mas o informamos sobre o que


planejamos para ele.

Em nosso clube seus pecados são imperdoáveis.

Primeiro ele abusou de Bell durante anos de sua vida. Ele


fez o pior do pior para ela e tomou aquela garotinha como
pagamento.

Nada pode salvar esses filhos da puta desse destino.

— Decidi que, desde que Bell viveu com esse filho da puta
por vinte e cinco anos de sua vida, acho que vinte e cinco dias
de tortura são necessários. — Paro e fico na frente dele,
segurando seu rosto com tanta força que posso sentir seus
dentes.

— Vinte e cinco dias não é nada para o inferno que você


causou a ela, seu homem estúpido e inútil. — Estou enojado
ao vê-lo. — Este homem se casou com uma garota de quatorze
anos. Ele a machucava todos os dias, mas uma coisa que você
nunca fez foi quebrar seu espírito. Essa é a primeira coisa que
vou quebrar em você. — Eu rio. — Primeiro você vai passar
dias sem comer, porque a deixou com fome, lembra? — Seu
rosto gordo começa a tremer. — Você será espancado e
açoitado todos os dias, mas eu tenho que compensar por vinte
e cinco anos agora, — eu o provoco. — Vou comer na sua frente
todos os dias enquanto você está morrendo de fome, como você
fez com ela. Não vou te mostrar misericórdia porque você não
mostrou a ela. — Posso sentir os olhos dos meus irmãos em
mim enquanto ando na frente dele, minha raiva crescendo a
cada segundo. — Vou arrancar cada dente da sua boca, como
se você tivesse arrancado o dela. — Pressiono minha faca em
suas costelas, — Vou quebrar todos os ossos do seu corpo, vou
cortar um pedaço de sua pele todos os dias, então no final eu
vou te dar comida. Vou cortar sua desculpa lamentável de pau
e queimá-lo vivo. — Eu rio, olhando para os meus pés, onde
ele se mijou. — Mas não se preocupe. Serei criativo com o
passar dos dias. Posso até trazer Liam, o especialista em
tortura.

Ele está realmente se cagando neste momento.

Eu me viro para os outros. — Seu trabalho é me dizer


tudo o que você sabe sobre o culto – você vai me contar tudo.
Do contrário, tornarei sua vida um inferno como a dele. Vou
apenas colocar uma bala na sua cabeça e encerrar o dia.

O velho filho da puta cospe nos meus pés. — Não vou me


curvar a Satanás.

Dou a ele um sorriso perverso, com meu coração


disparado. — Esperava que você dissesse isso.

Os caras riem. Eu sei que eles estão morrendo de vontade


de colocar as mãos nesses filhos da puta também.

A porta se abre e Smiley entra, sorrindo de orelha a


orelha. — Estou atrasado?
Eu me aproximo e pego um chicote na parede. — Nah,
estamos apenas começando. — Michael começa a gritar. —
Grite o quanto quiser. Adoro ouvir isso. — Eu olho para o cara
que se expôs a Bell e ele queria uma vez com Anna. — Não
pense que eu esqueci de você. Todos nós ouvimos o que você
planejou para aquela garotinha. — Balanço meu dedo para ele.

Ele vira a cabeça para o lado, vomitando no chão quando


o medo o atinge. Ótimo, eu quero que ele fique apavorado pra
caralho.

— Rasgue a camisa dele. — Meus olhos ainda estão em


Michael.

Um dos prospectos agarra uma faca da parede, corta sua


camisa e tira a calça junto com ela.

Posso dizer que ele está horrorizado por estar quase nu


na nossa frente. Quero humilhá-lo. Quero foder com ele em
todos os sentidos.

Nada jamais será suficiente. Nada chegará perto do que


ele fez com ela. Eu vi essa merda todos os dias.

Ela acha que eu não percebi, mas eu percebi, como ela


estava com medo de comer primeiro, como ela estava com
medo de falar e os ataques de pânico de merda. Percebi essa
merda nas menores coisas.

As cicatrizes em seu corpo por ele a machucar.

O estremecimento se eu tocasse seu rosto.


Eu pego o chicote, sacudindo-o, deixando o som
preencher a sala. Seu rosto está tão pálido que ele parece um
fantasma. Os caras na sala estão rindo.

— Estou surpreso por você não estar usando o Cat Nine


Tails4. — Smiley brinca.

Encolho os ombros. — Tenho que aquecê-lo um pouco.

Agito meu pulso, batendo bem no centro de seu peito. Ele


grita com toda a força de seus pulmões.

Eu rio. — Não seja um bebezinho. Não tenho certeza se


ele pode sobreviver aos vinte e cinco dias, rapazes.

Eu agito meu pulso mais uma vez, acertando-o na


bochecha. — Opa, quase acertou seu olho. — Seus olhos estão
mostrando seu pânico. — Oh, isso seria divertido. Imagine me
ouvir, mas sem saber o que diabos eu faria com você.

Ouço um som de respingos, então vejo o mijo de Michael


acumulando-se no chão. Enojado, eu me viro e olho para o
filho da puta que queria Anna. — Qual o seu nome?

— Charles, — ele responde.

— Charles, nós não gostamos de pedófilos neste clube.


Acho que os caras estão loucos para te pegar. — Eu me viro
para meus irmãos, sorrindo. — Quem quer as primeiras
honras?

4 Um chicote, geralmente com nove linhas ou cordas com nós amarrados a um cabo, usado para
açoite.
Lane dá um passo à frente, agarrando o soco inglês da
mesa. — Eu quero, porra. Se for a última coisa que eu fizer,
quero acabar com cada um de vocês, filhos da puta.

Fecho meus olhos, apreciando o som dos nós dos dedos


estalando em sua mandíbula. O corpo de Michael está
tremendo.

Aperto seu rosto. — Olhe para mim. Nunca tire os olhos


de mim. Se você fizer isso, vou tirar seus olhos, entendeu?

Ele concorda. — Sim, senhor.

Eu rio. — Merda. — Andando atrás dele, eu olho para


suas costas. Levanto meu braço para trás e para frente o mais
forte que posso, e deixo sangue escorrendo das marcas.

Ele grita. E faço isso de novo e de novo até que ele esteja
inconsciente

Pego um balde de água e jogo sobre ele, acordando-o de


volta. Ele olha ao redor da sala, completamente confuso com o
que está acontecendo.

Retorno o trabalho, até que suas costas se assemelham a


algo vindo de um filme de terror.

Atiro o chicote a um prospecto, que o limpa para mim.


Vou ter que recomeçar essa merda quando ele começar a
cicatrizar.
Ele me vê entrando em meu campo de visão e seus olhos
vão diretamente para mim. — Diga-me, por que você a
machucou? E não minta, porra.

Ele engole em seco, olhando ao redor da sala. — Eu não


fiz.

Eu o soco o mais forte que posso, olhando para ele. — Eu


disse para não mentir, — rosno para ele, furioso pra caralho.

Seus olhos se estreitam em mim. — Porque ela era uma


esposa inútil. Tudo o que ela fazia era chorar. Tudo o que pedi
foi que ela aquecesse minha cama, e cozinhasse minha
comida. Ela não fazia nada dessa merda. Precisava ser
castigada diariamente para corrigi-la. Tive que quebrá-la como
a esposa perfeita até que Jessica chegou e a levou. Agora olhe
para ela, ela está fodendo com o diabo. Eu deveria ter feito mais
duramente, — ele explode, vomitando cada pequena coisa que
sentia por ela. — Ela abriu mão daquelas malditas pirralhas.
Teria sido pago por elas, mas não. Já paguei por ela. Eu deveria
ter sido pago por aquelas pirralhas. River ainda está em
disputa, no entanto. Diga-me, onde ela está? — Ele sorri.

— Cale-se! — O velho sibila e meus olhos se alargam ao


perceber. Olho para meus irmãos, e corro para fora da sala
sem me preocupar em olhar para trás para ver se eles me
seguem.

— Porra, rastreie o telefone dela agora! — Digo ao nosso


técnico. Ele pega seu laptop e eu espero enquanto os segundos
passam. — Porra, porra! — Grito, passando minhas mãos por
meu cabelo. Estou puto da vida, mas outra parte de mim está
morrendo de medo.

Eu amo essas garotas.

— Ela está fora da cidade, em Randy Texas.

Sorrio, pegando meu telefone e ligando para meu irmão


Gage, o presidente dos Grim Sinners Rebels que mora lá.

TENTO mudar de posição. Eles fodidamente entraram no


meu trabalho no meio da noite, onde eu estava trabalhando
até tarde.

Minha arma está amarrada na frente da minha calça


jeans. Eu os ouvi entrar e tive tempo de enfiá-la lá antes que
arrombassem a porta.

Remexo meu pulso para testar as cordas com as quais me


amarraram. Esse foi o primeiro erro deles.

Estou deitada no porta-malas do carro. Eu me esforço


com todas as minhas forças para esticar a corda e conseguir
um pouco mais de espaço de manobra.

Funciona.
Meu pai adotivo é um maldito profeta do dia do juízo final.
Ele me preparou para esta merda. Fui adotada quando eu
tinha cinco anos por um pai SEAL da Marinha que sabia o
quão perverso era isto.

Ainda tenho na minha pulseira que ele me deu, um


rastreador que tem um dispositivo de localização. Se eu apertar
o botão, ele enviará um SOS para ele com minha localização.

Graças a Deus eu escutei aquele filho da puta. Afinal, ele


não é tão louco. Eu estava hackeando coisas quando tinha dez
anos e era boa nisso.

Eu rolo e ouço um leve clique quando o botão é


pressionado. Sei que esses caras são do culto. Eu sabia pelo
corte de cabelo e pelas roupas.

Fodidos peregrinos idiotas.

Estamos dirigindo há uma hora quando encostamos em


uma estrada de cascalho. Eles nem sequer checaram o meu
telefone. Está na minha camisa embaixo do meu seio.

Coloquei minhas costas contra a parte de trás do banco.


Levanto meu pé, chuto o farol para fora para poder ver o
exterior.

Tudo que posso ver é uma tonelada de árvores e


escuridão.

Fecho os olhos e rezo para que, se eu for assassinada,


minha mãe não se culpe. Ela é muito doce para este mundo.
E com certeza vou cair lutando.

Espero até pararmos para afrouxar ainda mais minhas


cordas. Prendo a respiração, ouvindo meus captores falarem
como se nada estivesse acontecendo.

Quantas garotas fodidas eles sequestraram?

O porta-malas se abre e eu me deparo com o filho da puta


mais feio que eu já vi.

Olho para ele com nojo um pouco antes de chutá-lo bem


no rosto, então eu saio do porta-malas e o chuto o mais forte
que posso nas bolas.

— Me sequestre de novo, vadia, — eu rosno, pronta para


terminar seu sistema reprodutivo quando levo um soco na
lateral da cabeça.

Tropeço para o lado e sou levantada do chão por dois


deles e carregada para dentro de uma casa.

Eles acendem as luzes e meus olhos precisam se ajustar


ao brilho. Há uma cadeira bem no meio da sala.

Eles me sentam na cadeira com força. Eu me levanto,


chutando quem está na minha frente.

Ele me solta por um segundo, mas outro filho da puta


vem para frente, jogando-me contra a cadeira, fazendo com que
a parte de trás da minha cabeça bata no encosto.
Eu congelo, a dor me oprime por um segundo. Eles
aproveitam esse momento para amarrar outra corda em volta
de mim, prendendo-me à cadeira.

Porra.

Movo meus pés de uma certa maneira que meu pai me


ensinou, então será mais fácil soltar meus pés se eu precisar.

Eles me amarram e dão um passo para trás, sorrindo um


para o outro com alegria. — O que você quer? — Eu pergunto.

Outro homem entra na sala. Ele tem cerca de sessenta


anos. — Você está aqui para ser minha esposa. — Ele sorri,
mostrando seus dentes amarelos.

O quê?

Eu rio, com lágrimas rolando pelo meu rosto. — Prefiro


arrancar meus olhos com uma colher do que me casar com
você, seu filho da puta nojento, — sibilo para ele. Ele é nojento.

O sorriso dele cai. — Mal posso esperar para arrancar


esse fogo de você, cadela. — Ele caminha até mim e agarra meu
rosto com a mão com força, suas unhas compridas e
desagradáveis cravando na minha pele.

Meus olhos nunca deixam os dele. Fico olhando para


aqueles buracos sem vida. O meu mostra as promessas do que
vou fazer a ele. Vou destruí-lo e essa porra de culto.
Eu sorrio para a dor na minha mandíbula, não me
importando que ele vá me machucar. — Saiba que todos
dormem às vezes. — Eu pisquei.

Ele solta meu rosto, dando um passo para trás. Estou


falando sério. Os outros estão de olho nele e não em mim.
Aceito minha parcela.

Solto minhas mãos da corda. Eu me abaixo e tiro minha


arma, destravando em uma fração de segundo a segurança e
apontando-a para o gordo que diz que vai se casar comigo.

Ele tropeça de volta na parede. Eu ri. — Deus, vocês são


todos um bando de filhos da puta inúteis. — Liberto minhas
pernas facilmente, em seguida, puxo a corda sobre minha
cabeça. Inclino-me para trás no assento, olhando para todos
eles. — Eu não tenho certeza por que vocês, filhos da puta,
pensam que são Deus. Vocês adoram espancar mulheres
porque seus paus são pequenos. — Franzo a testa, olhando
para seu pequeno pacote. — Merda, eu tenho uma boceta e
bolas maior do que você, — zombo dele.

Ele engasga comigo sendo vulgar. — Você não vai falar


comigo dessa maneira! — Ele brada.

Reviro meus olhos. — Você não vai falar comigo dessa


maneira, — eu o provoco, jogando meu cabelo por cima do
ombro e me levantando. — Por que você não se senta, caralho?
— Eu aceno para a cadeira.
Ele não se move por um segundo, então eu tomo a
iniciativa e atiro em seu pé, golpeando seu dedo mindinho.

Ele grita e tropeça na cadeira, que range, e eu quase


tenho medo que essa merda caia pelo chão.

A porta é aberta e um homem lindo atravessa a porta.


Meus olhos vão para seu colete, que diz, Grim Sinners Sinners
Rebels, Gage, Presidente.

Ele olha ao redor da sala e sorri para a cena diante dele.


— Parece que alguém começou a festa sem mim.

Aproximando-se, olhando para baixo. Eu atinjo o centro


de seu peito. Ele é gigantesco. — River? — Ele pergunta.

Eu sorrio. — Sou eu. Parece que fui sequestrada.

Ele joga a cabeça para trás e ri, as veias saltando em sua


garganta. — Que vergonha, meu bem. Eu vim aqui para
resgatá-la. Parece que eu preciso resgatar esses filhos da puta.

Eu rio junto com ele, o que é uma merda. — Não, eles


queriam, e eu repito, 'me dar uma surra, vagabunda'.

O sorriso de Gage desaparece. Eu vejo o fogo em seus


olhos e o sorriso perverso. — Oh, eles disseram, hein? Parece
que a diversão está apenas começando.
EU NEM SINTO a estrada, estou dirigindo muito rápido para
River. Estou preocupado pra caralho.

Meu irmão deveria ter chegado lá quinze minutos atrás.


Eu paro com meus irmãos em uma casa no meio do nada.

No segundo em que desligamos as motos, ouço os gritos.

Corro para dentro da casa sem pensar duas vezes, meu


maldito coração prestes a explodir pensando que é River.

Empurro a porta e paro, com meus olhos indo para River,


que está esculpindo PUTA no peito de um velho. Gage, meu
maldito irmão louco, está parado parecendo um namorado
orgulhoso.

Que porra é essa?

Gage se vira para mim. — Porra, irmão, você agiu como


se a merda fosse terrível. Eu vim aqui e ela já tinha atirado no
dedo do pé do velho. — Ele se aproxima e dá um tapa no meu
ombro. Estou muito velho para essa merda.

River coloca a faca no balcão. — Esqueci de mencionar


que meu pai adotivo era um SEAL da Marinha louco que é
obcecado com esse tipo de merda? — Ela arruma a camisa
como se nada estivesse acontecendo.

Fico olhando para ela como se ela tivesse uma porra de


uma terceira cabeça. — Eu tenho sangue no rosto? — Pergunta
a Gage.
— Porra, eu queria que você tivesse, isso a deixaria mais
bonita.

Minha cabeça vira para olhar para ele. — Que porra é


essa? — Eu rosno.

River coloca o dedo no pequeno colete em seu braço,


levando o sangue até o rosto, esfregando-o na bochecha.

Gage olha para mim, sério. — Vou ficar com ela. — Ele se
abaixa e a pega do chão, levando-a para fora de casa.

River apenas ri, olhando para mim. — Estou bem,


Maverick, — ela me tranquiliza.

— Gage, coloque-a no chão antes que eu coloque uma


bala em você.

Gage se vira com ela ainda em seus braços. — Irmão, você


me conhece.

Eu realmente o conheço. Meu irmão é o melhor, mas ele


também é louco pra caralho. Ele não dá a mínima para o que
faz, nunca. Ele era um membro dos Sinners, mas decidiu
começar seu próprio clube para pessoas assim. Os Rebels.

— Bell, — eu digo, e River me dá um olhar suave.

— Amo a minha mãe, mais do que a vida, mas tenho que


viver a minha. Desta vez, aceito ser sequestrada.

Gage ri. Ele a coloca em sua moto e fica na frente dela.


Ele me acena com a porra do dedo e vai embora.
Meus irmãos estão atrás de mim, confusos como eu, —
Seu irmão acabou de sequestrar River? — Smiley pergunta.

Eu rio. — Na verdade, acho que ela o fez.

Todos eles explodiram em gargalhadas, mas eu tenho


alguns filhos da puta para matar que acharam uma boa ideia
sequestrar minha garota.

Que noite ótima.

Vinte e cinco dias depois

HOJE É o dia em que finalmente tiro Michael de sua


miséria. Já se passaram vinte e cinco dias, mas estou cansado
de ficar olhando para ele todos os dias.

Abrindo a porta, ele está sentado no canto em uma bola


em sua própria urina e merda.

Eu me aproximo, com minha arma na minha mão. Eu me


curvo para poder falar com ele. Ele está ferrado, mas não tenho
remorso.

Ele revelou um monte de coisas que Bell nunca me disse


– essa merda me assombra. — Já se passaram vinte e cinco
dias. É hora de você queimar no inferno. É hora de você sofrer
por toda a eternidade. Vou viver minha vida feliz com Bell e
meus filhos. Você não será nada além de uma pira em chamas.

Eu pressiono a arma contra seu coração, vendo a vida


esvair-se de seus olhos, acabando com ele. Eu me viro e não
olho para trás. Essa parte da vida de Bell está acabada.

Agora temos mais uma missão

Seus pais.
— PODEMOS IR AO PARQUE ? — Anna pergunta, sentando-
se comigo, coberta por um cobertor, enquanto Ronny está
treinando.

Eu puxo o cobertor mais para cima para me certificar de


que ela fique aquecida. — Nós com certeza podemos, querida.
O treino termina a qualquer minuto.

Eu estou grávida.

Com tudo o que aconteceu com River, esqueci. Quando


Maverick voltou para casa e me contou o que aconteceu, eu
enlouqueci.

Não consigo lidar com algo acontecendo com meus bebês.

Acariciei a face de Anna. Ela se adaptou bem conosco. A


primeira semana foi difícil; ela ficava aterrorizada com tudo.

Foi preciso tranquilizar muito para que ninguém a


magoasse. Ronny foi uma grande ajuda. Ela confiava nele
completamente em primeiro lugar. Ela confiou na palavra dele
de que estava segura conosco.
Então um dia ela se aproximou e perguntou se eu poderia
segurá-la. Isso mudou minha vida.

Fiquei tão feliz que chorei por horas. Acho que são os
hormônios da gravidez. Não tenho certeza de como vou dizer a
Maverick.

Sei que ele queria filhos, mas nós temos esses dois – e se
isso for tudo o que ele queira? Fecho meus olhos, deixando a
ansiedade tomar conta de mim, em seguida, afastando-a. Não
há nenhum ponto em surtar por causa de algo até que eu
saiba.

Escondi o teste embaixo da pia. Amanhã faremos uma


viagem para Kentucky, onde meus pais estão.

Smiley e Adeline estão chegando. Adeline vai cuidar das


crianças no hotel enquanto eu vejo meus pais.

Pensei em deixar Jessica cuidá-los, mas Anna ouviu e


entrou em pânico.

Ela é super apegada a mim e a Maverick. E ainda está


com medo de ser tirada de nós.

Ela tem pesadelos todas as noites. Com alguns, ela


apenas rola e volta a dormir, mas os outros a aterrorizam
profundamente.

Ela corre para o nosso quarto e se agarra a Maverick,


depois volta a dormir. Eu sorrio ao vê-la dormindo. Eu a
envolvo com mais força.
A única coisa de que não gosto nesses jogos e treinos é o
frio. Aprendemos da maneira mais difícil, então levamos
cobertores, bebidas quentes e algo para sentar, porque esses
assentos são frios.

Maverick entra na sala. Ele olha em volta até ver a mim e


a Anna.

Deus, ele é tão sexy.

Todas as mães se viram para olhar para ele caminhando


para mim. Eu o admiro também. Ele é um ótimo pai – o melhor.
Está lá o tempo todo, e não há nada mais atraente do que isso.

— Olá baby. — Ele se senta ao meu lado, seu braço em


volta das minhas costas, puxando Anna e eu para o seu lado.

— Oi. — Eu beijo a parte inferior de sua mandíbula,


sorrindo.

Apenas faça agora, acabe com isso para não causar um


ataque de pânico a si mesma, digo a mim mesma.

— Tenho que te dizer uma coisa. — Eu me sento, olhando


para ele, falando sério.

Seus olhos se arregalam com a minha expressão. — O


que é? Você está doente? — Ele passa a mão pelo meu braço.

Eu balanço minha cabeça. — Estou bem, um pouco


enjoada, mas isso tende a acontecer, — insinuo, mas estou
morrendo por dentro esperando que ele compreenda o que
estou tentando dizer.
Ele coloca as costas da mão na minha testa. — Você quer
que eu te leve ao médico? — Ele se inclina para frente, beijando
minha testa. — Não está quente, sem febre. — Ele sorri. —
Bem, você é definitivamente quente.

Eu rio dele sendo cafona. Hesito por um segundo, mas sei


que ele me ama e acho que estou sendo completamente
ridícula.

Eu pego sua mão na minha, pressionando-a contra meu


estômago. — Fiz um teste esta manhã. Deu positivo.

Ele olha para sua mão pressionada contra meu estômago.


— Grávida? — Ele diz, tão baixinho que eu mal consigo ouvi-
lo, antes que ele sorria um sorriso de pura felicidade. — Estou
muito feliz. — Ele se inclina para me beijar, certificando-se de
não empurrar Anna.

Lágrimas estão caindo dos meus olhos em nosso beijo,


misturando-se. O peso do mundo está fora dos meus ombros.
Eu estava com medo sem motivo.

Estou tão feliz.

Sou tão abençoada. Cada luta que tive em minha vida


valeu a pena, porque tudo com que sempre sonhei está
acontecendo.

Ele interrompe o beijo, a testa pressionada contra a


minha. — Eu sou sortudo do caralho. Você me deu uma vida,
baby. — Ele ri, balançando a cabeça levemente como se não
acreditasse que isso esteja acontecendo.
Isto é. Eu vou ter um bebê. Isso completará nossa família.
Minha mão vai para sua nuca, esfregando levemente,
aquecendo-se neste momento.

— Precisamos levá-la ao médico o mais rápido possível.


— Ele se levanta abruptamente, com o telefone na frente do
ouvido.

Ronny sai do gelo, pisando firme em seu assento e tirando


os patins. Ele olha para nós e sorri. — Mãe, o que há para o
jantar?

Ele está sempre com fome. — Vamos comer lasanha.

Ele bombeia o ar com o punho e começa a desamarrar os


patins ainda mais rápido. Maverick desliga o telefone. — Temos
uma consulta pela manhã, antes de partirmos. Talvez seja
melhor apenas eu ir

Eu olho para ele. — Não, eu preciso fazer isso. Preciso que


essa última peça do quebra-cabeça saia da minha vida.

Ele suspira. — Porra, eu sei, querida, mas você sabe que


essa merda é difícil para mim. Estou levando Shaylin apenas
no caso. Eu não posso lutando com aquela vadia, mas Shaylin
pode.

Oh, meu Deus. — Maverick, eu não vou brigar com ela.

Ele ri. — Querida, eu só vou bater na cara do seu pai de


merda, ponto final.
Encolho os ombros. — Honestamente não me importo
com o que acontece com eles. Nunca desejei que coisas ruins
acontecessem com eles até que eu vi esse bebê precioso.

Analiso o lindo rosto de Anna. Ela é tão linda e seu


coração é tão puro, mas ela tem demônios que a perseguem.
Esses são dos meus pais. Eles causaram isso.

— Eles fizeram isso com você, baby. Não posso esquecer


esse fato também. Estou furioso pra caralho.

— Cuidado com a língua, — grita uma senhora mais velha


atrás de nós.

Eu me viro e olho para a senhora, confusa. Estamos


sussurrando porque Anna está literalmente dormindo ao meu
lado.

Ela olha para nós como se fôssemos uma escória. —


Vocês dois são nojentos.

Maverick aponta o dedo para ela. — Cuide da sua vida,


— ele rosna. Posso dizer que ele está puto da vida e eu também.

Ela engasga em choque, segurando o peito como se


estivesse tendo um ataque cardíaco. — É assim que você está
ensinando seus filhos?

Isso é o que me irrita. Eu levanto Anna, colocando-a nos


braços de Maverick, e subo as arquibancadas até ela.
Eu sento na frente dela, olhando. — O que está doendo
tanto dentro de você que você tem que ser feia com os outros?
— Pergunto.

Posso dizer que ela está chocada. Uma parte de mim quer
rasgá-la, mas também sei que todo mundo está ferido.

Ela olha para o chão. — Meu marido está me traindo.


Estou com muita raiva do mundo.

Suspiro em simpatia. — Lamento que esteja acontecendo


com você, mas isso fez você se sentir melhor, sendo má para
nós?

Seu rosto fica vermelho, mostrando sua vergonha. Ela


balança a cabeça negativamente. Eu sorrio, balançando a
cabeça. — Eu não penso assim. Tome isso como uma lição para
ser boa com os outros porque todos sofrem. Mas, da próxima
vez, alguém pode não ser tolerante com sua atitude. Eu poderia
ter batido na sua bunda, mas decidi ser legal hoje, mas da
próxima vez não serei. — Eu pisco e a deixo sem palavras.

Maverick, por outro lado, está meio deitado, rindo com


Ronny. Ao seu lado Anna também está bem acordada,

— Você é a durona mais legal que eu já vi, querida, —


Maverick diz através de suas risadas, puxando-me para ele e
me beijando.

Meu rosto está queimando. — Eu simplesmente não


consigo ser má. Eu quero ser tão ruim às vezes. — Bato meu
pé levemente e Maverick ri tão alto que explode ao redor do
rinque.

— Mãe, você é muito legal para ser má. — Ronny me


abraça pela cintura. Eu me curvo e o abraço de volta.

Eu sei que farei tudo e qualquer coisa para proteger meus


filhos, não importa o que aconteça.

— Eu te amo, meu garoto. — Aperto um pouco mais forte.


Um dia ele vai envelhecer e os abraços vão acabar.

— Eu te amo, mamãe.

Deus meu coração

Anna toma seu lugar do outro lado, abraçando-me e


Ronny. — Abraço de família. — Maverick pega sua deixa e
estamos todos amontoados.

— Gente, eu realmente estou morrendo de fome. — Ronny


interrompe o momento, sua voz abafada por ser espremida. Eu
rio e o deixo ir. — Vamos, vamos alimentar nosso menino.

A manhã seguinte

ESTAMOS no avião há uma hora. Estou olhando as fotos


de ultrassom do meu bebê.
Estou grávida de dez semanas.

Estou feliz da vida. Ouvir os batimentos cardíacos pela


primeira vez foi uma mudança de vida. As crianças estavam lá
comigo e Maverick. Foi um momento que nunca esquecerei.

Contamos às crianças assim que voltamos do treino de


Ronny. Eles ficaram entusiasmados. Anna acha que o bebê é
dela para criar. Ela ficou no meu telefone olhando coisas de
bebê a noite toda.

Ronny está apenas querendo ensiná-lo a jogar hóquei. Há


dias ele tenta convencer Anna a aprender com ele, mas ela só
quer ser princesa.

Anna e Tianna estão brincando de boneca no chão do


avião – ambas têm a mesma idade.

Imagine meu choque quando chegamos ao aeroporto e


um jato particular estava esperando por nós. Eu sabia que o
clube tinha dinheiro, mas nunca esperei por isso.

Zach está assistindo a um filme com Ronny. Estou feliz


que eles tenham alguém para se divertir durante o passeio.

Não quero que Anna saiba que estamos em Kentucky


para ver nossos pais. Depois disso, iremos de férias para a
Disney.

Butcher está quieto. Ele realmente não fala, e se fala é


com Shaylin, que se parece muito com seu pai Smiley. Ele está
aqui conosco, junto com Adeline.
Anna rasteja até nós, dando-nos enormes olhos de
cachorrinho, e dá um tapinha no joelho de Maverick. — Qual
é o problema? — Ele pergunta.

— Posso ter um cachorrinho? — Pergunta com a vozinha


mais doce de todos os tempos.

Ela é boa, eu admito. — Se você pudesse – e isso é um se


– que tipo você gostaria?

— Um poodle! — Ela diz muito animada. — Eles são tão,


tão fofos! — Ela jorra e começa a listar fatos sobre poodles e
por que eles são tão bons.

Maverick se senta e a ouve divagar sem parar sobre como


ela vai cuidar disso, adoro.

As crianças não estão na escola. Decidimos estudar em


casa pelo resto do ano letivo e iremos mandá-los para a escola
com o resto das crianças do MC.

A SSIM QUE dirigimos pela estrada familiar, os nervos


começam a bater. Não vejo meus pais desde que tinha quatorze
anos e tive que andar pelo corredor da igreja.
Lembro-me de ter implorado à minha mãe no banheiro
onde me preparava para me levar para casa com ela, mas ela
me disse que era meu dever como mulher casar ou eu os
envergonharia.

Mal sabia eu que ele pagou por mim.

— Lá está o trailer. — Eu me inclino para frente,


apontando. Há um monte de garotas que conheci quando
crianças trabalhando no jardim.

Elas tiveram o mesmo destino que eu. Eu me pergunto se


suas vidas eram melhores. Acho que gostaria de falar com elas
e talvez ver se posso ajudá-las de alguma forma.

Butcher estaciona o SUV em frente. Eu olho para a casa


e parece a mesma, mas mais degradada.

— Não precisamos fazer isso, — diz Maverick, segurando


minha mão com mais força.

Eu lambo meus lábios, inspirando e expirando, tentando


acalmar meus nervos o melhor que posso. Estou apavorada em
vê-los, mas também estou com muita raiva pela maneira como
trataram Anna.

— Apenas fique comigo?

Seu rosto se suaviza. — Nunca iria deixar você, baby,


nunca. — Ele pega minha mão e sai do SUV comigo atrás dele.

Shaylin fica do meu outro lado. Smiley ficou com Adeline


para ajudar as crianças.
A porta se abre antes mesmo que possamos pisar na
varanda. O rosto de meu pai aparece quando ele sai.

Ele parece mais velho. O tempo não o tratou bem.

Posso dizer que ele está chocado. Seus olhos vão de


Maverick para Butcher antes de se estabelecerem em mim.

— Isabella? — Ele questiona.

— Sou eu, — confirmo, meu corpo tremendo ao vê-lo


depois de tanto tempo e tantas memórias vindo à tona, não
boas.

Fecho meus olhos enquanto as imagens dele me batendo


por derramar minha comida correm pela minha cabeça. Não
pude comer por alguns dias depois disso como punição.

Eu não tinha paz. Tinha que pisar em ovos. Deus me livre


de vomitar; era deixado para mim e se eu fizesse uma bagunça,
eu estava em apuros.

Ninguém se importava comigo.

Eu nem tenho certeza de como estou viva.

Maverick dá um passo na minha frente, subindo a


varanda e me empurrando para dentro. Shaylin pega minha
mão, segurando-a com força enquanto seguimos Maverick.

Eu mordo meu lábio para parar o tremor, me sinto como


se tivesse treze anos de novo e com medo dos meus pais.
Olho em volta da casa. É exatamente a mesma, só que
muito mais velha e tudo está desgastado.

Vejo uma boneca Barbie no canto da sala. A menina


assustada se foi e foi substituída pela raiva pelo que aconteceu
com Anna.

Minha mãe fica boquiaberta ao me ver. — Isabella, por


que você está aqui? Você não deveria estar com seu marido?

Isso envia um arrepio pela minha espinha. — Não


estamos aqui para falar de mim. Estamos aqui para falar sobre
o quão nojenta você é.

Seu rosto mostra seu choque com a minha linguagem, oh


sim. — O quê? — Ela diz, tão dramaticamente que eu quero
vomitar.

Meu pai está ao seu lado, a mão em seu ombro. — Qual


é o significado disso, Isabella? Eu te ensinei melhor do que
isso, — ele me repreende como se eu fosse uma criança.

Eu rio. — Você está brincando comigo? Você não me


ensinou nada! Você me entregou quando era criança. Fiquei
noiva aos treze anos e casei-me aos quatorze! Eu fui vendida.
— Eu me impedi de chamá-lo de “pai” ele não merece o título.

Seu rosto mostra sua raiva. — Você envergonhou esta


família, você e sua irmã! — Ele sibila.

Isso me irrita de uma vez. — Anna? Ela é um bebê!

Seu rosto muda para confusão. — Não, Daniella.


O quê? Do que ele está falando?

— Depois que você se casou, sua mãe engravidou


novamente de Daniella. Daniella morreu logo após dar à luz
Anna.

Eu estou perplexa, PERPLEXA. Anna não é minha irmã,


ela é minha sobrinha...

Maverick também parece chocado. — O que aconteceu


com ela?

Ele encolhe os ombros. Ele dá de ombros, porra. — O


marido de Daniella disse que ela estava se comportando mal e
que ela foi levada à igreja para corrigir o problema, o que era a
coisa certa a fazer. A próxima coisa que soubemos é que Anna
estava à nossa porta. Daniella morreu, deixando-nos para criar
Anna.

Que porra é essa?

Minha cabeça está girando: — Qual é o nome do marido


dela? — Eu insisto.

— Randy McCormick.

Eu sei exatamente quem é. Saio correndo de casa para


poder respirar. Eu tenho uma irmã que está morta ou ela foi
assassinada?
O ROSTO DE B ELL mostra completo horror. Eu aceno para
Butcher e Shaylin, dando-lhes sinal verde para fazerem o que
quiserem.

Minha garota precisa de mim mais do que eu preciso de


justiça.

— Baby. — Eu seguro seus braços, tentando chamar sua


atenção.

Ela inclina a cabeça para cima, os olhos cheios de


lágrimas. — Eles são pessoas horríveis, Maverick. Eles são
conhecidos por isso. Precisamos confirmar que ela está morta.

— Nós vamos, baby. Deixe-me ligar para River. — Abro a


porta do SUV, ajudando-a a entrar para que ela não saia com
este calor.

Eu fico ao telefone enquanto ela procura. Ela é a melhor


e o clube a tem usado muito ultimamente para coisas assim.

Posso ouvir meu irmão no fundo rindo pra caramba,


provavelmente de algo completamente estúpido

— Encontrei-a. Não acho que ela está morta. Eu hackeei


o telefone do filho da puta – também conhecido como o marido
– e ele mandou uma mensagem para o pai dela há alguns dias,
avisando-o agora que ela deve estar pronta em breve.

Porra.
Não sei se estou aliviado ou não por saber que ela está
viva. Não consigo imaginar as coisas pelas quais ela passou, se
for verdade.

Abro a porta e Bell se adianta, pronta para descobrir a


verdade. — River não acha que ela esteja morta. Temos o
endereço.

— Estou indo para lá. Não comece sem mim. Gage,


levante sua bunda. Estamos indo para Kentucky! — River grita
e depois desliga. Coloquei meu telefone no bolso, pegando Bell
em meus braços.

Bell está horrorizada. — Maverick, estou com medo de ver


como ela está. — Ela está tremendo. Se for pior do que os
horrores que ela enfrentou ...

— Eu voltarei. — Fecho a porta e tranco para que


ninguém tente entrar. Dentro da casa, Butcher está com o pai
no chão como uma bola, chorando, com cortes de faca
cobrindo-o.

Shaylin está gargalhando enquanto corta o cabelo da mãe


de Bell, deixando-a completamente careca com alguns fios
aqui e ali.

— Precisamos deixá-los amarrados nos próximos dias.


Temos algumas merdas que precisamos resolver.

Shaylin faz beicinho. — Você quer dizer não há mais


diversão? — Ela arrasta a arma no rosto da mãe.
— Deixe-me te explicar. — Eu aceno para a porta e para
a varanda e digo a eles todas as informações.

— Isso é tão fodido, Maverick. Eu não aguento essa


merda. Podemos simplesmente matar todos eles e seguir em
frente? — Shaylin expulsa.

— Quem me dera, porra.

B ELL ESTÁ PERDIDA EM PENSAMENTOS , mas as crianças a


mantêm feliz. Eu posso ver que essa merda está montando sua
cabeça.

Não posso dizer que a culpo.

Os horrores que ela enfrentou me fodem. Todas as noites


tenho pesadelos. Vai contra cada parte de mim que ela foi
ferida e eu não pude salvá-la.

A porta é aberta. Gage entra primeiro e depois River,


sorrindo. — Cheguei. Quem está pronto para foder alguma
merda?

Shaylin inclina a cabeça para o lado, estudando-a, com


os olhos estreitos. — Você sabe atirar?
River sorri. — Apenas as bolas de uma formiga.

Shaylin fica com aquele sorriso maluco no rosto, — tenho


uma mini eu? Eu acho que tenho. Vou te ensinar uns truques.
— Ela agarra a mão de River e a puxa para o lado da sala onde
tem com suas armas.

Olho para Butcher, que deveria estar em pânico, mas está


apenas afiando sua faca. Smiley está sorrindo aquele sorriso
maldito. Gage se senta ao lado de Butcher, afiando sua faca
também.

River para de falar. — Onde está minha mãe? — Ela


pergunta.

— Ela está aqui. — Eu aceno para a janela, onde Bell está


parcialmente escondida pela cadeira.

River caminha até mim. — Ela está bem? — Pergunta.

Balancei minha cabeça. — Sua mente está correndo com


os e se agora.

River caminha até sua mãe, abraçando-a. Bell a abraça


forte. — Eu te amo, minha doce menina.

Gage observa River. — Você realmente se importa com


ela? — Pergunto-lhe.

Ele concorda. — Foda-se, sim. Quando você sabe, você


sabe.
Isso, sem dúvida. No segundo em que conheci Bell, tudo
mudou, mas é a melhor mudança.

— Estamos prontos, — Smiley diz.

Adeline se aproxima e se senta ao lado de Bell. Bell parece


tão triste e derrotada.

Eu me aproximo dela. — Estaremos de volta em breve,


querida. — Eu a beijo nos lábios, minha mão na sua nuca,
puxando-a profundamente.

Não tenho certeza do que esperar.

PARAMOS em uma pequena cabana no meio do nada.


Dirigimos por quase uma hora fora de uma cidade já pequena.

Não há uma única alma ao redor da cabana, apenas uma


pequena luz acesa dentro que parece uma porra de uma
lanterna.

— Talvez eu deva ir primeiro? — Shaylin sugere.

— Porra, não, você não vai — sibila Butcher, pegando sua


mão para que ela não possa ir direto para a porra da porta.
— Vou dar a volta. — Smiley corre atrás da casa. Não dou
ouvidos aos brigões.

Espreito dentro da janela. Vejo um pequeno corpo


sentado à mesa. Ela se vira para me olhar na janela e salta da
cadeira, pulando assustada.

Mas eu reconheceria esses olhos em qualquer lugar.

Porra, espero não a ter assustado.

— Acho que é ela, — digo à River. Ela se aproxima da


porta e bate. — Daniella? — River grita.

Ouço passos fracos atrás da porta. — Quem é? — Consigo


ouvir o tremor em sua voz, mesmo através da porta.

— Meu nome é River. O seu?

Ela não fala por alguns momentos. — Daniella. — Sua


voz é quase inaudível, mas todos nós a ouvimos.

Meu coração está batendo tão forte no meu peito. — Eu


sou sua sobrinha; Bell é minha mãe.

A porta se abre tão rápido que dou um passo para trás,


levando River comigo. Os olhos de Daniella vão para River,
examinando-a. — Bell está morta. — Eu posso ver a raiva em
seu rosto.

— Ela não está; ela é minha namorada. Esta é a filha dela.


— Coloquei minha mão no ombro de River.
Ela balança a cabeça negativamente. — Você está
mentindo para mim. Ela está morta. Isso é o que eles me
disseram! — Ela sibila, seus olhos brilhando com fogo.

Pego meu telefone e mostro a ela uma foto de Bell. — Essa


é ela. — Ela pega o telefone, examinando a foto.

Ela cobre a boca com a mão. — Pensei que a tinha


perdido. Eu pensei que tinha perdido todos. — Ela sorri. —
Estou feliz que ela saiu; isso me deixa feliz. Nunca conheci Bell,
mas parecia como se sempre a conhecesse.

Ela suspira, afastando-se da porta. — Você gostaria de


entrar?

Deslizo ao lado dela e os outros me seguem. Meus olhos


vão direto para a foto emoldurada de um bebê recém-nascido.

Eu me aproximo, pegando. — Por favor, não quebre isso.


É tudo o que tenho dela. — Ela pega a moldura de mim,
colocando-a contra o peito.

Eu a estudo. Seu rosto está mostrando sua dor. — O que


aconteceu com ela?

A cabeça de Daniella cai. — A gripe. Eu estava muito


doente e então acordei depois de passar vários dias doente e
me disseram que ela morreu por causa disso.

Por favor, me diga que eles mentiram para essa garota. —


Qual era o nome dela? — Hesito em perguntar, os outros se
aproximando para ouvir.
Ela sorri, olhando para a foto. — Anna, meu doce bebê.

PORRA.
ISSO É MUITO PIOR DO que eu pensava. Não consigo imaginar
pensar que meu bebê estava morto, mas na realidade ela não
está.

Comovente pra caralho.

Como posso dizer a alguém que a filha dela não está


morta, mas foi vendida, caralho?

Eles a usaram como moeda de troca.

— Por que vocês estão me olhando assim? — Seus olhos


se arregalam. Ela se parece muito com Bell, mas seu cabelo é
castanho escuro como o de seu pai.

— Até hoje cedo nós não sabíamos que você existia, porra.
Viemos aqui para confrontar seus pais sobre o que eles fizeram
para... — Soltei um grande suspiro. — Para Anna.

Ela dá um passo para trás. — Por que você está fazendo


isto comigo? Já sofri o suficiente. — Ela coloca a foto na mesa,
embalando a cabeça. — Você me machucou o suficiente, por
favor, saia!
Deus, isso dói.

— Não, olhe! — Pego meu telefone e mostro a ela uma foto


de Bell e Anna sentadas juntas.

Ela olha para o telefone e depois para a foto de Anna como


um bebê. — Você está me dizendo que minha bebê não está
morta?

Balancei minha cabeça. — Nós não sabíamos sobre ela


até um mês atrás. Bell deixou o marido e ele estava atrás dela.
Em troca, eles tentaram nos dar Anna.

Ela cai no chão, segurando-se enquanto desmorona. Eu


me agacho na frente dela. — Ela não se machucou. Ela esteve
com seus pais essa porra tempo todo. Ela está bem; ela está
feliz.

— Por favor, eu imploro, leve-me até ela. Eu farei qualquer


coisa, — ela implora.

River pega suas mãos, levantando-a. — Vamos sair agora,


eu prometo.

Seu rosto muda para um vazio de emoção. — Qual é o


problema? — Eu pergunto a ela.

Ela balança a cabeça. — Ele vai me encontrar, ele vai me


machucar. Não posso deixá-la correr perigo.

— Você não estará em perigo. Vamos mantê-la segura, e


Anna também, — eu a tranquilizo. — Ela está morando
conosco. Temos muito espaço. Ok? — Eu sorrio.
Ela acena com a cabeça. — Talvez não devêssemos dizer
a ela quem eu sou logo de cara? Talvez deixe ela me conhecer
e dizer a ela quando chegar a hora certa?

— O que você quiser.

Ela sorri, seus olhos brilhando. — Vamos ver minha bebê.

MAVERICK me LIGOU no caminho de volta para cá. Daniella


está viva e muito melhor do que eu esperava, mas está pior em
alguns aspectos. Disseram a ela que Anna estava morta.

Anna está brincando com Ronny, e os segundos estão se


movendo muito devagar. Meu estômago está doendo com a
preocupação constante sobre como isso vai acontecer.

Estou tão feliz por ela estar viva. Nunca soube que ela
existia até hoje, mas nunca orei mais por alguém.

Ela merece uma vida feliz. Pensando que sua filha estava
morta, mas realmente não estava?

Isso me quebraria, porra.

Eles fizeram isso para controlá-la, isso é uma coisa da


qual estou completamente certa. Eu não permitiria que eles
fizessem isso com minhas filhas.
Adeline está andando pela sala, tão nervosa quanto eu.
Maverick também me disse que Daniella tomou a decisão de
não contar a verdade à Anna por um tempo. Estou muito grata
por isso. Anna já passou por muitas coisas e só agora está
superando.

A porta do hotel se abre. River é a primeira a passar,


seguida por Maverick e uma garota da idade de Jessica.

Ela parece tão assustada. Tenho certeza de que tinha


uma expressão semelhante em meu rosto quando Jessica me
resgatou daquela vida.

Lentamente caminho até ela, minhas mãos na minha


frente. Ela me vê. — Bell? — Ela pergunta.

Concordo. — É tão bom conhecê-la. — Sorrio, ansiosa


para puxá-la para mim e abraçá-la.

Ela divide a distância e me abraça. Eu a envolvo com força


e a seguro pelo tempo que ela precisa. Não consigo imaginar
com o que ela está lidando agora.

Maverick está ao meu lado, com a mão nas minhas


costas, enquanto compartilhamos este momento juntos.

Ela se afasta. Eu limpo as lágrimas de seu rosto. —


Pronta para conhecer sua garota?

Ela acena com a cabeça, uma lágrima caindo, e eu pego


sua mão, levando-a até Anna, que está segurando sua Barbie
na mão.
— Anna, eu quero apresentá-la a Daniella.

Anna ergue os olhos e sorri para Daniella. — Eu já vi as


fotos dela antes. Ela é minha primeira mãe que morreu, então
eu tive minha segunda mãe, que é a mãe Bell.

Os olhos de Anna se arregalam como se ela não pudesse


acreditar que ouviu isso, então ela examinou nós duas,
confusa.

Ela acabou de dizer isso?

— Espere, estou confusa. O que está acontecendo? —


Anna esfrega a testa. Sento-me ao lado dela, pegando sua mão.

Afasto seu cabelo do rosto. — Ela não está morta, baby.


Nós pensamos que ela estava, — eu confesso a ela.

Anna olha para ela, piscando. — Isso significa que você é


minha mãe?

Daniella parece que está a segundos de desmaiar. Eu não


a culpo. Achei que Anna não tivesse a menor ideia sobre ela;
nunca a mencionou. Eu também não sabia de nada.

Que bagunça.

Meu coração dói pelas duas. — Eu posso ser se você


quiser que eu seja. — Daniella responde à pergunta de Anna
tão suavemente, sua voz falhando enquanto ela segura as
emoções.
Anna encolhe os ombros, sorrindo. — Quer brincar de
Barbie comigo?

Daniella a encara com estrelas nos olhos. — Eu adoraria.


— Ela chega tão perto de Anna quanto ela deixa.

Eu me levanto e atravesso a sala até Maverick e os outros.


— Eu acho que todos nós vamos ficar bem, — sussurro,
oprimida.

Maverick sorri, sua mão indo para o meu estômago. — Eu


sei que ficaremos. — Eu descanso minha cabeça contra seu
peito. — Um dia de cada vez.

Manhã seguinte

PEGO algumas roupas minhas para Daniella vestir. Não


tenho certeza se vão caber, já que ela é tão pequena.

Saindo do quarto, vejo que ela está dormindo do lado de


fora da porta do quarto de Anna como se a estivesse
protegendo.

Eu me curvo, tocando seu ombro. Ela acorda de repente,


olhando em volta assustada. — Sou só eu.

Ela aperta o peito, encostada na porta. Sento-me ao seu


lado, entregando-lhe as roupas.
— Estou com tanto medo, — ela confessa, esfregando os
olhos, o cabelo caindo sobre os ombros.

Eu repasso em minha mente o quão apavorada eu estava


quando parti. — Eu também. Fiquei com ele vinte e cinco anos
até que minhas filhas me encontraram. A vida do culto é tão
diferente da vida real. Acredite em mim, fica melhor.

Ela sorri para mim fracamente. — Já está melhor. Minha


filha vale tudo isso. Não me importo se tenho que dormir do
lado de fora só para vê-la. Isso é tudo que preciso.

Eu pego sua mão, precisando tocá-la. — Você terá mais


do que isso. Tenho uma ótima terapeuta que pode ajudá-la a
se adaptar à vida real. Ela me salvou em muitos níveis, mas
você também tem a chance de ser feliz e não se machucar. —
Eu digo a última parte hesitantemente.

Ela estremece. — Eu estava em insolação. Este foi o


terceiro mês, — confessa. Fecho meus olhos. Já ouvi falar
disso, mas nunca tive que experimentar.

Ela encosta a cabeça na parede. — Meu marido é filho do


líder do culto, então, se eu ultrapassasse o limite, minha
punição sempre seria dez vezes mais severa. Eu tinha um
papel a cumprir.

Ela coloca o cabelo atrás da orelha. — Primeiro ele queria


que eu fosse recrutadora quando me casei com ele, quando
tinha quatorze anos. Ele queria que eu deixasse todas as
meninas saberem o que nossa vida poderia oferecer. — Ela
olha para mim, assombrada. — Elas eram dadas a todos os
seus amigos como prêmios. Eu parei. Preferia morrer do que
alguém sofrer nosso destino. — Ela lambe os lábios. — Fiquei
grávida um mês depois de completar quinze anos. Eu a tive
quando tinha quinze anos. Ela tem seis anos, eu tenho vinte e
um, mas me sinto tão velha. — Seus olhos estão cheios de
lágrimas não derramadas. — Depois que eu a perdi, eu não me
importei com mais nada. Eu o deixei ter o inferno.
Praticamente morava lá. Quatro meses atrás, eu bati nele com
um livro. Quase morri com os ferimentos. Entre os ferimentos,
o estupro e deixar os outros se revezarem? A vida tem sido um
inferno.

— Michael abusou de mim também, todos os dias. Eu sei


o que você passou. Eu gostaria que nós duas pudéssemos dizer
que não, mas fizemos. Nós sobrevivemos – você pode ter uma
chance de uma nova vida.

Ela sorri, olhando para as próprias mãos. — Estou quase


com medo de desejar isso.

Eu pego sua mão de volta. — Deseje por isso, querida. Eu


me afastei do Michael, tenho um homem que realmente me
ama, protege e cuida de mim, três filhos e uma vida linda. Tudo
é possível. Você será uma mãe para aquela linda garotinha.
Ambas merecem essa vida. Vou me certificar de que você a
tenha.
Ela aperta minha mão um pouco mais forte. — Disseram-
me que você estava morta, isso me machucou a vida toda.
Estou muito grata por ter você, por cuidar dela.

Eu me inclino e a abraço. Ela enrijece por um segundo


antes de relaxar. — Eu sempre vou cuidar de vocês duas.

Alguns dias depois

Disney

— POSSO IR AGORA? — Ronny pergunta, apontando para


uma pequena montanha-russa. Anna pula para cima e para
baixo.

— Oh, eu também posso?

Maverick ri. — Podem!

Anna se estica e pega a mão de Daniella, puxando-a com


eles. Ronny pega a outra mão e nós os observamos
embarcarem juntos.

Eu não consigo ir em nenhum brinquedo. Eu


definitivamente vomitaria e ainda estou grávida. A mão de
Maverick raramente deixa meu estômago, esfregando-o
constantemente.
Mal posso esperar pelo dia em que ele ou ela começar a
chutar. Eu sei que Maverick vai adorar isso.

Disney World é uma explosão. As crianças estão se


divertindo muito e querem fazer tudo.

Daniella está melhor do que eu esperava. Na manhã


seguinte ao que foi resgatada, foi como se ela tivesse acordado
com a missão de viver sua nova vida da melhor maneira
possível.

Ela estava se esforçando, mas se você não soubesse, não


imaginaria. A parte difícil para ela é Anna. Quer ser prática,
fazer tudo por ela, e não sabe como fazer isso e não
ultrapassar. Ela quer tanto ser sua mãe que parte meu
coração.

Um dia de cada vez.

— Você não está com muito calor, não é? — Maverick


esfrega minha nuca. Eu beijo sua bochecha.

— Um pouquinho. Quer se sentar na sombra?

Sentamos debaixo de uma árvore e ficamos de olho nas


crianças na montanha-russa. Eles acenam para mim e aceno
de volta. Ronny está chutando suas perninhas, tão animado.

— Você está se sentindo bem? Eu sei que os últimos dias


foram difíceis.
Eu concordo. — Estou melhor do que bem. Estou feliz. As
coisas estão difíceis, mas nem sempre será assim, e posso levar
meu homem para a cama mais tarde.

Ele levanta as sobrancelhas para mim, um pequeno


sorriso no rosto. — Oh, é mesmo, querida?

Dou a ele o olhar mais sexy, — Os últimos dias foram


difíceis. Estou tomando tudo ao meu alcance para não pular
sobre você.

Ele coloca a mão no meu joelho, deslizando-o em direção


à parte interna das minhas coxas. — Não se preocupe, cuidarei
de todas as suas necessidades...

Meu rosto fica quente e não é do calor. Abano meu rosto


e finjo fazer qualquer outra coisa, mas penso em seus planos
para mim mais tarde.

Ele segura meu rosto, então estou olhando para ele. —


Eu amo isso, porra, mesmo agora, depois de todo esse tempo,
baby, eu te deixo excitada. — Ele me beija com força, sugando
meu lábio em sua boca.

Minhas mãos tremem, agarrando sua camisa, então eu


não coloco minha mão dentro de suas calças bem aqui na
frente de todos.

— Olhe para mim, mãe! — Ronny grita, quebrando o


momento, então eles decolam e eu me levanto, observando-o,
acenando toda vez que ele faz a curva.
— Prepare-se esta noite, baby, — Maverick diz atrás de
mim, e um arrepio sobe pela minha espinha, apesar do calor.

ENQUANTO OBSERVO as crianças e Daniella nos passeios,


meu telefone toca. É Butcher. — Sim? — Eu atendo.

— Você desamarrou os pais? — Ele pergunta.

Eu penso nisso por um segundo. — Não, não desamarrei,


você fez?

— Não.

Eu sorrio. — Bem, isso é uma pena.

Ele ri e desliga. Bell olha para mim e sorri.

A justiça foi feita, baby.

ASSIM QUE saio do chuveiro depois que as crianças estão


na cama, Maverick me tira do chão e estou na cama em uma
fração de segundo.
Ele está de pé, nu, diante de mim, acariciando seu pau,
com seus olhos em mim.

— Parece que meu jantar está pronto para mim. — Ele


lambe os lábios, suas pupilas dilatando diante dos meus olhos.
Ele fica cada vez mais duro enquanto me observa.

— Abra suas pernas para mim.

Faço o que ele pede. Ele cai de joelhos bem diante de mim,
suas mãos envolvendo minhas coxas, arrastando-me para
baixo até que minha bunda está praticamente pendurada para
fora da cama.

— Deus, esta boceta foi feita para mim, — ele geme,


correndo o nariz ao longo da parte interna das minhas coxas.

Pego o travesseiro acima de mim, arrastando-o para baixo


para colocar minha cabeça sobre ele para que possa observá-
lo. Estou muito além de excitada agora.

Ele olha para mim, seus olhos se conectam aos meus


enquanto enrola sua língua em volta do meu clitóris, nunca
quebrando o contato visual.

Quase pulo da cama com um prazer repentino e intenso.

Ele sorri, espalhando meus lábios com os dedos antes de


chupar meu clitóris em sua boca, deixando ir com um pop.

Agarro os cobertores. É tudo muito, mas não quero que


ele pare. — Olhos em mim ou eu paro.
Eu preferia morrer, mordo meu lábio, observando cada
movimento, cada girar de língua. Tudo.

Fecho meus olhos, não sendo mais capaz de mantê-los


abertos. Ele para e quase choro. Meus olhos se abrem quando
o sinto deslizar para casa.

Levanto minhas pernas, envolvendo-me em torno dele, e


ele se levanta comigo empalada, meu rosto diretamente na
frente dele.

Ele nunca chega tão profundo. Meus dedos do pé enrolam


e eu arqueio minhas costas, tentando trazê-lo ainda mais
fundo.

Minhas costas estão pressionadas contra a parede, suas


mãos agarrando minha bunda. Ele me segura enquanto
bombeia em mim.

Mais forte.

Mais forte.

Não consigo fazer nenhum som. Não posso fazer nada


além de sentir. Dói, mas também é tão bom.

Minha mão bate contra a parede, tentando me segurar,


agarrar algo. Estou louca de prazer.

Ele esfrega contra meu clitóris. Paro de respirar enquanto


o aperto com força enquanto gozo.

Grito, mordendo seu ombro para abafar o som.


Ele não para e o orgasmo é prolongado, e antes que eu
perceba, estou caindo no limite novamente.

Puxo seu cabelo, tentando fugir, fazer algo, mas ele


apenas me deita de volta na cama, movendo-se ainda mais
rápido, com mais força.

Não posso fazer nada além de ficar repetindo, cada vez


mais forte. Eu perco a conta enquanto ele me fode até o
esquecimento.

Inclino para frente, agarrando suas nádegas, puxando-o


com força contra mim, enquanto ele goza, derramando-se
dentro de mim.

Ele está deitado em cima de mim, exausto, com a


respiração forte e não consigo me mover. Meu corpo não é mais
meu corpo.

É dele.

Ele possui tudo de mim.

O tempo passa e não sei quanto tempo leva para que ele
olhe para mim, com um sorriso malicioso no rosto que me diz
que ele sabe exatamente o que fez.

Ele balançou meu mundo e sabe disso. — Estou morta,


— gemo, apertando-me sobre ele.

Eu sei, sem dúvida, que vai doer amanhã.


Ele ri, seus olhos mostrando sua felicidade. Não posso
deixar de segurar seu queixo, inclinando-me e beijando-o.

— A melhor maneira de ir. Eu quero passar todos os meus


dias em seus braços, e quando eu for? — Sua expressão fica
severa com minhas palavras. — Eu quero estar bem aqui com
você.

Ele abaixa a cabeça por um segundo, sacudindo-a. — Não


diga isso de novo. — Ele agarra meu pescoço. — Eu não
consigo imaginar a porra de um dia sem você. Sei que se você
for, eu a seguirei porque meu coração não poderia permitir
nada mais.

— Eu te amo tanto, tanto, Maverick, que me dói


profundamente.

Ele beija minha bochecha, ficando por um segundo. — Eu


também te amo. Você é todo o meu coração, minha porra de
Old Lady.

Ele estende a mão para a gaveta ao meu lado, puxando


um colete. Ele o levanta e mostra as palavras: “Propriedade de
Maverick”.

Eu me inclino para frente, colocando-o, deitando-me


abaixo dele. — Isso é o que eu gosto de ver, porra.

Eu rio enquanto ele me mostra novamente como sou dele.


Alguns meses depois

— VÁ, RONNY! — Eu grito e pulo para cima e para baixo, o


rosto de Maverick muda para um horror enquanto ele corre
para mim, suas mãos indo para o meu estômago.

— Pare com isso, você está me assustando, — ele sibila,


ajudando-me a me sentar.

— Maverick, estou bem! — Afasto suas mãos, fingindo


que não amo a atenção, mas amo.

Daniella ri, segurando a mão de Anna, sabendo todos os


meus segredos. Nós nos tornamos tão próximas e ela se
aproximou de minhas garotas; elas são melhores amigas.

— Mãe, posso comer cachorro-quente? — Anna diz isso


facilmente, mas eu sei que sua vida inteira mudou
completamente com uma palavra.

Daniella olha para mim. — Claro, baby, você pode ter o


que quiser.
Um dos prospectos a segue até o estande de cachorro
quente. Ela está em perigo o tempo todo. Seu marido a quer de
volta e muito. Ela está segura, porém, e isso é o que importa.

— Ela acabou de chamar Daniella de 'mãe', — eu informo


Maverick.

— Ahh, merda, aposto que ela está feliz. — Coloquei


minha mão sobre a dele na minha barriga. Vamos ter um
garotinho. Duas meninas, dois meninos. Eu sorrio,
entrelaçando nossos dedos. Estou começando a aparecer
agora.

— Esse é meu bebê! — Eu grito enquanto Ronny marca


seu próximo gol. Maverick tenta firmar meu corpo como se o
bebê fosse explodir a qualquer segundo.

Reviro meus olhos e me sento. — Você sabe que essa


atitude só vai te ferrar?

Eu rolo meus olhos ainda mais forte. Ele bate na lateral


da minha bunda, sussurrando no meu ouvido promessas do
que eu ganhei.
EU ME VIRO NA CAMA, apreciando a vista. Sorrio ao ver
Maverick sem camisa, segurando Trace contra o peito. Ronny
está dormindo ao pé da cama.

Acabei de voltar do hospital hoje de manhã e estou


exausta. Acabei tendo que fazer uma cesárea porque ele estava
virado.

Trace começa a choramingar. Meus seios estão doendo e


sei que ele está pronto para ser alimentado.

Estendo a mão e acaricio sua pequena bochecha. Ele


tenta chupar meu dedo. Maverick acorda, olhando para mim:
— Você está com dor, baby?

Balanço minha cabeça negativamente. — Estou bem.


Acho que ele está com fome.

Mordo meu lábio, empurrando-me para uma posição


melhor sentada. Fazer cesariana é uma merda. Tudo machuca.

Eu levanto o cobertor, certificando-me de estar coberta no


caso de Ronny acordar. Maverick literalmente puxa meu seio
para mim e coloca Trace.

Se isso não é amor verdadeiro, então não sei o que é.

Ele me ajuda a segurá-lo, seus olhos nunca deixando o


rosto doce de Trace. — Ele está bem? — Ronny pergunta,
acordando

Ronny é o menino doce. Ele está sempre preocupado com


todos, certificando-se de que todos estejam bem.
Anna e Daniella se mudaram. Daniella foi ficar mais ou
menos uma semana com River, mas o vice-presidente de Gage
apareceu, olhou para ela e disse que ela era dele – ela nunca
mais foi embora.

Para a maioria, isso parece loucura, mas como alguém


que se apaixonou instantaneamente, eu entendo. Depois de
conhecer sua pessoa, isso é tudo que importa e você nunca
mais vai querer deixá-la.

— Eu amo você.

Maverick sorri. — Eu amo você. Obrigado pelos meus


meninos.

— Nossos meninos, — eu corrijo.

— Nossos, — ele sussurra. — Mais um? — Ele sugere.

Suspiro, olhando para o rosto precioso de Trace. — Mais


um.

Um ano e meio depois, nasceu Arianna Louise.

Ronny – vinte e quatro anos

PRENDO a porra da minha respiração enquanto o tempo


diminui para segundos. Bell está me segurando com tanta
força que meu braço pode se quebrar. Ariana do outro lado
está fazendo a mesma merda.

Nosso garoto está prestes a ganhar a porra da Copa


Stanley5.

Meu maldito coração está prestes a desistir esperando por


aquele último objetivo. — ELE CONSEGUIU! — Eu grito, alto
demais para um motoqueiro durão como eu.

Bell está gritando, pulando para cima e para baixo. Meus


irmãos estão batendo os pés no chão das arquibancadas.

Ronny tira o capacete. Com os braços levantados, ele


patina ao redor do ringue para o mundo ver.

Meu filho fez isso aos vinte e quatro anos.

Eu sorrio, olhando para a tela, absorvendo cada momento


disso.

Ele trabalhou toda a sua vida para isso, treino após


treino. Quando outros iam para casa, ele ficava. Ele arrebentou
sua bunda.

Lutou por isso. Outros tentaram tirar dele, dizendo que


ele era muito jovem para ser capitão.

Meu menino não disse merda nenhuma e provou que eles


estavam errados.

5A Copa Stanley é o troféu dado à equipe vencedora da NHL, principal liga de hóquei no gelo do
mundo.
Desço até o rinque e saio. Ronny me vê e patina, batendo
em mim, praticamente me levantando do chão com seu abraço.
— Conseguimos, pai, — ele me diz.

Eu o abraço um pouco mais forte. Meu filho cresceu


diante dos meus olhos. Não vejo mais o menino de oito anos.
Eu vejo um homem. — Você conseguiu, filho, você conseguiu.

Ele conseguiu.

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