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UNIVERSIDADE PAULISTA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


CURSO DE NUTRIÇÃO

JÚLIA SALES ALVES


RA: 2346837

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM SAÚDE PÚBLICA


Colégio Renovatus

CAMPINAS – SP
2024
JÚLIA SALES ALVES
RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM SAÚDE PÚBLICA
Colégio Renovatus

Relatório de conclusão do estágio


supervisionado em área de Saúde Pública
apresentado à Universidade Paulista -
UNIP. Orientadora Docente: Renata
Marques

CAMPINAS – SP
2024

SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 4
2. DESENVOLVIMENTO.......................................................................................... 8

2.1 Caracterização................................................................................................8

2.1.1 Razão social.............................................................................................8

2.1.2 Descrição da população do município....................................................8

2.1.3 Descrição geral dos serviços prestados na área de educação................9

2.1.4 Organograma da administração pública local na área de educação.......9

2.1.5 Descrição Colégio Renovatus................................................................10

2.1.6 Check list CVS-5 e layout......................................................................13

2.2 Atividades Desenvolvidas.............................................................................18

2.3 Análise de Cardápios....................................................................................19

2.4 Plano de ação...............................................................................................23

2.4.1 Atividades interativas.............................................................................23

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................27

REFERÊNCIAS......................................................................................................... 28

ANEXOS....................................................................................................................29
4

1. INTRODUÇÃO

O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE criou em 2009 o


Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) para executar ações que
contribuem para o crescimento, desenvolvimento, aprendizagem, rendimento escolar
dos estudantes e formação de hábitos alimentares saudáveis, por meio da oferta da
alimentação escolar e de ações de educação alimentar e nutricional. Instituído pela
Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009, o PNAE proporciona alimentação escolar e
promove a educação alimentar e nutricional para estudantes de todas as etapas da
educação básica pública (BRASIL, 2009).
O principal objetivo do PNAE é contribuir para o crescimento e
desenvolvimento biopsicossocial, aprendizagem, rendimento escolar e formação de
práticas alimentares saudáveis dos estudantes, por meio de ações de educação
alimentar e nutricional, e da oferta de refeições que atendam às suas necessidades
nutricionais durante o período letivo. As ações de educação alimentar e nutricional
são de responsabilidade do ente público educacional.
Além de fornecer alimentação aos estudantes, o Programa Nacional de
Alimentação Escolar visa estimular o desenvolvimento econômico e sustentável das
comunidades. Por isso, conforme a Lei Nº 11.947, de 16 de Junho de 2009, no
mínimo 30% do valor repassado pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar
deve ser investido na compra direta de produtos da agricultura familiar. No entanto,
esse investimento pode incluir a compra de alimentos de cooperativas, fazendo
parte da porcentagem mínima obrigatória. Do total de recursos financeiros
repassados, no mínimo 75% devem ser destinados para a compra de alimentos in
natura ou minimamente processados. Até 20% podem ser utilizados para a compra
de alimentos processados e ultraprocessados, e no máximo 5% podem ser
destinados para a compra de ingredientes culinários processados (BRASIL, 2009).
Anteriormente a 1993, a gestão do PNAE era centralizada, sendo o Ministério
da Educação (MEC) responsável pela elaboração de cardápios, aquisição e
distribuição de gêneros alimentícios, e controle de qualidade das refeições em
escolas de todas as regiões do país. Essa forma de gestão apresentava desafios
logísticos complexos devido ao vasto território brasileiro e não considerava as
5

diferentes culturas alimentares regionais. A partir da década de 1990, começou o


processo de descentralização da gestão do PNAE para estados e municípios,
visando garantir a regularidade da oferta de alimentos nas escolas, diversificação e
adequação dos cardápios conforme os hábitos alimentares locais, incentivo à
produção de alimentos regionais, redução dos custos operacionais e maior
participação social na execução e fiscalização do programa por meio dos conselhos
estaduais e municipais de alimentação escolar (NOGUEIRA; VILLAR, 2019).
Inicialmente, o repasse financeiro do órgão federal ocorria após a celebração
de convênios com as secretarias municipais e estaduais de educação. A partir de
1999, o repasse financeiro pelo governo federal tornou-se automático, sem a
necessidade de convênios ou acordos, agilizando o processo. Entre 1994 e 1998, a
adesão à descentralização foi voluntária para municípios com população superior a
50 mil habitantes, e ao final desse período, 70% dos municípios brasileiros já haviam
adotado essa nova forma de gestão (FNDE, 2020).
Os Conselhos de Alimentação Escolar (CAE), estabelecidos nas três esferas
de governo, também fazem parte da gestão do PNAE, sendo responsáveis por
assessorar, fiscalizar e monitorar as atividades desenvolvidas pela Entidade
Executora (EEx). O CAE é responsável pelo controle social do PNAE,
acompanhando a aquisição dos produtos, a qualidade da alimentação oferecida aos
alunos, e as condições higiênico-sanitárias em que os alimentos são armazenados,
preparados e servidos (FNDE, 2020).
O nutricionista que atua no PNAE deve respeitar as diretrizes do programa,
conforme estabelecido na Lei n.º 11.947/2009, e cumprir todas as atividades
obrigatórias e complementares descritas na Resolução CFN n.º 465/2010. Por sua
vez, a Entidade Executora (EEx) deve oferecer condições suficientes e adequadas
de trabalho para os profissionais, além de cumprir os parâmetros numéricos
mínimos de referência de nutricionistas por número de escolares, conforme previsto
na mesma Resolução (BRASIL, 2009; BRASIL, 2010).
O profissional nutricionista do PNAE deve elaborar os cardápios utilizando
prioritariamente alimentos in natura ou minimamente processados, respeitando as
necessidades nutricionais, hábitos e cultura alimentares regionais, sazonalidade e
diversidade alimentar, promovendo assim uma alimentação adequada, saudável e
sustentável (BRASIL, 2020a).
6

O PNAE é um pilar essencial para garantir a Segurança Alimentar e


Nutricional no país, baseado no incentivo à alimentação saudável e adequada, que
compreende o uso de alimentos variados, seguros, respeitando a cultura, tradições e
hábitos alimentares saudáveis. Isso inclui o direito à alimentação escolar, visando
assegurar a segurança alimentar e nutricional dos alunos de forma equitativa,
considerando as diferentes necessidades biológicas e condições de saúde dos
alunos que necessitam de atenção especial, bem como aqueles em situação de
vulnerabilidade social. Para tanto, o Programa exige a designação de um
Nutricionista Responsável Técnico, a elaboração de cardápios que respeitem as
necessidades nutricionais, hábitos alimentares e a cultura local, sempre observando
as diretrizes do Ministério da Saúde sobre a promoção da saúde por meio da
alimentação (FNDE,2020).
O Decreto Nº 11.820, de 12 de dezembro de 2023, sobre nutrição, é um
documento normativo emitido pelo governo com o objetivo de regulamentar políticas
e práticas relacionadas à alimentação e nutrição. Essas iniciativas são fundamentais
para combater problemas como a desnutrição, obesidade e doenças relacionadas à
alimentação, promovendo hábitos alimentares mais saudáveis entre a população
(FNDE,2023).
Tais decretos podem estabelecer diretrizes para as cantinas escolares,
incentivando ou até mesmo exigindo que elas ofereçam opções alimentares mais
saudáveis para os alunos. Isso inclui restrições ou proibições quanto à venda de
alimentos ultraprocessados, ricos em açúcares, gorduras saturadas e sódio, além de
incentivar a disponibilidade de alimentos frescos, frutas, vegetais e outras opções
nutritivas. As cantinas saudáveis são aquelas que se alinham a essas diretrizes,
oferecendo uma variedade de alimentos que promovem a saúde e o bem-estar dos
estudantes. Essas medidas visam aprimorar a qualidade da alimentação nas
escolas, contribuindo para a formação de hábitos alimentares mais saudáveis desde
a infância e reduzindo os riscos de problemas de saúde relacionados à má
alimentação, como a obesidade e doenças cardiovasculares (FNDE,2023).
Em síntese, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)
desempenha um papel fundamental na promoção da alimentação saudável, no
desenvolvimento biopsicossocial dos estudantes e na garantia da segurança
alimentar e nutricional no país. Por meio de ações de educação alimentar, oferta de
7

refeições nutritivas e estímulo à produção local, o PNAE não apenas alimenta os


alunos, mas também contribui para o fortalecimento econômico das comunidades.
Com a participação ativa dos Conselhos de Alimentação Escolar (CAE) e o trabalho
dos nutricionistas, busca-se assegurar que os cardápios sejam adequados às
necessidades nutricionais, respeitando as diversidades culturais e regionais. Além
disso, os recentes decretos, como o Decreto Nº 11.820 de 2023, reforçam a
importância de cantinas escolares saudáveis, promovendo escolhas alimentares
mais benéficas para a saúde dos estudantes. Assim, o PNAE não é apenas um
programa alimentar, mas um instrumento essencial para a construção de uma
educação integral e de uma sociedade mais saudável e sustentável.
8

2. DESENVOLVIMENTO
2.1 Caracterização

2.1.1 Razão social


O estágio foi realizado no Colégio Renovatus, localizado no logradouro Rua
24 de Maio, 731 Vila Industrial, Campinas – SP CEP 13035-370.

2.1.2 Descrição da população do município

O município abriga uma população de 1.164.099 habitantes em uma extensão


territorial de 794,744 km², dividida em cinco regiões distintas. A região Leste
destaca-se com 248.939 habitantes ocupando uma área de 340,327 km²,
representando quase metade da extensão total do município. Na sequência, a região
Noroeste conta com 133.086 habitantes em uma área de 63,330 km², enquanto a
região Norte abriga 212.342 habitantes em uma área de 165,955 km², sendo esta
última a segunda maior em extensão. A região Sudoeste, por sua vez, conta com
253.061 habitantes em uma área de 99,606 km², e a região Sul abriga 316.671
habitantes em uma área de 120 km² (IBGE, 2015).
Quanto à distribuição das residências, 98,28% encontram-se em áreas
urbanas, enquanto apenas 1,72% estão localizadas em áreas rurais, totalizando
18.573 residências nesta última categoria, um número consideravelmente baixo em
relação à população total (IBGE, 2010).
Campinas ostenta uma taxa de alfabetização relativamente alta, em torno de
90%. Entretanto, este dado ainda é preocupante quando analisado por faixas
etárias, especialmente a população com mais de 60 anos, que apresenta uma taxa
de alfabetização baixa. Por outro lado, a faixa etária entre 15 e 30 anos destaca-se
com a taxa mais elevada, evidenciando a necessidade de investimento em escolas
que ofereçam programas de Educação de Jovens e Adultos (IBGE, 2010).
Em relação à escolarização, em 2010, o município alcançou uma taxa de 96%
de jovens de 6 a 14 anos matriculados, posicionando-se em 600º lugar entre os 645
municípios do estado. Já no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB)
de 2021, os anos iniciais do ensino fundamental na rede pública atingiram a marca
de 6,0, enquanto os anos finais registraram 5,3 (IBGE, 2024).
9

2.1.3 Descrição geral dos serviços prestados na área de educação

Na área da educação em Campinas, uma série de serviços são oferecidos


para garantir o desenvolvimento saudável e o bom rendimento escolar dos
estudantes. Um destaque é o Programa de Alimentação Escolar, que tem como
propósito fornecer refeições para o Centro Municipal de Educação Infantil (CEMEIs),
Núcleos Assistenciais, e também suplementação alimentar para as Escolas
Municipais do Ensino Fundamental (EMEFs), Escolas Estaduais do primeiro Grau
(EEPGs), Universidade FUMEC, além de entidades filantrópicas. Este programa,
voltado para os alunos matriculados nas unidades escolares da rede pública de
ensino, visa não apenas garantir a nutrição adequada, mas também promover
hábitos alimentares saudáveis e o bem-estar geral dos estudantes (PREFEITURA
MUNICIPAL DE CAMPINAS, 2024).

2.1.4 Organograma da administração pública local na área de educação

O organograma abaixo apresenta a estrutura da administração da Secretaria


Municipal da Educação e a Coordenadoria Setorial da Informação.
Figura 1- Organograma da Secretaria Municipal da Educação.

FONTE: PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPINAS (2024).

Figura 2- Organograma da Coordenação Setorial de informação.


10

FONTE: PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPINAS (2024).

2.1.5 Descrição Colégio Renovatus

O Colégio Renovatus, originalmente fundado em 1963 como Externato


Branca de Neve, nasceu do ideal da professora Antonia Furio Cardelli de
proporcionar uma educação de excelência, realizando os sonhos de cada aluno e de
seus pais. Localizado na Vila Industrial, em SP, o colégio é parte integrante desta
região que teve seu início na necessidade de abrigar a crescente população
trabalhadora e imigrante que migrava para a região em grande número.
Situada ao redor da Estação Ferroviária, a Vila Industrial também foi lar dos
Lazaretos dos Morféticos (hospitais para leprosos), o Matadouro Municipal e os
curtumes. As primeiras habitações para os trabalhadores eram modestas casas
geminadas, muitas vezes com apenas dois ou três cômodos, contrastando
vividamente com as majestosas mansões e fazendas que hoje são preservadas
como patrimônio histórico nas regiões centrais de Campinas, simbolizando o poder
econômico.
Os cardápios escolares do Colégio Renovatus são cuidadosamente
elaborados pela equipe contratada, levando em conta tanto os requisitos nutricionais
11

quanto as preferências dos alunos. O objetivo é oferecer refeições balanceadas e


atrativas, promovendo a aceitação e o bem-estar dos estudantes durante o período
escolar. O controle de qualidade é uma responsabilidade das cozinheiras, seguido
pela supervisão da nutricionista responsável.
Na área educativa, o Colégio Renovatus conta com uma equipe dedicada à
alimentação, composta por duas cozinheiras responsáveis pelo preparo dos
alimentos, uma balconista que atende os alunos na cantina, uma funcionária
encarregada da higienização das frutas, verduras e legumes, além da presença de
uma nutricionista local. Também integram este grupo duas funcionárias
responsáveis pela limpeza, zelando pela higiene do refeitório a cada refeição dos
alunos.
A instituição oferece uma vasta gama de atividades extracurriculares para
seus alunos, incluindo esportes como futebol, karatê, dança e teatro, além de
atividades artísticas como leitura e pintura. Na área de informática, são
disponibilizados cursos de lógica de programação e cultura digital. Atendendo
crianças e adolescentes desde a educação infantil até o ensino médio, o colégio
oferece café da manhã, almoço e lanche conforme os horários estabelecidos para
cada turma. Os horários específicos para as refeições estão detalhados no quadro a
seguir:

Figura 3- Tabela de Horário das Refeições.


12

FONTE: Autoria própria

Além de oferecer uma variedade de opções esportivas e cursos


extracurriculares, o colégio promove a conscientização sobre hábitos alimentares
saudáveis entre os alunos por meio de atividades práticas. Essas atividades
incentivam os estudantes a fazerem escolhas alimentares mais conscientes e
nutritivas. Os critérios para a elaboração dos cardápios são estabelecidos pela
empresa contratada, levando também em consideração a aceitabilidade dos alunos
da escola.
Figura 4- Folder Colégio Renovatus.
13

FONTE: Colégio Renovatus

2.1.6 Check list CVS-5 e layout

Figura 5-
14

FONTE: Portaria CVS 5, de 09 de abril de 2013


Figura 6-

FONTE: Portaria CVS 5, de 09 de abril de 2013


Figura 7-
15

FONTE: Portaria CVS 5, de 09 de abril de 2013

Figura 8-
16

FONTE: Portaria CVS 5, de 09 de abril de 2013

Figura 9-

FONTE: Portaria CVS 5, de 09 de abril de 2013

Figura 10-

FONTE: Portaria CVS 5, de 09 de abril de 2013

Figura 11- Layout Colégio Renovatus.


17

FONTE: AUTORIA PRÓPRIA, 2024.


18

2.2 Atividades Desenvolvidas

Durante o período de estágio no Colégio Renovatus, que compreendeu os


dias 20/02/2024 a 22/03/2024, tive a oportunidade de mergulhar profundamente nas
rotinas alimentares e na interação dos alunos com a alimentação. Meu horário de
entrada era às 8h, momento em que se iniciava o café da manhã para os diferentes
grupos de alunos.
A divisão por turmas era meticulosamente organizada: os pequenos do infantil
2, 3, 4 e 5 desfrutavam de seu café da manhã das 08h20 às 8h50, seguidos pelos
alunos do 1º e 2º Ano das 9h10 às 9h40. Na sequência, era a vez do 3º, 4º e 5º Ano,
que tinham seu horário de refeição das 10h às 10h20, e, por fim, os estudantes do
6º, 7º, 8º, 9º e do Ensino Médio, que se alimentavam das 10h55 às 11h10.
Esses momentos foram preciosos para interagir com as crianças, ouvir suas
histórias e observar seus hábitos alimentares. Conversei com as professoras sobre a
relação das crianças com a comida, discutimos estratégias para incentivar escolhas
mais saudáveis e analisamos os padrões de aceitação dos alimentos oferecidos.
Além disso, tive o privilégio de trabalhar em conjunto com a nutricionista local e as
dedicadas cozinheiras. Juntos, buscamos compreender os motivos por trás de
certas preferências alimentares e como poderíamos introduzir mais variedade e
opções nutritivas nos cardápios escolares.
Durante as refeições, aproveitei para fazer perguntas aos alunos, estimulando
uma reflexão sobre suas escolhas alimentares. Identifiquei alguns padrões que
consideramos problemáticos e que mereciam uma abordagem mais cuidadosa. Ao
longo das semanas seguintes, dedicamos tempo ao planejamento de atividades de
educação nutricional. Com base nas observações feitas durante o estágio,
desenvolvemos estratégias para abordar questões como a importância de uma
alimentação equilibrada, a variedade de alimentos disponíveis e os benefícios de
hábitos saudáveis.
Foi uma experiência enriquecedora e transformadora, que me permitiu não
apenas entender a importância da alimentação na vida das crianças, mas também
contribuir para promover uma relação mais consciente e positiva delas com os
alimentos.
19

2.3 Análise de Cardápios

Figura 12- Cardápio semanal escolhido.

FONTE: Colégio Renovatus

A definição da Resolução do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN)


estabelece o cardápio como uma ferramenta operacional que lista os
alimentos destinados a suprir as necessidades nutricionais individuais ou
coletivas. O Nutricionista Responsável Técnico (RT), designado para gerir a
alimentação escolar, tem a responsabilidade de planejar estrategicamente
essa atividade. Este planejamento envolve a criação de refeições que
garantam o fornecimento de uma alimentação adequada, caracterizada pela
excelência nutricional e em conformidade com os requisitos regulatórios.
A elaboração do cardápio tem como objetivo promover melhorias na
aprendizagem e no desempenho acadêmico dos estudantes, além de estimular a
adoção de hábitos alimentares saudáveis. Na unidade do Colégio Renovatus, são
20

oferecidas refeições destinadas às diferentes faixas etárias, incluindo crianças de 3


a 5 anos no infantil, e crianças de 6 a 10 anos no ensino fundamental 1.
Os alunos do ensino fundamental 2 e do ensino médio têm acesso ao almoço
na escola somente nos dias em que participam de atividades extracurriculares no
período da tarde, para as quais devem pagar separadamente pela refeição. Em
contrapartida, os alunos do infantil e do fundamental 1 têm as refeições já inclusas
no contrato com a instituição.
Ao analisar os cardápios fornecidos pela empresa contratada, foi observado
que a distribuição de macronutrientes excede ligeiramente as recomendações
estabelecidas pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). No entanto,
a instituição demonstra um comprometimento significativo em manter um padrão de
excelência nas refeições servidas.
Os pratos são cuidadosamente preparados com ingredientes frescos, o que
contribui para torná-los mais saborosos e nutritivos. Como resultado, a avaliação
sensorial do sabor é excelente, proporcionando uma experiência semelhante à
comida caseira, e o aroma é muito agradável. Além disso, a variedade de alimentos
provenientes de diferentes grupos alimentares é uma prática diária nas refeições,
garantindo a inclusão de um prato principal, duas opções de salada, uma guarnição
e uma sobremesa.
Tabela 1- Cardápio para análise.
Cardápio da Segunda – Feira 19/02
Almoço
Prato principal Guarnição Salada Salada Sobremesa

Sobrecoxa Polenta Alface Ovo Cozido Fruta da Época


Assada Crespa

FONTE: COLÉGIO RENOVATUS

Tabela 2- (30% das necessidades diárias).


Faixa Etária Energia Proteína Carboidrato Lipídeos (g)
(Kcal) (g) (g)
6 a 10 anos
244kcal 14,77(g) 26,71(g)
8,27(g)

Legislação FNDE Nº 6/2020 493kcal 55% a 65%


10 a 15% do VET 15% a 30%
21

do VET do VET
Porcentagem do cardápio (%) 24,6% 44,4% 31,1%

FONTE: PNAE, 2024

Tabela 3-
Cardápio da Terça – Feira 20/02
Almoço
Prato Principal Guarnição Salada Salada Sobremesa

Lombo Purê de Batata Alface Cenoura Fruta da Época


Assado Cozida
FONTE: COLÉGIO RENOVATUS

Tabela 4- (30% das necessidades diárias).


Faixa Etária Energia Proteína (g) Carboidrato(g) Lipídeos (g)
(Kcal)

6 a 10 anos 335 (Kcal) 18,19 (g) 49,7(g) 6,69(g)

Legislação FNDE 493kcal 10 a 15% 55% a 65% do 15% a 30%


Nº 6/2020 do VET VET do VET
Porcentagem do 22% 60% 18%
Cardápio (%)
FONTE: PNAE 2024

Tabela 5-
Cardápio Quarta – Feira 21/02
Almoço

Prato principal Guarnição Salada Salada Sobremesa

Filé de Frango Grelhado Legumes Alface Pepino Fruta da


época
FONTE: COLÉGIO RENOVATUS

Tabela 6- (30% das necessidades diárias).


Faixa Etária Energia Proteína Carboidrato Lipídeos (g)
(kcal) (g) (g)
6 a 10 anos 235 14,6(g) 36(g) 3,75(g)
(kcal)

Legislação FNDE Nº 6/2020 493kcal 10 a 15% 55% a 65% 15% a 30% do


22

do VET do VET VET


Porcentagem do Cardápio (%) 25% 61% 14%

FONTE: PNAE, 2024

Tabela 7-
Cardápio Quinta – Feira 22/02
Almoço

Prato principal Guarnição Salada Salada Sobremesa

Filé de peixe Batata palito Alface Rabanete Fruta da


época
FONTE: COLÉGIO RENOVATUS

Tabela 8-(30%das necessidades diárias)

Faixa etária Energia (kcal) Proteína (g) Carboidrato (g) Lipídeos (g)

6 a 10 anos 365,17kcal 26,24g 60,69g 4,78g

Legislação 493 kcal 10 a 15% do 55% a 65% do 15% a 30% do


FNDE Nº VET VET VET
6/2020

Porcentagem 27% 62% 11%


do Cardápio
(%)

FONTE: PNAE, 2024.

Lamentavelmente, não foi possível acessar os custos dos cardápios, os


procedimentos de licitação para as compras de alimentos e os valores estipulados
pelos fornecedores, o que impossibilitou a realização dos cálculos necessários
2.4 Plano de ação

2.4.1 Atividades interativas

Atividade Interativa: Brincando com os Alimentos


A atividade começa com uma roda de conversa, utilizando auxílio de imagens,
slides ou vídeos, para explicar e discutir sobre os alimentos saudáveis. Em seguida,
23

as crianças receberão o "Jogo da Memória dos Alimentos", onde inicialmente terão a


tarefa de colorir os alimentos, e depois, encontrar os pares correspondentes aos
alimentos saudáveis.
Este tipo de atividade oferece uma série de lições e habilidades importantes
para as crianças, especialmente aquelas na faixa etária de 3 a 5 anos. Aqui estão
algumas das lições e habilidades que podem ser desenvolvidas através dessa
atividade:
Conhecimento dos Alimentos: As crianças aprendem sobre diferentes tipos de
alimentos e suas cores, expandindo seu vocabulário e compreensão do mundo ao
seu redor.
Memória e Concentração: O jogo da memória requer que as crianças se
lembrem das correspondências entre os cartões de alimentos, desenvolvendo suas
habilidades de memória e concentração.
Habilidades Motoras Finas: Manipular os cartões durante o jogo ajuda no
desenvolvimento de habilidades motoras finas, essenciais para atividades como
escrita, desenho e manipulação de objetos.
Identificação Visual e Discriminação: Ao identificar e combinar os alimentos
durante o jogo, as crianças praticam suas habilidades de identificação visual e
aprendem a discriminar entre objetos semelhantes.
Aprendizado Alimentar e Nutricional: Durante a exploração dos diferentes
alimentos e suas propriedades nutricionais, as crianças aprendem sobre a
importância de uma alimentação saudável. Isso pode ajudar a promover escolhas
alimentares saudáveis no futuro.
Habilidades Sociais e de Compartilhamento: Participar de atividades em
grupo, como jogos de memória, promove habilidades sociais, incluindo compartilhar,
esperar sua vez e colaborar com os outros.
Em resumo, brincar com alimentos e identificá-los não só é divertido para as
crianças, mas também oferece uma variedade de oportunidades de aprendizado e
desenvolvimento em várias áreas importantes.
Materiais Necessários: Para os cartões do jogo da memória, será necessário
imagens claras e coloridas dos alimentos escolhidos. Estas imagens podem ser
encontradas em livros, revistas, internet ou até mesmo desenhadas manualmente.
Atividade Interativa: Preparação dos Alimentos
24

A atividade nutricional de preparação de alimentos para crianças de 6 a 10


anos pode ser planejada em diversas etapas, com o objetivo de proporcionar
aprendizado sobre nutrição, segurança alimentar e habilidades culinárias.
Definição de Objetivos: Inicialmente, é importante estabelecer os objetivos da
atividade. Isso inclui ensinar às crianças sobre a importância de uma alimentação
saudável, introduzir conceitos básicos de nutrição e desenvolver habilidades
culinárias essenciais.
Preparação dos Alimentos: Antes de tudo, certifique-se de que a área de
preparação dos alimentos esteja limpa e segura. Providencie facas de corte
apropriadas para crianças, com pontas arredondadas, tábuas de corte, tigelas e
pratos, colheres de medição, espátulas e colheres de pau.
Introdução à Segurança Alimentar: É fundamental ensinar às crianças sobre
práticas seguras de manipulação de alimentos. Isso inclui instruções sobre lavar as
mãos corretamente, limpar as superfícies de trabalho e evitar a contaminação
cruzada durante o preparo.
Exploração Sensorial: Durante a atividade, encoraje as crianças a explorarem
os alimentos com todos os sentidos. Permita que elas toquem, cheirem e observem
os ingredientes antes e durante o processo de preparação, estimulando uma
conexão sensorial com os alimentos.
Degustação e Reflexão: Ao final da atividade, promova uma discussão sobre
o que as crianças aprenderam. Pergunte sobre os alimentos que mais gostaram, o
que descobriram sobre nutrição e como se sentiram ao preparar e degustar os
pratos. Isso ajuda a reforçar o aprendizado e a promover uma reflexão sobre hábitos
alimentares saudáveis.
Dessa forma, as crianças terão a oportunidade não apenas de adquirir
conhecimentos sobre nutrição e habilidades culinárias, mas também de desenvolver
uma apreciação pelos alimentos saudáveis e uma maior confiança na cozinha.
Materiais Necessários:
Facas de corte apropriadas para crianças, com pontas arredondadas.
Tábuas de corte.
Tigelas e pratos.
Colheres de medição.
Espátulas e colheres de pau.
25

Aventais ou camisetas velhas para proteger as roupas.


Toucas de chef ou bandanas para manter o cabelo afastado do rosto.
Luvas descartáveis.
Cartazes ou pôsteres com informações nutricionais sobre os alimentos
utilizados na receita.
Atividade Interativa: A Importância da Hidratação Durante a Atividade Física
Esta atividade interativa é voltada para adolescentes de 11 a 17 anos e tem
como objetivo explicar por que a hidratação é crucial durante o exercício físico,
destacando seus benefícios, tais como manter a temperatura corporal adequada,
melhorar o desempenho atlético e prevenir fadiga e lesões.
Identificação das Necessidades Individuais de Hidratação: Durante a
atividade, os adolescentes aprenderão como calcular suas próprias necessidades de
líquidos durante o exercício, levando em consideração fatores como intensidade da
atividade e condições ambientais.
Incentivo ao Consumo Regular de Líquidos: Serão estabelecidos lembretes
regulares para os adolescentes beberem água tanto antes quanto durante o
exercício. Isso pode ser feito por meio de cartazes informativos, lembretes verbais e
até mesmo o uso de aplicativos para acompanhar a ingestão de líquidos.
Monitoramento da Hidratação: Os participantes serão orientados sobre como
monitorar sua própria hidratação, observando sinais como a cor da urina e a
variação de peso antes e depois da atividade física.
Materiais Necessários: Durante a atividade, serão exibidos cartazes
educativos sobre a importância da hidratação durante o exercício físico. Esses
cartazes destacarão os benefícios de se manter hidratado e fornecerão dicas
práticas para garantir a ingestão adequada de líquidos durante a prática esportiva.
26

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nas experiências e observações realizadas durante o estágio no


Colégio Renovatus, é incontestável a relevância e o impacto significativo que essa
oportunidade trouxe para minha formação acadêmica e profissional. O contato direto
com as atividades práticas proporcionou uma compreensão mais profunda sobre a
importância da presença do nutricionista nas escolas, especialmente no contexto da
promoção da alimentação saudável e na prevenção de problemas nutricionais, como
a obesidade infantil e deficiências nutricionais.
Apesar do espaço limitado na instituição, foi possível aplicar o plano de ação
com as crianças e adolescentes, evidenciando a flexibilidade e adaptação
necessárias para alcançar os objetivos propostos. Essa experiência mostrou que,
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mesmo diante de desafios logísticos, é possível desenvolver atividades educativas e


promover a conscientização sobre hábitos alimentares saudáveis.
A visita à Escola Infantil Floresta Encantada durante a terceira semana de
estágio foi um ponto alto dessa jornada, proporcionando uma oportunidade única de
colaboração e aprendizado prático. Durante essa visita, pude perceber diferenças
significativas nos hábitos alimentares das crianças, bem como um interesse genuíno
delas em aprender sobre os alimentos e seus benefícios para a saúde.
Dessa forma, concluo que o estágio no Colégio Renovatus não apenas
fortaleceu meus conhecimentos teóricos, mas também ampliou minha visão sobre o
papel fundamental do nutricionista na promoção da saúde e bem-estar das crianças
e adolescentes nas escolas. Agradeço profundamente à equipe da instituição pela
acolhida e oportunidade de vivenciar experiências tão enriquecedoras. Saio deste
estágio com valiosas lições aprendidas e a certeza de que contribuí de maneira
significativa para a saúde e educação dos jovens atendidos pela instituição.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Diário Oficial da União. Decreto nº 11.820, de 12 de dezembro de 2023.


Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/decreto-n-11.820-de-12-de-
dezembro-de-2023-529912736. Acesso em: 16 mar. 2024.

BRASIL. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Programa Nacional de


Alimentação Escolar (PNAE). Disponível em: https://www.gov.br/fnde/pt-br/acesso-
a-informacao/acoes-e-programas/programas/pnae. Acesso em: 16 mar. 2024.

COLOMBO, Daniela; ALVES, Daniela S.; SECHIM, Aline P. Análise sensorial de


alimentos: Uma abordagem na Educação Infantil. Disponível em:
https://repositorio.ucs.br/xmlui/bitstream/handle/11338/12542/Artigo%20Daniela
%20Colombo.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 16 mar. 2024.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Página inicial.


Disponível em: https://www.ibge.gov.br/. Acesso em: 16 mar. 2024.
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Portal MEC - Notícias. Disponível em:


http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/31959?start=40. Acesso em: 16 mar.
2024.

PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPINAS. Página oficial. Disponível em:


https://www.prefeituradecampinas.org/. Acesso em: 16 mar. 2024.

ANEXOS

Anexo 1 - Cálculo do cardápio 1


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Anexo 2 - Cálculo nutricional do cardápio 2


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Anexo 3 – Cálculo nutricional do cardápio 3


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Anexo 4 – Cálculo nutricional do cardápio 4


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