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por tentativas discretas (Discrete Trial Training – DTT, e.g., Smith, 2001) tem sido uma
natural. Nessa perspectiva, o uso de estratégias de ensino estruturado, como o ensino por
recebe um comando para pegar um objeto, apresentado dentre outros dois objetos
equidistantes. Nesse caso, nenhuma outra instrução, som ou objeto estão presentes na
De acordo com Smith (2001), uma tentativa discreta consiste em uma unidade de
resposta.
3) Resposta: resposta emitida pelo aprendiz que pode ser independente ou com
do comportamento-alvo).
antecedentes por parte do terapeuta, ou seja, o terapeuta inicia a tentativa de ensino. Dessa
X”; 2) a dica pode ser o terapeuta apontar para o estímulo correto; 3) a resposta consiste
o acesso a uma ficha; e 5) o intervalo entre tentativas poderia ser de 3 segundos, seguido
de diversas habilidades (entre as quais, seguir instruções, imitar ações, nomear itens,
Por outro lado, o ensino por tentativas discretas apresenta algumas desvantagens,
ensino (e.g., Cooper et al., 2020, Stokes & Baer, 1977). Nesse sentido, após o ensino de
certos comportamentos, espera-se que estes possam ser demonstrados em situações novas
ou seja, se ele irá selecionar outros exemplares dos objetos. Por exemplo, se o aprendiz
branco diante do comando “pegue o prato” e uma colher de metal diante do comando
“pegue a colher”, seria importante avaliar se ele é capaz de selecionar um novo copo (ou
vários exemplares de copo) diante do comando “pegue o copo” e o mesmo para os demais
objetos. Além disso, seria desejável que o aprendiz também respondesse a comandos
apresentados por outras pessoas, como os pais e a professora (e não apenas o terapeuta
relação à generalização incluem garantir uso de treino com múltiplos exemplares (MET
- multiple exemplar training e.g., Holth, 2017; LaFrance & Tarbox, 2019), ou seja, para
ensinar a identificar a figura da bola, usar 3 diferentes exemplares de bola: uma bola de
futebol, uma bola de basquete e uma bola de brinquedo); implementar as tentativas com
diferentes materiais (por exemplo, para trabalhar habilidades de identificar figuras, usar
figuras impressas, livros, cenas); realizar o treino em diferentes contextos (mesa, chão,
área de brincar); e na presença de diferentes pessoas (por exemplo, com pelo menos dois
terapeutas).
Embedded Discrete Trial Teaching, Geiger et al., 2012). Nesse caso, as tentativas são
que tem preferência por montar quebra-cabeça, uma tarefa de identificar figuras poderia
ser realizada com uma figura fixada no verso de cada peça. As peças estariam dispostas
na mesa ou no chão, com o verso voltado para cima (ou seja, com as figuras visíveis) e,
a cada tentativa, o terapeuta diz o nome de uma figura e a criança deve pegar a peça que
contém a figura correta. Como consequência de uma resposta correta, a criança poderia
ensino).
apresentados pelo terapeuta (Smith, 2001). Este aspecto tem sido amplamente discutido
uso de DTT com outras estratégias de ensino naturalístico (e.g., Smith, 2001; Sundberg,
é reforçador (ou punidor) em certo momento e quais comportamentos podem ser mais ou
menos prováveis, a depender da sua história, em produzir o acesso a essa consequência
Por exemplo, para que uma criança esteja motivada a pedir e ter acesso a um
brinquedo preferido na sessão de terapia, uma possibilidade seria garantir que ela não
tivesse acesso livre ao brinquedo nas horas que antecedem a sessão. Assim, na hora da
sessão, o valor reforçador momentâneo do brinquedo poderia ser aumentado, assim como
teríamos uma condição que favoreceria a criança a pedir o brinquedo (considerando que
essa resposta tenha sido ensinada) ou uma ocasião para ensinar o comportamento (por
Os eventos ambientais que alteram o valor das consequências e têm efeito sobre
e.g., Laraway, Snycerski, Michael, & Poling, 2003; Michael & Miguel, 2020). Essas
do comportamento, embora o efeito possa ser em relação a outra dimensão, por exemplo,
uma criança esteja motivada para pedir e ter acesso a um brinquedo preferido, a OM
descrita seria guardar o brinquedo por algumas horas (ou seja, privar a criança do acesso
ao brinquedo por determinado período). Após esse período sem acesso ao brinquedo, ao
brinquedo, por exemplo, pedir o brinquedo (caso esse repertório já tenha sido treinado ou
comportamento também podem ser alteradas: a latência, por exemplo, a criança pode
pedir o brinquedo poucos segundos após ele ser apresentado; ou a magnitude da resposta,
por exemplo, quando a criança pede o brinquedo com um tom de voz alto e entonação
ter uma Operação Abolidora (OA), que diminui o valor da consequência. Por exemplo, a
criança ter acesso livre ao brinquedo antes da sessão, provavelmente será uma OA que
diminui o valor ou efetividade de uma consequência (e.g., Laraway et al., 2003; Michael
perguntar onde está um item. Essa organização do ambiente é fundamental para ensinar
a criança a fazer perguntas a partir da sua motivação ou “interesse” para ter acesso à
entregar um brinquedo com uma parte em falta (por exemplo, entregar a pista de corrida
sem os carros, ou entregar a casinha sem os bonecos). Essa OE tende a aumentar o valor
ao item. Então, diante do brinquedo com o item em falta, a criança pode demonstrar
iniciativa em buscar o item (olhar ao redor, apontar para o brinquedo, olhar para o
terapeuta, entre outros). Neste momento, o terapeuta poderia fornecer dica para a criança
perguntar “Onde está o carro?” ou “Onde está o boneco?”. Após a criança fazer a
e, a partir da informação, a criança pode ter acesso ao item. Nesse contexto, um exemplo
brinquedo completo não há motivação para perguntar onde está um item (na presença do
O ensino incidental (Incidental Teaching, cf. Hart & Risley, 1975) consiste em
uma estratégia de ensino que ocorre durante a interação entre o terapeuta e o aprendiz em
quadra, horário do lanche). Diversos estudos conduzidos por Hart e Risley investigaram
1974; 1975; 1980). Nesses estudos, o objetivo era ensinar habilidades verbais a crianças
de baixo nível socioeconômico, que frequentavam escolas públicas e/ou tinham algum
utilizado pela primeira vez pelos autores, em um estudo conduzido em 1974. Neste
estudo, o objetivo era ensinar repertórios verbais a partir das oportunidades naturais no
contexto de sala de aula de uma pré-escola. Para o estudo, foram separados dois conjuntos
composta (e.g., “eu quero um carro para brincar”). O registro das vocalizações em
condição de linha de base ou treino era realizado por meio de amostras com intervalos de
de grupo da sala de aula por cerca de 30 dias, de acordo com níveis de dica pré-definidos.
e, caso não fosse observada uma resposta, o professor implementava o nível de dica
menos para mais (cf., least-to-most, Cooper et al., 2020). A Tabela 1 apresenta os níveis
de hierarquia descritos no estudo de Hart e Risley (1974). Para o ensino de pedidos com
substantivos, por exemplo, no nível 1, diante de uma inciativa da criança para ter acesso
30 segundos. Caso a criança não emitisse a resposta, após os 30 segundos, era fornecido
o nível 2 de dica, nesse caso, uma pergunta “o que você quer?” ou “do que você precisa?”.
Da mesma forma, caso a criança não respondesse, o professor fornecia o nível 3 de dica:
“qual o nome disso?”. Por fim, no nível 4 a dica era o modelo vocal do professor, por
INSERIR TABELA 1
Os resultados do estudo foram apresentados por média do uso de palavras dos 12
adjetivo era de uma resposta por amostra, no treino, a média passou para cinco a seis
sentenças compostas, na linha de base, a média de uso era de 0,2 por amostra e passou
para 20, na condição de treino, em que o acesso aos itens era contingente às respostas
subsequentes (Hart & Risley, 1974). Em termos históricos, os estudos de Hart e Risley
(1968; 1974; 1975) são fundamentais para compreender a definição de ensino incidental
publicado em 1975. De acordo com Hart e Risley (1975), “uma situação de ensino
incidental é selecionada pela criança; ou seja, a criança inicia a interação1” (p. 411-
1
“An incidental teaching situation is child-selected; that is, the child initiates interaction…” (Hart &
Risley, 1975, p. 411-412)
um item, tentar pegar o item, esticar a mão na direção do item, apontar o item, pedir um
item ou atividade.
iniciativa da criança: 1) se aquela iniciativa pode ser utilizada para uma oportunidade de
ensino; 2) decidir que resposta-alvo pode ser trabalhada; 3) decidir que tipo de dica
utilizar (por exemplo, pistas/dicas não verbais ou verbais); e 4) se a dica inicial não evocar
a resposta-alvo, que nível ou dica adicional deve ser utilizada (Hart & Risley, 1975). Os
os autores utilizam o termo em inglês cue, que poderia ser traduzido como pista e pode
englobar pistas contextuais e dicas verbais. Nesse sentido, os autores consideram como
pistas a atenção do adulto e dicas verbais (em geral perguntas, como “O que você quer?”,
“O que é isso?”, entre outras). Caso a pista ou dica inicial não seja suficiente para evocar
a resposta, o adulto pode, então, fornecer uma dica adicional apresentando o modelo vocal
terapeuta. Diversas habilidades podem ser ensinadas por meio de ensino incidental como,
por exemplo, habilidades verbais, sociais e de brincar, embora a ênfase dos estudos tenha
sido o treino de repertórios verbais (e.g., Hart & Risley, 1975). Os próprios autores
afirmaram esse ponto: “o ensino incidental tem sido mais frequentemente aplicado ao
ensino de linguagem... 2 ” (Hart & Risley, 1975, p. 412). Contudo, outras habilidades
poderiam ser trabalhadas nesse formato de ensino. Por exemplo, para o objetivo de comer
2
“Incidental teaching has been most frequently applied to the teaching of language and is here considered
in that context.” (Hart & Risley, 1975, p. 412)
usando o talher, seria possível ensinar essa habilidade por meio de ensino incidental,
da iniciativa da criança de tocar a comida ou tentar pegar a comida com a mão o terapeuta
três meninos com autismo com idades entre 6 e 11 anos. As sessões de treino eram
realizadas na sala de aula, sendo que a condição de ensino estruturado era realizada com
dos itens. As sondas de generalização eram realizadas em outra sala diante de uma
ao fornecer o comando “Onde está a/o...” seguido do nome do item (por exemplo, “Onde
preferido, mas não aquele usado na tentativa (por exemplo, acesso a um carrinho). Na
terapeuta fornecia o comando “Onde está a/o...” seguido do nome do item solicitado (por
exemplo, “Onde está a bola?”). Caso a criança respondesse apontando para o item, o
terapeuta então fornecia o comando “Me diga onde” (a criança deveria dizer, por
exemplo, “em cima da caixa”). Respostas corretas eram seguidas por elogios e o
até o critério de 80% de respostas corretas independentes nas duas condições. A seguir,
eram ensinados novos pares de preposições da mesma forma. Após alcance do critério de
100% de respostas corretas independentes com três pares de preposições, nos dois
procedimentos, eram realizadas sessões de manutenção. Por fim, eram realizadas sondas
posição dos materiais treinados, foram observados maiores níveis de uso das preposições
estudo foi realizado com três crianças com autismo cujos pais foram treinados a
de fazer pedidos, diante da iniciativa da criança para ter acesso a um item, a mãe ou o pai
deveria esperar até 10 segundos por uma resposta ou, ao final do intervalo, fornecer a dica
“Me dá o brinquedo”. Diante de uma resposta correta, a criança poderia ter acesso ao
mesmo procedimento de atraso de dica), em que a criança deveria pedir para ter acesso
Ensino Naturalístico
e.g., Charlop-Christy et al., 1999; Charlop, Lang, & Rispoli, 2018) foram desenvolvidas