Você está na página 1de 20

Índice

1. Introdução ............................................................................................................................. 5
1.1. Objectivos: ........................................................................................................................ 5
1.1.1. Objectivo Geral: ............................................................................................................ 5
1.1.2. Objectivos Específicos: ................................................................................................. 5
2. Sucessão Testamentária ............................................................................................................ 6
2.1. Testamento ............................................................................................................................ 6
2.2.Conceito e natureza do Testamento ....................................................................................... 6
3.Legados ...................................................................................................................................... 7
3.1.O legado para pagamento de dívida ....................................................................................... 9
3.1.1.Legado de Credito .............................................................................................................. 10
3.1.2.Legado de coisas oneradas ................................................................................................ 10
3.1.3.Legado de prestação periódica .......................................................................................... 11
3.1.4.Legado deixado a um menor.............................................................................................. 11
4.Substituição .............................................................................................................................. 11
4.1.Substituição directa............................................................................................................... 11
4.1.1.Substituição plural.............................................................................................................. 12
4.1.2.Substituição Recíproca ....................................................................................................... 12
4.2.1.Substituição fideicomissária............................................................................................... 12
4.2.2.Substituição plural.............................................................................................................. 13
Limite de Validade ....................................................................................................................... 13
Fideicomissários irregulares ........................................................................................................ 13
4.2.3.Substituição fideicomissárias nos legados ......................................................................... 14
4.3.Substituição Pupilar e quase-pupilar .................................................................................... 14
4.3.1.Substituição quase-pupilar................................................................................................. 14
4.3.2.Transformação da substituição pupilar em quase-pupilar ................................................ 14
4.3.3. Nulidade, Anulabilidad ...................................................................................................... 15
5. Testamentaria ......................................................................................................................... 15
5.1. Quem Pode Ser nomeado testamenteiro (art..296) .......................................................... 16
5.1.2. Quem não pode ser nomeado testamenteiro ................................................................. 16
5.1.3. Direito do testamentário................................................................................................... 17
5.2. Obrigacoes do testamenteiro .............................................................................................. 17
5.3. Remuneracao (art..309 LS) ................................................................................................... 18
6.Conclusão ................................................................................................................................. 19
7.Bibliografia ............................................................................................................................... 20
1. Introdução

Com a morte, abre-se a sucessão (ou vocação sucessória) que irá chamar os
herdeiros e legatários à titularidade das relações jurídicas antes pertencentes àquele
que faleceu (art.1 da LS). Existem dois tipos de sucessão quanto à fonte (legal e
voluntária), e cada um deles contém duas espécies diferentes: da sucessão legal
fazem parte a sucessão legitimária e a sucessão legítima, da sucessão voluntária
fazem parte a sucessão contratual e a sucessão testamentária.

Este estudo tem por tema principal o testamento, que é um dos títulos de vocação
sucessória (segundo o artigo 3 da LS), especificamente, da vocação (ou sucessão)
testamentária. A sucessão testamentária encontra-se regulada entre os artigos 160 e
310 da LS. O testamento é um negócio jurídico que, na nossa opinião, merece maior
estudo do que aquele que nos é proporcionado enquanto alunos de Direito.

Propusemos-ne aprofundar os nossos conhecimentos em matéria do testamento,


porque não foi dos negócios jurídicos mais tratados ao longo do curso de Direito. Na
disciplina de Direito da Família e das Sucessões dá-se maior relevância, na parte
relativa à sucessão, à sucessão legitimária (sucessão que se dá a favor dos herdeiros
legitimários, a favor dos quais, pela sua proximidade ao de cuius, a lei reserva uma
parte da herança, uma porção de bens dos quais o testador não pode dispor. Essa
parte indisponível da herança designa-se legítima– prevista a partir do artigo 137 da
LS) que às outras espécies de sucessão.

1.1. Objectivos:
1.1.1. Objectivo Geral:
 Falar em torno da Sucessao Testamentaria.

1.1.2. Objectivos Específicos:


 Apresentar com conceito de Testamentaria;
 Analisar o seu objetivo, as pessoas sujeitas ao Testamento.
2. Sucessão Testamentária

2.1. Testamento
Com a morte de uma pessoa extingue-se a sua personalidade jurídica (artigo 68º, nº 1 do
Código Civil) e algumas das suas relações jurídicas. No entanto, nem todas as relações
jurídicas da pessoa se extinguem com a sua morte. Algumas permanecem e carecem de
um novo titular. Para determinar o novo titular recorre-se à sucessão, definida pelo
artigo 1 da LS como “o chamamento de uma ou mais pessoas a ingressar nas relações
jurídico-patrimoniais de que era titular uma pessoa falecida e a consequente
transferência dos direitos e obrigações desta ”.

A sucessão testamentária (arts. 160 e seguintes, da LS) baseia-se no testamento e é


utilizada pelo autor da sucessão para dispor da quota disponível. É esta sucessão que
representa a “principal manifestação do direito à transmissão da propriedade privada por
morte”.

2.2.Conceito e natureza do Testamento


O nº1 do art. 160,da LS, define testamento como o “ato unilateral e revogável pelo qual
uma pessoa dispõe, para depois da morte, de todos os seus bens ou de parte deles”. O
nº2 do mesmo artigo, por sua vez, admite a possibilidade do testamento conter
disposições de carácter não patrimonial, independentemente de conter ou não
disposições de carácter patrimonial.

Segundo Guilherme de Oliveira o testamento “ é tradicional e fundamentalmente um


negócio patrimonial; isto é: incide sobre relações jurídicas de natureza patrimonial,
sobretudo determinando a alteração subjetiva que se traduz na mudança do seu titular.
Mas também se admitiu sempre que o testamento fosse utilizado para fazer disposições
de carácter pessoal”. Exemplos de disposições de carácter pessoal são aquelas
relacionadas com os direitos de personalidade: disposições sobre a publicação e em que
termos de cartas ou memórias do testador, a divulgação do seu retrato, tornar público
factos sobre a sua vida privada e a sua identidade pessoal, a proibição da realização de
uma escultura do testador ou de homenagem pública, a divulgação da sua ideologia
política, partidária ou filosófica, a autorização para a escrita e publicação da sua
biografia, etc.

2.3.Natureza do Testamento
Quanto à sua natureza, o testamento caracteriza-se por ser um negócio mortis causa, um
negócio jurídico unilateral, não receptício, pessoal, individual, livremente revogável,
formal e de orientação subjetivista.

Trata-se de um negócio mortis causa porque apenas produz os seus efeitos após a morte
do seu autor. Por outras palavras, é um ato jurídico cujos efeitos têm como causa a
morte do autor do testamento e este não se autolimita em vida, uma vez que pode vir a
revogar o testamento. Para além disso, os herdeiros ou legatários só com morte do
testador adquirem os bens deixados.

O testamento é um negócio jurídico unilateral, isto é, há uma só declaração de vontade,


existindo apenas uma parte na relação jurídica, um único centro de interesses.

É também um negócio não receptício, o que significa que não é necessário comunicar o
testamento a pessoa determinada para este ser perfeito e válido. Contudo, é necessário,
para o testamento se tornar eficaz, a produção de um facto: a morte do testador. De
notar que a aceitação ou repúdio da sucessão testamentária é um direito do herdeiro ou
do legatário, autónomo da instituição testamentária, e, por isso, não é um requisito da
perfeição nem da eficácia do testamento.

3.Legados
legado é típico da sucessão testamentária, recaindo, necessariamente, sobre uma coisa
certa e determinada ou uma cifra em dinheiro, sendo, por isso, uma sucessão causa
mortis a título singular, assemelhando-se a uma doação, dela diferindo pelo fato de ser
ato unilateral e produzir efeitos apenas com o falecimento do decujus, o legado envolve
um conceito negativo a respeitodo herdeiro, pois é manifestação de última vontade que
não envolve instituição de herdeiro e constitui liberalidade que diminui o quinhão
daquele; além do mais, o herdeiro representa o defunto, para efeitos patrimoniais.

O legado é, portanto, a disposição testamentária a título singular, pela qual o testador


deixa a pessoa estranha ou não à sucessão legítima um ou mais objetos individualizados
ou certa quantia em dinheiro.
O legado requer a presença de 3 pessoas:
a) o testador (legante), que é o que outorga o legado;
b) o legatário, que adquire o direito ao legado. Qualquer pessoa, parente ou estranha,
natural ou jurídica, civil ou comercial, pode ser contemplada com o legado. Como o
beneficiário não precisa ser necessariamente pessoa diversa do herdeiro, se o legado for
distribuído ao herdeiro legítimo denominar -se-á legado precípuo ou
prelegado,reunindo-se numa sópessoa as qualidades de legatário e herdeiro, de modo
que o prelegatário recebe o prelegado além dos bens que constituem sua herança,
podendo até recebê-lo antes da artilha, se o disponenete assim o determinar;
c) o onerado, sobre quem recai o ônus do legado ou a quem compete prestar o legado. A
prestação do legado ou a sua execução pode ser atribuída a todos os co-herdeiros
conjuntamente, devendo cada qual satisfazer o legado na proporção da quota que lhe
couber, ou a qualquer deles, expressamente designado na verba testamentária.

O legado é um bem ou um conjunto de bens ou de valores determinados (art. 6, nº 2, da


LS). O legatário é o beneficiário do legado.
 A nível estrutural, o legado é uma sucessão;
 A nível funcional, serve um interesse subjetivo, do testador: permite ao autor da
sucessão a satisfação dos seus interesses pessoais, atribuindo vantagens
económicas ao chamado à sucessão como legatário.

O legado de coisa alheia é o legado de um direito ou bem de que o testador dispõe não
sendo o seu titular.

Importa referir que, se o testador era o proprietário do direito ou do bem na data de


elaboração do testamento, mas não o é na data de abertura da sucessão, não há
verdadeiramente um problema, pois o testador, em vida, pode dispor livremente dos
seus bens.

Nestas situações, considera-se que houve uma revogação real por parte do testador (art.
292, da LS). Aplicam-se os mesmos princípios nos casos em que o legatário adquire a
coisa deixada em legado, a título oneroso ou gratuito, do autor da sucessão (art.240, nº
1).

Existem diferentes manifestações do legado de coisa alheia consagradas na LS:


 legado de coisa pertencente ao onerado ou a terceiro (art. 234, da LS),
 legado de coisa pertencente só em parte ao testador (art. 235, da LS),
 legado de coisa não existente no espólio do testador (art. 237,da LS) e
 legado de coisa pertencente ao próprio legatário (art. 239, da LS).

A lei considera, em regra, estes legados nulos. Excetuam-se os casos em que a coisa
existe no património do testador no momento da abertura da sucessão (artigos 234, nº 2
e 239), porque só nessa data é que o testamento produz efeitos.

Assim, em vez de se considerar a data do testamento, nestes casos importa a situação


existente à data de abertura da sucessão. Também se excetuam os casos em que,
sabendo o testador que a coisa não lhe pertencia, encarregou um sucessível onerado de a
transmitir ao legatário (independentemente de ser ele ou um terceiro o proprietário da
coisa – art. 234, nºs 1 e 2, da LS.

O testador pode deixar ao legatário o direito de usufruto de uma coisa. O artigo 6, nº 4,


da LS , considera estes casos como legado, uma vez que o usufrutuário bens ou valores
determinados (e não na totalidade ou numa quota do património do falecido,art 6, nº 2,
da LS). O usufrutuário sucede no usufruto da herança, não na raiz. Para além disso, o
direito de usufruto é um direito transitório, porque se extingue com a morte do
usufrutuário (se for vitalício) ou na data fixada pelo testador (artigos 1443º do Codigo
Civil e 241 da LS).

3.1.O legado para pagamento de dívida

O legado de quitação de dívida importa o perdão desta por parte do testador, que é o
credor, ao legatário devedor, cumprindo-se pela entrega do título ou passando-se a
quitação, abrangendo, salvo disposição em contrário, os juros. Se o legatário nada lhe
dever, caduca o legado; se tiver pago uma parte do débito, reduzir-se-á ao saldo
remanescente, sem direito a restituição.

encontra-se regulado no artigo 242 da LS


1. Se o testador legar certa coisa ou certa soma como por ele devida ao legatário, é
válido o legado, ainda que a soma ou coisa não fosse realmente devida, salvo sendo o
legatário incapaz de a haver por sucessão. Isto é consiste num legado de certa coisa ou
soma que o testador sabe que deve ao legatário, presume que deve ao legatário ou sabe
que não deve, mas aparenta dever.

3.1.1.Legado de Credito
O autor da sucessão pode transmitir, através do testamento, um direito de crédito que
tenha sobre um terceiro, sobre herdeiro onerado ou sobre o legatário ao qual transmite o
direito de crédito. O artigo 244, da LS, consagra, no nº 1, os efeitos deste legado e, no nº
2, o modo de entrega do legado.

O legado de crédito é apenas o legado daquilo que se deve ao testador. O legado de


crédito tem por objeto um título de crédito, do qual é devedor terceira pessoa, que é
transferido pelo testador ao legatário, e que, entretanto, somente valerá até a concorrente
quantia do crédito ao tempo da abertura da sucessão. O legatário só terá direito aos juros
vencidos desde a morte do de cujus, exceto se no testamento houver declaração em
contrário. Importa, portanto, numa cessão mortis causa ou transferência da dívida ativa
do testador, por ato de última vontade, ao legatário, que passará a ser onovo credor,
aplicando-se-lhe a mesma regra que rege a transferência da dívida ativa do testador, por
acto de última vontade, ao legatário, que passará a ser o novo credor, aplicando-se-lhe a
mesma regra que rege a transferência inter vivos, segundo a qual o cedente não se
responsabiliza pela liquidez do crédito, não respondendo o espólio nem mesmo pela
insolvência do devedor nem pela existência de crédito.

3.1.2.Legado de coisas oneradas


Caso o testador deixe um legado de coisa onerada, a coisa passa com o mesmo encargo
para o legatário, depois da abertura da sucessão (art. 255º, nº 1, da LS). Antes da
abertura da sucessão, diz o nº 2 do artigo 255 que, havendo foros ou outras prestações
que ainda não foram pagas, são consideradas dívidas da herança.
3.1.3.Legado de prestação periódica

O legado de prestação periódica (art. 256 da LS) é um legado constitutivo, pois onera o
legatário com uma obrigação de prestar, obrigação essa que não existia na esfera
jurídica do autor da sucessão. O testador pode fixar o quantitativo da prestação
periódica e a duração do legado. A principal espécie destes legados é o legado de
alimentos (art. 256, nº 2, da LS).

3.1.4.Legado deixado a um menor


O artigo 257 da LS prevê o legado deixado a um menor para quando este atingir a
maioridade, não permitindo ao menor que o exija antes de completar 18 anos,
independentemente de este já ser emancipado. Trata-se de uma norma de caráter
supletivo, apesar de, como notam Pires de Lima e Antunes Varela, não conter a
expressão «salvo declaração do testador em contrário», normalmente utilizada pelo
legislador para esclarecer “a natureza não injuntiva dos preceitos congéneres.

4.Substituição
Na sucessão testamentária (e na sucessão contratual) existem três tipos de substituição:

 Substituição direta,
 Substituição fideicomissária, e a
 Substituição pupilar e quase-pupilar.

Estas encontram-se reguladas entre os artigos 264 e 283 da LS.

4.1.Substituição directa
A substituição direta encontra-se prevista entre os artigos 264 e 268. Começando o
artigo 264 a definir substituição direta: o testador pode substituir outra pessoa ao
herdeiro instituído para o caso de este não poder ou não querer aceitar a herança.
4.1.1.Substituição plural
No artigo 265 prevê-se a substituição plural, em que o testador nomeia várias pessoas
para substituírem um só herdeiro ou nomeia uma só pessoa para substituir vários
herdeiros.

4.1.2.Substituição Recíproca
O testador pode determinar que os co-herdeiros se substituam reciprocamente; a esta
substituição dá-se o nome de substituição recíproca (art. 266 da LS).

Substituição recíproca ou mútua é a retirada de um herdeiro testamentário ou legatário


que não deseja receber ou não pode obter a herança por outro herdeiro testamentário ou
legatário.

A substituição recíproca pode ser geral e particular.

Dá-se a substituição recíproca geral quando todos os demais herdeiros testamentários

substituem o que não aceitou a herança pela sucessão testamentária.

Substituição recíproca particular é aquela que sucede quando determinados herdeiros

substituem outros igualmente determinados.

4.2.1.Substituição fideicomissária
A substituição fideicomissária encontra-se prevista entre os artigos 269 e 279 da LS.

O artigo 269 define a substituição fideicomissária (também chamada fideicomisso)


como a disposição pela qual o testador impõe ao herdeiro ou legatário (fiduciários) o
dever de conservar a herança, para, depois da sua morte, o herdeiro a transmitir ao
fideicomissário.

Caracteriza-se a substituição fideicomissária pela sucessão nos bens transmitidos por


herança.
O fiduciário fica obrigado a transferir, por ocasião da sua morte, ou por termo ou
condição, os bens a outra pessoa, o fideicomissário.
O fideicomissário, portanto, não recolhe os bens no momento da abertura da sucessão.
Todavia, durante o período em que o fiduciário permanecer na propriedade resolúvel
dos bens, ele ficará obrigado a efetuar o inventário dos bens gravados, e a prestar
caução de restituição como forma de garantia dos direitos do fideicomissário.
A substituição fideicomissária pode se dar não apenas com a morte do fiduciário, como
também nos casos em que a cláusula testamentária dispuser sobre alguma condição ou
termo.
A renúncia do fiduciário à herança ou ao legado viabiliza a transmissão direta da
propriedade em favor do fideicomissário

4.2.2.Substituição plural

O artigo 270 admite a substituição plural, isto é, o testador nomear vários fiduciários
e/ou vários fideicomissários.

Limite de Validade

O artigo 271, no entanto, limita este tipo de substituição a apenas um grau,


considerando nulas aquelas que ultrapassem o limite.

Fideicomissários irregulares

O artigo 278 regula os fideicomissos irregulares, considerando como fideicomissárias as


disposições pelas quais o testador proíba o herdeiro de dispor dos bens hereditários (por
ato inter vivos ou mortis causa), as disposições pelas quais o testador chame alguém ao
que restar da herança por morte do herdeiro e as disposições pelas quais o testador
chame alguém aos bens deixados a uma pessoa coletiva, para o caso de esta se
extinguir.
4.2.3.Substituição fideicomissárias nos legados

O artigo 279 manda aplicar as regras sobre a substituição fideicomissária também aos
legados.

4.3.Substituição Pupilar e quase-pupilar


As substituições pupilares e quase-pupilares encontram-se previstas entre os artigos 280
e 283 da LS.

O artigo 280 define substituição pupilar como sendo aquela em que o progenitor (que
não esteja inibido total ou parcialmente do poder paternal) se substitui ao(s) seu(s)
filho(s) menor(es) e designa os herdeiros ou legatários do(s) filho(s). Esta substituição
só produzirá efeitos se o filho morrer antes de atingir a maioridade ou se emancipar e
apenas se não lhe sobreviverem descendentes ou ascendentes (art. 280, nº 2 da LS).

A razão pela qual a substituição pupilar apenas produz efeitos se não se o menor não
atingir a maioridade (ou se emancipar) é a aquisição da capacidade testamentária ativa.
Isto é, a substituição pupilar é utilizada para suprir a incapacidade testamentária ativa do
menor (a incapacidade deriva do facto do filho ser menor), uma vez que, atingidos os 18
anos de idade, o substituído adquirirá a capacidade testamentária ativa, como efeito da
maioridade (art. 130º, do Código Civil) e, por isso, poderá testar por si próprio.

4.3.1.Substituição quase-pupilar
Por sua vez, o artigo 281 define substituição quase-pupilar como aquela em que o
substituído é interdito por anomalia psíquica, aplicando-se as regras da substituição
pupilar. Os bens que podem ser abrangidos por estes tipos de substituição são aqueles
que o menor não emancipado ou o interdito por anomalia psíquica recebeu por herança
ou legado daqueles que o substitui (art. 283).

4.3.2.Transformação da substituição pupilar em quase-pupilar


O artigo 282 prevê as situações em que o menor passa a ser declarado interdito por
anomalia psíquica, não adquirindo capacidade testamentária ao cumprir os 18 anos de
idade. Nesses casos, prevê o artigo 282 que a substituição pupilar passe a ser
substituição quase-pupilar.
4.3.3. Nulidade, Anulabilidade

O artigo 284 dispoe que :

1. A acção de nulidade do testamento ou de disposição testamentária caduca ao


fim de 10 anos, a contar da data em que o interessado teve conhecimento do
testamento e da causa da nulidade.

2. Sendo anulável o testamento ou a disposição, a acção caduca ao fim de dois anos


a contar da data em que o interessado teve conhecimento do testamento e da causa
da anulabilidade.

3. São aplicáveis, nestes casos, as regras da suspensão e interrupção da prescrição.

5. Testamentaria
Segundo (MILTON OLIVEIRA) Geralmente o testador nomeia uma ou mais pessoas de
sua confiança, que pode ser um herdeiro, o cônjuge meeiro, um legatário ou uma pessoa
estranha, para que sejam ultimadas as suas disposições definidas no testamento.

A lei das sucessões prevê tal faculdade: "Art. 296 - O testador pode nomear um ou mais
testamenteiros, conjuntos ou separados, para lhe darem cumprimento às disposições de
última vontade." Portanto, o testamenteiro é a pessoa designada para fazer cumpra as
disposições de última vontade do de cujus, exercendo todos os poderes que lhe forem
conferidos e atendendo às obrigações ditadas pelo autor da herança. É, portanto, um
executor do testamento. Saliente-se que o estrangeiro pode ser nomeado testamenteiro,
desde que domiciliado no país. Também o falido pode ser testamenteiro, porque a
testamentária é um encargo privado e a incapacidade do falido diz respeito aos
interesses da massa.

Normalmente, o próprio testador nomeia o testamenteiro, por meio de testamento ou


codicilo. Sendo nomeado mais de um testador, deverá ser indicada a ordem em que
devem servir, isto é, a ordem em que se operará a sucessividade, em caso de o primeiro
nomeado não aceitar ou, por qualquer motivo, encontrar-se impossibilitado. Se a
nomeação for in solidum, deverá vir expressa. Não havendo menção expressa do
testador, a testamentaáa deverá ser exercida por todos os testamenteiros em comum.
Não sendo nomeado testamenteiro, a execução testamentária competirá ao cônjuge
supérstite, desde que casado sob o regime de comunhão de bens. Na ausência deste, o
juiz escolherá um dos herdeiros para exercer a função. Sendo o testamento particular e
não tendo sido o testamenteiro quem o apresentou para publicação,será ele intimado
para a audiência de confirmação.

5.1. Quem Pode Ser nomeado testamenteiro (art..296)


Qualquer pessoa natural que tenha capacidade civil para contrair obrigações. Dissemos
anteriormente que o testamenteiro é, em geral, escolhido pelo testador, recaindo a
nomeação, normalmente, em um herdeiro, ou no cônjuge meeiro, ou no legatário, ou,
até, numa pessoa estranha ao testamento. Pode, inclusive, a nomeação recair em mais de
uma pessoa. Será considerada a capacidade do testamenteiro ao tempo em que ele
começou a exercer as funções do munus, conservando-se enquanto durar o encargo.

5.1.2. Quem não pode ser nomeado testamenteiro


Caso se verifique uma eventual incapacidade para o nomeado exercer o encargo de
testamenteiro, tal fato deve ser apreciado no momento em que se for dar o exercício.
Um exame perfunctório nos leva a concluir, com certa razão, que o testador não
nomearia testamenteiro determinadas pessoas um, justamente para não dar oportunidade
a um desejo viciado. Porém, se, por motivos outros, que aqui não devam ser
questionados, procedeu diferentemente, oportuniza-se a incapacidade. Portanto, não
podem ser testamenteiro os menores de 18 (dezoito) anos, não emancipados, os
interditos, os pródigos, os ausentes e, em certos casos, os silvícolas. Também não deve
ser deferida a testamentária aos que devem ao testador, aos que estiverem litigando com
os herdeiros ou que forem inimigos destes ou do disponente; à pessoa que, a rogo,
escreveu o testamento, seu cônjuge, ascendentes, descendentes e irmãos; à concubina do
testador casado; às testemunhas testamentárias; ao oficial público; ao comandante e ao
escrivão perante o qual se fez o testamento.

A testamentaria é encargo pessoal, deferido exclusivamente à pessoa física. Segundo


(Orozimbo Nonato), é um munus privatum, que ninguém será obrigado a exercê-Ia
senão por anuência livre. Portanto o testamenteiro terá de expressar se aceita ou não o
encargo, para, daí, nascerem os direitos e obrigações que Ihes são próprios. Na lição de
Caio Mario Da Silva Pereira, a nomeação do testamenteiro não se constitui um
requisito de validade do testamento, mas uma faculdade e, como tal, o testador a
exercerá ou não, segundo os seus desejos. O testamenteiro somente poderá ter a posse e
a administração da herança, ou parte dela, na falta de cônjuge ou herdeiros necessários,
consoante orientação.

5.1.3. Direito do testamentário


Assim como nos demais institutos jurídicos, o testamenteiro tem direitos e obrigações
dos quais não se pode descurar. São direitos indelegáveis do testamenteiro: ter a posse e
administração da herança, se não houver cônjuge nem herdeiro necessário; defender a
posse dos bens da herança; requerer o inventário e cumprir o testamento, se tiver
herança; requerer ao detentor do testamento que o leve a registro; receber a vintena; ser
reembolsado das despesas feitas com a execução do testamento; ser citado para o
inventário; e demitir-se do encargo.

5.2. Obrigacoes do testamenteiro


Prestar compromisso de bem servir, assinando o respectivo termo, em cartório, e
administrar a herança; executar as disposições testamentárias dentro do prazo;
apresentar, em juízo, o testamento para ser aberto, e, se não o tiver em sua guarda,
indicar ao juiz quem o detenha, requerendo sua intimação para que o apresente; fazer a
publicação do testamento particular; atender às despesas funerárias; requerer o
inventário dos bens da herança, no caso de ter a posse e a administração desses bens;
defender o testamento; requerer a inscrição e a especialização da hipoteca legal dos
incapazes; zelar pela conservação, administração e aproveitamento dos bens sob sua
guarda, sujeitando-se a responder por todos os danos que causar no exercício de suas
funções art 308 no 2 ; prestar contas; responder pelos prejuízos que causar
culposamente; e exercer as funções de inventariante, caso o testador tenha distribuído
toda a herança em legados art 308. Por cuidar de interesses alheios, o testamenteiro está
obrigado a prestar contas do munus, no prazo marcado pelo testador ou, se não houver
estipulação, dentro de 180 (cento e oitenta) dias, contados da aceitação da testamentária.
A prestação de contas deve ser autuada em apartado ao inventário, com intervenção do
órgão do Ministério Público. Se, porém, o testamenteiro se recusar a prestá-Ia, cabe,
então, a qualquer interessado propor sua remoção, em ação própria, de procedimento
especial. Em caso de testamenteiros simultâneos, cada um prestará conta, apenas, do
que tiver feito, salvo se houverem agido em conjunto, quando, então, todos serão
obrigados a prestar contas.

5.3. Remuneracao (art..309 LS)


O cargo de testamenteiro é gratuito excepto se lhe for atribuido pelo testador alguma
retribuicao.

O testamenteiro não tem direito a retribuicao indicada, ainda que atribuida sob a forma
de legado, se não aceitar a testamentaria ou for dela removido; se a testamentaria
caducar por qualquer outra causa, cabe-lhe apenas uma parte da retribuicao proporcional
ao tempo em que exerceu as funcoes.

A remuneração normalmente é fixada pelo testador. Sendo ela excessiva, levando-se em


conta as forças da herança, poderá ser reduzida ao limite legal, ou a ele elevada, se for
irrisórias.
6.Conclusão

A realização deste estudo permitiu uma maior pormenorização do testamento e da


sucessão testamentária: para além de ajudar a enquadrá-lo no ordenamento jurídico,
permitiu compreender melhor a sua natureza e o seu conteúdo, assim como, a relevância
que este negócio jurídico tem como expressão da última vontade do autor da sucessão.

Quanto ao conteúdo do testamento, este pode ser muito variado, podendo conter
disposições de carácter patrimonial e/ou não patrimonial. O legislador consagrou essas
possibilidades (apenas ter disposições de carácter patrimonial, apenas ter disposições de
carácter não patrimonial ou ter disposições patrimoniais e não patrimoniais) no artigo
160 LS, no mesmo artigo em que nos dá uma noção (não completamente exata) de
testamento.
7.Bibliografia
AMARAL, JORGE AUGUSTO PAIS DE; “Direito da Família e das Sucessões”;
Coimbra; Almedina; 2016.

CAMPOS, DIOGO LEITE DE; “Direito da Família e das Sucessões”; Coimbra;


Almedina; 1998.

COELHO, F. M. PEREIRA; “Direito das Sucessões”; 4ª Edição; Coimbra; J. Abrantes;


1992.

CORTE-REAL, CARLOS PAMPLONA; “Curso de Direito das Sucessões”; Lisboa;


Quid Iuris; 2012.

OLIVEIRA, GUILHERME FREIRE FALCÃO DE; “O testamento: apontamentos”;


Coimbra;

TELLES, INOCÊNCIO GALVÃO; “Sucessão testamentária”; Coimbra; Coimbra


Editora; 2006.

Lei das Sucessões n°23/2019 de 23 de Dezembro

Você também pode gostar