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A Ascenção do Romance – Ian Watt

 A obra de Watt tem como tese central a ideia de que o realismo é uma
característica distintiva do Romance, distinguindo o que foi escrito a partir do
séc. VIII até os dias atuais, do que foi produzido antes do séc. VIII;
 A representação se dá, portanto, entre a representação desses personagens
(detalhes que os compõem, inclusive em termos psicológicos), e o lugar em que
eles se encontram, que determina características a eles, utilizando-se de suas
memórias na construção de suas identidades;
 O Romance é a forma literária que reflete mais plenamente a reorientação
individualista e inovadora do homem, que caracteriza a modernidade, mais
dialogada, portanto, com a perspectiva da industrialização, da compreensão do
individuo em termos filosóficos e existenciais;
 Ascenção de um indivíduo autônomo na modernidade;
 Se caracteriza, segundo o autor, pela ausência de modelos pré-estabelecidos,
como ocorre com as epopeias e tragédias clássicas por exemplo;
 Originalidade;
 Em termos de representação, se concentra em tipos não gerais, com ênfase nas
particularidades, ao contrário dos gêneros tradicionais, novamente;
 Dois aspectos específicos sustentam a técnica narrativa do romance:
caracterização dos personagens (individualizado) e apresentação do ambiente
(apresentado detalhadamente e com especificação do tempo);
 Questão dos nomes próprios: anteriormente havia a nomeação das personagens,
mas é com o romance que esse batismo ganha traços de individualização,
condizentes com o contexto social contemporâneo;
 O romance do séc. XX promove uma tensão entre o passado e o presente, entre
as lembranças e suas atualizações no presente da narrativa, colocando em tensão
a identidade dos personagens e lugares;
 Romance: relato de experiências individuais (Ian Watt); - representação da
realidade moderna – para Watt o romance nasce no séc. XVIII, quando rompem
com os ditames das regras clássicas;
 Apresentação mais imediata da realidade, obedecendo a preceitos de
representação convencional (crítica a teoria do Ian Watt), que podem ser
compreendidas como discurso sobre o mundo, sobre a realidade, o que cai na
teoria do Barthes como “efeito do real”, que busca exatamente essa
representação imediata do real; Assim, o realismo formal seria o critério de
distinção do que é o romance como forma moderna, em contraposição ao que foi
escrito em prosa ficcional antes dele; - isso é arbitrário, pois muitas obras do
romance não se enquadram nessa categoria;
 Na verdade o romance é uma forma plástica, que agrega muitas formas
narrativas, diversas entre si, mas que compartilham algumas características,
como serem em prosa, ter dimensão de ficcionalidade, mas que não compactuam
com a necessidade de representação tal qual a realidade;
ANATOL ROSENFELD
 Formação da subjetividade humana - O homem deixa de ser o centro do
universo;
 Nota-se uma modificação: a eliminação do espaço, a cronologia e a continuidade
temporal são abaladas (Kafka, Guimarães, Clarice e etc.) – Essa mudança – a
crise do sujeito – e a relativização do espaço e tempo, operam como mudanças
estrutural da própria obra de arte;
 Relativização do tempo incorporada à forma do romance: água viva de Clarice,
Angustia de Graciliano – o leitor é submerso pela temporalidade fragmentada; -
desaparecem marcos intermediários e a causalidade (fluxo de consciência);
 A quebra das certezas na modernidade pode ocorrer de três formas diferentes, e
abala a perspectiva da espaço-temporal: questionando-se a unidade do
“Homem”, do “Mundo” e da possibilidade de que “Homem” e “mundo” tenham
relação, desequilíbrio do homem com a harmonia do mundo;
 Relativização dos espaços – ausência de laços e origens – o labirinto como
metáfora da metrópole, que opera no próprio romance (Quarto de despejo de
Carolina);

 O romance surge como uma forma que reflete mudanças sociais e transformação
no pensamento;
 O romance “clássico” como gênero característico do sujeito moderno (WATT);
 Romance “moderno” como gênero característico da crise do sujeito moderno
(Rosenfeld)
 O romance antigo é substituído pelo moderno em função da transformação do
sujeito e de mudanças sociais e no pensamento, o moderno é o gênero
característico da crise;

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