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UNIVERSIDADE SAVE

Licenciatura em agro-pecuária com habilitações em extensão

Amélia Bata Nhampossa

Cristo Lourenço Mairosse

Lencinio Zacarias Vilanculo

Neusa Justino Chihungo

Simone Amadinho Chongole

Massinga

28/01/2021
UNIVERSIDADE SAVE
ESCOLA SUPERIOR TÉCNICA

Maneio geral de gado de leite

Trabalho de pesquisa da cadeira de Saúde e


Gestão de Manada a ser apresentado ao
docente da cadeira para efeitos de avaliação.

Docente: Dr. Delfino Afo

Massinga

28/01/2021

Índice
3

CAPITULO I..............................................................................................................................5
1.Introdução................................................................................................................................5
1.1.Objectivos.............................................................................................................................5
1.2.Metodologia..........................................................................................................................6
CAPITULO II.............................................................................................................................7
2.Referencial teórico...................................................................................................................7
2.1.Maneio geral do gado de leite...............................................................................................7
2.1.1.Objectivos de uma empresa de leite...................................................................................7
2.1.3.Factores que afectam a produção de leite em Moçambique..............................................7
2.1.3.1.Factores Climáticos.........................................................................................................7
2.1.3.2.Factores Edáficos............................................................................................................9
2.1.4.1.Necessidades alimentares do gado leiteiro.....................................................................9
2.1.5.Maneio Reprodutivo........................................................................................................10
2.1.5.1.Animais aptos à reprodução..........................................................................................10
2.1.5.2.Detecção do cio.............................................................................................................11
2.1.5.3.Vacas gestantes.............................................................................................................12
2.1.5.4.Parto..............................................................................................................................13
2.1.5.5.Colostro.........................................................................................................................13
2.1.5.6.Corte e cura de umbigo.................................................................................................13
2.1.6.Maneio Produtivo.............................................................................................................13
2.1.7.Maneio da Mungição.......................................................................................................16
2.1.7.1.Tipos de ordenha...........................................................................................................16
2.1.7.1.1.Ordenha Manual.........................................................................................................16
2.1.7.1.2.Ordenha Mecanizada.................................................................................................18
2.1.7.2.Cuidados na ordenha.....................................................................................................18
2.1.7.3.Higiene das instalações.................................................................................................19
2.1.7.4.Higiene do ordenhador..................................................................................................19
2.1.7.5.Higiene do úbere...........................................................................................................20
2.1.7.6.Controlo da mastite.......................................................................................................20
2.1.7.7.Desinfecção do teto.......................................................................................................20
2.1.7.8.Linha de ordenha das vacas..........................................................................................21
2.1.8.Maneio sanitário...............................................................................................................21
2.1.8.1.Principais doenças que acometem o gado leiteiro........................................................22
2.1.8.2.Prevenção de doenças...................................................................................................25
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3.Constatações..........................................................................................................................27
4.Bibliografia............................................................................................................................28
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CAPITULO I

1.Introdução

Produção mundial de Leite em 2018 foi de aproximadamente 843 milhões de toneladas de


leite, isso corresponde à 843 bilhões de litros de leite produzidos, e comparado ao ano de
2017 que a produção foi de 812 bilhões de litros a variação média percentual foi de 2,2%
crescente (FAO, 2019), em 2015 foram produzidos 656 bilhões de litros, entre 2015 e 2019, a
produção mundial leiteira aumentou em 28,5% aproximadamente, e isso deve-se à
implementação de tecnologias, maneios nutricionais, sanitários e outras técnicas que fazem a
produção leiteira ser cada vez mais promíscua todos os anos mesmo com variações e quedas
produtivas em determinados países. O presente trabalho versa sobre o maneio geral do gado
leiteiro, onde vai procurar trazer aspectos como: maneio reprodutivo e produtivo, maneio de
Mungição e também sanitário, no que tange a situação de Moçambique quanto a produção do
leite, vamos trazer os factores que afectam este sector. Os produtores de leite em Moçambique
enfrentam várias dificuldades, como a baixa produção devido ao preço que os compradores
estão a pagar pelo produto e as doenças de que as vacas leiteiras padecem. E devido à
escassez de empresas de processamento de leite, Moçambique gasta, em média anual, cerca
de 200 milhões de dólares (mais de 180 milhões de euros) na importação de derivados deste
produto. O trabalho apresenta logo a prior o capítulo da introdução onde traz-se a
contextualização do tema do trabalho, a seguir encontra-se o capítulo do referencial teórico
que constitui a base de todo o trabalho, pois é onde descrevem-se todos os tópicos que
compõem o trabalho e no fim estão os capítulos de constatações e bibliografia.

1.1.Objectivos

1.1.1.Geral

 Estudar o maneio geral do gado leiteiro

1.1.2.Específicos

 Descrever os maneios (re)produtivo e de mungição;


 Explicar os factores que afectam a produção em Moçambique;
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 Indicar os objectivos de uma empresa de leite e o esquema geral de aproximação;


 Explicar o maneio sanitário do gado leiteiro.

1.2.Metodologia

Para a realização do presente trabalho recorreu se a pesquisa virtual, que consistiu na leitura
de obras (manuais e documentos) disponíveis na internet que versam sobre o tema em estudo,
sendo que para a sua compilação usou-se o pacote informático Microsoft-Word.
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CAPITULO II

2.Referencial teórico

2.1.Maneio geral do gado de leite

2.1.1.Objectivos de uma empresa de leite

O objectivo primário de uma empresa de leite é a produção do leite e seus derivados.

São outros objectivos os seguintes:

 Reduzir o nível de importação de leite;


 Suprir as necessidades dos consumidores;
 Assistir aos pequenos produtores de gado leiteiro;
 Promover o fomento de raças mais produtivas.

2.1.3.Factores que afectam a produção de leite em Moçambique

A qualidade e produtividade do leite bovino estão relacionadas com factores genéticos;


ambientais: climáticos e edáficos (do solo); e o maneio. Estes podem afectar directamente ou
indirectamente o desenvolvimento da produção do leite bovino, portanto, em vista do produto
final, é necessário que haja um conhecimento desses factores (FONSECA 2001).

2.1.3.1.Factores Climáticos

Diversos factores climáticos influenciam na produtividade do gado leiteiro em Moçambique:

1. Temperatura do ambiente,

2. Radiação solar,

3. Nível de pluviosidade e
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1.Temperatura

Em relação a temperatura do ambiente, Souza (1997) relata que para os animais de raças
zebuínas, o ideal é clima tropical (10 a 27ºC); e de raças europeias, são climas frios (1 a
16°C). Desta forma, de acordo com Cruz et. al. (2011), a produtividade é afectada
directamente, pois quando a temperatura for muita alta, como por exemplo o nosso caso em
Moçambique, causa stress térmico, causando diminuição do potencial produtivo,
consequências no rendimento lácteo e composição do leite (diminuição do teor de gordura,
proteína, lactose e minerais como Ca, P, K e Na), diminuição na ingestão de alimento, no
tempo de ruminação, na produção do leite, das actividades (especialmente durante o dia),
aumento da frequência respiratória e ingestão de água. Além de que altas temperaturas
ocasionam a queda na produção de pastagens.

2.Incidência da radiação

Moçambique é um país atravessado pelos trópicos de capricórnio, e é ao todo de clima


tropical. A radiação solar quando em alta incidência directa durante algumas determinadas
horas, leva o animal a condições de stress, que ocasionam redução de apetite, alterações
comportamentais e comprometimento da produção de leite (BACCARI, 2001).

3.Pluviosidade

Em relação a pluviosidade (chuvas), Alves e Filho (2012) afirmam que o excesso pode causar
o pisoteio dos animais, consequentemente a compactação do solo e acúmulo de lama (afeta o
desempenho produtivo, causa desconforto aos animais, os expõe a doenças, além de causar o
amolecimento dos cascos). Segundo Reis et. al. (2001) e Santos et. al. (2011), quando a
pluviosidade for baixa, reduz a velocidade de crescimento da forragem e seu valor nutritivo,
se severamente baixa causa paralisação do crescimento e morte da forragem, limitando a
produção dos animais.
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2.1.3.2.Factores Edáficos

A qualidade da forragem está directamente relacionada com o desempenho animal, isto é,


produção diária de leite por animal ou por área e ganho de peso vivo diário (FONTANELI E
FONTANELI, 2009).

A falta de fósforo no solo segundo a Bigsal (s.d.) causa redução e depravação do apetite,
baixos índices de fertilidade, resultando em um menor número de crias por ano. E de acordo
com Coneglian (2011) reduz o crescimento microbiano e a síntese de proteína microbiana,
tem efeito deletério sobre a digestibilidade da dieta reduzindo a disponibilidade energética do
animal repercutindo negativamente sobre a produtividade do leite e reprodução, já seu
excesso causa a deficiência de manganês.

Outros factores:

 Os produtores Moçambicanos não possuem acompanhamento técnico para melhorar a


sua produção;
 Falta de instalações e equipamentos adequados afecta a produção de leite em
Moçambique;
 Maiores gastos na cadeia de produção e menor retorno do valor investido.

2.1.4.Maneio Alimentar

2.1.4.1.Necessidades alimentares do gado leiteiro

A produção de leite duma vaca leiteira em lactação baixará se ela não for alimentada de forma
adequada durante vários dias, sendo praticamente impossível que recupere a sua produção
leiteira original. Uma bezerra com problemas de crescimento nunca vai ser uma vaca que dá
bons resultados. Por conseguinte, é muito importante que o gado leiteiro seja bem alimentado
durante toda a sua vida.
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Para que o bovino leiteiro seja efectivamente produtivo, sua alimentação deve atender a todas
as suas exigências fisiológicas (mantença, crescimento e reprodução) e, então, o leite,
subproduto da função reprodutiva do bovino, será produzido. Em um sistema de produção de
leite, os custos com a alimentação podem chegar a 70% dos gastos totais, portanto, para que
uma propriedade leiteira seja considerada produtiva, a nutrição deve ser ajustada, sem
excessos ou faltas (CARVALHO et al., 2002).

A produtividade de vacas de leite também esta atrelada a capacidade produtiva da pastagem e


ao seu valor nutricional. Porem, a produtividade e a qualidade da pastagem estão directamente
ligadas a nutrição do solo e ao seu maneio (CECATO et al., 2002). As pastagens e forragens
picadas, bem como a utilização de espécies vegetais para a suplementação volumosa no
cocho, são as formas mais económicas de prover suplementação nutricional, e quando bem
manejadas podem compor até 100% da dieta do rebanho leiteiro. Os sistemas de produção a
pasto tem muitas vantagens sobre os sistemas de confinamento, já que, quando maiores
extensões de terra estão disponíveis, os custos com instalações, mão-de-obra e manutenção
são menores (PEREIRA; COSER, 2010).

A introdução de leguminosas forrageiras em associação com gramíneas é indicada, pois tal


associação melhora significantemente a qualidade de matéria orgânica do solo, aumentando a
disponibilidade de nitrogénio nas pastagens.

2.1.5.Maneio Reprodutivo

2.1.5.1.Animais aptos à reprodução

As fêmeas seleccionadas para compor o plantel reprodutor da fazenda devem apresentar bom
estado de saúde e condições fisiológicas para o exercício da função reprodutiva. Considera-se
a avaliação do escore de condição corporal (ECC) fundamental na escolha dos animais
anteriormente ao início do período de reprodução.

De acordo com Santos et al. (2009), o ECC é uma medida subjectiva, a qual baseia-se na
classificação dos animais em função da massa muscular e da cobertura de gordura, por meio
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de avaliação visual ou táctil. Sua influência se dá basicamente de duas formas: na produção,


afectando o peso ao nascer e de desmame de bezerros; e na reprodução, actuando sobre a
capacidade da vaca em emprenhar (FERNANDES, 2012; FERREIRA et al., 2013; MORAES
et al., 2013). Geralmente utilizam-se valores de classificação de ECC entre 1 e 5 (onde 1 e 5
são animais extremamente magros e obesos, respectivamente).

Estudos conduzidos por Moraes et al. (2013) sugerem que as vacas devem apresentar ECC
igual ou maior que 3, uma vez que vacas classificadas com esse ECC apresentaram taxa de
prenhez média de 86,5%, enquanto as vacas classificadas com ECC menor que 3
apresentaram em média 65,9%. No entanto, vacas que apresentem escore 5 são consideradas
ineficientes. Já Fernandes (2013) avaliou os dados de 9.053 vacas da raça nelore e constatou
que a taxa de prenhez aumentou conforme o ECC melhorou de 1 a 4 e reduziu quando o ECC
era 5, com valores desta taxa de 45,5; 57,6; 67,9; 74,1 e 61,4%, respectivamente, para as
vacas com ECC de 1, 2, 3, 4 e 5.

O mesmo estudo comprovou ainda que vacas com ECC 1 e 5 desmamaram bezerros mais
tardios e fracos. Além da avaliação de ECC, recomenda-se também no período pré-estação a
realização de exames andrológicos nos touros e ginecológicos nas novilhas de primeira cria,
para que se escolham os animais que estão realmente aptos à reprodução.

2.1.5.2.Detecção do cio

Cio é o período fértil no qual a fêmea aceita o macho para cobertura. Ocorre a cada 21 dias,
em média, podendo ter um intervalo de 19 a 23 dias. O cio tem duração de 6 a 18 horas, sendo
mais longo no inverno que no verão.

Segundo Nader filho (2004) A duração do cio pode variar conforme a raça, sendo maior na
raça Holandesa em relação aos zebuínos. É caracterizado pela aceitação da monta por outros
animais, porém, outros sinais também auxiliam na identificação, como corrimento de muco
cristalino pela vulva, discreto aumento no tamanho da vulva, maior agitação, com redução do
consumo de alimentos e da produção de leite durante a sua ocorrência. Existem vários
métodos para identificação do cio, mas a melhor maneira é por meio de observações diárias
dos seus sinais, durante 60 minutos e duas vezes ao dia, logo pela manhã e ao final da tarde,
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embora quase 50% dos cios não sejam identificados. Um maior número de observações por
dia aumenta a taxa de cios identificados.

A condição corporal é uma forma de se avaliar o quanto uma vaca está magra ou gorda e
reflecte o peso da vaca. Geralmente, a condição corporal é avaliada por um escore, numa
escala de 1 a 5:

1 = Muito magra
2 = Magra
3 = Moderada
4 = Boa
5 = Gorda

Animais nas condições 1 e 2 geralmente estão em anestro; animais em 3 e 4 estão em


melhores condições para apresentar o cio e “pegar” cria; na condição 5, os animais estão
excessivamente gordos e podem apresentar repetição de cios.

Ao parto, recomenda-se uma condição corporal entre 3 e 3,5 para vacas Holandesas e, para
vacas mestiças, entre 3,5 e 4.

2.1.5.3.Vacas gestantes

Como ponto de partida, uma vaca gestante nos dois últimos meses de gestação, deve encerrar
a lactação, isto é, deve-se fazer com que ela interrompa a produção de leite para que a
glândula mamária possa descansar, se preparar para próxima lactação e produzir um colostro
de boa qualidade. Se for uma novilha esta preparação vem naturalmente, já que ela nunca
pariu.

Em torno de vinte a trinta dias antes do parto, este animal deve ser levado para a maternidade,
que deve ser de preferência um pasto próximo ao curral, facilitando a observação diária. Neste
período, a fêmea deve receber a mesma dieta que irá receber após o parto com restrição do sal
mineral. É muito importante que neste período isto ocorra, pois permite que os
microorganismos do rúmen se adaptem à dieta que vai ser ingerida durante a lactação.
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2.1.5.4.Parto

No parto o animal perde em média 80 kg de peso entre o feto, líquidos fetais e as membranas
que envolvem o próprio feto. Isto acarreta uma mudança muito brusca que ocorre em poucas
horas, levando a um certo desconforto para o animal. É um momento de muito stress e
quando podem aparecer inúmeros problemas para os quais devemos ficar atentos.

Devemos interferir ao mínimo no parto. Os partos com problemas, isto é, aqueles chamados
distócicos, ocorrem com pouca frequência e neste caso a interferência deve ser de maneira a
causar o mínimo de danos, tanto à vaca quanto ao bezerro.

2.1.5.5.Colostro

O colostro é o primeiro produto produzido pela glândula mamária no início da lactação,


constituindo uma rica fonte destes anticorpos que foram produzidos nos dois últimos meses de
gestação. Após o nascimento, é imperativo que o bezerro ingira o colostro o quanto antes para
que ele adquira estes anticorpos.

2.1.5.6.Corte e cura de umbigo

A cura de umbigo deve ser feita com um desinfectante e um desidratante. Uma solução que
temos usado com sucesso é álcool iodado que pode ter uma variação de seis a 10%. O
curativo deve ser feito todos os dias por três a quatro dias. Se correr tudo bem o coto
umbilical cairá por volta do nono dia.

2.1.6.Maneio Produtivo

O sistema de produção a ser adoptado é decorrente do desempenho dos animais existentes e


das práticas de criação e produção utilizadas na propriedade. Este desempenho pode ser
estimado pela média da produção de leite por lactação, produção de leite diária, dentre outros.
Os rebanhos podem ser divididos em três níveis de criação e produção como, por exemplo:

 È alto, que propiciam produções acima de 4.200 kg/lactação.


 È médio, com produções de 2.800 a 4.200 kg/lactação.
 È baixo, com produções abaixo de 2.800 kg/lactação.
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De acordo com o nível de criação e produção, deve-se considerar:

Em propriedade com médias de produção de leite acima de 4.200 por lactação, devem ser
utilizadas raças europeias especializadas, sendo a Holandesa a mais difundida;

Em propriedade com produções de leite entre 2.800 e 4.200 kg por lactação, têm-se
como opção o cruzamento alternado com repetição do europeu ou, o uso de, ou uso
do “tricross”;

Para fazendas com produções de leite inferiores a 2.800 kg por lactação, deve ser utilizado o
como opção existe a raça Girolando (5/8 H + 3/8 Z) fixada e as raças zebú leiteiras.

Sobre as raças, as principais são:

Raça européia pura, especialmente selecionada para produção de leite, como a Holandesa (H),
a Pardo-Suíça ou Schwyz, a Jersey, a Guernsey e a Ayrshire. Dessas a mais conhecida e
difundida é a Holandesa. Raça européia de dupla-aptidão (produção de leite e de carne), como
a Simental, Dinamarquesa, Red Poll. Dessas a mais conhecida é a Simental. Raças Zebu
Leiteiras (Gir; Guzerá; Sindi etc.) e por último, vacas mestiças, derivadas do cruzamento de
raça européia com uma raça zebuína, em vários graus de sangue.

Vamos falar um pouco sobre os principais factores fisiológicos não hereditários que se bem
administrados, podem evitar uma queda da produção leiteira.
Estágio da lactação: É em torno de 4 a 8 semanas após o parto que a vaca irá atingir o pico
de produção de leite, o estágio inicial caracteriza-se pela maior produção de leite, então vale
ficar atento. Se o rebanho possui muitos animais em fase final de lactação, pois isso pode ser
um dos motivos que levam a queda de produção.
Duração da lactação: Para NEIVA (1991) a duração do período de lactação está
directamente relacionada à quantidade total de leite e é responsável por grande parte da
variação nesta característica. O autor preconiza como ideal que o período entre a parição e o
fim da lactação seja de 10 meses ou 305 dias, sendo necessário fornecer condições para que a
vaca se mantenha produzindo leite em grande quantidade sem comprometer sua fisiologia. É
importante cuidar para que seja feita a secagem dos animais no período correto.
Persistência da lactação: A partir do pico de lactação, a produção de leite decresce e esta
taxa relaciona-se à persistência da lactação, ou seja, vacas de alta persistência apresentam
menor decréscimo da produção após o pico. É considerada óptima a taxa de 90% de
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persistência para vacas especializadas e em torno de 80% para vacas não especializadas.
Conclui-se que a persistência de lactação está directamente ligada à lucratividade, pois uma
vaca com maior persistência vai produzir mais leite, consumindo menor quantidade de
alimento do que uma vaca com menor persistência.
Ordem da lactação: A ordem de lactação é responsável por 20 a 25% da variabilidade na
produção de leite. Segundo DOMINGUES (1897) uma novilha parindo aos dois anos
produzirá 70 a 80% do total de leite produzido quando adulta. Ou seja, outro factor que
devemos observar é se o rebanho está composto de muitas novilhas de 1ª e 2ª cria, quando
esse número deveria estar equilibrado. Em raças especializadas como a Holandesa, a máxima
produção de leite é alcançada entre a 3ª e a 5ª lactações, e em Girolandas entre a 4ª e a 6ª
lactações.
Período seco: O período seco é importante para permitir a regeneração de células epiteliais
danificadas e para aumentar a percentagem de células epiteliais na glândula mamária antes da
próxima lactação e por último completar as reservas corporais. PINHEIRO et al. (2009)
disseram que o período seco de 60 dias vem, há muito tempo, sendo adoptado pela maioria
dos criadores de gado leiteiro com o objectivo de maximizar a lactação seguinte, além de
assegurar o desenvolvimento do feto e permitir acumular colostro. Para ALVES (2008) o
período seco deve ser de, no mínimo, 35 dias, no entanto, uma redução para menos de 40 a 60
dias já reduz a produção de leite na lactação subsequente em 25 a 30%. Então observamos que
é de extrema importância respeitar o período seco da vaca antes do parto, para isso devemos
saber exactamente qual é a previsão de parto para sabermos quando secar o animal.
Além desses 5 factores citados acima, temos diversos outros factores que podem influenciar
na queda da produção leiteira de uma propriedade, entre eles estão: Idade dos animais,
conforto térmico, disponibilidade de água, maneio correcto, alimentação correcta e controlo
sanitário, principalmente evitando a mastite.

2.1.7.Maneio da Mungição

Entende-se por leite, sem outra especificação, o produto oriundo da ordenha completa e
ininterrupta, em condições de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e descansadas. O
leite de outros animais deve denominar-se segundo a espécie de que proceda.”
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Considera-se ordenha, o ato de realizar a extracção do leite da glândula mamária, podendo ser
feita de forma manual quando realizada pelo ordenhador e mecânica quando for utilizada
ordenhadeira ou então pelo bezerro no caso da amamentação. É uma prática que deve ser
efetuada com cuidados, pois dependendo das condições com que é executada, proporcionará a
obtenção de maior quantidade e qualidade do produto (NEIVA 1991).
Os benefícios económicos de uma boa ordenha proporcionarão os seguintes ganhos:
 Aumento na produção, pois vacas sadias produzem mais.
 Melhor qualidade do leite, ou seja, ausência de condensação de leite na plataforma dos
laticínios.
 Menores gastos com medicamentos, mão-de-obra e assistência veterinária.
 Ausência de quartos perdidos, considerados como fonte de contaminação e também
fêmeas descartadas em face das mamites ocorridas no rebanho.

2.1.7.1.Tipos de ordenha

A ordenha pode ser realizada de forma manual ou mecanizada. A escolha do tipo de ordenha
depende de vários factores, dentre eles: o número de vacas em lactação, a capacidade de
investimento do produtor, a disponibilidade de pessoas capacitadas para realizar a ordenha e,
por fim, o nível de produção das vacas.

2.1.7.1.1.Ordenha Manual

A ordenha manual é o sistema mais antigo de ordenha, e ainda muito frequente,


principalmente em pequenos rebanhos. O investimento em equipamentos é baixo, o que exige
maior esforço do ordenhador.

A ordenha manual pode ser feita de diversas maneiras, dependendo do aprendizado do


ordenhador ou do método seleccionado na unidade produtora. As formas de apreensão do teto
são as seguintes:
a) Punho fechado: é o método mais comum. Consiste em colocar o teto entre os dedos
polegar e indicador, formando um anel, fechando o teto de cima para baixo, evitando o
retorno do leite do canal para o interior do úbere; com os demais dedos, da mesma forma
pressiona-se com suavidade de cima para baixo, forçando a saída do leite. Quando se trata
de tetos muito curtos, este método torna-se deficiente, porque seguram-se os tetos numa
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posição muito elevada, provocando o escorrimento do leite entre os dedos, contaminando-


o.
b) Polegar totalmente dobrado para dentro da mão: fecha-se o teto com o auxílio dos
dedos indicador e médio, pressionando contra o polegar dobrado. A extracção do leite
ocorre pelo movimento dos dedos. Este método requer muito esforço sobre o polegar,
tornando-se muito cansativo. É recomendado sempre que se tiver com tetos pequenos.
Todos os métodos de ordenha utilizados, contam sempre com a prática do ordenhador, sendo
que o mesmo tem eficiência até certo número de vacas, a partir do qual a queda na qualidade é
certamente prevista. O uso das duas mãos na realização da ordenha, serve para aumentar a
rapidez no trabalho.
Quando bem-feita, a ordenha manual leva vantagem sobre a ordenha mecânica no aspecto de
controlo de enfermidades e transmissão de doenças no úbere.
Ao ordenhar manualmente a vaca, não se deve puxar o teto para extrair o leite, pois danifica
os tecidos do teto e do úbere. É recomendado forçar a descida do leite pela pressão, em
sequência.

Fig. 1 Ordenha manual mostrando as diferentes formas de apreensão do teto

2.1.7.1.2.Ordenha Mecanizada

A ordenha mecanizada possibilita a extracção do leite mais rápido do que a ordenha manual e,
quando bem realizada, tem menor risco de contaminação.
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A ordenhadeira mecânica se fundamenta no princípio de extracção de ar pelas teteiras, junto


ao teto da vaca, por intermédio da bomba de vácuo que, por sucção, fará o leite sair, vencendo
a resistência do esfíncter sem provocar irritação na glândula mamária.
Nas unidades produtoras com maior número de vacas em produção, torna-se imprescindível a
ordenha mecânica, considerando-se a necessidade de maior rapidez e economia na ordenha.
A técnica da ordenha influi directamente na produção de leite, na saúde do úbere e no tempo
de trabalho, factores de suma importância na produção leiteira. A ordenha ocupa em média,
60%, do trabalho no estábulo, e se for inadequada poderá afectar a saúde do úbere, causando
irritações e inflamações, que podem provocar grandes perdas, diminuindo a produção,
podendo levar ao descarte prematuro dos animais afectados.
Para que todo o sistema funcione correctamente, é necessário que a intensidade do vácuo se
mantenha constante. Para esse fim, existe o regulador do vácuo. O operador controla
visualmente a intensidade do vácuo pelo vacuómetro.
O pulsador é o responsável pela alternância entre o vácuo e o ar, pois é necessário a
massagem dos tetos para permitir a circulação do sangue pelo úbere da vaca, razão pela qual a
ordenha não deve ser realizada com vácuo directo.
Para uma ordenha suave e correta, o pulsador deverá ser regulado entre 57 e 63 pulsações por
minuto, caso contrário, prejudicará o animal. A parte da ordenhadeira mais intimamente
ligada à vaca são as teteiras, por isso devem ter desenho anatómico e construção de material
adequado, para oferecer conforto ao animal. A teteira compõem-se de um corpo externo e um
tubo interno, ajustado, servindo de forro, chamado espremedora.

2.1.7.2.Cuidados na ordenha

Para se obter uma boa ordenha um conjunto de procedimentos deve ser realizado
rotineiramente, tanto na ordenha manual como na ordenha mecânica, procurando-se sempre
dar ao animal as melhores condições deixá-lo sem stress, para permitir a extracção de um leite
de qualidade.
19

2.1.7.3.Higiene das instalações

É recomendável sejam utilizadas as seguintes construções:

i. Bezerreiro: deve ser coberto com telha e assoalhado com madeira, com sistema de
frestas, acima do solo proporcionando a retirada de fezes acumuladas, com
divisórias para que os bezerros sejam agrupados por faixa etária. As construções
devem ser realizadas de acordo com o rebanho e as posses de cada produtor, a
exigência é que sejam funcionais, higiénicas e económicas.
ii. Curral: deve ser construído com material que não permita o acúmulo de lama e
seja utilizado para o maneio geral dos animais.
iii. Sala de ordenha: este é o local onde as vacas serão ordenhadas, deve conter piso
em alvenaria, para ordenhar uma ou duas vacas, com distribuição de água que
permita ao ordenhador lavar os tetos das vacas. Além disso, periodicamente a sala
deve ser lavada e desinfectada. Deve ter um bom escoamento de água para facilitar
a higienização. Esta higienização deve ser realizada após cada ordenha para
facilitar o trabalho e impedir a proliferação de moscas e microorganismos.

Higiene dos utensílios e equipamentos:

Antes do início da ordenha os equipamentos e utensílios devem estar organizados,


higienizados e em funcionamento. Após a ordenha os mesmos devem ser lavados,
higienizados com intensidade e guardados em local seguro e limpo.

2.1.7.4.Higiene do ordenhador

O ordenhador pode se transformar num dos maiores veículos usados para o transporte de
microorganismos para o leite e úbere da vaca. Recomenda-se bons hábitos de higiene no
momento da ordenha tais como: manter as unhas e cabelos aparados, usar boné para prender
os cabelos, lavar as mãos antes do início de cada ordenha com solução desinfetante (água
sanitária a 5%), usar uniforme sempre limpo, realizar a ordenha contínua sem interrupções e
evitar hábitos como fumar, comer e cuspir.
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Os ordenhadores devem ter acompanhamento médico, semestral ou anual para evitar a


transmissão e a contaminação de possíveis doenças dos animais como: tuberculose e
brucelose, principalmente.

2.1.7.5.Higiene do úbere

O úbere no caso de conter sujidades como fezes e lama, adquiridas quando o animal
permanece em decúbito lateral, ou seja, deitado, deve ser lavado com água corrente. Se isto
não ocorrer deve-se proceder somente a lavagem dos tetos com água clorada que também tem
a função de estimular a descida do leite, facilitando a ordenha. Quando não houver água
encanada, deve-se usar água de outra fonte acompanhada de desinfectante. Deve-se aparar os
pêlos do úbere para melhorar a higiene. Após a lavagem, os tetos devem ser secos com papel
toalha, uma para cada animal, deixando os mesmos preparados para o início da ordenha.

2.1.7.6.Controlo da mastite

Antes de iniciar a ordenha propriamente dita deve-se realizar o teste da caneca de fundo
escuro ou telada, para verificar a presença ou não de grumos que evidenciam a presença de
mamite clínica e também tem como finalidade eliminar todos os microorganismos que
normalmente são encontrados no canal do teto.
Nos casos suspeitos de mastite em unidades onde a ordenha é mecânica a mesma passa a ser
realizada de forma manual, e depois de tratada, voltará a ordenha mecânica após estar
completamente curada.
O teste denominado Califórnia Mastite Teste - CMT, deve ser realizado em todas as vacas
ordenhadas, e deve ser semanal, quinzenal ou mensal, de acordo com a frequência de
aparecimento da mastite na unidade de produção. Este teste serve para detectar a existência de
mastite sub-clínica no rebanho, prevenindo portanto o aparecimento de uma enfermidade mais
intensa que promoverá maiores gastos com aquisição de medicamentos e descarte do leite das
vacas doentes.
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2.1.7.7.Desinfecção do teto

Após a conclusão da ordenha deve-se lavar e desinfectar os tetos da vaca, mergulhando-os em


uma solução desinfectante composta de iodo e glicerina. Esta medida é de grande importância
para evitar a contaminação, pois até o fechamento do canal do teto esta solução evitará a
contaminação por microorganismos patogénicos existentes na natureza. No caso de bezerros
que mamam após a ordenha esta desinfecção poderá ser executada após a mamada do bezerro,
para não haver a retirada da solução pelo mesmo.
O preparo da solução iodada pode ser feita da seguinte forma:
 Solução Iodoglicerinada: Iodo - 15,0 %.
 Glicerina líquida - 7,5 %.
 Água destilada - 77,5%.

2.1.7.8.Linha de ordenha das vacas

A ordenha das vacas deve ser realizada da seguinte maneira: ordenha-se primeiro as vacas de
primeira lactação; em seguida as vacas mais velhas que nunca tiveram mamite e, por último,
as vacas que já tiveram mamite, mas foram curadas. As vacas suspeitas devem ser ordenhadas
manualmente e sempre por último. Aquelas vacas que tiveram mamite, ou são portadoras de
mamite crónica, podem ser fonte permanente de difusão de mamite, por isso devem ser
retiradas do rebanho.

2.1.8.Maneio sanitário

O bom cuidado do animal não só implica tratá-lo quando está doente, mas também prevenir
que fique doente. Mesmo que um animal doente possa ser curado através dum tratamento, é
possível que a doença lhe tenha afectado o corpo e estes efeitos podem levar mais tempo do
que a própria cura. Por conseguinte, as perdas de produção podem continuar depois de,
aparentemente, o animal se ter restabelecido. O crescimento retardado de vitelas e uma
produção leiteira permanentemente reduzida são exemplos dos efeitos potenciais a longo
prazo (NEIVA 1991).
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2.1.8.1.Principais doenças que acometem o gado leiteiro

O rebanho de vacas leiteiras está sujeito a várias moléstias que trazem grande prejuízo à
produção das fazendas de leite. O foco na prevenção de doenças pode ser considerado o maior
investimento relacionado às melhorias das condições de saúde dos rebanhos leiteiros.

1. Mastite ou Mamite:

Mastite, ou mamite, é a inflamação da glândula mamária, desencadeada pela agressão da


glândula por diferentes tipos de agentes, como microrganismos, irritantes químicos e traumas
físicos.

Na vaca leiteira, a mastite é quase sempre causada por bactérias que invadem o úbere,
multiplicam-se, produzem toxinas e outras substâncias irritantes, que provocam a resposta
inflamatória. É a doença mais comum e a que mais causa prejuízos aos rebanhos leiteiros.

Como resultado da inflamação, as paredes dos vasos sanguíneos se tornam dilatadas e outras
substâncias do sangue também passam para o leite. Essa doença prejudica a qualidade do leite
e causa redução na produção.

Tipos de Mastite

A mastite manifesta-se sob duas formas principais: clínica e subclínica.

1.1. Mastite clínica

É de fácil identificação, porque há alterações no aspecto do leite (presença de coágulos,


grumos, flocos, aspecto aguado, com ou sem presença de sangue ou pus), sinais de inflamação
no úbere (inchado, vermelho ou dolorido) e sinais sistêmicos na vaca (desidratação, apatia,
perda de apetite, febre, diminuição brusca na produção de leite).
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1.2. Mastite subclínica

A aparência do leite é normal e não existem sinais visíveis no úbere. Sabe-se que existe a
mastite subclínica porque microrganismos causadores da doença podem ser isolados do leite,
e podem ser detectadas alterações inflamatórias.

A mastite subclínica é mais comum. Em geral, para cada caso clínico, há de 20 a 40 casos
subclínicos. A doença pode curar-se espontaneamente, persistir no nível subclínico, ou evoluir
para a forma clínica. Em virtude de sua natureza oculta, provoca as maiores perdas
económicas pela redução da produção e por interferir na qualidade do leite.

2. Tristeza Parasitária Bovina (babesiose/ anaplasmose):

Infecção causada por protozoários. Causa a diminuição da produtividade do animal e até


mesmo a sua morte. Os carrapatos são os vectores dessas doenças, sendo que alguns factores,
como idade e raça do animal, resistência imunológica, tipo de pastagem e a estação do ano
podem predispor ao seu surgimento. Todavia, é importante ressaltar que alguns insectos
hematófagos podem também actuar como vectores. Entre os sinais clínicos, podem ser citados
anemia, fraqueza, febre, constipação, icterícia, depressão, desidratação, falta de apetite e
respiração ofegante, (Ferrão, 2000).

3. Brucelose:

Zoonose (ou seja, doença que pode ser transmitida do animal para o homem). Provoca
abortamento nas vacas em torno de 6-7 meses de gestação. Pode ser transmitida ao ser
humano pela ingestão de leite não pasteurizado, queijos e ainda contacto com sangue ou
esterco dos animais.

4. Tuberculose:
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Outra zoonose que pode ser transmitida pelo ar ou via entérica (intestino). É uma enfermidade
de evolução crónica, caracterizada pela formação de lesão de aspecto nodular, denominada
tubérculo, bem como lesões em gânglios, brônquicos e/ou mediastínicos. Os sintomas
aparecem no estágio final da doença. O rebanho leiteiro afectado sofre grande perda de peso,
apresenta dificuldade respiratória, tosse seca e fraqueza geral.

5. Febre Aftosa:

A febre aftosa é uma doença viral altamente contagiosa, que afecta animais de casco fendido,
entre os quais se incluem os bovinos. Entre os principais sintomas, estão febre alta, salivação,
depressão, cansaço, anorexia e andar coxo, causado pelas vesículas dolorosas que aparecem
nos espaços interdigitais das patas do animal. Deve ser prevenida com a vacinação dos
animais sadios a cada seis meses, a partir dos 3 meses de idade.

6. Leptospirose:

Doença causada por bactéria que aloja-se nos rins e fígado, causando hemólise ou destruição
das células vermelhas do sangue. Podem ser transmitidas por meio de contato com outro
animal infectado, água e alimentos contaminados. Entre os principais sintomas, estão a urina
avermelhada, abortamento e queda acentuada na produção de leite.

7. Clostridioses:

Intoxicação causadas por bactérias presentes normalmente no solo e no tubo digestivo dos
animais, mesmo sadios. Produzem substâncias tóxicas poderosas chamadas toxinas,
responsáveis pelos sintomas e lesões observados nos animais doentes, podendo provocar a
morte dos animais. São várias as formas mais recorrentes, e apresentam como sintomas a
paralisia dos músculos da locomoção, mastigação e deglutição, sendo que a morte ocorre por
paralisia respiratória.
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8. Doenças de Casco:

Conjunto de enfermidades que afectam a extremidade dos membros do bovino incluindo pele,
tecidos subcutâneo e córneo, ossos, articulações e ligamentos. Representa uma das principais
doenças que acometem o gado leiteiro. O principal factor de ocorrência é o maneio intensivo
dos animais, por exemplo: dietas ricas em carboidratos, falta de apara dos cascos e pisos
húmidos e ásperos. Para tratar, deve-se realizar contenção adequada do animal com rigorosa
limpeza e higienização do local, lavando-o com muita água e sabão e esfregando com escova.
O gado de leite que recebe dietas altamente energéticas deve ser tratado com rações
tamponadas para se evitar a acidose ruminal; realizar a apara anual dos cascos, no momento
da secagem; evitar a presença de humidade, fezes e urina nas instalações; limitar o acesso a
várzeas e baixadas húmidas e correcção de pisos ásperos e com irregularidades (LAZIA 2004)

2.1.8.2.Prevenção de doenças

É um procedimento através do qual os animais, particularmente aqueles com factores de risco


para uma doença, são tratados para prevenir a ocorrência da doença.

A maioria das doenças pode ser prevenida com as mesmas medidas de maneio que produzem
um aumento de produção.

a) Medidas preventivas gerais são:


 Higiene, limpeza e desinfecção. Há que se ter em mente que não tem sentido
desinfectar sem uma limpeza adequada prévia.
 Acesso livre a água potável, limpa e fresca.
 Fornecimento regular de alimento e água de boa qualidade e suficiente.
 Protecção contra predadores, parasitas e condições meteorológicas adversas, como
sejam chuva, vento, frio e sol ardente.
 Evitar que os animais sãos tenham contacto com animais doentes e animais selvagens,
visto que muitas doenças são contagiosas.
 Quarentena: A quarentena implica o isolamento dos animais doentes e dos recém-
incorporados ao resto do rebanho. Isto ajuda a prevenir a propagação de doenças
contagiosas para outros animais.
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 Vacinações: A vacinação contra uma doença específica ajuda o corpo do animal a


resistir a um ataque desta doença. A vacinação por vezes protegerá o animal durante
toda a sua vida, mas muitos tipos de vacinações têm que ser repetidos.

Para o gado leiteiro pode ser relevante aplicar vacinações contra as seguintes doenças:

Peste bovina - uma vez durante toda a vida.

A septicemia hemorrágica - As vacinações contra esta doença são realizadas, muitas das
vezes, uma vez por ano e também protegem contra o antraz/carbúnculo.

A febre aftosa (FA) – Deve-se repetir a vacinação cada ano.

A brucelose. Vacinam-se, uma vez, as fêmeas de, aproximadamente, 9 meses de idade.

Os problemas de saúde podem ser provocados por:

 Infecções por parasitas internos ou externos, como sejam vermes e carraças, ou


microrganismos.
 Deficiências nutritivas energéticas, de proteínas, minerais ou vitaminas.
 Perturbações digestivas devido a uma alimentação inadequada ou carência de água.
 Composição genética: o animal pode herdar anormalidades dos seus progenitores.
 Acidentes e predadores.
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3.Constatações

Terminado o trabalho constatou-se que, o objectivo primário de uma empresa de leite é a


produção do leite e seus derivados. De uma forma geral vimos que a qualidade e
produtividade do leite bovino estão relacionadas com factores genéticos; ambientais:
climáticos e edáficos e o maneio, onde estes podem afectar directamente ou indirectamente o
desenvolvimento da produção do leite. A falta de instalações e equipamentos adequados e o
acompanhamento técnico; Maiores gastos na cadeia de produção e menor retorno do valor
investido, são os factores que caracterizam a fraca produção de leite em Moçambique. A
mungição é uma prática que deve ser efetuada com cuidados, pois dependendo das condições
com que é executada, proporcionará a obtenção de maior quantidade e qualidade do produto
(NEIVA 1991). Quanto as doenças, constatou-se que o rebanho de vacas leiteiras está sujeito
a várias moléstias que trazem prejuízos. Dentre elas a Mastite ou mamite é a principal que
causa grandes prejuízos e caracteriza-se por inflamação da glândula mamária, desencadeada
pela agressão da glândula por diferentes tipos de agentes, como microrganismos, irritantes
químicos e traumas físicos.
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4.Bibliografia

LAZIA, B. Principais raças leiteiras criadas no Brasil, 2012. Disponível em


<http://www.portalagropecuario.com.br/bovinos/pecuaria-de-leite/principais-racas-leiteiras-
criadas-no-brasil/> AMARAL, L.A.; ROMANO, A.P.M.;

NADER FILHO, A. ROSSI JÚNIOR, O.D. Qualidade da água em propriedades leiteiras


como factor de risco à qualidade do leite e à saúde da glândula mamária. Arquivo do Instituto
de Biologia, v.71, n.4, p.417-421, 2004.

EMBRAPA. Sistema de produção. Disponível em:<http://sistemasdeproducao.cnptia.em


brapa.br>. Acesso em: 20 fev.2011.

FERRÃO, I.S. A produção de leite e o profissional veterinário na percepção dos produtores de


leite de Pedro Leopoldo. 2000.

FONSECA, L. F. L.; SANTOS, M. V. Qualidade do leite e controle da mastite. São Paulo:


Lemos, 2001.
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