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Escola como Sistema Social

Amélia da Fina João Pelembe1

Hozório António Come1

Joel Chaúque1

Márcia1

Resumo

Este artigo analisa a escola como um sistema social, explorando suas características
distintivas, sua ligação com a comunidade e seu significado no contexto específico de
Moçambique. Na primeira secção são delineadas as características fundamentais da escola
como um sistema social, incluindo sua estrutura organizacional e hierárquica, suas funções
educativas, sociais e culturais. Na segunda secção o foco recai sobre a ligação entre a escola e
a comunidade. Destaca-se o papel crucial da escola na comunidade local, suas parcerias com
organizações locais e governamentais e o envolvimento activo dos pais e encarregados de
educação. Nesse contexto, são discutidos os benefícios da colaboração entre escola e
comunidade para promover um ambiente educacional mais inclusivo e eficaz. Por fim, a
terceira secção aborda o significado da escola no contexto moçambicano. Reconhece – se a
educação como uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento social e económico do
pais, enquanto são identificados os desafios enfrentados pelo sistema educativo em
Moçambique.
Palavras – chaves: Escola; Sistema Social; Características; Ligação; Comunidade;
Significado.
Nkatsakanho
Xihloko lexi xi xopaxopa xikolo tanihi sisiteme ya ntshamisano, xi lavisisa swihlawulekisi
swa xona swo hlawuleka, ku hlangana ka xona na vaaki na nhlamuselo ya xona eka xiyimo xa
Mozambique. Xiyenge xo sungula xi andlala swihlawulekisi swa xisekelo swa xikolo tanihi
sisiteme ya ntshamisano, ku katsa na xivumbeko xa xona xa nhlengeletano na xiyimo xa le
henhla, mintirho ya xona ya dyondzo, ntshamisano na ndhavuko. Eka xiyenge xa vumbirhi ku
kongomisiwa eka ku hlangana exikarhi ka xikolo na vaaki. Ntirho wa nkoka wa xikolo eka
vaaki va ndhawu, ntirhisano wa xona na minhlangano ya miganga na ya mfumo na ku
nghenelela lokukulu ka vatswari na vahlayisi swa kombisiwa. Eka xiyimo lexi, ku
xopaxopiwa mimpfuno ya ntirhisano exikarhi ka xikolo na vaaki ku tlakusa ndhawu ya
dyondzo leyi katsaka hinkwavo na ku tirha kahle. Eku heteleleni, xiyenge xa vunharhu xi
langutana na nhlamuselo ya xikolo eka xiyimo xa le Mozambique. Yi lemuka leswaku
dyondzo i xitirhisiwa xa nkoka eka nhluvukiso wa ntshamiseko na ikhonomi ya tiko, kasi
mintlhontlho leyi langutaneke na sisiteme ya dyondzo eMozambhiki ya tiviwa.
Marito ya nkoka: Xikolo; Sisiteme ya Ntshamisano; Swihlawulekisi; Ku hlangana; Vaaki;
Nhlamuselo.

1
Estudantes do 4o ano do curso de Licenciatura em Matemática com habilitações em Ensino
Introdução

O artigo que ora se apresenta visa apresentar, ainda que resumidamente, alguns aspectos
referentes à Escola como Sistema Social.

A etimologia da palavra Escola apresenta uma dupla raiz, schola e ludus. A primeira significa
local de descanso e a segunda remete para um local de recreio. Apesar de a palavra mostrar
duas significâncias diferentes, é consensual que a escola é um espaço que visa a educação.

Muitos anos atrás, na perspectiva de Baptista (2013), a escola estava separada dos sistemas
locais onde se inseria, havendo uma indiferença dos professores relativamente às dinâmicas
por eles impostas.

Actualmente, baseando – se nas palavras de Freitas (2015), uma escola é comparada com uma
organização social complexa em que se articulam práticas que envolvem aspectos culturais,
políticos e pedagógicos, com a finalidade de formar por completo um sujeito inserido na
sociedade.

Metodologia

O estudo baseou – se em dados e informações primários recolhidos directamente pelos


autores, e secundários obtidos por meio da revisão bibliográfica. Trata – se de dados e
informações sobre escola como sistema social, especificamente das suas características
elementares, da sua ligação com a comunidade e do seu significado no contexto de
moçambique.

Com relação aos dados primários, estes foram colhidos com base na administração de
entrevistas aos professores das escolas previamente seleccionadas e nas observações
constatadas, com o intuito de obter informações referentes aos elementos característicos de uma
escola como sistema social, a relação escola-comunidade e suas visões acerca do significado da
escola em moçambique.

Escola como Sistema Social

Nas palavras de Katz & Kahn (1976), um sistema é um “conjunto de elementos inter-
relacionados que funcionam como uma unidade coerente e que tem uma finalidade comum”.

Com estas palavras subentende – se que os termos associação, unanimidade e objectivo único
são cruciais ao definir sistema. Assim sendo, para que seja sistema é necessário que os
elementos constituintes sejam unânimes e estejam focalizados num único objectivo.
As escolas e sua estrutura podem ser consideradas um sistema, na medida em que formam um
conjunto de elementos interdependentes, como um todo organizado.
Interpretando as palavras de Piletti (2002 cit. em Dias (s.d)), a educação que o sistema escolar
oferece caracteriza-se por ser intencional e sistemática, diferentemente daquela que o
indivíduo geralmente obtém fora da escola, que quase sempre é informal e assistemática.
Partindo da definição de sistema anteriormente apresentada, e aliando ao termo social,
podemos conceituar Sistema Social como uma composição de indivíduos, grupos e
instituições interdependentes que interagem entre si e com o ambiente para alcançar
objectivos comuns.

Características da Escola como Sistema Social

1. Missão e Visão

A missão e visão de uma escola definem seus objectivos educacionais e seus valores
fundamentais. Segundo Lebâneo (2012), a missão escolar é crucial para orientar as práticas
pedagógicas e administrativas, enquanto a visão estabelece a direcção futura da instituição.

2. Currículo

O currículo representa o conjunto de disciplinas, actividades e experiências educacionais


oferecidas pela escola. Para Silva (2000), o currículo é uma construção social que reflecte as
escolhas políticas, sociais e culturais da sociedade.

3. Corpo Docente

O corpo docente é composto pelos professores e educadores responsáveis pela instrução e


orientação dos alunos. Conforme Alves (2006), os professores desempenham um papel
fundamental na construção do conhecimento e no desenvolvimento dos alunos.

4. Alunos

Os alunos representam o corpo discente da escola e contribuem para a diversidade e dinâmica


do ambiente educacional. Segundo Silva et al. (2000), a diversidade dos alunos enriquece a
experiência de aprendizagem e promove uma educação mais inclusiva.

5. Instalações

As instalações físicas da escola, como salas de aula e laboratórios, fornecem o ambiente


necessário para o ensino e aprendizagem. Franco (2010) destaca a importância da arquitectura
escolar na promoção de espaços adequados e funcionais.
6. Tecnologia

A tecnologia na educação refere-se à integração de recursos tecnológicos no processo de


ensino e aprendizagem. Valente (2002) ressalta o potencial das tecnologias da informação e
comunicação (TIC’s) para ampliar as oportunidades de aprendizagem.

7. Avaliação

A avaliação educacional é utilizada para medir o progresso dos alunos e orientar o processo
de ensino. Luckesi (1999) destaca a importância da avaliação formativa e contínua para
promover uma educação mais significativa.

8. Parcerias com a Comunidade

As parcerias com a comunidade envolvem colaborações entre a escola e diferentes actores


sociais, como famílias, empresas e organizações locais. Segundo Libâneo et al. (2001), essas
parcerias são essenciais para fortalecer os vínculos entre a escola e a comunidade.

9. Clima Escolar

O clima escolar refere-se ao ambiente emocional e social da escola, incluindo as relações


interpessoais e as práticas de convivência. Soler (2004) destaca a importância de um clima
escolar positivo para promover o bem-estar e o sucesso dos alunos.

10. Cultura e Valores

A cultura e os valores da escola influenciam as práticas e as interacções no ambiente


educacional. Nóvoa (1995) destaca a importância de uma cultura escolar democrática e
inclusiva.

Ligação Escola – Comunidade

Conforme Silva, Gomes & Santana (s.d.):

“É impossível colocar à parte escola, família e comunidade, pois, se o indivíduo é aluno, filho
e cidadão ao mesmo tempo, a tarefa de ensinar não compete apenas à escola, porque o aluno
aprende também através da família, dos amigos, das pessoas que ele considera significativas,
dos meios de comunicação, do quotidiano. Sendo assim, é preciso que professores, família e
sociedade tenham claro que a escola precisa contar com o envolvimento de todos” (p.2).

Com estas palavras torna – se claro que a ligação entre a escola e a comunidade é um aspecto
crucial da educação ao promover uma educação mais integrada e contextualizada, além de
fortalecer os laços entre a instituição escolar e o ambiente em que está inserida.
Em quase toda comunidade actualmente é possível encontrar uma escola, então é correcto
falarmos que a escola faz parte da comunidade como também os membros participantes da
equipe desta instituição de ensino fazem parte da comunidade escolar.

Ainda de acordo com Piletti (2004,cit. em Silva, Gomes, & Santana, (s.d.)), “da mesma forma
que a escola, para realizar eficazmente seu trabalho, precisa estar na comunidade, esta não
pode estar ausenta da escola” (p.4).

Pois, bem, há necessidade de a escola e a comunidade estarem sempre em parceria buscando


assim usufruir o que a comunidade tem de melhor para beneficiar a instituição de ensino tais
como: prestação de serviços voluntários auxiliando a equipe pedagógica com aulas de
culinária, artesanato, informática, relato de histórias ou até na manutenção do espaço físico do
edifício para que elas possam ver que é possível melhorar a qualidade do ensino. Por outro
lado, a comunidade se beneficia de uma escola bem-sucedida, que contribui para o
desenvolvimento educacional, social e económico local, além de promover a participação
cívica e o engajamento dos seus membros.

Dentre inúmeras dificuldades enfrentadas por comunidade e escola para que haja uma
interacção entre ambos, Silva, Gomes, & Santana (s.d.) destacam as seguintes:

 A falta de acesso da comunidade/familiares às unidades de ensino para participar de


alguma forma no processo educacional dos seus filhos. Ainda de acordo com os
autores “eles não são vistos como bons olhos pela equipe pedagógica e a sua presença
ali só se dá através de convocação por parte da direcção para participarem de alguns
eventos promovidos pela escola” (p.4).
 A falta de compromisso por parte dos educadores em promover actividades excursivas
 A falta de interesse pela coisa pública por parte da população/comunidade.
 A falta de organização por parte dos pais da classe média comparativamente aos da
classe alta que, segundo os autores esses últimos têm a capacidade de reivindicarem
pela melhoria na qualidade do ensino de seus filhos.
 A falta de visitas às famílias dos estudantes pelos profissionais da educação em
especial pelo professor que é quem está mais tempo com os alunos.

Para finalizar esta secção, argumenta Piletti, (2004, p.97) citado por Silva, Gomes, & Santana
(s.d.) dizendo que o fato da escola ter pleno conhecimento da comunidade através de dados
estatísticos não é o suficiente para que haja uma interacção entre elas. É preciso
operacionalizá-los por meio de acções concretas “e isto só é possível através de actividades
práticas que dêem feição real a interacção escola-comunidade. Tais práticas incluem por
exemplo actividades de lazer, que por meio dele os alunos terão a oportunidade de conhecer
melhor os locais públicos da sua localidade como: praças, clubes, ginásios esportivos,
comércio, indústria, cinema, rios, praias, montanhas. Além da diversão os alunos poderão
aprender de forma contextualizada alguns assuntos transmitidos pelos professores das várias
disciplinas como matemática, geografia, língua portuguesa e outras. Assim os alunos irão
conhecer melhor o meio em que vivem já que “muitas vezes os alunos residem num bairro,
numa vila, num município e não conhecem o local ou região”. Dentro destas saídas para o
laser os familiares de alunos podem participar como monitores ajudando a manter o grupo que
saiu para excursão juntos, ou até para servir de guia.

Significado da Escola no Contexto Moçambicano

Em Moçambique, a escola é muito mais do que um local de transmissão de conhecimentos.


Ela é vista como uma instituição central na promoção da igualdade de oportunidades e na
construção de uma sociedade mais justa e desenvolvida. Desde a independência do país, em
1975, o governo moçambicano tem dado prioridade à expansão do acesso à educação e à
melhoria da qualidade do ensino em todos os níveis. A escola é vista como um instrumento
essencial para capacitar os cidadãos, promover o desenvolvimento humano e económico e
combater a pobreza e as desigualdades sociais.

Para Almeida (2017):

“Em Moçambique, a escola desempenha um papel central na construção da nação e na


promoção do desenvolvimento humano. Ela representa não apenas um local de aprendizado,
mas também um espaço de esperança e transformação, onde os jovens têm a oportunidade de
construir um futuro melhor para si mesmos e para suas comunidades”.

Na óptica do autor, a escola não é apenas um local de aprendizagem, mas também um espaço
de esperança e transformação, onde os jovens têm a oportunidade de moldar seu futuro e
contribuir para o progresso de suas comunidades. Essa perspectiva ressalta a importância da
educação como um pilar fundamental do desenvolvimento sustentável em Moçambique.

A importância da escola no contexto moçambicano

A importância da escola no contexto moçambicano é multifacetada e abrange diferentes


aspectos do desenvolvimento social, económico e humano do país. Destacaremos alguns
pontos-chave sobre essa importância.
i) Desenvolvimento Educacional

A escola desempenha um papel crucial na expansão do acesso à educação em Moçambique e


na promoção da alfabetização e do conhecimento em todo o país. Ela oferece oportunidades
de aprendizagem que capacitam os indivíduos a adquirir habilidades essenciais para suas
vidas pessoais e profissionais.

ii) Desenvolvimento Social

A escola é um espaço importante para promover a coesão social, a diversidade cultural e a


cidadania activa em Moçambique. Ela proporciona um ambiente onde os jovens podem
aprender a respeitar e valorizar as diferenças, contribuindo assim para a construção de uma
sociedade mais inclusiva e harmoniosa.

iii) Desenvolvimento Económico

A educação oferecida pela escola desempenha um papel fundamental no desenvolvimento


económico de Moçambique, capacitando os indivíduos com habilidades e conhecimentos
necessários para contribuir para a economia do país. Uma força de trabalho educada e
qualificada é essencial para impulsionar o crescimento económico e reduzir a pobreza.

iv) Desenvolvimento Humano

Além de promover o desenvolvimento económico, a escola também contribui para o


desenvolvimento humano dos indivíduos em Moçambique, capacitando-os a alcançar seu
pleno potencial e melhorar sua qualidade de vida.

“Em Moçambique, a escola desempenha um papel central no processo de desenvolvimento


nacional, promovendo não apenas o acesso à educação, mas também a inclusão social, a
coesão cultural e o progresso económico. Ela é essencial para capacitar os indivíduos a se
tornarem cidadãos activos e contribuintes para o avanço do país.” (Ferreira, 2019)

A autora destaca a importância da escola no contexto moçambicano como um agente


essencial para o desenvolvimento nacional, abordando não apenas questões educacionais, mas
também aspectos sociais, culturais e económicos. Essa perspectiva enfatiza a necessidade de
investimentos contínuos na educação para impulsionar o progresso e o bem-estar de
Moçambique.
Desafios da escola no contexto moçambicano

No contexto moçambicano, a escola enfrenta diversos desafios que impactam seu


funcionamento e sua capacidade de promover uma educação de qualidade para todos os seus
alunos. Segundo Santos (2018) e Almeida (2017), destacam – se as seguintes características:

Acesso e Equidade

Um dos principais desafios enfrentados pelas escolas em Moçambique é garantir o acesso


universal à educação e promover a equidade no sistema educacional. Muitas comunidades,
especialmente em áreas rurais e remotas, enfrentam dificuldades de acesso devido à falta de
infra-estrutura escolar, transporte inadequado e barreiras económicas e sociais.

Qualidade do Ensino

Outro desafio significativo é a qualidade do ensino oferecido pelas escolas moçambicanas.


Questões como falta de recursos adequados, deficiências na formação de professores, altas
taxas de abandono escolar e inadequações curriculares podem comprometer a qualidade da
educação e prejudicar o aprendizado dos alunos.

Idioma de Instrução

A diversidade linguística em Moçambique apresenta um desafio adicional para as escolas,


especialmente no que diz respeito ao idioma de instrução. A transição entre a língua local e o
português, o idioma oficial de instrução, pode representar uma barreira para muitos alunos,
afectando sua capacidade de aprender e se engajar plenamente na escola.

Recursos Financeiros Limitados

As escolas em Moçambique muitas vezes enfrentam restrições financeiras significativas, o


que pode limitar sua capacidade de fornecer infra-estrutura adequada, materiais didácticos,
treinamento de professores e outros recursos essenciais para o ensino e aprendizado eficazes.

De acordo com (Santos, 2018) “Os desafios enfrentados pelas escolas moçambicanas,
incluindo acesso limitado, qualidade do ensino e recursos financeiros inadequados,
representam obstáculos significativos para a promoção de uma educação de qualidade e
equitativa em todo o país”.
Discussão dos Resultados

Estes resultados são baseados nas respostas obtidas através das entrevistas administradas aos
professores da Escola Primária do 1o e 2o graus 7 de Outubro sobre: (I) Composição interna da
escola, desde as características como instalações físicas até os sujeitos da gestão escolar; (II)
Formas que a escola adopta para estabelecer sua ligação com a comunidade.

Recorreu – se à literatura não só para confrontar a realidade encontrada nos locais de estudo
bem como para dar sugestões que de alguma forma poderão ajudar na aproximação da escola
à comunidade e vice – versa.

(I) No que se refere às características de uma escola, a Escola Primária dos 1 o e 2o graus 7 de
Outubro, apresenta um perfil forte em comparação com as que encontramos nas literaturas,
exceptuando a triste situação da falta de salas de aulas, tendo em consideração o total dos
alunos em uma estimativa. Numa das declarações feitas por um dos participantes da entrevista
afirmou não haver uma função bijectiva entre o número de salas e o número de alunos,
matematicamente falado.

O que acontece é que a Escola possui 21 salas de aulas para quase 4000 alunos, dificultando
assim o trabalho do professor, ao ter que monitorar mais de 70 alunos na mesma sala de aula.
Assim sendo, torna – se comprometido o PEA pela insuficiência das salas.

(II) Sobre a ligação entre a Escola estudada com a comunidade local, constatou – se que
apesar dos esforços, ainda existem lacunas que devem ser preenchidas por parte dos
pedagogos, assim como dos pais encarregados de educação. Disse um dos professores
entrevistados que “quase nunca havia aparecido um encarregado de educação para
acompanhar sua aula desde que começou a trabalhar”. O mesmo afirma nunca ter ido à casa
de um dos seus alunos ao aperceber se da sua ausência na sala de aulas. Este facto além de
demonstrar a falta do acompanhamento dos filhos, aumenta desinteresse por parte do aluno,
levando – no muita das vezes à desistência.

Segundo um dos professores, a escola passa o primeiro trimestre sem mães/pias de turmas,
que são peças chaves de ligação entre interesses do professor para com os encarregados e
vice-versa. Fora de tudo isso, a escola possui um conselho, onde encontramos segundo os
participantes o representante dos encarregados e membros da comunidade local.
Considerações Finais

No que diz respeito à Escola como Sistema Social, e segundo o que foi constatado na escola
visitada, concluímos que a escola, embora esteja inserida na sociedade, não se considerava
sua ligação com a mesma.

Em suma, nem todas as características aqui listadas identificam a Escola Primária do 1 o e 2o


graus 7 de Outubro. A escola, apesar de ser uma instituição social, ainda não se faz sentir a
ligação entre ambas. Neste caso, torna-se claro que ainda há muito com que se preocupar no
que se refere a esta ligação.

A inter-relação escola-comunidade precisa ser amplamente incentivada para que a


participação ocorra em todo o processo educacional. O início dessa atitude cooperativa e
responsável é a elaboração conjunta do Projecto Político-Pedagógico da escola, documento
que orientará todas as práticas didáctico-pedagógicas e sociais de uma escola cidadã e
democrática.

De ressalvar que nos dias actuais é quase impossível pensar em escolas que fiquem isoladas
dentro do bairro, entretanto é sabido que em muitos casos a forma de gestão de algumas
escolas inviabilizam aplicação do modelo de gestão democrática, o que dificulta o bom
andamento da parceria que poderia ser firmada em benefício do meio social. Quando a escola
e comunidade trabalham juntos os resultados positivos são bem visíveis tanto na qualidade do
ensino quanto na forma de relacionamento entre as pessoas que compõe estas duas
instituições.

Quanto ao significado da escola no contexto de moçambique, concluímos que ela visa formar
indivíduos capazes de contribuir para o desenvolvimento da sua vida por completo, de sua
família, comunidade e do país no geral.
Referências Bibliográficas
Almeida, C. (2017). Educação em Moçambique: Desafios e Perspectivas .

Alves, N. (2006). Professores do Brasil: impasses e desafios.

Baptista, M. d. (18 de Janeiro de 2013). A Escola como Organização. pp. 1-13.

Ferreira, A. (2019). Educação e Desenvolvimento em Moçambique .

Franco, F. (2010). Arquitetura escolar: a construção do ambiente de ensino.

Freitas, M. T. (2015). Educação Escolar: Temas e Problemas.

Lebâneo, J. C. (2012). Gestão escolar: desafios, tendências e práticas .

Luckesi, C. C. (1999). Avaliação da aprendizagem escolar.

Matsinhe, S. F. (2019). Escola Como Sistema Social. Maputo.

Nóvoa, A. (1995). Cultura escolar, currículo e práticas pedagógicas.

Santos, A. d. (2018). Desafios da Educação em Moçambique: Um Estudo de Caso .

Silva, E., Gomes, L. S., & Santana, V. H. (s.d.). Escola e Comunidade:uma relação
necessária. 2-9.

Silva, T. T. (2000). Currículo na contemporaniedade: Incertezas e desafios.

Soler, J. M. (2004). Clima escolar: investigações, avaliação e intervenção .

Valente, J. A. (2002). Tecnologia na educação: ensinando e aprendendo com as TIC.

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