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LEGISLAÇÃO APLICADA E

DIREITO DO CONSUMIDOR
AULA 4

Prof. João Alfredo Lopes Nyegray


CONVERSA INICIAL

Você aprendeu anteriormente que a área do Direito que, por excelência,


aborda as relações entre as pessoas físicas e jurídicas é o Direito Civil. Dentro
do Direito Civil, uma das áreas mais importantes, em especial para o cenário dos
negócios, é a área do negócio jurídico. Como você também já sabe, o negócio
jurídico é, na acepção de Gagliano e Filho (2020, p. 232), “a declaração de
vontade, emitida em obediência aos seus pressupostos de existência, validade
e eficácia, com o propósito de produzir efeitos admitidos pelo ordenamento
jurídico pretendidos pelo agente”.
Fazem parte das discussões sobre Negócio Jurídico do Direito Civil as
obrigações e o direito dos contratos. A relação entre essas áreas é demonstrada
na figura a seguir.

Figura 1 – A posição do negócio jurídico, das obrigações e dos contratos no


Direito Civil

Direito
Civil
Negócio
Jurídico

Obrigações

Contratos

Fonte: João Alfredo Lopes Nyegray.

Enquanto as obrigações consistem, de acordo com Gagliano e Filho


(2020, p. 335), em um “conjunto de normas (regras e princípios jurídicos)
reguladoras das relações patrimoniais entre um credor (sujeito ativo) e um

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devedor (sujeito passivo) a quem incumbe o dever de cumprir, espontânea ou
coativamente, uma prestação de dar, fazer ou não fazer”, o contrato é, conforme
Tartuce (2021, p. 970), “um ato jurídico bilateral, dependente de pelo menos duas
declarações de vontade, cujo objetivo é a criação, a alteração ou até mesmo a
extinção de direitos e deveres. Os contratos são, em suma, todos os tipos de
convenções ou estipulações que possam ser criadas pelo acordo de vontades e
por outros fatores acessórios”.
No mundo empresarial, o conhecimento dessas áreas e desses temas
pode poupar às empresas e gestores grandes dissabores – ao conhecer os
mandamentos legais, pode-se não apenas agir de acordo com eles, mas exigir
que os clientes e fornecedores sigam as mesmas boas práticas. O Poder
Judiciário nacional está abarrotado de processos das mais diversas ordens. Se
empresas e particulares conhecessem seus direitos com mais clareza e,
principalmente, agissem de acordo com eles, certamente as coisas estariam
muito melhores.

CONTEXTUALIZANDO

Entre 2020 e 2021, o mundo se viu assolado pela pandemia do COVID-


19. Em dezembro de 2019, uma pneumonia desconhecida tomou a cidade
chinesa de Wuhan. Em nosso mundo interconectado, não demorou muito até
que o vírus se alastrasse e tomasse de surpresa quase todas as nações do
planeta. Os efeitos foram muitos: perdemos pessoas queridas, vivenciamos um
caos na saúde pública de todo o mundo e corremos desesperadamente em
busca de uma vacina.
E como ficaram os negócios nesse período? Desde as primeiras
decretações de lockdown, as pessoas abandonaram seus postos de trabalho
para ficar em casa. Inicialmente, acreditávamos que aquilo tudo duraria no
máximo duas semanas, mas a pandemia se estendeu. Empresas deixaram de
produzir ou prestar serviços, faturamentos caíram e o desemprego tomou conta.
Em alguns países, como na Argentina, de forma muito intensa. No Brasil e
Estados Unidos, o desemprego esteve em densidade média. Outras nações,
como a Alemanha e a Coreia do Sul, foram menos afetadas economicamente.
E o que isso tudo tem a ver com nossa conversa sobre Legislação
Aplicada? Tudo. Como ficaram os contratos que, em virtude da pandemia, não
puderam ser cumpridos? É justo e correto penalizar o lado que, por conta do
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lockdown ou do COVID-19, não cumpriu suas obrigações contratuais?
Certamente que não. Da mesma maneira que vimos no mundo todo entre 2020
e 2021, situações completamente inesperadas já ocorreram em todo lugar.
Como você verá, a partir daqui essas situações acabam tendo que mudar
as relações contratuais. Vamos lá?

TEMA 1 – CONTRATOS EM ESPÉCIE I

Quantos tipos de contrato existem? Existem tantos tipos quanto existem


relações contratuais diferentes. Será que um contrato de compra e venda
poderia ser configurado para regular uma relação de aluguel? Certamente que
não. É exatamente por isso que, a partir deste e do próximo tema, falaremos dos
contratos em espécie.
Para falarmos dos contratos em espécie, não poderíamos começar de
outra forma que não abordando a compra e venda. A esse respeito, diz o Código
Civil:

Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se


obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo
preço em dinheiro.

Art. 482. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória


e perfeita, desde que as partes acordarem no objeto e no preço.

Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura.
Neste caso, ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo
se a intenção das partes era de concluir contrato aleatório.

Esses três artigos, relativamente simples, nos dão muita coisa a analisar.
Primeiramente, essa relação trata da transferência de propriedade e domínio de
alguma coisa para outra pessoa, mediante o pagamento de um preço. Algumas
coisas, como as coisas móveis – carros, joias, telefones, computadores –
transmitem-se puramente pela entrega do item ao comprador. Obviamente, para
a compra e venda surtir os efeitos corretos, a pessoa deve vender aquilo que é
dela. Muitas vezes, pessoas mal-intencionadas vendem bens alheios como se
fossem seus. Como já vimos, esse é um típico caso de erro.
Também vimos anteriormente que os contratos podem ser celebrados
quando as vontades se encontram. É o que preconiza o art. 482, ao mencionar
a concordância sobre o preço e o objeto. Como você pode perceber, o contrato
de compra e venda é consensual e bilateral, pois necessariamente envolve duas
partes. A maioria das relações de compra e venda não são solenes (joias,

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telefones, computadores), mas algumas precisam se revestir da solenidade da
transferência formal do bem. É o que estipula o CC ao afirmar, no art. 108, que:
“Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos
negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou
renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior
salário-mínimo vigente no País” (Brasil, 2002). Na compra e venda de imóveis,
portanto, há a solenidade de escrituração do bem.
E o que seria a coisa futura, a qual se refere o art. 483? Explicam Gagliano
e Filho (2020, p. 799):

podemos observar que o Código Civil, em seu art. 483, admite que a
compra e venda tenha por objeto coisas atuais ou futuras. Por coisa
atual, entende-se o objeto existente e disponível, ao tempo da
celebração do negócio; a coisa futura, por sua vez, é aquela que, posto
ainda não tenha existência real, é de potencial ocorrência. Imagine-se,
por exemplo, a compra de uma safra de cacau que ainda não foi
plantada. Em tal caso, o contrato ficará sem efeito se a coisa não vier
a existir [...]

Os contratos de compra e venda de coisa futura são bastante comuns no


agronegócio, por exemplo. No que se refere à compra e venda há que se
destacar mais algumas coisas. Considere que um determinado fazendeiro está
comprando um cavalo de raça. O comprador já deu um valor de entrada ao
vendedor e combinou de buscar o belo animal alguns dias depois. Ao chegar na
fazenda onde está o cavalo adquirido, o vendedor informa que o animal fugiu. E
agora? O comprador perde o valor dado na entrada? De forma alguma. Manda
o Código Civil: “Art. 492. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm
por conta do vendedor, e os do preço por conta do comprador” (Brasil, 2002).
Esse tema é o que se chama de responsabilidade civil pelos riscos da
coisa. Também na compra e venda pode haver despesas com o contrato.
Explicam Gagliano e Filho (2020, p. 804) que tratando-se “de bens imóveis, a
propriedade somente se transferirá se, seguindo-se ao título (contrato), ocorrer
o registro imobiliário. Tais atos, notadamente o registro, importam em custos. E
quem deve arcar com eles?” Nesse caso, a lei manda que a despesa de registro
do imóvel fique a cargo do comprador, a não ser que em contrato as partes
decidam da maneira diferente.
Além da compra e venda, outro tipo contratual muito comum é o da troca
ou permuta, disposto no art. 533 do CC. Aqui, ao contrário do que ocorre na
compra e venda onde há a troca de um bem por uma quantia em dinheiro,
trocam-se dois bens entre si. É o que explica Tartuce (2021, p. 1224) ao dizer
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que o “contrato de troca, permuta ou escambo é aquele pelo qual as partes se
obrigam a dar uma coisa por outra que não seja dinheiro. Operam-se, ao mesmo
tempo, duas vendas, servindo as coisas trocadas para uma compensação
recíproca”. Tem-se nesse tipo de contrato também uma relação bilateral.
Um terceiro tipo contratual é o do contrato de consignação. O que é isso?
Explica Tartuce (2021, p. 1227) que esse contrato “pode ser conceituado como
o contrato em que alguém, o consignante, transfere ao consignatário bens
móveis, para que o último os venda, pagando um preço de estima; ou devolva
os bens findo o contrato, dentro do prazo ajustado (art. 534 do CC)”. É algo muito
comum no segmento de veículos usados. As lojas de revenda ficam com
veículos a exibição em seu pátio e, quando o automóvel é vendido, o valor é
repassado ao dono inicial. As lojas, nesse caso, ficam com uma comissão pela
venda realizada.
E se, por exemplo, um veículo exposto num pátio é batido por outro? Ou
então, se cai uma árvore sobre ele? Nesse caso, o dono da loja (consignatário)
deve indenizar. É o que afirma o CC: “Art. 535. O consignatário não se exonera
da obrigação de pagar o preço, se a restituição da coisa, em sua integridade, se
tornar impossível, ainda que por fato a ele não imputável” (Brasil, 2002).
Por fim, há o contrato de doação. É aquele no qual uma pessoa transfere
bens ou direitos a uma segunda pessoa, sem receber nada por isso. A esse
respeito, diz o CC: “Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma
pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o
de outra.” E a pessoa que está recebendo a doação, precisa declarar seu aceite?
Com certeza! Imagine que uma pessoa recebe um automóvel em doação. Que
sonho hein? Mas a pessoa que recebeu essa doação deve ser capaz de pagar
as contas do veículo (IPVA, seguro, combustível...). Se o recebedor não tiver
como cumprir com essas obrigações, ele simplesmente pode não aceitar a
doação.
Existem vários tipos de doação. A doação meritória, quando alguém faz
algo que é reconhecido pelo doador; a doação a nascituro, quando alguém doa
algo a quem ainda não nasceu; doação a ascendente e descendente, entre
outras. Muitos questionam, nesse momento, se uma doação pode ser revogada.
A resposta é sim, nos casos de ingratidão. Diz o Código Civil:

Art. 557. Podem ser revogadas por ingratidão as doações:

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I - se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de
homicídio doloso contra ele;

II - se cometeu contra ele ofensa física;

III - se o injuriou gravemente ou o caluniou;

IV - se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que


este necessitava. (Brasil, 2002)

Tá vendo só? Se você receber alguma doação, cuide bastante do doador!

TEMA 2 – CONTRATOS EM ESPÉCIE II

Para seguirmos no estudo dos contratos, há que se lembrar que existem


além da compra e venda, troca ou permuta, consignação e doação; ainda vários
outros tipos contratuais. Outro contrato bastante corriqueiro é o contrato de
locação. A esse respeito, o Código Civil traz uma descrição considerada
suficientemente abrangente por boa parte dos civilistas: “Art. 565. Na locação de
coisas, uma das partes se obriga a ceder à outra, por tempo determinado ou não,
o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição” (Brasil, 2002).
Ainda que os imóveis tenham uma lei própria (Lei n. 8.245, de 18 de
outubro de 1991 – comumente chamada de lei do inquilinato), o Código Civil dá
as regras gerais das locações. Entende-se que toda locação precisa ter pelo
menos três características essenciais, como ensinam Gagliano e Filho (2020): o
tempo, a coisa locada e a retribuição. Ainda que existam locações por tempo
determinado e indeterminado, tem-se na locação um contrato eminentemente
temporário.
O CC traz os deveres do locador:

Art. 566. O locador é obrigado:

I - a entregar ao locatário a coisa alugada, com suas pertenças, em


estado de servir ao uso a que se destina, e a mantê-la nesse estado,
pelo tempo do contrato, salvo cláusula expressa em contrário;

II - a garantir-lhe, durante o tempo do contrato, o uso pacífico da coisa.


(Brasil, 2002).

Isso significa que cabe a quem tem um bem que está posto em locação
ofertá-lo em condições de funcionamento. Há ampla jurisprudência de locações
de coisas defeituosas, em especial maquinário. Nesses casos, a Justiça tem
orientado um abatimento do preço do item locado. Na sequência, o CC aponta
os deveres do locatário:

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Art. 569. O locatário é obrigado:

I - a servir-se da coisa alugada para os usos convencionados ou


presumidos, conforme a natureza dela e as circunstâncias, bem como
tratá-la com o mesmo cuidado como se sua fosse;

II - a pagar pontualmente o aluguel nos prazos ajustados, e, em falta


de ajuste, segundo o costume do lugar;

III - a levar ao conhecimento do locador as turbações de terceiros, que


se pretendam fundadas em direito;

IV - a restituir a coisa, finda a locação, no estado em que a recebeu,


salvas as deteriorações naturais ao uso regular (Brasil, 2002).

Igualmente, há inúmeros de casos em que os locatários destroem ou


fazem mal uso do que está sob sua posse. Justamente por isso, fala o art. 569,
IV na restituição da coisa no estado em que foi recebida. Ensina Tartuce (2021,
p. 1270) que “se o locatário desrespeitar um dos seus deveres, caberá a rescisão
do contrato, por parte do locador, sem prejuízo das perdas e danos (resolução
por inexecução voluntária)”. A mesma rescisão pode ocorrer se o locatário utilizar
a coisa para fim diverso do que está no contrato: um automóvel urbano locado
passa a ser utilizado em competições de rally, por exemplo.
Os imóveis urbanos, comumente locados, são tratados pela lei do
inquilinato. Essa lei refere-se também a vagas de garagem, outdoors e espaços
publicitários, assim como a arrendamentos mercantis. Dessa lei nos parece
importante ressaltar as benfeitorias: “Art. 35. Salvo expressa disposição
contratual em contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário,
ainda que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que
autorizadas, serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção”.
Isso significa que as melhorias necessárias introduzidas pelo locatário no
imóvel deverão ser indenizadas pelo locador ou, caso seja possível, poderão ser
retiradas do imóvel findo o contrato. Como há um intenso debate sobre o que é
ou não uma melhoria necessária, recomenda-se a conversa e a negociação para
evitar dissabores futuros.
Na sequência, o CC aborda as chamadas benfeitorias voluptuárias,
aquelas que não são necessárias, mas derivam da mera vontade de uma das
partes: “Art. 36. As benfeitorias voluptuárias não serão indenizáveis, podendo
ser levantadas pelo locatário, finda a locação, desde que sua retirada não afete
a estrutura e a substância do imóvel” (Brasil, 2002).
Compreendidos os aspectos básicos do contrato de locação, passamos a
examinar os contratos de empréstimo. Ao contrário da locação, no empréstimo
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não há onerosidade, ou seja, a pessoa não paga pelo uso de algo. É o que ensina
Tartuce (2021, p. 1273) ao conceituar o contrato de empréstimo como “negócio
jurídico pelo qual uma pessoa entrega uma coisa à outra, de forma gratuita,
obrigando-se esta a devolver a coisa emprestada ou outra de mesma espécie e
quantidade. O negócio em questão é um exemplo claro de contrato unilateral e
gratuito”.
Os contratos de empréstimo são, tradicionalmente, divididos em dois
tipos: comodato ou mútuo. O CC menciona e define o comodato: “Art. 579. O
comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se com a
tradição do objeto” (Brasil, 2002). Aquele que está emprestando algo é o
comodante, e o que está recebendo a coisa emprestada é o comodatário. O
comodato baseia-se na confiança, uma vez que tem como objeto uma coisa que
não pode ser substituída. É, também, um acordo temporário. Um exemplo de
comodato pode ser o empréstimo de um imóvel litorâneo entre familiares para o
período de férias.
De outro lado, tem-se o mútuo. Ao contrário do comodato, o mútuo é o
empréstimo de coisas fungíveis. A esse respeito, diz o CC:

Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é


obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do
mesmo gênero, qualidade e quantidade.

Art. 587. Este empréstimo transfere o domínio da coisa emprestada ao


mutuário, por cuja conta correm todos os riscos dela desde a tradição.
(Brasil, 2002).

Podemos perceber que o mútuo aborda coisas que, caso pereçam, devem
ser devolvidas no mesmo gênero, quantidade e qualidade. Existem
doutrinadores que acreditam que o empréstimo de dinheiro é uma das formas de
mútuo. Nesse caso, pode aquele que empresta exigir algum tipo de garantia para
realizar o contrato. A esse respeito, ensina Tartuce (2021, p. 1288):

Nos casos de mútuo de produtos agrícolas, tanto para consumo quanto


para a semeadura, presume-se o prazo até a próxima colheita. Nos
casos de empréstimo de dinheiro, o prazo será de trinta dias, contados
da sua celebração. Para os demais casos envolvendo coisa fungível,
presume-se o prazo como o que declarar o mutuante de qualquer
forma.

Outro tipo contratual que nos cabe analisar é o da prestação de serviços,


abordado a partir do art. 593 do Código Civil. A prestação de serviços difere-se
da relação trabalhista, pois é realizada ou por uma empresa especializada ou
por profissional autônomo. Podem ser serviços de limpeza e manutenção,
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serviços de consultoria, serviços advocatícios ou mesmo serviços médicos.
Sobre a prestação de serviços, ensina Tartuce (2021, p. 1289) que seu contrato:

é o negócio jurídico pelo qual alguém – o prestador – compromete-se


a realizar uma determinada atividade com conteúdo lícito, no interesse
de outrem – o tomador –, mediante certa e determinada remuneração.
(...) O tomador é ao mesmo tempo credor do serviço e devedor da
remuneração. O prestador é credor da remuneração e devedor do
serviço.

A prestação de serviços – às vezes chamada de empreitada – é feita


mediante retribuição que pode ou não ser financeira. A respeito da retribuição,
diz o Código Civil: “Art. 597. A retribuição pagar-se-á depois de prestado o
serviço, se, por convenção, ou costume, não houver de ser adiantada, ou paga
em prestações” (Brasil, 2002). Devemos ressaltar que, alguns dos contratos de
prestação de serviços, são personalíssimos – ou seja, não se pode alterar o
prestador. Em outros, é possível realizar a subcontratação para a realização da
empreita.
O CC limita, em seu art. 598, a prestação de serviços a um prazo máximo
de quatro anos, dizendo que “decorridos quatro anos, dar-se-á por findo o
contrato, ainda que não concluída a obra”. Explicam Gagliano e Filho (2020, p.
985) que essa regra “tem por finalidade evitar a celebração de avenças longas
demais, com animus de definitividade, acorrentando as partes a um contrato do
qual não teriam condições econômicas de se desvencilhar”.
Além dos contratos que vimos aqui, existem ainda vários outros como os
contratos de depósito, de transporte, de agência, de corretagem, de comissão e
de seguro. Embora a cada um desses instrumentos existam regras específicas,
as linhas gerais de objeto lícito e possível, partes capazes e forma prescrita e
não proibida por lei segue sendo sua linha mestra.

TEMA 3 – EXTINÇÃO DOS CONTRATOS

Quando termina um contrato? Numa situação ideal, o contrato termina


quando o que foi ali pactuado é devidamente cumprido. Na compra e venda, com
o pagamento e entrega. Na locação, com o término da relação. No empréstimo,
com a devolução da coisa no estado em que se encontrava antes ou na
quantidade e gênero devidos. Essa é a chamada “extinção normal dos
contratos”.

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Existem outros casos, no entanto, em que a extinção do contrato se dá
sem o seu cumprimento integral. Antes mesmo de um contrato ser celebrado,
por exemplo, as partes podem se arrepender. É o que se chama de “direito de
arrependimento”. Antes de receber o produto ou mesmo antes de pagar por ele
– por exemplo – a parte decide que não mais quer fazer parte dessa relação
contratual. É o caso das compras pela internet, por exemplo.
Ainda com essas possibilidades, a extinção normal e o arrependimento,
existem outras situações para o término dos contratos. A chamada rescisão
contratual pode ter várias formas distintas, que analisaremos aqui. O Código Civil
trata desse assunto entre os artigos 472 e 480, objetivando tutelar a extinção
contratual após sua celebração por formas que não sejam o arrependimento, ou
a extinção normal.
A primeira das formas de se extinguir um contrato chama-se de “resilição”.
Esse termo é usado no art. 473 do Código Civil e, como ensinam Gagliano e
Filho (2020, p. 737), “refere-se à extinção do contrato por iniciativa de uma ou
ambas as partes”. Quando é da vontade de ambas as partes encerrar o acordo,
ocorre a chamada resilição bilateral ou distrato. Isso pode ocorrer quando, por
exemplo, numa prestação de serviços, o prestador já não tem mais interesse em
realizar a tarefa e o tomador também já não quer continuar com esse prestador.
De outro lado, a resilição pode ser unilateral quando uma das partes não
quer mais continuar com a relação contratual. Aqui pode surgir um
questionamento: mas um contrato não serve justamente para que duas pessoas
– físicas ou jurídicas – comprometam-se com um determinado comportamento?
Sim. Mas pode ser que uma das partes não esteja satisfeita com as atitudes da
outra, ou que algo aconteça. Por exemplo: imagine que uma pessoa tem dois
imóveis, um onde reside e outro que está locado. Se essa pessoa perder o
emprego ou tiver algum problema na família, pode ser necessário vender o
imóvel que está locado. Para isso, será feita a resilição unilateral do contrato de
aluguel.
Vejamos o que diz o Código Civil a respeito da resilição unilateral: “Art.
473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o
permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte”. (Brasil, 2002). O que
significa a denúncia, dita ali no artigo? Significa avisar a outra parte. Esse aviso
pode ser pessoal ou por correio, normalmente pelo envio de carta com Aviso de

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Recebimento (AR), para que se tenha prova de que a outra parte recebeu a
comunicação.
Existem situações em que o término do contrato se dá porque uma das
partes não está cumprindo com seus compromissos. No caso dos contratos de
locação, por exemplo, o locatário pode não estar pagando. Nos contratos de
prestação de serviços, o serviço pode estar sendo malfeito. Nesse ponto, explica
Tartuce (2021, p. 1134):

A resolução por inexecução voluntária está relacionada com a


impossibilidade da prestação por culpa ou dolo do devedor, podendo
ocorrer tanto na obrigação de dar como nas obrigações de fazer e de
não fazer. Conforme as regras que constam dos arts. 389 e 390 do CC,
a inexecução culposa sujeitará a parte inadimplente ao ressarcimento
pelas perdas e danos sofridos – danos emergentes, lucros cessantes,
danos morais, estéticos e outros danos imateriais

Pode ser, por exemplo, o caso da contratação de um serviço de


marcenaria. Um casal contrata um marceneiro para realizar o projeto de sua
cozinha. Feito o pagamento da entrada, após algum tempo, o referido
marceneiro inicia as entregas. Aqui, percebe o casal que o que está sendo
entregue não está de acordo com o projeto ou com a qualidade esperada dos
móveis. Pode-se proceder à resolução contratual nesse caso. A esse respeito,
diz o Código Civil: “Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a
resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em
qualquer dos casos, indenização por perdas e danos” (Brasil, 2002).
Uma outra situação que pode levar à extinção dos contratos é quando seu
cumprimento se torna excessivamente oneroso para uma das partes. Diz o CC:
“Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de
uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para
a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o
devedor pedir a resolução do contrato [...]”.
Deve-se destacar que não é em qualquer caso que o contrato pode ser
extinto por onerosidade excessiva. A própria lei permite que as condições
contratuais sejam modificadas e adequadas. Para essa modalidade de extinção,
é necessário provar a onerosidade excessiva e a extrema vantagem para o outro
lado. Seria o caso em que, por exemplo, alguém contraiu uma dívida que seria
atualizada pelo valor do Dólar. No momento da celebração do contrato, um dólar
equivalia a dois reais. No momento do pagamento, um dólar equivalia a seis

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reais. Esse caso traz onerosidade excessiva para uma das partes e extrema
vantagem para o outro lado.
Existem situações, ainda, que não podem ser previstas e que impedem o
cumprimento da obrigação. É o que veremos a seguir.

TEMA 4 – CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR

Na vida é possível que ocorram coisas muito inesperadas, que sequer


poderíamos imaginar. Um desses casos é a pandemia do COVID-19. Anos
antes, a pandemia do H1N1 parou o mundo por cerca de duas semanas. No
caso do COVID-19, por outro lado, o isolamento social estendeu-se de modo que
escolas, universidades, templos religiosos e ambientes de proximidade de
pessoas foram fechados ou tiveram seus horários de atuação diminuídos.
Imaginemos, por exemplo, o caso de uma loja de shopping center que
depende do trânsito de pessoas para realizar suas vendas. Sabemos que os
valores dos aluguéis dos shoppings são bastante elevados e que uma loja que
não realiza vendas não obtém faturamento suficiente para quitar seus débitos.
Nesse caso, como proceder? É possível uma alteração contratual? Ou será que
todos os contratos preveem casos de pandemias?
É aqui que entra nossa discussão sobre caso fortuito e força maior. Os
termos não têm uma definição que seja unanimemente aceita, mas podemos
começar nossa análise pelo Código Civil: “Art. 393. O devedor não responde
pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou de força maior, se expressamente
não se houver por eles responsabilizado. Parágrafo único: O caso fortuito ou de
força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não eram possíveis evitar
ou impedir” (Brasil, 2002).
E o que isso significa? Que posso dar calote nas minhas dívidas em
virtude da pandemia? De jeito nenhum! Vejamos a diferença entre os termos, no
ensinamento de Gagliano e Filho (2020, p. 1143)

Sem pretender pôr fim à controvérsia, uma vez que seria inadmissível
a pretensão, entendemos, como já dissemos alhures, que ‘a
característica básica da força maior é a sua inevitabilidade, mesmo
sendo a sua causa conhecida (um terremoto, por exemplo, que pode
ser previsto pelos cientistas); ao passo que o caso fortuito, por sua vez,
tem a sua nota distintiva na sua imprevisibilidade, segundo os
parâmetros do homem médio. Nesta última hipótese, portanto, a
ocorrência repentina e até então desconhecida do evento atinge a
parte incauta, impossibilitando o cumprimento de uma obrigação (um
atropelamento, um roubo)’

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Colocando de outra maneira, o caso fortuito é algo absolutamente
imprevisível. Você não prevê, por exemplo, o dia e hora em que será atropelado
para estar lá no momento correto do evento. Pense, por exemplo, num pintor
que, ao ser atropelado, acaba com os braços quebrados e, por isso, não pode
terminar uma pintura a tempo da entrega. Seria justo exigir dessa pessoa uma
indenização pelo atraso na entrega? Obviamente que não, uma vez que a
pessoa deixou de cumprir com o combinado por algo repentino e imprevisível.
De outro lado, tem-se a força maior. A força maior é algo previsível, mas
inevitável. Trata-se de um maremoto, um tsunami, uma guerra. A atual
meteorologia pode prever certos fenômenos físicos. A análise internacional nos
permite entender as chances de uma guerra ocorrer. Mas, sozinhos, temos como
evitar esses incidentes todos? De jeito nenhum. Tem-se, aqui, a força maior.
Tartuce (2021, p. 588) traz um julgado que reflete a aplicação do caso
fortuito: trata-se da venda de um lote de terra que não pode ser concretizada
pois o referido imóvel foi desapropriado. Nesse caso, diz o magistrado:
“Superveniente desapropriação que inviabilizou a entrega do lote adquirido pelo
autor. Cabimento da rescisão. [...] Necessária restituição integral e imediata das
parcelas pagas. Retorno das partes ao status quo ante”. Nesse caso, se restitui
o valor que a pessoa pagou, e as partes voltam a seu status anterior ao negócio.
E no caso da pandemia do COVID-19? Para tentar mitigar os inesperados
efeitos da pandemia, a Lei n. 14.010/2020 instituiu o chamado “Regime Jurídico
Emergencial e Transitório das Relações Jurídicas de Direito Privado” entre junho
e outubro de 2020, tendo sido estendida algumas vezes. Foi essa lei que, por
exemplo, proibiu temporariamente as ações de despejo no período pandêmico.
A esse respeito, explica Tartuce (2021, p. 743):

A Lei 14.010/2020, que introduziu o Regime Jurídico Emergencial e


Transitório das relações jurídicas de Direito Privado (RJET), no período
da pandemia do coronavírus (Covid-19), trouxe regra importante sobre
a possibilidade de alegar o caso fortuito e a força maior, com os fins de
se afastar a responsabilidade civil contratual. Por óbvio que muitos
contratantes, em meio à grave crise econômica que acometeu todo o
mundo, passaram a alegar tais fatos, inclusive com a intenção de
extinguir os contratos celebrados.

Até então o Poder Judiciário segue analisando em quais situações se


pode alegar caso fortuito e força maior, e em quais situações isso não é possível.
Trata-se de uma análise caso a caso, que, certamente, levará tempo para se
encerrar.

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TEMA 5 – EXECUÇÃO E FALHAS

O que ocorre quando alguém não paga suas dívidas? É correto afirmar
que as dívidas desaparecem? Não. Quando alguém adquire um bem, parte-se
do pressuposto de que essa pessoa tem condições de arcar com as despesas
da compra. Em algumas situações, no entanto, isso não ocorre. Imagine que
uma determinada pessoa comprou um veículo financiado e, depois de algum
tempo, deixou de pagar as prestações.
O banco ou instituição que financiou a compra poderá entrar na justiça
com ações de cobrança. Se a pessoa tem algum dinheiro em contas bancárias
vinculadas ao seu CPF, penhora-se o valor da conta para pagar o credor. Caso
não haja nada nas contas bancárias (ou caso estejam no negativo) procede-se
à busca e apreensão do bem. Nesse caso, um Oficial de Justiça vai até a casa
da pessoa que comprou o veículo e que não pagou por ele, pega o automóvel e
leva para leilão. O bem é leiloado e o valor levantado é entregue ao credor.
Nesses casos, se o valor do bem leiloado é maior do que a dívida, paga-
se a dívida e devolve-se a diferença ao antigo devedor. Se o valor do bem
leiloado é menor do que o valor da dívida, a dívida remanescente segue ativa.
Aqui muitos perguntam: e se não for um automóvel, mas dívidas diversas ou
dívidas de bens já consumidos? Nessas situações o devedor deve “apontar um
bem para execução”, ou seja, deve dizer – dentre suas coisas – o que entregará
para leilão. Todo esse procedimento aplica-se tanto a pessoas físicas quanto a
pessoas jurídicas e chama-se de execução.
Sob o Direito Civil, também é prudente abordarmos o tema da evicção.
Mas o que é isso? Explicam Gagliano e Filho (2020, p. 710) que a evicção
consiste “na perda, pelo adquirente (evicto), da posse ou propriedade da coisa
transferida, por força de uma sentença judicial ou ato administrativo que
reconheceu o direito anterior de terceiro”. Imagine uma situação em que você
comprou um carro de alguém. Passado algum tempo, o carro é apreendido por
ter sido furtado. Aí você descobre que, na verdade, comprou um item de alguém
que se passou pelo proprietário.
Nesse caso, a pessoa que te vendeu o bem deve restituir tudo o que você
pagou. Isso é evicção.

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TROCANDO IDEIAS

Pense por um instante na quantidade de contratos que são celebrados a


cada dia por pessoas físicas e jurídicas. Pense também na quantidade de
pessoas endividadas que existem no Brasil. Estudos recentes mostram que mais
de 80% da população brasileira possui dívidas. Os chamados inadimplentes são
aqueles que possuem dívidas que estão em atraso e possuem parcelas não
pagas. Por quais razões nosso país possui tantas pessoas endividadas? Quais
as consequências do endividamento e da inadimplência da população para as
empresas? Comente a respeito e discuta com os colegas se haveria como
reduzirmos a inadimplência no país.

NA PRÁTICA

Como você aprendeu, existem várias formas pelas quais os contratos


chegam ao fim. A forma tradicional é pelo cumprimento das cláusulas contratuais
e fim da obrigação. No entanto, existem casos variados de extinção. Dentre
esses casos está a onerosidade excessiva para uma das partes e a extrema
vantagem para o outro lado. A esse respeito, Tartuce (2021, p. 1139) traz um
julgamento ocorrido no estado de São Paulo:

Energia elétrica. Empresa exploradora de jogos de bingo. Celebração


com concessionária de energia elétrica de contrato com previsão de
consumo obrigatório de 80 kW mensais. Atividade da autora encerrada,
em virtude de liminar em ação civil pública. Ajuizamento de ação
declaratória de nulidade de cláusulas contratuais cumulada com
repetição de indébito. Procedência. Admissibilidade. Onerosidade
excessiva por fato imprevisível. Incidência do disposto nos artigos 478
e 480 do Código Civil. Apelação não provida” (TJSP, Apelação
992.09.032133-1, Acórdão 4293191, 36.ª Câmara de Direito Privado,
Santos, Rel. Des. Romeu Ricupero, j. 28.01.2010,D JESP 12.02.2010).

Mas o que ocorreu ali? Um bingo – atividade não mais lícita em nosso
país – havia contratado com a concessionária de energia elétrica que consumiria
80 kW mensais. Uma vez que a atividade dos bingos foi declarada ilegal, o
empreendimento encerrou suas atividades. A concessionária de energia, no
entanto, exigia continuar recebendo os valores combinados, ainda que a
atividade não fosse mais exercida. Aqui temos um exemplo preciso do que é
onerosidade excessiva por fato imprevisível.

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FINALIZANDO

Nessa aula, aprendemos que existem vários tipos distintos de contrato.


Um dos mais comuns é o contrato de compra e venda onde transfere-se o
domínio de uma coisa a quem pagou por ela. Existem contratos de compra e
venda presente e de compra e venda futura. Além da compra e venda, outro tipo
contratual muito comum é o da troca ou permuta, disposto no art. 533 do CC.
Aqui, ao contrário do que ocorre na compra e venda onde há a troca de um bem
por uma quantia em dinheiro, trocam-se dois bens entre si. Um terceiro tipo
contratual é o do contrato de consignação. O que é isso? Explica Tartuce (2021,
p. 1227) que esse contrato “pode ser conceituado como o contrato em que
alguém, o consignante, transfere ao consignatário bens móveis, para que o
último os venda, pagando um preço de estima; ou devolva os bens findo o
contrato, dentro do prazo ajustado (art. 534 do CC)”. O contrato de doação, por
sua vez, é aquele no qual uma pessoa transfere bens ou direitos a uma segunda
pessoa, sem receber nada por isso.
Você aprendeu também a respeito do contrato de locação, em que uma
parte cede a outra o uso e o gozo de alguma coisa mediante alguma retribuição.
Os imóveis urbanos possuem uma lei própria que trata desse tema. Vimos
também os contratos de empréstimo que são divididos em dois tipos: comodato
(coisas infungíveis) ou mútuo (para coisas fungíveis). Aprendemos também
sobre a prestação de serviços – às vezes chamada de empreitada – é feita
mediante retribuição que pode ou não ser financeira.
Numa situação ideal, o contrato termina quando o que foi ali pactuado é
devidamente cumprido. Quando uma das partes quer extinguir o contrato antes
do tempo, efetua-se a resilição. Quando é da vontade de ambas as partes
encerrar o acordo ocorre a chamada resilição bilateral ou distrato.
Além de tudo isso, existem situações nas quais o que foi contratado não
pode ser cumprido. É aqui que entra nossa discussão sobre caso fortuito e força
maior. O caso fortuito é algo absolutamente imprevisível. A força maior é algo
previsível, mas inevitável. Para tentar mitigar os inesperados efeitos da
pandemia, a Lei n. 14.010/2020 instituiu o chamado “Regime Jurídico
Emergencial e Transitório das Relações Jurídicas de Direito Privado” entre junho
e outubro de 2020. Por fim, você viu que quando alguém não cumpre com suas
dívidas, essa pessoa está sujeita aos chamados processos de execução.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.


Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm>. Acesso
em 02 dez. 2021.

GAGLIANO, P. S.; FILHO, R. P. Manual de direito civil – volume único. São


Paulo: Saraiva, 2020.

TARTUCE, F. Manual de direito civil – volume único. São Paulo: Saraiva,


2021.

VENOSA, S. de S. Direito Civil – Obrigações e Responsabilidade Civil. São


Paulo: GEN, 2017.

_______________. Introdução ao Estudo do Direito – primeiras linhas. São


Paulo: GEN, 2017.

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