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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(ÍZA) DA _ ª VARA DE

FAZENDA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL

DISTRIBUIÇÃO URGENTE

RX ASSESSORIA CONTÁBIL SS, pessoa jurídica de direito privado, estabelecida na


cidade de Brasília/DF, Sia Sul, Trecho 01, Lotes 170/200, 3º Andar, Parte A, CEP:
71.200-010, inscrita no CNPJ/MF nº 15.603.967/0001-35, com endereço eletrônico
rxassessoriacontabil@gmail.com, por sua advogada que esta subscreve, conforme
instrumento de mandato anexo (Doc. 01- Procuração), com endereço eletrônico:
juliana.zago86@gmail.com vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência,
com fundamento no artigo 5º, inciso LXIX, da Constituição Federal, e nos artigos 1º e
7º da Lei nº 12.016/2009, impetrar o presente

MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO URGENTE DE LIMINAR

contra ato coator atribuído ao SUBSECRETÁRIO DA RECEITA DA SECRETARIA DE


ESTADO DE FAZENDA E ECONOMIA DO DISTRITO FEDERAL – SEFAZ/DF,
autoridade coatora, com endereço SBN, Qd. 02, Ed. Vale do Rio Doce, 7º andar, CEP
70.040-909. Aponta-se, ainda, como interessado o Distrito Federal, representada
judicialmente pela Procuradoria Geral da Fazenda do Distrito Federal, que tem
endereço Setor de Autarquias Norte Q. 5, Asa Norte, Brasília/DF, CEP: 70297-400 e
endereço eletrônico: pgfaz@pg.df.gov.br aduzindo, para tanto, as razões de fato e os
fundamentos de direito a seguir articulados.
.2.

I – PRELIMINAR

I.1 - TEMPESTIVIDADE:

Nos termos do art. 5º, LXIX, da Constituição Federal assegura a todo


cidadão que sofra lesão ou ameaça de lesão a direito líquido e certo em virtude de
ilegalidade ou abuso de poder por ato ou omissão de autoridade pública a via
jurisdicional do mandado de segurança, a fim de levar ao judiciário o justo reclame
pela restauração da legalidade do ato impetrado.
No presente caso, a Impetrante se insurge contra ato da autoridade
coatora que de forma desproporcional a excluiu do Simples Nacional a ora impetrante
por conta do baixo valor do débito, sem levar em consideração o seu bom histórico
de pagamentos dentro do regime simplificado.
Assim, tendo sido a Impetrante notificada em 10 de fevereiro de 2023,
conforme data de leitura da sua caixa postal (Doc. 03 – Print da Caixa Postal), tem-
se que este é o termo inicial para a contagem do prazo estabelecido no art. 23 da Lei.
n.º 12.016/2009, 120 (cento e vinte) dias, sendo o presente mandado de segurança
tempestivo.

II - SÍNTESE FÁTICA:

A Impetrante é pessoa jurídica, cuja atividade empresarial é a


prestação de serviços de assessoria e escrita contábil, conforme se infere do Estatuto
Social (Doc. 02 - Contrato Social) optante pelo Regime do Simples Nacional desde
17 de maio de 2012, ou seja, há mais de 10 (dez) anos, conforme Termo de
Deferimento em anexo (Doc. 04 – Termo de Deferimento pelo Simples Nacional).
E, em 10 de fevereiro do vigente ano, foi surpreendida ao abrir a sua caixa de entrada
do seu Correio Eletrônico, o qual frisa-se é uma caixa postal de pouco acesso, com a
intimação acerca da exclusão da ora impetrante do REGIME ESPECIAL UNIFICADO
DE ARRECADAÇÃO DE TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES (SIMPLES NACIONAL),
(Doc.05 – Termo de Exclusão) por conta de um débito de baixo valor de R$ 767,13
(setecentos e sessenta e sete reais e treze centavos).
.3.

O citado lançamento, refere-se à competência de 09/2019, que


conforme impugnação apresentada, no dia 13 de fevereiro de 2023, a impetrante não
tinha conhecimento do referido débito, contudo, a referida impugnação foi indeferida
pela ora impetrada, sob o fundamento de que o prazo para regularização ou opção
pelo Regime do Simples Nacional tinha se encerrado em 31 de janeiro de 2023, ou
seja, pequeno lapso temporal de 13 (treze dias).
É importante destacar que, anteriormente à impugnação
apresentada, a ora impetrante já tinha quitado de boa-fé o débito, portanto, não é um
inadimplemento, mas sim, um pagamento de boa-fé, em atraso, do tributo, vejamos o
comprovante de pagamento:

Nesse sentido, deve-se frisar que o sistema emitiu a guia do


débito para pagamento da DAS para pagamento em 10/02/2023 (Doc. 06 – Boleto
para pagamento), e assim foi realizado o referido pagamento na mesma data de
emissão (10/02/2023), conforme comprovante acima.
Ocorre que sua exclusão da modalidade de recolhimento do
Simples Nacional, em virtude de um débito de baixo valor de 2019, é completamente
desproporcional. Além disso, considerando que a Impetrante adimpliu corretamente
.4.

suas demais obrigações do Simples Nacional de anos anteriores, de valores maiores,


não deveria ter sido excluída da modalidade de recolhimento e, sim, apenas cobrada
do valor.
Dessa forma, a Impetrante faz uso do presente mandamus para
o fim de obter a concessão da segurança por todos os argumentos a seguir expostos.

III - DO DIREITO:
III.a – AUSËNCIA DE PROPORCIONALIDADE

Conforme já mencionado, a Impetrante foi excluída do Simples


Nacional por um débito de de R$ 767,13 (setecentos e sessenta e sete reais e treze
centavos), da competência única de setembro/2019, sendo que sempre manteve em
dia os seus encargos tributários e não havia guias anteriores e nem posteriores não
recolhidas.
Na Relação do Débito Motivador da Exclusão de Ofício do
Simples Nacional (Doc.05 – Termo de Exclusão) é especificado o débito que não foi
regularizado:
.5.

Conforme pode ser analisado, na tabela consta o débito


referente ao Simples Nacional, o qual realmente se encontrava aberto no ato da
notificação. Contudo, como pode ser percebido, no próprio termo de exclusão, consta
que a mensagem só foi lida, em 10 de fevereiro de 2023, ou seja, tomando
conhecimento do débito, no mesmo dia, tratou a impetrante de quitá-lo e resolver a
pendência com a apresentação da impugnação ora mencionada (Doc. 07 –
Impugnação ao Termo de Exclusão).
Portanto, um débito na quantia de R$ 767,13 (setecentos e
sessenta e sete reais e treze centavos) não é capaz de gerar proporcionalidade no ato
de exclusão, haja vista que o único débito parcialmente em aberto é de uma única
competência do ano de 2019.
Ainda, conforme Certidão Negativa de Débitos emitida em 13 de
fevereiro de 2023 (Doc. 08 – CND), inexiste qualquer débito pendente de períodos
retroativos ou em abertos.
E na esteira dos documentos anexados a esta inicial,
especialmente no que se refere ao adimplemento do débito que se econtrava em
aberto, além do Termo de Deferimento do Simples Nacional com efeitos a partir de 17
de maio de 2012 e a Certidão Negativa de Débitos emitida, com validade junto ao
Governo do Distrito Federal, verifica-se que houve uma violação do postulado da
proporcionalidade , o qual exige a escolha, para realização dos fins legais, de meios
adequados, necessários e proporcionais.
Um meio é adequado quando se promove o fim. Um meio é
necessário se, dentre todos aqueles meios igualmente adequados para promover o
fim, for o menos restritivo relativamente aos direitos fundamentais. E um meio é
proporcional em sentido estrito se as vantagens que promove superam as
desvantagens que provoca.
Mediante a utilização do postulado, deve-se decidir se o meio é
capaz de produzir efeitos que promovam a realização gradual do fim, se a medida é a
menos restritiva relativamente aos direitos fundamentais afetados e se a realização do
fim não está em relação de desproporção relativamente à restrição causada aos
direitos fundamentais.
.6.

A adequação exige uma relação empírica, ou, como observa


Carlos Pulido, “uma relação de causalidade entre o meio e o fim”, de tal sorte que o
meio deve levar à efetiva realização do fim. Na hipótese em debate, vê-se que a
exclusão da Impetrante do Simples Nacional, pelo débito de R$ 767,13, ofende o
princípio da proporcionalidade.
No exame da necessidade, segunda etapa inerente ao
postulado da proporcionalidade, se verifica, entre medidas ao menos igualmente
adequadas, a existência, ou não, de alternativas à medida inicialmente escolhida ou
adotada pelo legislativo e pela administração pública. Aqui, diferentemente do que
ocorre no exame de adequação, a comparação se dá entre o meio escolhido e outros
meios eventualmente à disposição e aptos para promover a mesma finalidade.
E é precisamente aí que se identifica a violação da
proporcionalidade pela exclusão da contribuinte do Simples Nacional. Ademais, um
meio adequado e necessário para a promoção de uma finalidade não deve ser
implementado se os prejuízos para o direito fundamental afetado pela medida adotada
são maiores que a importância da promoção do fim, de tal forma que o meio
escolhido, em casos tais, seria desproporcional.
Sobre o alegado, dispõe a jurisprudência do Tribunal Regional
Federal da 4ª Região:

TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. SIMPLES NACIONAL.


EXCLUSÃO. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE E DA
RAZOABILIDADE. 1. O SIMPLES se constitui em benefício destinado a
pequenas empresas, de menor capacidade financeira e contributiva. 2.
Levando em conta o valor irrisório que deu azo à exclusão e as
providências adotadas pela impetrante no sentido de quitar o débito,
mostra-se desproporcional o ato administrativo de sua exclusão do
Simples Nacional. 3. Apelação e remessa necessária desprovidas.

(TRF-4 - APL: 50266379520174047100 RS 5026637-95.2017.4.04.7100,


Relator: ROGER RAUPP RIOS, Data de Julgamento: 10/10/2018,
PRIMEIRA TURMA)
.7.

TRIBUTÁRIO. INGRESSO E MANUTENÇÃO NO SIMPLES NACIONAL.


REGULARIDADE FISCAL. ART. 17, V, DA LEI COMPLEMENTAR Nº
123, DE 2006. 1. A Corte Especial deste Regional afirmou a
constitucionalidade do art. 17, inciso V, da LC 123/2006. 2. A exclusão
da empresa do Simples Nacional pelo fato de ter realizado
pagamento de débito fora do prazo legal atenta contra o princípio da
razoabilidade, devendo ser garantida sua reintegração no programa,
já que a contribuinte encontra-se em situação fiscal regularizada.

(TRF-4 - APL: 50512536620194047100 RS 5051253-66.2019.4.04.7100,


Relator: ALEXANDRE ROSSATO DA SILVA ÁVILA, Data de Julgamento:
04/05/2020, SEGUNDA TURMA)

Além disso, não é razoável a Impetrante ser tão duramente


penalizada, com a exclusão do regime de tributação do simples nacional, em virtude
de um débito que pagou de boa-fé. Ainda, é importante destacar que a Exclusão de
empresas do simples nacional pelo fato de possuir débitos, constitui sanção política,
um meio de coerção para o pagamento de tributo, fato este que é vedado em nosso
ordenamento jurídico.
Nos termos deste entendimento, também, em recente julgado,
entendeu o Eg. Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul - TJRS:

MANDADO DE SEGURANÇA. INCLUSÃO NO SIMPLES NACIONAL.


DÉBITO DE PEQUENO VALOR. RAZOABILIDADE.
PROPORCIONALIDADE. É nulo o ato de indeferimento de inclusão
no Simples Nacional por conta de débito de pequeno valor. Hipótese
em que há prova de que o contribuinte pgou o crédito tributário
pendente dias após o prazo final de regularização previsto no artigo
6º, § 2º, inciso I, da Resolução CGSN nº 140/2018. Precedentes deste
Tribunal. Recurso provido.

(TJ-RS - AC: 50765739720218210001 RS, Relator: Maria Isabel de


Azevedo Souza, Data de Julgamento: 09/03/2022, Primeira Câmara
Cível, Data de Publicação: 17/03/2022)

Portanto, a exclusão do regime tributário Simples Nacional,


somente por motivo de dívida, é indiscutível e puramente sanção política, implicando
.8.

em negativa de direito ao exercício da atividade econômica empresarial. Agindo


assim, a Fazenda está: “fazendo “justiça pelas próprias mãos [...] levando a empresa
ao caos” (RE 413782-8/SC, STF, Pleno, Relator Ministro Marco Aurélio, j. 17/03/2005,
DJU 03/06/2005.)”.
Deste modo, o fim utilizado pela Receita Federal – a
exclusão da contribuinte -, não é proporcional em sentido estrito ao débito de R$
767,13, caracterizando-se, portanto, como uma medida desproporcional.

IV – DA PRESENÇA DOS REQUISITOS LEGAIS ENSEJADORES DA MEDIDA


LIMINAR (Existência de Periculum in mora e Fummus Boni Juris)

Nos termos do que determina o artigo 7°, da Lei nº 12.016/09,


para que seja deferida a liminar devem estar evidenciados dois requisitos: (i) a
probabilidade do direito, isto é, o fumus boni juris, a presença de verossimilhança das
alegações da Impetrante à primeira vista; (ii) perigo de dano ou risco ao resultado útil
do processo, ou seja, o periculum in mora, ou o risco de prejuízo caso a medida de
urgência não seja concedida.
Ainda, é importante ressaltar que para a concessão da tutela de
urgência, o art. 300 do Código de Processo Civil exige a probabilidade do direito e o
perigo de dano.
Neste sentido, para concessão do pleito provisório, a legislação
que regula o mandado de segurança fala em existência cumulativa de fundamento
relevante e que do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja
finalmente deferida.
Cumpre salientar que poderá haver disparidade se a
contribuinte não permanecer no Simples Nacional, pois passará a recolher pela
modalidade do Lucro Presumido, o que poderá acarretar em sérios prejuízos
financeiros e, até mesmo, interferir na atividade empresarial da contribuinte.
.9.

Registre-se, desde logo, que não há confusão do pedido liminar


com o finalmente requerido: de momento, se requer a reinclusão da contribuinte do
Simples Nacional, em função da exclusão.
Assim, deve analisar-se a plausibilidade e a relevância dos
fundamentos aduzidos pela impetrante, o que se verifica in casu.
Neste sentir, pelos argumentos até aqui apresentados, é
demonstrada a aparência do bom direito ao se apontarem razões jurídicas de status
constitucional e de inegável direcionamento na interpretação e na aplicação normativa
( proporcionalidade e razoabilidade) razões essas têm repercussão direta no caso em
apreço e, portanto, na esfera jurídica da impetrante.
Revela-se, aí, a necessidade de proteção imediata, podendo,
do contrário, no tempo, resultarem sérios danos em razão do não deferimento da
liminar e, assim, a ineficácia de eventual medida final concessiva da ordem.
Diante do exposto, vem a impetrante instar, por intermédio do
presente remédio, com respaldo no inciso III, do art. 7º, da Lei nº 12.016/2009 e pelo
justo receio de sofrer violação de direito líquido e certo seu, por parte da autoridade
impetrada, a concessão de medida liminar para o fim de reincluir a contribuinte RX
ASSESSORIA CONTÁBIL SS ao Simples Nacional.

V – DOS PEDIDOS:

Ante o exposto, requer-se:

a. Seja recebida e distribuída a presente inicial, com os


documentos que a acompanham;

b. A concessão da medida liminar, determinando a reinclusão da


Impetrante ao Simples Nacional, nos termos do art. 7º, inciso III da Lei 12.016/09;

c. A intimação da autoridade coatora para, querendo, responder


à presente demanda, bem como, para prestar informações no prazo legal;
.10.

d. No mérito, a concessão da ordem, a fim de reconhecer o


direito líquido e certo da Impetrante, determinando que seja realizada sua reinclusão
como contribuinte do Simples Nacional;

Atribuí-se ao valor da causa o montante de R$ 795,10


(Setecentos e noventa e cinco e dez reais) para efeitos meramente fiscais.

Termos em que
Pede deferimento.

Brasília, XXX de abril de 2023.

Relação de documentos
.11.

1. Procuração

2. Contrato Social

3. Print da caixa postal

4. Termo de Deferimento pelo Simples Nacional

5. Termo de Exclusão

6. Boleto para pagamento

7. Impugnação ao Termo de Exclusão

8. CND

9. Comprovante de pagamento do débito

10. GRU e comprovante de pagamento das custas

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