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2.

A evolução dos parasitas segundo tipo de hospedeiro e o mecanismo de transmissão de


parasitas no organismo animal e vegetal

2.1. Parasita

O parasita é um ser vivo que retira os nutrientes necessários para o seu desenvolvimento de
outro ser vivo, estabelecendo, assim, uma relação ecológica interespecífica, (SANTOS, 2024).

2.2. Evolução das parasitas

A evolução das parasitas em relação aos tipos de hospedeiros pode ocorrer de várias maneiras,
reflectindo as adaptações permitidas para explorar eficientemente diferentes hospedeiros.

1. Especialização Hospedeira: As parasitas evoluem para se especializarem em um tipo


específico de hospedeiro. Isso envolve adaptações genéticas que os tornam mais
eficazes na infecção desse hospedeiro em particular.

2. Generalização Hospedeira: Algumas parasitas podem evoluir para infectar uma


ampla variedade de hospedeiros, adaptando-se a diferentes ambientes ecológicos e
biológicos. Isso pode ocorrer quando a selecção favorece a capacidade do parasita de
explorar uma variedade de recursos disponíveis.

3. Variação Genética: A variabilidade genética dentro das populações de parasitas pode


permitir que eles se adaptem a diferentes tipos de hospedeiros ao longo do tempo.
Mutação, recombinação genética e selecção natural podem levar a mudanças na
frequência de ale-los relacionados à infecção de diferentes hospedeiros.

4. Transferência Horizontal de Genes: Em alguns casos, os parasitas podem adquirir


genes de outros organismos por transferência horizontal de genes, permitindo-lhes
expandir sua gama de hospedeiros potenciais ou adquirir novas capacidades
adaptativas.

5. Mudanças no Comportamento de Hospedagem: As parasitas podem evoluir para


manipular o comportamento de seus hospedeiros, alterando sua actividade, reprodução
ou preferências alimentares para aumentar suas chances de transmissão. Essas
adaptações comportamentais podem ser específicas para diferentes tipos de
hospedeiros.
6. Evolução da Virulência: A virulência das parasitas pode evoluir em resposta a
diferentes tipos de hospedeiros. Em alguns casos, as parasitas podem se tornar mais
virulentas em hospedeiros específicos, enquanto em outros casos podem se tornar
menos virulentas para prolongar a sobrevivência do hospedeiro e, portanto, sua própria
oportunidade de transmissão.

Com os parasitas não seria diferente, o ciclo de vida de um parasita, também chamado
de ciclo evolutivo, organiza os acontecimentos e as transformações na vida de um parasita,
compreendendo sua colonização em um ou mais hospedeiros, sua reprodução assexuada e
sexuada etc...

Dessa forma, sabendo que ciclo evolutivo de um parasita está directamente relacionado com
os hospedeiros nos quais ele se aloja, é possível classificar dois tipos de ciclo evolutivo
parasitário:

1. Ciclo monoxênico: Quando o parasita possui um único hospedeiro;


2. Ciclo heteroxênico: Quando o parasita possui mais de um hospedeiro. Neste caso,
classifica-se os hospedeiros em intermediários e definitivos.

Os hospedeiros intermediários são os primeiros a servirem de abrigo para o parasita,


alojando-o durante a fase inicial da sua vida, muitas vezes no estágio larval, e permitindo o
seu desenvolvimento e a sua reprodução assexuada.

Os hospedeiros definitivos são colonizados pelo parasita em sua fase adulta, quando este já
realiza reprodução sexuada. É, geralmente, nos hospedeiros definitivos que estão
concentrados os maiores prejuízos da relação de parasitismo. É o hospedeiro definitivo que
sucumbe às doenças parasitárias.

Os hospedeiros intermediários também podem ser chamados de vectores, principalmente


quando o objecto de estudo é a doença causada e não o parasita em si.

O mecanismo de transmissão de parasitas pode variar dependendo do tipo de parasita e do


tipo de hospedeiro, seja animal ou vegetal.

2.3. Transmissão de Parasitas em Organismos Animais:

1. Transmissão Directa: Muitos animais parasitas são transmitidos directamente de um


hospedeiro para outro. Isso pode ocorrer através do contacto directo entre hospedeiros,
como durante o contacto sexual, ou por meio do contacto com fluidos corporais
infectados, como saliva, sangue ou fezes.

2. Transmissão por Vectores: Algumas parasitas dependentes de vectores, como


insetos, aracnídeos ou outros organismos, para transmiti-los de um hospedeiro para
outro. O parasita pode infectar o vector durante uma fase do seu ciclo de vida e depois
ser transferido para um novo hospedeiro quando o vector se alimentar.

3. Transmissão por Água ou Alimentos Contaminados: Algumas parasitas podem ser


transmitidas através da ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos, cistos
ou estágios infectantes do parasita. Isso é comum em parasitas intestinais, como
vermes intestinais.

4. Transmissão Vertical: Algumas parasitas podem ser transmitidas pela mãe para o
filho durante a gestação, parto ou amamentação. Isso é conhecido como transmissão
vertical e é comum em parasitas como alguns tipos de vermes e protozoários.

5. Transmissão por Via Aérea : Algumas parasitas podem ser transmitidas pelo ar,
especialmente em ambientes lotados onde há alta concentração de parasitas no
ambiente. Isso pode ocorrer através da inalação de ovos, cistos ou esporos liberados
pelos parasitas.

2.4. Transmissão de Parasitas em Organismos Vegetais:

1. Transmissão por Vectores: Assim como em organismos animais, algumas parasitas


vegetais dependentes de vectores para sua transmissão. Isso pode incluir insetos,
ácaros, nematóides ou até mesmo organismos fúngicos que atuam como vectores para
transmitir doenças vegetais.

2. Transmissão por Sementes e Propágulos: Algumas parasitas vegetais são


transmitidas por sementes, bolbos ou outros tipos de propágulos vegetativos. Os
parasitas podem infectar sementes ou propágulos e serem transmitidos para novas
plantas durante a germinação ou o plantio.

3. Transmissão por Contacto Directo: Algumas plantas parasitas podem ser


transmitidas por contacto directo entre plantas, especialmente em condições de alta
densidade de plantio. Isso pode incluir parasitas que se propagam por meio de esporos,
como alguns fungos.
4. Transmissão por Solo Contaminado: Algumas parasitas vegetais podem persistir no
solo por longos períodos de tempo e serem transmitidas para plantas saudáveis quando
as raízes entram em contacto com o solo contaminado.

Esses são alguns dos principais mecanismos de transmissão de parasitas em organismos


animais e vegetais. É importante ressaltar que a transmissão pode ser influenciada por uma
variedade de factores, incluindo as características específicas do parasita e do hospedeiro, as
condições ambientais e as interacções entre os diferentes organismos presentes no
ecossistema.

Referências Bibliográficas

Begon, M.; Townsend, C. R. & Harper, J. L. (2006). Ecology: from individuals to


ecosystems. 4 ed. Reino Unido: Editora Blackwell Publishing Ltd, 759p.

Parasitic Adaptation. Disponível


em: https://learnzoology.wordpress.com/2014/03/07/parasitic-adaptations/.

Universidade Tecnológica Federal do Pará. Parasito de peixes pode manipular seus


hospedeiros, aponta estudo. Disponível
em: http://portal.utfpr.edu.br/noticias/reitoria/divulgacao-cientifica/parasitos-de-peixes-
podem-manipular-seus-hospedeiros-aponta-estudo

SANTOS, V. S. (2024). O que é parasita?"; Brasil Escola. Disponível em:


https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/biologia/o-que-e-parasita.htm. Acesso em 12 de abril.

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