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Tratamento de feridas e aspectos básicos

das tecnologias adjuntas

DOCENTE: ENFª SIMONE BRANDINO


TERAPIA
POR
PRESSÃO
NEGATIVA
( TPN)
• Com este fim, a terapia por pressão
negativa (TPN) ou terapia por
pressão subatmosférica, apresenta-
se como um importante método

TPN adjuvante no tratamento das feridas


com proposta principal de acelerar
o processo de reparação e preparo
do leito da ferida até sua cobertura
definitiva por meio dos diversos
métodos de reconstrução tecidual.
• A TPN é um tipo de tratamento ativo da ferida que
promove sua cicatrização em ambiente úmido, por meio
de uma pressão subatmosférica controlada e aplicada
localmente. A TPN é composta por um material de
interface (espuma ou gaze), por meio do qual a pressão
subatmosférica é aplicada e o exsudato é removido.
Esse material fica em contato com o leito da ferida com
objetivo de cobrir toda sua extensão, incluindo túneis e
cavidades. O material de interface é coberto por uma
Objetivo película adesiva transparente que oclui totalmente a
ferida em relação ao meio externo. Em seguida, um tubo
de sucção é conectado a esse sistema e ao reservatório
de exsudato, que é adaptado a um dispositivo
computadorizado. Esse dispositivo pode permitir a
programação de parâmetros para fornecer uma pressão
subatmosférica no leito da ferida, possui alarme sonoro
que indica eventual vazamento de ar pelo curativo e
pode indicar a necessidade de troca do reservatório.
INSTALAÇÃO DA TPN
• Com relação ao tipo de instalação da TPN, há dispositivos que exigem hospitalização do paciente e
outras que possibilitam a aplicação da TPN em regime domiciliar. A recomendação dos fabricantes é
que a troca dos curativos seja feita a cada 48 a 72 horas, uma vez que a utilização por períodos
maiores resulta em saturação da espuma ou da gaze, com diminuição da capacidade de drenage m
adequada do exsudato, reduzindo a eficácia do tratamento. A troca do reservatório, em algumas
marcas, é independente da troca do curativo, permitindo uma racionalização dos recursos. O fim do
tratamento é determinado pela constatação de condições locais favoráveis, ou seja, quando o leito
da ferida encontra-se adequadamente preparado para a subsequente cobertura cutânea (pelos
métodos de reconstrução tecidual, como enxertos e retalhos) ou quando houve completa
cicatrização e fechamento da ferida.
• A instalação ambulatorial pode ser realizada na própria sala de consultório, e está indicada em
feridas superficiais e não dolorosas. O curativo é acoplado a um dispositivo portátil, provido de
bateria, que é responsável pela manutenção da pressão subatmosférica.
• A instalação em regime de internação hospitalar pode ser feita no próprio leito ou no centro cirúrgico,
com anestesia, este último indicado para feridas mais profundas e dolorosas, ou quando há
necessidade de associação com outros procedimentos, como desbridamento de tecidos
desvitalizados.
Efeitos Biológicos

a) Mudança na conformação do citoesqueleto: A aplicação da TPN sobre uma ferida provoca


uma deformação do citoesqueleto celular (microdeformações), responsável por desencadear
potente estímulo à proliferação celular e à angiogênese

b) Estímulo à formação do tecido de granulação: Após aplicação da TPN, há aumento do


número de capilares no leito da ferida, além de deposição de tecido conjuntivo e matriz
extracelular que formam, conjuntamente, o tecido de granulação

c) Redução da resposta inflamatória local: Acredita-se que a utilização da TPN resulte em um


controle da resposta inflamatória aguda pela depuração de citocinas pró-inflamatórias e
enzimas proteolíticas (metaloproteinases da membrana), presentes no exsudato da ferida, que
são responsáveis pela degradação da matriz extracelular e pela apoptose.
Efeitos Físicos
a) Aumento do fluxo sanguíneo à ferida: A aplicação da TPN aumenta o fluxo sanguíneo para a
ferida, com consequente estímulo à formação do tecido de granulação.

b) Redução do edema e controle de exsudato: O exsudato presente no leito pode macerar as bordas da ferida, interferindo com o processo cicatricial, além de ser um
local propício à proliferação de microrganismos. Da mesma forma, o edema é prejudicial, pois dificulta a perfusão de nutrientes e oxigênio dos capilares ao leito da
ferida. A TPN remove quantidades variáveis de exsudato da ferida, reduzindo o edema tecidual e promovendo a restauração do fluxo vascular e linfático, fator que
explica o aumento da perfusão sanguínea local e a melhora da oferta de nutrientes e oxigênio

c) Redução das dimensões da ferida: A aplicação da TPN aproxima as bordas da ferida por
meio de uma força centrípeta, levando à diminuição de suas dimensões pela contração
tecidual

d) Depuração da carga bacteriana: As bactérias presentes na ferida competem pelos nutrientes e oxigênio que seriam destinados à
reparação tecidual, prejudicando o processo de cicatrização. A depuração da carga bacteriana da ferida, no entanto, é assunto
controverso na literatura.
INDICAÇÕES DA TPN

Na literatura, é possível encontrar diversas indicações para a aplicação da TPN. Dentre as principais
indicações, temos:
a) feridas complexas: úlceras por pressão, feridas traumáticas, feridas cirúrgicas (deiscências), queimaduras,
feridas necrotizantes, feridas diabéticas, úlceras venosas, feridas inflamatórias, feridas por radiação, e outras;
b) enxertos de pele: para otimizar a integração do enxerto ao leito;

c) abdome aberto;

d) prevenção de complicações: em incisões fechadas;

e) instilação de soluções: em feridas contaminadas ou infectadas.


• As deiscências são a ruptura ou abertura
de uma incisão cirúrgica previamente
fechada que ocorrem em 1 a 5% das
cirurgias e estão associadas à obesidade,
Feridas infecção e tensão na linha de sutura.
cirúrgicas Uma precaução a ser tomada é a
interposição de uma película fenestrada e
(deiscências) não aderente entre a superfície da ferida
da fenda esternal e a espuma,
minimizando a possibilidade de lesão de
órgãos como coração ou pulmões.
CONTRAINDICAÇÕES DA TPN

A aplicação da TPN pode ser prejudicial ao paciente caso não sejam observadas suas contraindicações.
Huang et al. citam as principais contraindicações da TPN, que podem ser absolutas ou relativas: presença
de necrose sobre o leito da ferida; presença de tecido com malignidade; osteomielite sem tratamento;
fístulas não entéricas ou não exploradas; exposição de vasos, nervos, órgãos ou sítios de anastomoses.

Apesar dessas contraindicações, há relatos da aplicação da TPN sobre vísceras expostas, porém com
proteção dessas estruturas do contato direto com a espuma de poliuretano. Essa proteção pode ser
realizada por um curativo não aderente ou por uma película multiperfurada. Além disso, há relatos da
aplicação da TPN como adjuvante no fechamento de fístula brônquica
DIFICULDADES E INTERCORRÊNCIAS COM A
TPN

• A aplicação da TPN pode estar relacionada com algumas dificuldades


ou intercorrências, como na presença de fixador externo, pacientes
anticoagulados, feridas sacrais ou excessivamente exsudativas, e
pacientes com dor durante as trocas ambulatoriais ou no leito
hospitalar.
PARECER COREN
• A Resolução COFEN nº 0567 de 2018, regulamenta a atuação do enfermeiro na
aplicação da pressão negativa no tratamento de feridas, exigindo capacitação
específica.
• Legislações que respaldam a assistência de enfermagem
• No Brasil, a Resolução nº 358 de 2009 do COFEN estabelece a aplicação do cuidado
sistematizado em todos os ambientes de enfermagem, sejam públicos ou privados, e
menciona as cinco fases do Processo de enfermagem (PE): levantamento do histórico,
diagnóstico, planejamento do cuidado, execução da assistência e avaliação.
Terapia Pressão Negativa
Terapia de A OXIGENOTERAPIA AS CÂMARAS HIPERBÁRICAS NÃO SE CARACTERIZA COMO

Oxigenoterapia
HIPERBÁRICA (OHB) SÃO EQUIPAMENTOS OXIGENOTERAPIA
CONSISTE NA INALAÇÃO DE RESISTENTES A PRESSÃO E HIPERBÁRICA (OHB) A
OXIGÊNIO PURO, ESTANDO O PODEM SER DE DOIS TIPOS: INALAÇÃO DE 100% DE O2 EM

hiperbárica INDIVÍDUO SUBMETIDO A


UMA PRESSÃO MAIOR DO
QUE A ATMOSFÉRICA, NO
MULTIPACIENTES (DE MAIOR
PORTE, PRESSURIZADAS COM
AR COMPRIMIDO E COM
RESPIRAÇÃO ESPONTÂNEA
OU ATRAVÉS
RESPIRADORES MECÂNICOS
DE

INTERIOR DE UMA CÂMARA CAPACIDADE PARA VÁRIAS EM PRESSÃO AMBIENTE, OU A


HIPERBÁRICA; PESSOAS EXPOSIÇÃO DE MEMBROS AO
SIMULTANEAMENTE) E OXIGÊNIO POR MEIO DE
MONOPACIENTE (QUE BOLSAS OU TENDAS, MESMO
PERMITE APENAS QUE PRESSURIZADAS,
ACOMODAÇÃO DO PRÓPRIO ESTANDO A PESSOA EM AR
PACIENTE, PRESSURIZADA, AMBIENTE.
EM GERAL, DIRETAMENTE
COM O2);
INDICAÇÃO – A indicação da
oxigenoterapia hiperbárica é de exclusiva
competência médica.

RECOMENDAÇÕES - Oxigenoterapia
hiperbárica como tratamento adjuvante de
pacientes diabéticos com ulcerações
infectadas profundas da extremidade
inferior comprometendo ossos ou tendões
em casos selecionados.
LASERTERAPIA

• A necessidade de cuidar de pacientes com dificuldades na cicatrização


de feridas é um desafio crescente e requer estratégias inovadoras.
Uma abordagem que se destaca no tratamento dessas lesões é a
laserterapia de baixa potência.
• A terapia a laser de baixa intensidade
(LLLT - Low Level Laser Therapy) é
conduzida em baixas intensidades de
irradiação e seus efeitos biológicos são
secundários aos efeitos diretos de
radiação fotônica sem reações térmicas.
E é conhecida por fornecer energia de luz
bioestimulante direta às células do corpo,
aumentando assim a função celular
normal e reparo tecidual.
Os lasers terapêuticos ou de baixa potência são utilizados para acelerar os processos
reparativos dos tecidos, devido aos efeitos biomoduladores nas células. Eles ativam ou
inibem processos fisiológicos, bioquímicos e metabólicos através de efeitos fotofísicos ou
fotoquímicos. Esses fenômenos biomodulatórios promovem os efeitos terapêuticos de
morfodiferenciação e proliferação celular, neoformação tecidual, revascularização, redução
do edema, maior regeneração celular, aumento da microcirculação local e permeabilidade
vascular.

Muitos benefícios estão associados à biomodulação com a LLLT. Segundo Belkin &
Schwartz, os efeitos requerem um limiar de exposição à irradiação, ou seja, dependendo do
efeito desejado é calculada a fluência, ou dose de energia, necessária. O limiar é específico
e cada tecido responde de maneira diferente a um determinado comprimento de onda
• Há vários parâmetros que devem ser
ajustados para aplicar a LLLT, como o
comprimento de onda, potência da luz, tipo
de luz, densidade de energia, energia,
potência e tempo total. A eficácia do
tratamento também depende de muitos
fatores, como a localização e a natureza da
ferida e o estado fisiológico do paciente.
Devido a essas diversas variáveis, o uso de
um protocolo para orientar a LLLT é de
grande importância na prática clínica.
Rotina da aplicação do laser de baixa potência

• Os materiais necessários são: máscara de procedimento, óculos de proteção, luva de procedimento não
estéreis, proteção da ponteira, filme transparente, solução de polihexametileno biguanida (PHMB) para limpeza
de superfície. A aplicação do laser é realizada pelo enfermeiro e é feito curativo convencional após o laser.
• O procedimento se inicia com a orientação do paciente e familiar sobre o procedimento e sua finalidade;
posicionar o paciente de forma confortável de acordo com a localização da ferida; retirar o curativo anterior,
proceder a limpeza da ferida de forma eficiente, removendo todo e qualquer produto existente na lesão e área
periférica (pomadas, coberturas secundárias de qualquer espécie); oferecer óculos de proteção ao paciente,
familiar e qualquer outro indivíduo que permaneça na sala durante a aplicação do laser; proteger a ponteira do
laser com o plástico adequado; proteger a ferida com filme transparente; proceder a aplicação do laser na
ferida conforme o tipo da lesão; aplicação pontual, com distância de 2cm de distância de cada aplicação.
• A aplicação de laser de baixa potência vermelho ou infravermelho não acarreta nenhum tipo de desconforto ao
paciente, qualquer queixa álgica deverá ser investigada antes de proceder a continuidade do tratamento. Deve-
se respeitar o tempo mínimo de intervalo entra as aplicações de 48h. O laser em pele negra possui uma
resposta aumentada, portanto, irradiar com doses menores.
Contraindicação
• Uma contraindicação do uso da laserterapia é a pele negra. Há
uma escassez e limitação de informações e pesquisas na
literatura sobre lasers em tipos de pele de etnia mais escura. A
razão para isso é o risco aumentado de efeitos colaterais
transitórios e permanentes (por exemplo, bolhas, despigmentação
e cicatrizes)
Referências
• Artigo de Revisão • Rev. Col. Bras. Cir. 44 (1) • Jan-Feb 2017
• TERAPIA POR PRESSÃO NEGATIVA NO TRATAMENTO DE LESÕES POR
PRESSÃO: REVISÃO DA LITERATURA - Goiânia 2023
• protocolo terapia oxigenoterapia hiperbárica.pdf Curitiba-PR 2022
• Efeitos da laserterapia de baixa potência na cicatrização de feridas
cutâneas Rev. Col. Bras. Cir. 2014; 41(2): 129-133 – SCIELO
• Terapia a laser de baixa potência no manejo da cicatrização de
feridas cutâneas - Artigo Original • Rev. Bras. Cir. Plást. 37
(4) • Oct-Dec 2022
• https://doi.org/10.5935/2177-1235.2022RBCP.640-pt

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