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ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL

Consulta Pré-concepcional:
• Ácido Fólico: 400 mcg/dia, mínimo 30 dias antes da concepção até o final do primeiro trimestre. Se maior
risco para ocorrência de defeitos do tubo neural → 4 a 5 mg/dia.
Diagnóstico de gravidez:
• Sinais de Presunção: náuseas e vômitos, atraso menstrual até 14 dias, linha nigra, tubérculos de
Montgomery, rede de Haller, sinal de Hunter
• Sinais de Probabilidade: sinal de Hegar, sinal de Piskacek, sinal de Nobile-Budin, sinal de Osiander, sinal de
Jacquemier, sinal de Kluge, aumento do volume uterino
• Sinais de Certeza: ausculta BCF, percepção de movimentação fetal, sinal de Puzos
Exames laboratoriais de primeira consulta de pré-natal (de acordo com Ministério da Saúde):
• Hemograma
• Tipagem sanguínea e fator Rh
• Coombs indireto
• Glicemia em jejum
• HIV e sífilis
• Toxoplasmose IgM e IgG Hepatites B e C
• Urocultura + urina tipo I Citologia oncológica
• Parasitológico de fezes
• Exame da secreção vaginal

1. CONSULTA PRÉ-CONCEPCIONAL
1.1 Orientações: Hipertensão arterial crônica;
• Adequação das drogas anti-hipertensivas;
• Promoção do estado nutricional; • Avaliação das lesões de órgão-alvo.
• Avaliação das condições de trabalho;
• Orientações sobre os riscos envolvidos em relação Epilepsia:
ao tabagismo e ao uso rotineiro de bebidas • Orientação para monoterapia e uso de
alcoólicas e outras drogas; droga com menor potencial teratogênico →
• O intervalo intergestacional recomendado Um estudo multicêntrico apresentou taxas
é de 2 anos. diferentes de malformação de acordo com o
tipo de anticonvulsivante usado, assim como
1.2 Vacinação: a dose empregada. A droga com maior taxa de
• É orientado que as vacinações sejam feitas malformações foi o valproato, com cerca de 10%,
preferencialmente 3 meses antes da gestação seguido por fenobarbital, próximo de 7%; fenitoína
(especialmente a contra a rubéola). e carbamazepina perto de 6%. As drogas que
• Incluem-se na lista as vacinas contra rubéola, pareceram serem mais seguras, foram lamotrigina
tétano, difteria, varicela e caxumba. e levetiracetam.
• A rubéola é o exemplo mais importante de
prevenção de graves anomalias fetais, com a Infecção por HIV;
imunização materna anterior à gravidez. • Recuperação dos linfócitos TCD4;
• Redução da carga viral.
1.3 Identificação de riscos:
1.4 Ácido Fólico
Diabetes mellitus
• Controle glicêmico; • Evita defeitos de fechamentos do tubo neural
• Substituição dos hipoglicemiantes orais por (DTN);
insulina preferencialmente; • 400 mcg/dia: mínimo 30 dias antes da
• O risco de malformações fetais está diretamente concepção até o final do primeiro trimestre.
relacionado aos níveis de hemoglobina glicada • Para aquelas com maior risco para ocorrência de
(HbA1C). Níveis abaixo de 6%, no momento da defeitos do tubo neural, a dose de suplementação
concepção e durante a organogênese, reduzem o aumenta para 4 a 5 mg/dia.
risco de malformações fetais.

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2 GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA

Instituições Risco habitual Grupo de risco


Grupos de risco para deficiência de folato:
• Antecedentes de DTN (pessoal ou familiar);
US Preventive
Services Task Force 400 a 800 mcg - • Uso de drogas anticonvulsivantes;
• Diabetes mellitus;
Organização Mundial
de Saúde 400 mcg 4 a 5 mg • Obesidade;
• Polimorfismos genéticos;
Ministério da Saúde
Brasileiro 400 mcg 4 a 5 mg • Doenças inflamatórias intestinais;
• Cirurgia bariátrica.
Centers for Disease
Control and 400 mcg 4 mg
Prevention (CDC)
The American Collage
of Obstetricians and 400 mcg 4 mg
Gynecologists

Fonte: Bibbins-Domingo K, Grossman DC, Curry SJ, Davidson KW,


Epling JW Jr, García FA, et al.; US Preventive Services Task Force. Folic
acid supplementation for the prevention of neural tube defects: US
Preventive Services Task Force Recommendation Statement. JAMA.
2017;317(2):183–9. World Health Organization (WHO). Guideline: daily
iron and folic acid supplementation during pregnancy. Genève: WHO;
2012. Brasil. Ministério da Saúde. Programa Nacional de
Suplementação e Ferro: Manual de condutas gerais. Brasília (DF):
Ministério da Saúde; 2013.

2. DIAGNÓSTICO DE GRAVIDEZ
• O diagnóstico de gravidez deve ser o mais precoce Sinais de PROBABILIDADE:
possível. • Atraso menstrual maior que 14 dias;
• Amolecimento do colo uterino percebido pelo toque;
2.1 Sinais Clínicos de gravidez: • Sinal de Hegar: amolecimento do istmo uterino;
• Sinal de Piskacek: assimetria uterina à palpação;
Sinais de PRESUNÇÃO:
• Sinal de Nobile-Budin: percepção pelo toque
• Náuseas e vômitos; do preenchimento do fundo de saco pelo útero
• Polaciúria; gravídico (útero se torna globoso);
• Atraso menstrual até 14 dias;
• Aumento da sensibilidade álgica mamária;
• Cloasma gravídico ou máscara gravídica;
• Linha nigra: pigmentação da linha alba;
• Sinal de Halban: aumento da lanugem nos limites
do couro cabeludo;
• Tubérculos de Montgomery: glândulas sebáceas
hipertrofiadas nas aréolas;
• Rede de Haller: aumento da vascularização venosa
na mama;
• Sinal de Hunter: hiperpigmentação da aréola
primária e aparecimento da aréola secundária com
limites imprecisos.

Sinal de Nobile-Budin. Acervo de imagens Medcof

• Sinal de Osiander: percepção do pulso da artéria


vaginal ao toque vaginal;
• Sinal de Jacquemier: coloração violácea do meato
urinário e da vulva, entre 8 e 12 semanas;
• Sinal de Kluge: coloração violácea da vagina, entre
8 e 12 semanas;
• Alterações do muco cervical: torna-se viscoso,
mais espesso não se cristaliza;
• Aumento do volume uterino: o útero permanece
um órgão pélvico até aproximadamente 12
semanas de gestação. A partir desta idade, é
Tubérculos de Montgomery. Fonte: Tubérculos de Montgomery
no aleitamento, sabe o que são? Disponível em: <https://www. possível apalpá-lo acima da sínfise do púbis;
bebeabordo.pt/tuberculos-de-montgomery-no-aleitamento/amp/>.

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Sinais de CERTEZA: • Falso positivo: raro - geralmente por gravidez


• Ausculta dos batimentos cardiofetais com o bioquímica (abortamento subclínico ou logo após
estetoscópio de Pinard (a partir de 20 semanas) a implantação); interferênia do hCG administrado
ou o sonar (a partir de 10 a 12 semanas); como parte do tratamento da infertilidade;
• Percepção de partes e movimentos fetais pelo secreação de hCG por um tumor; secreção
examinador; pituitária de hCG, tipicamente em mulheres
• Sinal de Puzos (rechaço fetal intrauterino): durante perimenopaúsicas.
o exame bimanual, um discreto impulso no útero,
por meio do fundo de saco anterior, deslocará o
feto no líquido amniótico para longe do dedo do Ultrassonografia:
examinador. Período de visualização de estruturas:
• 1o sinal de gestação → Saco gestacional: entre 4,5
Gonadotrofina coriônica humana: e 5 semanas de gestação (3 a 4 semanas após a
• O hCG começa a ser produzido antes da ovulação), quando atinge tamanho de 2 a 4mm no
implantação do embrião; seu diâmetro médio.
• Teste de gravidez no soro: mais sensível; • A vesícula vitelínica aparece entre 5 e 6 semanas,
• Teste de gravidez na urina: orientado após o atraso permanecendo até aproximadamente 10 semanas;
menstrual de 7 dias ou mais; • Embrião com atividade cardíaca → 5,5 a 6
• Falso negativo: ovulação ocorreu mais tarde do semanas.
que esperado e o teste é realizado muito próximo
da concepção;

3. CONSULTA PRÉ-NATAL
Número de Consultas de Pré Natal: Plano de parto:
• OMS → número mínimo de consultas na gestação • Acompanhante no parto:
são 6: • Lei Federal nº 11.108 que, em seu artigo 19, diz:
• Até 28a semana: consultas mensais “os serviços de saúde do Sistema Único de
• De 28 até 36 semanas: quinzenais Saúde - SUS, da rede própria ou conveniada,
• De 36 a 41 semanas: consultas semanais. ficam obrigados a permitir a presença, junto à
parturiente, de um acompanhante durante todo
• Deve ter início até 12a semana de gestação; o período de trabalho de parto, o parto e pós-
• “Pré-natal da parceria”: incluir o parceiro nas parto imediato”.
consultas de pré-natal. • Abordar o conhecimento da maternidade.

4. CÁLCULO DA IDADE GESTACIONAL


• Soma-se o total de dias entre a data da última • Regra de Mc Donald: cálculo da idade gestacional
menstruação e a data da consulta e pela altura uterina - melhor utilizada quando entre
divide-se por 7; 28 e 34 semanas de idade gestacional:
O valor restante, corresponde à (Altura do fundo uterino x 8) dividido por 7 = idade
quantidade de dias: gestacional
• DUM 01/01/2024 e consulta no dia 30/03/2024 • Entre 20 e 32 semanas de idade gestacional →
• Total de 30 + 29 + 30 = 89 dias a altura do fundo uterino se correlaciona com a
• 89 / 7 = 12 semanas + 5 dias idade gestacional +/- 3.

5. CLASSIFICAÇÃO DA IDADE GESTACIONAL

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6. CÁLCULO DA DATA PROVÁVEL DO PARTO


Regra de Naegele: a partir da data da última Exemplos:
menstruação • DUM 13/09/2022 → DPP 20/06/2023;
• Dia da última menstruação + 7; • DUM 02/02/2023 → DPP 09/11/2023;
• Mês da última menstruação – 3. • DUM 27/01/2023 → DPP 03/11/2023.
OBS.: Caso a DUM seja entre janeiro e março, pode-
se somar 9 meses.

7. PRIMEIRA CONSULTA DE PRÉ-NATAL


7.1 Anamnese • Manobras de Leopold: método palpatório do
abdome materno em 4 passos:
• Identificação de fatores de risco gestacional;
• História obstétrica: antecedente de óbito fetal,
morte neonatal e aborto espontâneo recorrente,
crescimento fetal restrito ou macrossomia
fetal e intercorrências clínicas ou cirúrgicas
em gestação anterior;
• Na gestação atual, é importante avaliar os
antecedentes clínicos, tais como diabetes tipo 1,
nefropatia, cardiopatia ou outras doenças.

7.2 Exame físico clínico-obstétrico


da gestante:
• Exame clínico: peso, altura, pressão arterial,
avaliação de mucosas, tireoide, mamas, pulmões,
coração, abdome e extremidades.
• Exame ginecológico/obstétrico: avaliar a genitália
externa, a vagina, o colo uterino e, no toque
bidigital, o útero e os anexos.
• Após a 12ª semana, deve-se medir a altura do
fundo uterino no abdome. A ausculta fetal será
possível após a 10ª-12ª semana, com o sonar- Manobras de Leopold. Acervo de imagens Medcof.

doppler;
• Altura uterina: a partir da sínfise púbica até o
1o tempo
fundo uterino.
• Delimite o fundo do útero com a borda cubital de
ambas as mãos e reconheça a parte fetal que o
ocupa;

2o tempo
• Deslize as mãos do fundo uterino até o polo
inferior do útero, procurando sentir o dorso e as
pequenas partes do feto;

3o tempo
• Explore a mobilidade do polo, que se apresenta no
estreito superior pélvico;

Aferição da altura uterina. Acervo de imagens Medcof. 4o tempo


• Determine a situação fetal, colocando as mãos
sobre as fossas ilíacas, deslizando-as em direção
à escava pélvica e abarcando o polo fetal que
se apresenta. As situações que podem ser
encontradas são: longitudinal (apresentação
cefálica e pélvica), transversa (apresentação
córmica) e oblíquas.

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8. EXAMES COMPLEMENTARES
8.1 Exames Laboratoriais

Exames 1o trimestre 2o trimestre 3o trimestre


Hemograma Hemograma
Tipagem sanguínea e fator Rh Teste de tolerância para Glicemia em jejum Coombs
Coombs indireto glicose com 75g (entre a 24ª indireto (se for Rh negativo)
Glicemia em jejum e a 28ª semanas) HIV e sífilis
HIV e sífilis Hepatite B
Ministério da Saúde Toxoplasmose IgM e IgG Hepatites Coombs indireto (se for Rh Toxoplasmose (se suscetível)
BeC negativo) Urocultura + urina tipo I
Urocultura + urina tipo I Citologia Bacterioscopia de secreção
oncológica Toxoplasmose (se suscetível): vaginal (a partir de 37
Parasitológico de fezes no máximo a cada 2 meses semanas de gestação)
Exame da secreção vaginal
Tipagem sanguínea e fator Rh
Coombs indireto Hemograma
Teste de tolerância para
Hemograma e ferritina sérica Coombs indireto (se for Rh
glicose com 75g (entre a 24ª
Glicemia de jejum e hemoglobina negativo)
e a 28ª semana)
glicada HIV e sífilis
Urocultura + urina tipo I Toxoplasmose (se suscetível)
Febrasgo Coombs indireto (se for Rh
HIV e sífilis Urocultura + urina tipo I
negativo)
Toxoplasmose IgM e IgG Hepatites Rastreamento universal de
BeC EGB por meio de cultura
Toxoplasmose (se suscetível):
Rubéola e CMV vaginal e retal entre 35 e 37
no máximo a cada 2 meses
TSH e T4 livre semanas de idade gestacional
Citologia oncológica

HTLV • De acordo com o Manual de gestação de alto


• Fevereiro 2024: incorporação no SUS do teste risco do Ministério da Saúde (Manual de gestação
diagnóstico para detecção do vírus HTLV 1-2 em de alto risco [recurso eletrônico] / Ministério da
gestantes no pré-natal. Saúde, Secretaria de Atenção Primária à Saúde.
• Testes de triagem (ELISA): detecção da presença Departamento de Ações Programáticas. – Brasília:
de anticorpos específicos contra o vírus; Ministério da Saúde, 2022): Recomenda-se
• Testes de confirmação (PCR e Western-Blot): rastreio universal de EGB entre 36 0/7 e 37 6/7
definição do tipo do vírus que causou a infecção. semanas de gestação;

8.2 Situações especiais: Eletroforese de Hemoglobina:


• De acordo com o caderno de atenção básica do
Pesquisa do Estreptococo do grupo B (EGB):
pré-natal de baixo risco — Ministério da Saúde
• De acordo com o caderno de atenção básica do (Atenção ao pré-natal de baixo risco / Ministério
pré-natal de baixo risco – Ministério da Saúde
da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
(Atenção ao pré-natal de baixo risco / Ministério
Departamento de Atenção Básica. – Brasília :
da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Editora do Ministério da Saúde, 2012): a eletroforese
Departamento de Atenção Básica. – Brasília :
de hemoglobina deve ser solicitada se a gestante
Editora do Ministério da Saúde, 2012.) — a pesquisa
tiver antecedentes familiares de anemia falciforme
do Estreptococo do grupo B: não deve ser
ou se apresentar história de anemia crônica;
realizada, pois a evidência de sua efetividade clínica
• Portaria GM/MS nº 1.459/GM/MS, de 24 de junho
permanece incerta (grau de recomendação A);
de 2011, (Rede Cegonha): inclui o exame de
eletroforese de hemoglobina para detecção da
anemia falciforme no pré-natal.

9. ULTRASSONOGRAFIA
9.1 Ultrassom obstétrico inicial: 9.2 Ultrassom morfológico do
• Período: 6-9 semanas; 1° trimestre;
• É útil para: • Período: 11 – 14 semanas;
• Diagnóstico da gravidez/evolutiva • É útil para:
• Datação • Medida de translucência nucal
• Diferenciar gestação tópica de ectópica • Rastreio de risco de cromossomopatias:
• Única ou múltipla • Fluxo do ducto venoso – demonstra
• Corionicidade padrão trifásico;
• Identificação do ossículo nasal

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9.3 Ultrassom morfológico do 9.5 Ecocardiograma fetal:


2° trimestre; • Período: 22 – 28 semanas;
• Período: 18 – 24 semanas (preferencialmente na • Indicações:
22a semana); • Idade materna avançada;
• Avalia toda a morfologia do feto; • Diabetes mellitus pré-gestacional;
• É capaz de aferir a medida do comprimento do • Antecedente de outro filho com cardiopatia
colo uterino (por via transvaginal); congênita;
• Normal ≥ 2,5 cm. • Cardiopatia congênita materna;
• Avaliação da localização placentária (identificando • Doenças reumatológicas com anti-Ro/anti-La
mulheres com risco para placenta prévia ou positivos;
placenta de inserção baixa). • Ultrassom morfológico alterado;
• Cariótipo alterado;
9.4 Ultrassom obstétrico do • Gestação de FIV;
3° trimestre; • Medicações: carbamazepina, lítio, iECA,
varfarina.
• Período: 34 – 36 semanas;
• Demonstra a apresentação fetal; 9.6 Observação:
• Avaliação da vitalidade fetal (através da
Dopplervelocimetria e ILA); • Lei 14.598 (14/07/2023): Incluiu no protocolo
• Peso fetal estimado – utiliza as medidas do de assistência de rotina às gestantes brasileiras
diâmetro biparietal, circunferência cefálica, a realização:
circunferência abdominal e medida do • Pelo menos, 2 exames de ultrassom transvaginal
comprimento do fêmur. durante o 1º quadrimestre de gestação;
• Ecocardiograma fetal na rotina pré-natal.

10. IMUNIZAÇÕES
• Vacinas recomendadas às gestantes conforme o e outra de dTpa. O intervalo entre as doses será de
calendário vacinal do Ministério da Saúde: 60 dias, com intervalo mínimo de 30 dias.
• Se o esquema vacinal é desconhecido → aplica-
10.1 Vacina contra Hepatite B: se a primeira dose (dT) antes de 20 semanas,
a segunda dose (dTpa), com 20 semanas e, na
• Não contém o DNA viral; terceira dose, faz-se novamente a dupla adulto,
• 3 doses (0 - 1 mês - 6 meses); completando o esquema, com intervalo de 60 dias
• Indicado para: todas as gestantes que apresentem entre as doses.
sorologia negativa para a Hepatite B.
• Faz-se uma dose de reforço caso a última dose
tenha sido administrada há mais de cinco anos.
10.2 Vacina contra a Gripe A (H1N1):
• Vacina trivalente: contém antígenos purificados de 10.4 Vacina contra COVID-19:
duas cepas do tipo A e uma cepa do tipo B, sem
• São permitidas Butantan/Sinovac Biotech, Pfizer
adição de adjuvantes;
Biontech e Bivalente.
• Indicado para: todas as gestantes, em dose única
e em qualquer trimestre de gestação, durante a
10.5 Vacinas não recomendadas
campanha (no Brasil, geralmente entre os meses
de abril e maio). na gravidez:
• Papilomavírus humano: não recomendada. Se
10.3 Vacina contra o tétano, o esquema vacinal tiver sido iniciado, deve-se
a coqueluche e a difteria: protelar sua continuação para o pós-parto.
• Sarampo, caxumba e rubéola: contraindicada.
• Indicada para todas as gestantes; • Rubéola: a vacina está contraindicada na
• O esquema vacinal depende do histórico vacinal gestação, mas pode ser administrada durante a
da gestante:
amamentação.
• Se três ou mais doses prévias com componente • Tuberculose (BCG): contraindicada.
tetânico (DTP, DT ou dT) → fazer uma dose de dTpa
• Varicela-zóster: contraindicada.
como reforço, com 20 semanas de gestação;
• Dengue: contraindicada.
• Se duas doses com componente tetânico →
completar esquema com uma dose de dTpa com
Obs.: Se tomar as vacinas que não são permitidas,
20 semanas de gestação;
aguardar pelo menos 30 dias para engravidar.
• Se apenas uma dose com componente tetânico →
Completar o esquema com duas doses, uma de dT

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10.6 Vacinas prescritas em situações 10.7 Proteção contra varicela:


especiais: • A vacina contra varicela-zóster é de vírus
• Febre amarela: não é rotineiramente indicada às atenuado, sendo contraindicada na gravidez;
gestantes. A partir de 2017, o Ministério da Saúde • A imunização passiva, por meio da imunoglobulina
emitiu recomendação para a vacinação de febre hiperimune, deve ser realizada na gravidez em
amarela para as gestantes que vivem em áreas pacientes expostas, já que a varicela durante a
endêmicas. gravidez têm maior risco de complicações e morte
• Meningococos: não é de uso rotineiro na gestação, materna;
já que não existem dados sobre segurança de seu • A administração da imunoglobulina pode não
uso durante a gravidez. Pode ser considerado para impedir a infecção fetal ou neonatal, portanto a
bloqueio de surtos, tanto a polissacarídea quanto proteção é para a mãe.
a conjugada.
• Pneumococo: não é indicada rotineiramente
para gestantes, apenas para pacientes com
alto risco para infecção grave (neste caso,
independentemente da gestação).

11. NUTRIÇÃO E OUTROS ASPECTOS


11.1 Diagnóstico nutricional;
• Previsão de ganho de peso até o fim da gestação;

Estado nutricional inicial (IMC) Recomendação de ganho de peso Recomendação de ganho de peso
(kg) semanal médio no 2º e 3º tri- (kg) total na gestação
mestres*
Baixo peso (<18,5 - 24,9 kg/m2) 0,5 (0,44 - 0,58) 12,5 -18,0
Adequado (18,5 - 24,9 kg/m ) 2
0,4 (0,35 - 0,50) 11,5 - 16,0
Sobrepeso (25,0 - 29,9 kg/m ) 2
0,3 (0,23 - 0,33) 7,0 - 11,5
Obesidade (≥30kg/m ) 2
0,2 (0,17 - 0,27) 5,0 - 9,0

OBS.: O ganho de peso no primeiro trimestre deve ser entre 0,5 – 2,0 kg.

11.2 Suplementações: Cálcio:


• Recomenda-se a suplementação de 1,5 - 2,0 g/dia
Ferro: em mulheres que apresentarem risco nutricional.
• Para gestantes: 40 mg de ferro elementar:
diariamente após a confirmação da gravidez, Ômega 3:
até o final da gestação (fonte: Caderno dos • Indicado no 3o trimestre, por ser nutriente
programas nacionais de suplementação de essencial para o desenvolvimento do cérebro e do
micronutrientes [recurso eletrônico]/Ministério da sistema nervoso central da criança.
Saúde, Secretaria de Atenção Primária à Saúde,
Departamento de Promoção da Saúde. – Brasília : • A suplementação de outras vitaminas não é
Ministério da Saúde, 2022). recomendada como rotina pela OMS, a menos que
• Já de acordo com o Tratado de Obstetrícia da haja deficiência comprovada.
Febrasgo (2019): deve-se evitar a administração
do ferro elementar no período da embriogênese,
11.3 Atividade física:
por envolvimento de maior estresse oxidativo
trofoblástico com possibilidade maior de • Na ausência de contraindicações; Praticar
incidência de diabetes melito e pré-eclâmpsia. atividades regulares com intensidade moderada
Está recomendada a suplementação de ferro por 30 minutos, ou mais, diariamente.
baseada na concentração da ferritina: • Intensidade moderada por 30 minuto, ou mais,
• Ferritina < 30 ng/mL: iniciar ferro no primeiro diariamente;
trimestre; • Evitar exercícios de risco para queda e acidentes
• Ferritina entre 30 e 70 ng/mL: iniciar ferro no no abdome;
segundo trimestre; • Não é o momento de iniciar novos exercícios
• Ferritina acima de 70 ng/mL não usar aeróbios ou intensificar o treinamento.
suplementação de ferro.

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8 GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA

12. ALGUMAS INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS


12.1 Infecção do trato urinário: 12.2 Hiperêmese gravídica:
Bacteriúria assintomática: • Diagnóstico é clínico: náuseas e vômitos
• Quando urocultura ≥ 100.000 UFC de um mesmo persistentes, levando à desidratação, distúrbio
microrganismo; hidroeletrolítico, distúrbio ácido básico, deficiência
• Toda bacteriúria assintomática deve ser tratada na nutricional, perda de peso igual ou superior a 5%
gestante! do peso corpóreo pré-gravídico e/ou cetonúria.
• Sem o tratamento adequado, cerca de 20% • Idade gestacional entre 10 e 16 semanas.
evoluem para cistite e infecções mais graves. • Tratamento:
• Hospitalização é mandatória, com instituição de
Cistite – Urocultura positiva com sintomas jejum durante 24 a 48 horas;
urinários; • Reposição hídrica vigorosa endovenosa
• Manifestações clínicas: (preferência pela solução glicofisiológica).
• Disúria; • Tratamento farmacológico: antiemético
• Desconforto suprapúbico; endovenoso. Em alguns casos, associar uso de
• Polaciúria; corticosteroide.
• Urgência miccional; • Corrigir distúrbios hidroeletrolíticos.
• Hematúria macroscópica; • Em casos de difícil controle de sintomas, pode-
• Urina com odor desagradável. se optar por início de nutrição parenteral.
• Conduta:
• Urocultura + antibiograma pré e pós-tratamento
(em 7 dias);
• A repetição do quadro prediz profilaxia até o parto.
Pielonefrite:
• Hospitalização obrigatória!;
• É a infecção em trato urinário ascendente,
manifestada por sintomas urinários e sistêmicos.
• Conduta:
• Antibioticoterapia parenteral – cefalosporinas de
segunda ou terceira gerações (ex.: ceftriaxona 2 g,
EV, 1x ao dia);
• Após a alta, é possível completar o tempo total da
• antibioticoterapia com ceftriaxone IM ou
cefuroxima VO;
• Nitrofurantoína 100 mg/dia: Alguns guidelines
não recomendam o uso a partir de 37 semanas
de gestação, pelo risco aumentado de icterícia
neonatal;
• Cefalexina 250 - 500 mg/dia.
Prevenção de recorrência:
• História prévia de ITUs recorrentes antes da
gestação;
• Um episódio de pielonefrite durante a gravidez;
• Duas ou mais ITUs baixas na gestação;
• Uma ITU baixa complicada por hematúria franca e
ou febre;
• Uma ITU baixa associada a fatores de risco
importantes para recorrência: alterações
anatômicas, bexiga neurogênica, refluxo
vesicoureteral, imunossupressão;
• Profilaxia: Nitrofurantoína (50-100mg por dia) ou
cefalexina (250-500 mg por dia).

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