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Estilos de aprendizagem

LEARNING THEORIES AND THE DESIGN OF E-LEARNING ENVIRONMENTS - EDU620-1.5


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Estilos de aprendizagem
Conteúdo organizado por Tatiana dos Santos em 2018 do livro Learning
Environments by Design, publicado em 2015 por Catherine Lombardozzi. Revisão
2020

Objetivos de Aprendizagem
• Compreender os estilos de aprendizagem definidos por Jung e Felder.
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Introdução
Nos temas anteriores, refletimos
sobre a importância das teorias de
aprendizagem para o trabalho com
desenvolvimento de ambientes virtuais
de e-learning. Compreendemos que
a teoria histórico-cultural contribui
para pensarmos esses ambientes
como ferramentas que propiciam a
aproximação dos processos de ensino e
aprendizagem com o contexto em que
os alunos estão inseridos, resultando em
aprendizagem significativa.
Tão importante como compreender as
teorias de aprendizagem é entender os
estilos de aprendizagem.
Com tantas possibilidades tecnológicas,
o acesso aos recursos de áudio, texto
e imagem também contribuíram com
as estratégias de ensino, possibilitando
aos diferentes alunos, diversas
possibilidades de apresentação de
materiais e conteúdos pedagógicos.
Quais, no entanto, são os estilos de
aprendizagem? Qual é a importância
da diversificação desses recursos? Qual
é a diferença entre a aprendizagem
por meio de texto e aquela por meio
de imagem, por exemplo? Quais são
as discussões existentes sobre esses
estilos?
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Verificamos, por meio da teoria histórico-cultural, que as pessoas se desenvolvem


a partir das relações sociais, dos processos de mediação e interação entre pares; e
que a aprendizagem acontece na relação entre as zonas de desenvolvimento real e
proximal, não é verdade? Mas, esse processo acontece de que forma?
Cada ser humano é único na maneira de aprender, conviver, relacionar-se, o que não
é diferente no processo de ensino e aprendizagem. Cada aluno apresenta
especificidades para aprender. Assim, temos uma relação entre o tempo e o
modo como aprendem e se desenvolvem (teoria da aprendizagem) e também
entre os sentidos que contribuem para a assimilação dos conceitos (estilos de
aprendizagem). Alguns autores entendem essas especificidades como estilos
cognitivos. Neste tema, vamos explorar a abordagem de Jung e Felder.
Jung trabalhou com a oposição entre dois pares de abordagens que tratam
da percepção das coisas - sensação e intuição, e do julgamento de fatos
- pensamento e sentimento. Tais abordagens também estão ligadas tanto
ao exterior como ao interior. Assim, para o autor, o mundo exterior (pessoas,
coisas e experiências) trata da extroversão; e mundo interior (reflexão) trata da
introversão.
Jung, por meio de combinações de quatro dimensões, portanto, define tipos
psicológicos, a saber:
Figura 5.1 – Tipos psicológicos de Jung

Extroversão (Extrovert) Introversão (Introvert)


Sensação (Sensing) Intuição (Intuition)
Pensamento (Thinking) Sentimento (Feeling)
Julgamento (Judgement) Percepção (Perception)
Fonte: elaborada pela autora.

Os tipos psicológicos definidos por Jung são determinados pela combinação de 4


letras, totalizando 16 especificidades. Veja a descrição deles no quadro a seguir:
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Quadro 5.1 – Dimensões definidas por Jung

Volta-se ao mundo exterior e às coisas. Manifesta interesse por pessoas


E – Extroversão
e eventos. Precisa de estímulo externo para engajar-se em situações de
(Extrovert)
aprendizagem. Costuma arriscar-se.
Volta-se para o seu mundo interior, suas ideias e suas impressões. Tem
preferência por atividades individuais e não prioriza relacionamentos
I – Introversão
interpessoais. Manifesta grande concentração e autossuficiência.
(Introvert)
Precisa de um tempo para pensar antes de expressar-se. Normalmente,
não se arrisca.
Volta-se mais ao presente e às informações obtidas por meio dos seus
sentidos. Interage com o mundo de forma prática. Normalmente, é
S – Sensação
sistemático, detalhista e gosta de observar fenômenos bem de perto.
(Sensing)
Necessita de situações de aprendizagem estruturadas, com sequência
clara e objetiva.
Volta-se mais para o futuro, aos padrões e às possibilidades.
Normalmente, procura buscas inovadoras e teóricas, pois exercem
certo fascínio. Costuma fazer inferências a partir de um contexto,
N – Intuição
construindo bons modelos nos quais apoia suas ideias e produções.
(Intuition)
Costuma estruturar seu próprio treinamento com facilidade. Não é
muito preciso, então pode perder detalhes importantes. De modo
geral, apresenta complexidade excessiva nos seus discursos.
Prefere apoiar-se em critérios impessoais e baseia suas decisões
T – Pensamento
na lógica e na análise objetiva de causas e efeitos. Costuma ser
(Thinking)
disciplinado e ansioso.
Prefere basear as decisões em valores e na avaliação subjetiva.
F – Sentimento
Manifesta forte consciência social. Agrega as pessoas, promovendo
(Feeling)
motivação. Precisa de atenção e evita situações sociais tensas.
Prefere abordagens planejadas e organizadas com relação à vida e
J – Julgamento gosta das coisas bem definidas. Normalmente, prefere lidar com um
( Judging ) estilo de vida planejado, organizado e bem controlado. Engaja-se no
trabalho sistemático. É rígido, e intolerante com a ambiguidade.
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Gosta das abordagens flexíveis e espontâneas, preferindo propostas


P – Percepção e opções abertas. Aceita facilmente mudanças e novas experiências.
(Perception) Pode manifestar falta de persistência ou consistência, o que pode
atrapalhar seu desempenho.

Fonte: adaptado de Jung (2011).

Figura 5.2 – Descrição dos tipos de personalidade

Fonte: Feloni e Gould (2016).

Felder (1993) refere-se aos estilos de aprendizagem como a forma com que as
pessoas recebem e processam as informações. Defende que cada pessoa poderá
apresentar ou desenvolver habilidades que manifestem preferências mais visuais,
como figuras, diagramas e esquemas, enquanto outros manifestam preferências mais
verbais, por meio de explanações orais ou escritas por exemplo. Já alguns preferem
a interação e outros uma aprendizagem introspectiva e individualizada.
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O autor defende que é necessário pensar as possibilidades de oferta das


informações (visuais, auditivas, orais), propiciando maior conforto para os alunos
no momento da aprendizagem. Contudo, também alerta para a possibilidade de
ampliar os recursos e as ofertas, estimulando a utilização de diferentes canais para
receber as informações.
Ele define quatro dimensões de estilos de aprendizagem, definidas e descritas na
figura seguinte.

Figura 5.3 – Quatro dimensões de estilos de aprendizagem

• Ativo (active) – reflexivo (reflective)


Tendem a reter e compreender Precisam de um tempo para
Ativos

Reflexivos

informações mais eficientemente sozinhos pensar sobre as


discutindo, aplicando conceitos e/ informações recebidas. Preferem os
ou explicando para outras pessoas. trabalhos individuais.
Gostam de trabalhar em grupo.
• Racional (sensing) – intuitivo (intuitive)
Gostam de aprender fatos. São Preferem descobrir possibilidades
Racionais

Intuitivos

mais detalhistas, memorizam fatos e relações. Sentem-se mais


com facilidade, saem-se bem em confortáveis em lidar com novos
trabalhos práticos (laboratório, conceitos. São mais rápidos no
por exemplo). Tendem a ser mais trabalho e mais inovadores.
práticos e cuidadosos do que os
intuitivos.

• Visual (visual) – verbal (verbal)


Lembram mais do que viram – Tiram maior proveito das palavras
Visuais

Verbais

figuras, diagramas, fluxogramas, – explicações orais ou escritas.


filmes e demonstrações.
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• Sequencial (sequential) – Global (global)


Preferem caminhos lógicos, Lidam aleatoriamente com
Sequenciais

Globais
aprendem melhor os conteúdos conteúdos, compreendendo-os
apresentados de forma linear e por “insights”. Depois que montam
encadeada. a visão geral, têm dificuldade de
explicar o caminho que utilizaram
para chegar nela.
Fonte: elaborada pela autora com base em Felder (1993).

Jung e Felder são alguns dos autores que provocam a reflexão sobre os estilos de
aprendizagem. Cabe compreendermos que cada pessoa apresenta sua própria
preferência, que certamente, é influenciada por um contexto específico. Importante
no momento de refletir sobre os canais de recepção das informações é considerar
os diferentes alunos que podemos encontrar em sala de aula, sendo esta sala física
ou virtual.
No momento em que planejamos ambientes virtuais para o e-learning, precisamos
levar em consideração tanto o modo como o aluno aprende quanto os estilos e as
preferências de aprendizagem que ele apresenta.

Estudo de Caso

Uma equipe multidisciplinar de uma instituição de ensino superior (IES)


planejada a oferta de algumas disciplinas virtuais de um determinado curso
de tecnologia.
As disciplinas deverão contar com atividades virtuais e práticas (realizadas
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em sala de aula), distribuídas em dez estados diferentes do país. Os alunos


apresentam características específicas, e as realidades sociais são muito
diferentes. Assim, a IES conta com alunos que têm acesso a tecnologias e
alunos que precisam estudar utilizando meios tradicionais.
Considerando os diferentes estilos de aprendizagem, quais reflexões iniciais
devem permear a discussão dessa equipe?

Saiba Mais
Leia o artigo sugerido a seguir:

Estilos de aprendizagem (Modelo de Ferder e Silverman) + Quiz -


https://www.makerzine.com.br/educacao/estilos-de-aprendizagem-
modelo-de-felder-e-silverman/
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Na ponta da língua

Referências Bibliográficas
FELDER, R. Reaching the Second Tier: Learning and Teaching Styles in College
Science Education. J. College Science Teaching, v. 23, n. 5, p. 286-290, 1993.
Disponível em: <http://www4.ncsu.edu/unity/lockers/users/f/felder/public/Papers/
Secondtier.html>. Acesso em: 8 nov. 2017.
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FELONI, R.; GOULD, S. The best jobs for your personality type. World Economic
Forum/Business Insider, oct. 2016. Disponível em: <https://www.weforum.org/
agenda/2016/10/the-best-jobs-for-your-personality-type?utm_content=buffer70537&utm_
medium=social&utm_source=twitter.com&utm_campaign=buffer>. Acesso em: 8 nov.
2017.
JUNG, C. G. Tipos Psicológicos. Vol. 6. São Paulo: Vozes, 2011.
LOMBARDOZZI, Catherine. Learning Environments by Design. Alexandria:
Association for Talent Development, 2015.
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Você pode acessar o livro base deste tema


na Biblioteca Lirn:

Learning Environments by Design


Catherine Lombardozzi
Alexandria: Association for Talent Development, 2015

Imagens: Shutterstock

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