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Resumo TO
Resumo TO
Conceitos
- Assepsia: eliminação de MOs patogênicos na forma vegetativa em superfícies inertes, mediantes agentes
químicos e físicos. É o conjunto de medidas adotadas para impedir a introdução de agentes patogênicos no
organismo.
- Antissepsia: método aplicado sobre tecidos vivos (pele/mucosa), reduzindo o número de MOs presentes
na superfície corporal.
- Antissépticos: formulações hipoalergênicas, de baixa
causticidade, com função de matar ou inibir o
crescimento de MOs quantos aplicados sobre tecidos
vivos (álcool a 70%, iodóforos, clorexidina).
- Desinfecção: medidas utilizadas para inibir o
crescimento ou destruição de MOs patogênicos, através
de calor ou soluções químicas.
- Esterilização: destruição ou eliminação de todas as
formas de bactérias, esporos, fungos, vírus, através de
medidas químicas, calor sexo, vapor sob pressão, gás
químico (óxido de etileno).
Classificação de material cx
- Crítico: contato direto ou indireto em região operatória (drenos, bisturis)
- Semicrítico: contato com mucosas (sondas)
- Não-crítico: com ou sem contato com pele (gorro, máscara)
- Lavagem de mão: solução antisséptica ideal deve possui amplo espectro de ação antimicrobiana, ação
rápida, efeito residual cumulativo (durar por bastante tempo), ausência de ação irritativa sobre pele e
mucosas, baixo custo.
Agentes antissépticos:
- Iodóforos (PVPI) → três tipos: degermante, alcooólico (aplicação em pele íntegra), veículo aquoso
(aplicação em curativos e mucosas). Possui efeito residual maior que outros antissépticos. Resistente ao
contato com sangue.
- Clorexidina: aplicação sobre pele e mucosas, inatividade sobre formas esporuladas, ação bactericida
imediata (15 segundos), efeito residual prolongado (até 6 horas), inatividade em contato com sangue,
possível resistência, difícil visualização em campo.
Lavagens de mãos
- Ordem de lavagem: iniciar distalmente, terminar ao nível do cotovelo, nunca retornar para área já
degermada!
- Lavar mãos e antebraço em água corrente. Ensaboar-se com agente degermante.
- Escova-se: cada dedo individualmente em sua face medial, lateral, palmar e dorsal > polegar, tenar e
hipotênar > mãos, punho e antebraço > dorso da mão. Ambos os membros superiores.
- Dispositivos de enxágue: Automáticos, acionados pelo pé, acionado pelo cotovelo.
Paramentação
- Pacote é aberto pela circulante, pega-se avental pelo lado interno e pelas alças. Abre-se o avental com
uma leve sacudida, coloca-se com um movimento preciso, circulante amarra as tiras (tocando sempre pelo
lado interno). Calçar luvas. Fechar avental.
Técnica no paciente
- Restrição à tricotomia (melhor momento é imediatamente antes da operação. Se paciente não for muito
peludo não há problema em não realizar tricotomia), escolha da solução, identificação de campo operatório
(amplo), degermação, retirada de resíduos, aplicação de solução PVPI ou clorexidina, seguir uma ordem de
aplicação (jamais retornar), colocação de campos cx.
- Uso de campos cx aderentes impregnados por antissépticos.
AULA 02 – HEMOSTASIA
- Definição: controle do sangramento.
- Por que utilizar: para enxergar e saber que técnica cx aplicar, minimizar perda sanguínea, reduzir tempo
cx, reduzir ou evitar transfusões. Evitar ressecções de estruturas/órgãos.
- Impedir ou coibir a perda sanguínea. Antes, durante e depois do ato operatório. Temporária ou definitiva.
Preventiva ou corretiva.
Mecanismos de hemostasia
a) Mecânica: pinças, clips, grampos, suturas, cera para osso
b) Cauterização: cautério monopolar/bipolar, laser, criocirurgia, ultrassom (bisturi harmônico – cx
laparoscópia)
c) Hemostáticos tópicos absorvíveis: celulose oxidada regenerada, gelatina, colágeno, fibrina.
Hemostasia por pinçamento de laqueadura: método mais comum e eficiente. Aprisionamento do vaso
sangrante com pinça hemostática e laqueadura com nó cirúrgico apropriado.
Fios cirúrgicos
Alta resistência à ruptura permitindo o uso de fios de calibre menores. Facilidade de manuseio. Boa
segurança do nó. Adequada resistência tênsil. Boa visualização mesmo quando molhados de sangue. Baixa
reação tecidual. Não ser carcinogênico. Não favorecer início ou manutenção de infecção. Manutenção das
integridades da sutura até a fase proliferativa da cicatrização. Baixo custo. Tipo, localização e espessura do
tecido a ser suturado. Alta pliabilidade (dificuldade de dar nós) poderão impor dificuldade em suturas
delicadas.
3- Fios inabsorvíveis: o fio não se modifica ou se modifica muito pouco com o tempo.
a) inabsorvíveis orgânicos: seda
b) inabsorvíveis vegetais: algodão
c) inabsorvíveis sintéticos: náilon, polipropileno, poliéster
d) inabsorvíveis metálicos: prata, cobre, aço, aço vitálico, agrafes, clips de Michel
Categute simples – obtido da camada submucosa do intestino delgado de ovelhas ou da serosa do intestino
delgado de bovinos. Fio proteico de puro colágeno. Determina maior reação inflamatória nos tecidos.
Categute cromado – força tênsil aumentada para 2 a 3 semanas. Pode aumentar reação tecidual. Utilizado
para intestino, bexiga, peritônio, ligadura de vaso de grande porte.
- Capilaridade: capacidade do fio em absorver fluidos ao ser totalmente imerso. Os fios multifilamentados
(seda e algodão) têm maior capilaridade e absorção de fluídos e monofilamentares pouca capacidade de
absorver fluídos.
- Elasticidade: é a capacidade que o fio tem de retornar à sua forma e tamanho originais após tracionamento.
- Plasticidade: capacidade de manter-se sob nova forma após tracionado
- Coeficiente de atrito: alto coeficiente de atrito tende a não deslizar nos tecidos, mas é mais difícil desatar
o nó cirúrgico espontaneamente.
Fenômenos tardios: abscesso local, formação de cavidades, eliminação espontânea dos fios (associada à
descarga de material seroso ou purulento), formação de granuloma de corpo estranho.
NÓS CIRÚRGICOS
Compostos de 3 seminós: primeiro de contenção, segundo de fixação, terceiro de
segurança.
Estrutura geométrica:
a) comum: antideslizante (ou nó quadrado) e deslizante.
b) especial: nó de cirurgião, nó de roseta, nó por torção.
PADRÕES DE SUTURAS
1. Simples (descontínua): pontos simples, sutura interrompida simples, pontos em X (de Sultan), “U”
horizontal/deitado (Wolf) ou “U” em pé/vertical (Donatti – sutura sob tensão)
2. Contínua: chuleio simples, “ponto atrás” (de Reverdin), em barra grega, sutura intradérmica (subcuticular,
“sutura de cirurgia plástica” para melhor cicatrização), de Cushing, sutura em bolsa (“bolsa de tabaco”)
Todas as suturas contínuas podem ser ancoradas ou não.
A derme profunda é a camada que confere resistência para a pele.
AULA 03 – CICATRIZAÇÃO
É determinada pela capacidade do organismo de reparar um dano feito a um tecido. É o esforço dos tecidos
para restaurar a função e estruturas normais após o trauma.
Na cicatrização, a acurácia da regeneração é trocada pela velocidade de reparo.
- Tipos de fechamento: primário (faz incisão, opera, e fecha primariamente suturando – forma rápida e
melhor qualidade de cicatriz), secundário (faz ferida e não fecha, mas deixa que o organismo feche pelo
processo de cicatrização), terciário (mistura fechamento primário e secundário – não consegue-se fechar
primariamente, deixa um tempo o fechamento secundário agir e depois fecha primariamente).
- Tempo de cicatrização: 3 a 4 semanas (ferida aguda), 4 a 6 semanas (ferida crônica, inclui feridas de
meses a anos).
- Força de tensão em cicatrizes: mínima (1ª semana), 30 a 50% (4ª a 6ª semana), 60% (6 meses).
Objetivo: ativação das proteínas de coagulação, formação de fibrina (estabilização do tampão plaquetário –
sustentação para células endoteliais, células inflamatórias e fibroblastos, como uma “cola” que mantém as
bordas aproximadas).
Após a estabilização do tampão plaquetário, há chegada de PMN (neutrófilos) que são atraídos por
complemento C5a, leucotrienos C4 e D4, Interleucina 1, TNF-alfa.
PMN: fagocitose de debris celulares e bactérias presentes no microambiente, produção de várias
citocinas e substâncias citotóxicas (resposta inflamatória).
Após 72h de lesão, os macrófagos se tornam células dominantes, e linfócitos são atraídos e diferenciados.
Se não tiver neutrófilo em uma ferida: não acontece nada! Os macrófagos se diferenciam precocemente e
fazem a função do neutrófilo.
2. Contração: processo gradual (nem sempre observado na prática), a contração da ferida é função dos
fibroblastos especializados (miofibroblastos).
Ácido hialurônico e fibronectina são componentes da matriz extracelular e servem de suporte para as células
desde o início da fase proliferativa.
PATOLOGIAS CICATRICIAIS
São falhas na remodelação das cicatrizes devido ao desequilíbrio entre síntese e degradação do colágeno
+ alteração na organização espacial → queloides, cicatrizes hipertróficas e cicatrizes retráteis.
Os jovens possuem maior predisposição, a incidência é maior em extremos pigmentares, além de fatores
predisponentes genéticos, autoimunes, técnica cirúrgica, anormalidades do metabolismo, etc.
Terminologia:
- Ectomia → termo de “retirada”, como colectomia (retirada de cólon), gastrectomia (retirada de estômago)
- Tomia → termo de “abrir”, como laparotomia (abertura da cavidade abdominal)
ANASTOMOSE
Formação de passagem e união das bordas seccionadas.
Indicações: 1) reconstrução do trânsito digestivo; 2) desvio do trânsito intestinal.
Contraindicações: desequilíbrio da homeostase, trauma abdominal (6+ horas), lesões de múltiplos órgãos,
choque.
• Classificação quanto às camadas envolvidas: total ou parcial (camadas: mucosa, submucosa, muscular,
serosa).
• Classificação quanto aos tipos de planos: único (ponto de Albert ou Jobert) ou dois planos (ponto de Jobert
e ponto de Lembert/sero-muscular).
ESTOMIAS
Abertura de um órgão para fora.
Objetivo: desvio do trânsito intestinal, alimentação,
interrupção permanente.
- Classificação quanto ao tempo de permanência: provisórias
(terminais ou em alça) ou definitivas (sempre terminais).
- Classificação quanto à exteriorização: terminais ou em alça.
Complicações: herniação, necrose, retração, procidência.
BRONCOSCOPIA
Definição: procedimento invasivo que proporciona visualização direta da árvore traqueobrônquica, sendo
realizada por aparelhos flexíveis ou rígidos.
Tem finalidade diagnostica, terapêutica e pesquisa (tb, sarcoidose,
etc - biopsia, coleta de escarro).
PNEUMOTÓRAX
- Definição: acúmulo de ar na cavidade pleural associado a colapso
pulmonar
- Fisiopatologia: ruptura do septo alveolar e formação da bolha, que se rompe em seguida para para a
cavidade pleural livre.
- Classificação: espontâneo, traumático e iatrogênico
- Fisiologia (traumático): aberto (FAB), fechado (traumas contusos), hipertensivo (muito grande em um
hemitórax, colaba grandes vasos, desvia mediastino - emergência cirúrgica).
- Magnitude: 5 (mínimo para visualizar em rx) a 100%
VIDEOTORACOSCOPIA
Pequenas incisões feitas no lado que será operado (toracotomia esquerda é mais realizada
→ consegue acesso a maioria das estruturas torácicas).
O cirurgião coloca pequeno tubo com câmera através de um pequeno corte, que permite
ver pulmão e cavidade torácica em monitor. Outros instrumentos cirúrgicos são colocados
através de outras incisões; esse tipo de cx é chamada de Cirurgia Torácica Vídeo-Assistida.
Quando o procedimento termina, tubo temporário (dreno) é posto entre as costelas para
drenar líquido ou ar. Os drenos são conectados a frasco apropriado e as incisões suturadas.
TORACOTOMIA
O cirurgião realiza incisão no lado a ser operado, colocando o afastador de
Finochetto para afastar costelas e exposição do pulmão.
Quando o procedimento terminar, os drenos são colocados entre as costelas para
retirada de líquido ou ar e sutura de costelas, músculos e pele.
Síntese: dreno de tórax (quase obrigatório), aproximação de costelas, esternorrafia (fechamento subcutâneo
e da pele).
TORACOSTOMIA
Dois tipos: fechada (dreno de tórax) ou janela aberta (Eloesser – procedimento em caso de patologia crônica
pulmonar, como muitos abscessos, empiemas pleurais por repetição)
VA definitiva: sonda endotraqueal conectada a um sistema de ventilação assistida, com mistura enriquecida
de O2, mantida em posição por meio de fixação apropriado.
Usos: apneia, impossibilidade de manter uma VA permeável por outros métodos, proteção das VAs inferiores
contra aspiração de sangue ou vômito, comprometimento iminente ou potencial das VAs (como lesão por
inalação, fx faciais, convulsões persistentes), TCE necessitando de auxílio ventilatório, incapacidade de
manter oxigenação adequada com uso de máscara de O2, anestesia para procedimento cirúrgico.
- VA Difícil: definida pela dificuldade na intubação com equipamento padrão. Preditores de intubação difícil
são distância interincisivos igual ou menor que 3 cm, pescoço em flexão fixa, radiação de cabeça e pescoço,
cicatrizes ou grandes massas cervicais, classificação de Mallampati (imagem abaixo)
2. Cricotireoidostomia
A impossibilidade de intubação da traqueia é uma indicação clara para executar uma VA cirúrgica.
Quando as VAs estão obstruídas por edema, traumas faciais graves com alteração importante da anatomia
ou presença de sangramento oral intenso.
a) se possível colocar coxim sob ombros e maximizar exposição do pescoço, e assepsia da região anterior
do pescoço junto de anestesia da pele
b) identificar a membrana cricotireoidea;
c) imobilizar a laringe usando o polegar e o dedo médio enquanto que o indicador palpa a membrana;
d) fazer incisão vertical na pele e palpar a cartilagem, e incisão horizontal na membrana cricotireoidea
próximo à borda inferior;
e) dilatar verticalmente a incisão com uma pinça Kelly ou com o cabo do bisturi
f) inserir a cânula de crico, traqueo infantil ou um TT de calibre pequeno
g) insuflar balonete e confirmar intubação
h) conferir posição da cânula ou tubo ventilando com ambu,
i) observar visualmente a expansão pulmonar com ventilação
j) auscultar tórax e abdômen.
3. Traqueostomia
Procedimento que abre parede anterior da traqueia, comunicando-a com o meio externo, tornando a VA
pérvia.
Utilizada em obstrução de VA alta, acúmulo de secreção traqueal, debilidade da musculatura respiratória,
fornecer uma VA estável em paciente com intubação traqueal prolongada.
2. Flebotomia
Cateterização de uma veia por meio cirúrgico, realizada quando não consegue punção venosa.
Indicação: acesso periférico, punção difícil, hemocromatose ou policitemia.
Anestésico local, incisa-se a pele, divulsiona tecido subcutâneo com afastador ate expor fáscia superficial,
incisa-se a fáscia, rebate a fáscia longitudinalmente, identifica a veia e disseca-a isolando ela de qualquer
estrutura circunvizinha, isola-a com fio de algodão e passa outro fio de algodão distalmente (fios de reparo)
promovendo uma ligadura proximal, aplica botão anestésico distal à ferida cirúrgica, realização de contra-
abertura e saída do cateter.
A flebotomia é realizada por incisões combinadas, sendo a primeira transversa e a segunda longitudinal ao
vaso (T invertido) que facilita dilatação da incisão do vaso e possibilidade melhor apreensão da borda da
ferida venosa para progressão do cateter.
ENXERTOS E RETALHOS
1. Enxerto: transferência de um segmento avascularizado de pele de uma região para outra. Serve
como curativo temporário de extensos ferimentos, cobertura de extensos ferimentos na escassez de tecidos
adjacentes, tratamento de feridas complexas (traumas, queimados, feridas crônicas).
- Fisiologia: Contração primária (imediatamente após retirada, pela ação da elastina – sofre maior contração
quando maior for a sua espessura de derme) e contração secundária (durante o processo de cicatrização,
pela ação dos miofibroblastos – quanto mais fina a camada de derme, maior será sua deformação pela
contração secundária).
- Integração: embebição (absorção de fluidos do leito receptor – 48h), inosculação (formação de conexões
vasculares – início do fluxo sanguíneo), neovascularização (formação de ovos capilares, reestabelecimento
do fluxo sanguíneo normal – 7 a 10 dias). A completa integração do enxerto leva aproximadamente 21 dias.
- Classificação: composição (pele, cartilagem, osso, gordura), origem, espessura, forma.
a) origem: autoenxerto (do mesmo indivíduo), homoenxerto (indivíduos diferentes), xenoenxerto
(outras espécies)
b) espessura: parcial (epiderme + parte da derme → extensas áreas corporais, mais fino e melhor
integração, menor contração primária e maior secundária com pior resultado estético. A área doadora
cicatriza por segunda intenção. É possível retirar mais de uma vez da mesma área) ou total (epiderme +
A epiderme é avascular. Os grandes ramos vasculares > artérias segmentares (músculos) > artérias
perfurantes (miocutâneas, septocutâneas e cutâneas diretas) > plexos vasculares subfascial, subdérmico e
dérmico).
Miocutâneas (pequena região circular de pele – retalhos ao acaso), septocutânea e cutânea direta
(ramos longos – retalhos axiais)
- Tipos de retalho: de avanço simples, VY, de avanço bipediculado, de rotação, de transposição, zetaplastia.
- Autonomização: preparo do retalho para aumentar sobrevivência. É feita incisão que não interrompe
totalmente o fluxo sanguíneo mas provoca reorganização da vascularização estimulada pela vasoconstrição.
Geralmente indicado nos retalhos ao acaso.
- Complicações: perda do enxerto, infecções, hematomas, tensão exagerada, acotovelamento do pedículo
vascular.
- Pneumoperitônio: aplicação de CO2 para tornar a cavidade peritoneal real (pressão de 8 a 15 mmHg). O
acesso à cavidade é com agulha de Verres puncionada às cegas.
- Acesso à cavidade: incisão vertical no umbigo, reparada e aberta com peritônio, colocado um trocater de
Hasson fixado com sutura em bolsa.
A via escolhida deve permitir: acesso à cavidade abdominal, amplitude de movimento do cirurgião,
ampliação, mínimo trauma, reconstituição perfeita da parede (anatômico, funcional, estético).
Laparotomia longitudinal
- Vantagens: podem ser ampliadas, não necessitam secção muscular, acesso a qualquer estrutura e
cavidade, adequadas para exploração, pouca hemostasia.
- Desvantagens: lesão nervosa da parede abdominal (incisões paramedianas), eventração (região
infraumbilical, na incisão mediana)
Laparotomia transversal: fechamento por vários planos de sutura, respeitam inervação da parede, mais
demoradas, limitadas quanto ao campo operatório, mais hemorrágicas.
Anatomia torácica: pele, subcutâneo, m. intercostal externo, m. intercostal interno, m. intercostal íntimo,
pleura parietal.
Realizado no 5º espaço intercostal (drenagem torácica, na linha médio-axilar) ou 7º a 9º espaço intercostal
(toracocentece, na linha hemi-escapular), conta-se a partir do primeiro espaço abaixo da clavícula (1º EIC).
Sempre puncionar na borda superior da costela inferior para não danificar o feixe vásculo-nervoso.
- Toracocentese: técnica cirúrgica que dá acesso á cavidade pleural por punção a partir da parede torácica,
por onde é possível obter amostra de líquido pleural.
- Drenagem torácica: técnica cirúrgica que consiste em acesso à cavidade pleural ou mediastínica, com
inserção de dreno acoplado a um sistema de drenagem.
1. TORACOCENTESE
Indicações da toracocentese: confirmar derrame pleural, aliviar dispneia por compressão do parênquima
pulmonar por líquido ou ar, coleta de material para análise laboratorial.
Contraindicações da toracocentese: distúrbios hemorrágicos, uso de anticoagulantes (trombolíticos), lesões
de pele (queimadura por radioterapia, piodermite), pacientes em ventilação mecânica.
O procedimento
- Anestesia: além de anestesia local, sedação leve pode ser considerada. Midazolam EV ou lorazepam
podem atenuar ansiedade relacionada ao procedimento. Dor é a complicação mais comum da
toracocentece. Anestesia local é feita com infiltração local de lidocaína (a xilocaína possui dose toxica 20-
25ml para paciente de 75kg).
A pele, tecido subcutâneo, periósteo das costelas, m. intercostais e pleura parietal devem ser todos
bem infiltrados com anestésico local. Anestesiar a parte profunda dos músculos intercostais e a pleura
parietal é importante, já que a punção desses tecidos gera maior parte da dor.
O líquido pleural é geralmente obtido por aspiração durante a infiltração anestésica dessas estruturas
profundas, isso ajuda a confirmar localização apropriada da punção.
Posicionamento do paciente: pode ser realizada no leito, com o paciente deitado ou sentado.
1) paciente sentado: senta-se à beira do leito, com mãos e braços apoiados sobre um travesseiro colocado
em cima de um amparo para seu conforto. A posição deve ser a mais cômoda (pode demorar horas).
2) paciente em decúbito lateral: cabeceira elevada (45º) ou decúbito contralateral ao derrame → utilizado
para pacientes restritos ao leito ou derrames volumosos.
Técnica
O local a ser puncionado deve ser delimitado por criterioso exame clínico. A percussão é de fundamental
importância (sub-macicez ou macicez). Se necessário poderá ser confirmado por rx torácico ou US.
Determinar o local ótimo para punção procurando o maior bolsão de líquido superficial ao pulmão e
identificando o trajeto respiratório do diafragma – entre 7º e 9º EIC e a linha axilar posterior/hemi-escapular,
imediatamente abaixo do ângulo inferior da escápula.
Evitar superfície inferior das costelas (feixe vásculo-nervoso). Conforme a agulha avança e atinge o espaço
pleural, sangue irá fluir para dentro da seringa – deve-se injetar mais anestésico nesse ponto devido à
sensível pleura parietal.
Ligar o cateter sobre agulha com uma seringa do 60ml e passar a agulha pela superfície superior da costela,
fazer pressão negativa com a seringa até chegar na cavidade pleural. Quando a resistência diminuir e o
fluído entrar na seringa parar de avançar com a agulha.
Usando tanto uma seringa ou uma garrafa para evacuação, drenar o derrame pleural até o volume desejado
ter sido removido para alívio sintomático ou análise diagnóstica.
Geralmente não devem ser removidos mais de 1500mL de líquido, sempre lentamente.
Ao completar a retirada do líquido, rapidamente remover o cateter enquanto o paciente segura a respiração
no fim da expiração. Cobrir o local da punção com curativo oclusivo estéril e limpar a pele ao redor. Rotular
o líquido pleural e manda-lo para análise laboratorial.
Complicações maiores: pneumotórax (11%), hemotórax (1%), laceração de fígado/baço, dano diafragmático,
edema pulmonar.
Complicações menores: dor (22%), dry-tap (13%), tosse (11%), hematoma subcutâneo (2%).
2. DRENAGEM TORÁCICA
Tem como objetivo manutenção ou restabelecimento da pressão negativa do espaço pleural. É possível
remover ar, líquido e sólidos (fibrina) do espaço pleural e do mediastino.
Equipamento: avental, máscara, solução antisséptica (iodo tópico), seringa, agulha (21-25), anestésico local
(xilocaína 2%), lâmina de bisturi, kit de pequena cirurgia (Kellys, Rochester), luvas estéreis, campo
fenestrado, dreno torácico* (28 para ar e 32 para líquidos), frasco de drenagem com tubuladora, água estéril,
fio de sutura (algodão 2-0)
*Drenos torácicos 8 a 18 infantis, 20 a 38 adultos. Até 28 normalmente para pneumotórax, e 34,36 ou 38 para
hemo/quilotórax.
Procedimento segundo ATLS: determinar local (5º EIC na linha médio-axilar), preparo cirúrgico com inserção
do dreno (antissepsia e campo), anestesia local de pele e periósteo da costela, incisão transversa de 2-3cm
no local e dissecção romba das partes moles junto a borda superior da costela, perfuração da pleura com
ponta hemostática e introdução de dedo na incisão para evitar lesões/remover aderências. Pinçar a
extremidade proximal do dreno e introduzir de acordo com o quadro do paciente, observar embaçamento do
tubo com a expiração do paciente, conectar dreno com o selo d’água, fixar o dreno com fio de sutura, curativo
e rx torácico controle.
Paciente em decúbito horizontal dorsal com abdução e flexão do braço ipsilateral sob a cabeça.
Retirada do dreno: o tempo varia de acordo com a indicação → pneumotórax (fim do borbulhamento e rx de
tórax mostrando o pulmão plenamente expandido), drenagem de fluídos (menos de 100ml drenado nas
últimas 24h, fluído de consistência serosa, rx mostrando pulmão expandido e melhora do quadro clínico).
3. SONDAGEM VESICAL
Indicações: estabelecer débito urinário em pacientes graves diante da retenção urinária (bexiga neurogênica
em neuropatas), insuficiência renal, cetoacidose diabética, etc.
Permite: 1) estabelecer se existe urina na bexiga e/ou hematúria, 2) medir a diurese horária como sinal do
estado da volemia da perfusão renal.
Antes do procedimento, deve-se realizar toque retal/vaginal para excluir lesões uretrais que pode
contraindicar a passagem de sonda.
Técnica: paciente em decúbito dorsal com membros inferiores fletidos em abdução forçada. A assepsia da
genitália com sabão e água (na menina deve ser feita de frente para trás), seguido de uso de solução
antisséptica.
No menino a técnica é semelhante com maior cuidado em função da possibilidade de falso pertuito. No início
manter pênis perpendicular ao abdômen, e com a progressão do dreno deve levar o pênis na posição
anatômica com a face dorsal apoiada no abdômen (ajuda o cateter migrar entre uretra perineal e prostática).
A fixação deve ser feita na coxa ou no abdômen, sem que haja manipulação da mucosa peniana juntamente
ao cateter.
4. PARACENTESE
A paracentese é a inserção de uma agulha dentro da cavidade abdominal para a remoção de líquido -
ajudar no diagnóstico (por exemplo, para obter uma amostra de líquido para análise) ou como parte do
tratamento (por exemplo, para remover o excesso de líquido).
Técnica: elevar dorso do paciente. Punção em terço distal da distância entre umbigo e crista ilíaca ântero-
superior, preferencialmente do lado esquerdo. Fazer assepsia e antissepsia. Puncionar com abocath 18.
Casos de ascite se drenar mais que 5L deve-se repor albumina.
SIRS: resposta inflamatória sistêmica onde não há infecção, e o paciente tem duas ou mais de
características alteradas: temperatura (>38ºC), FC (>90bpm), FR (>20mrpm), hemograma para bastonetose
e leucocitose, gasometria arterial de CO2.
SEPSE: quando o paciente tem infecção comprovada, além de 2 ou mais das condições acima.
Fases de Cuthbertson
1) Ebb (baixo fluxo) → imediatamente após agressão e dura até 2-3 dias, com instabilidade hemodinâmica.
Sinais: hipovolemia, hipotensão, aumento da resistência vascular sistêmica, diminuição da insulina e
aumento do glucagon, aumento de catecolaminas, glico e mineralocorticoides, esgotamento do glicogênico
hepático (glicólise – fonte de glicose), aumento do consumo de O2, hiperglicemia.
2) Flow → estado hiperdinâmico. Sinais: retenção hídrica, aumento da permeabilidade vascular, diminuição
da resistência vascular sistêmica, aumento de catecolaminas e glicocorticoides, aumento da insulina,
proteólise, hiperglicemia.
Em resumo:
1. Fase catabólica (adrenérgica-corticoide) → alterações promovidas pela epinefrina e glicocorticoides.
Máxima detecção de mediadores pró-inflamatórios. Níveis máximos de gliconeogênese, síntese de PFA,
atividade imune celular e balanço negativo de nitrogênio*. Lipólise intensa. Dura de 6 a 8 dias em cirurgias
eletivas não complicadas.
* no fígado os AA são desaminados e o grupamento amino não é utilizado na gliconeogênese hepática,
mas há aumento da excreção urinária de amônia
2. Fase anabólica recente (“retirada de glicocorticoide”) → declínio na excreção de nitrogênio com balanço
nitrogenado tendendo ao equilíbrio, restauração do balanço do K+, presença da ação anabólica da IGF-1,
diminuição de ADH e inicio da diurese da água retida, desejo de alimentar (pela diminuição de TNF-alfa),
ganho de massa corporal magra.
3. Fase anabólica tardia → ganho de peso mais lento (tecido adiposo), balanço positivo de carbono.
Quando a resposta endócrino-metabólica é limitada ela é benéfica (disponibiliza glicose, mantém fluxo
sanguíneo, disponibiliza AA para cicatrização, retém líquido sem alterar osmolaridade, inflamação local) e
quando exacerbada é maléfica (hipercatabolismo proteico, intolerância periférica à glicose, isquemia renal,
SIRS, imunodepressão – desnutrição).
A desnutrição: aumenta infecção, diminui cicatrização, diminui força tênsil das suturas
(hipoalbuminemia que causa edema), menor tônus muscular, maior custo hospitalar (maior tempo de
internação)
O bisturi elétrico possui ponta metálica e cabo plástico isolante conectada à fonte de energia,
realizando a diérese e hemostasia simultaneamente.
As tesouras podem ser curvas (manipulação em tecidos profundos e evitar perfuração de órgãos) ou
retas (secção de fios e planos superficiais). A empunhadura é com polegar e dedo anular. Exemplos de
tesoura: Mayo (à esquerda, abaixo) e Metzenbaum (à direita, abaixo).
2. Hemostasia: através de pinças de preensão contínua com cremalheira como pinça Kelly (estrias que
cobrem parcialmente à zona de preensão) e a Crille (estrias que cobrem totalmente à zona de preensão),
pinça de Kosher (pontas longas e robustas com dentes de rato), pinça de Halsted “mosquito” (de menor
tamanho), além das pinças anatômicas, dente-de-rato, de Adson (mais delicada – cirurgia plástica), de
Backaus (ou pinça de campo), de Allis (traumática de maior poder de preensão), de Collin (extremidade com
formato de coração), de Duval (extremidade triangular) e de Babcock (extremidade em forma de aro).
3. Afastadores:
a) dinâmicos: sustentados por tração manual contínua – afastador de Farabeuf (plano superficial, geralmente
usado em par) e o de Roux (mais largo que o Farabeuf)
b) estáticos: permanecem em posição após abertos, utilizados em cirurgia de cavidade torácica e abdominal
– afastador de Gosset (laparotomia) e de Finocchietto (toracotomia)
1. Supina ou decúbito dorsal → indução da anestesia geral, acesso à cavidade toracoabdominal, região
craniana, cervical e extremidades.
2. Tredelenburg → (decúbito dorsal com inclinação do corpo, sendo a cabeça nível mais baixo que membros
inferiores) – cirurgia de abdome inferior e pelve, e de membros inferiores
3. Tredelenburg reverso ou procliva → (decúbito dorsal com inclinação do corpo, sendo a cabeça nível mais
elevado que membros inferiores) – cirurgia de cavidade abdominal superior, e cabeça e pescoço
4. Lateral → cirurgia de rim, pulmão, quadril. Acesso à coluna torácica alta, toracolombar e lombossacra.
5. Posição de Fowler modificada → (corpo semisentado em ângulo de 45º com membros inferiores
levemente fletidos) – neurocirurgia e cirurgia de cabeça e pescoço.
6. Pronada ou decúbito ventral → cirurgia de região posterior
7. Posição de Kraske, Depage, Canivete semi-aberto → (decúbito ventral com flexão de quadril, com cabeça
e membros inferiores abaixados) – cirurgias proctológicas
8. Posição de litotomia ou ginecológica → (decúbito dorsal com flexão de joelho e pernas apoiadas em
perneiras) – cirurgias perineais e ginecológicas.
Trendelemburg Trendelemburg
reverso Fowler modificada Canivete semi-aberto
reverso
Litotomia/ginecológica